sábado, 24 de abril de 2010

Sábado 24

Depois de a UDD ter dado um passo à frente, pequeno mas em frente, com a oferta da dissolução do Parlamento em 30 dias o que significaria a realização de eleições em 90 dias, o Primeiro Ministro Abhisit Vejjajiva, que hoje recebeu a visita da sua mulher, veio dizer Não.

E justificou o não devido ao facto da UDD utilizar "violência e intimidação" e pelo facto de a dissolução do Parlamento não poder "servir só os vermelhos mas tem de servir todo o país".

Não consigo compeender esta última afirmação do PM visto que a dissolução do Parlamento significará eleições e isso é sempre no interesse de todo o país. Nunca num regime democrático se devem recuasar eleições e o próprio PM disse em finais de Janeiro que todas as informações que tinha indicavam que o partido Democrata teria a maíoria de Deputados no Parlamento.

Foi o PM o primeiro a falar de eleições recentemente!

Hoje tive a oportunidade de me encontrar com três pessoas que "estão a par" do que se passa nos bastidores e todos me confirmaram de que estavam em curso conversações entre a UDD e os seus opositores. Uso esta palavra pois quem estava a coordenar essas negociações não era o governo mas outra pessoa que agora não vem a caso referir. Quase coincidente com este rumor Korbsak anuncia que "não sou eu quem negoceia pelo governo", o que ainda dava mais credibilidade ao facto de algo estar a acontecer.

É sobejamente sabida a posição do General Anupong, como ontem referi, avesso a uma intervenção militar de grande escala sabendo ele que qualquer avanço sobre os vermelhos acabará por ser um banho de sangue. Para além disso os acontecimentos em Silom no dia 22 mostraram que o campo vermelho ou os seus aliados, como ontem o General Apichart disse, estão bem organizados e "não brincam em serviço".

Abhisit deu mais uma ordem para que Anupong procedesse à desocupação dos vermelhos da zona de Rajaprasong mas tanto quanto se sabe o General não a recebeu.

Amanhã Abhisit irá aparecer na televisão com os comandos militares e veremos então se Anupong verga ou se Abhisit tem a coragem e o apoio para demitir o general, como Thaksin fez antes do golpe que o vitimou.

Poderá também ser uma encenação no sentido de fazer aumentar a capacidade negocial.

As duas "tropas" estão em alerta e preparadas. Espera-se que saibam manter-se nos seus postos de vigilância e não ousem avançar.

Entretanto o movimento Multi Cor realizou hoje duas manifestações, ao que se relata bem concorridas, e felizmente foram em locais bastante afastados daqueles ocupados pelos vermelhos o que só se saúda. Tudo o que seja evitar atear fogueiras é de aplaudir e apoiar pois poderemos estar, se este fim de semana passar sem incidentes, perto de encontrar uma solução.

É difícil mas é ainda possível.


A Distorção da Informação

Acabei de fazer a minha revista matinal da imprensa e fiquei boquiaberto, embora talvez o não devesse, por ver que o The Nation alterou uma notícia que ontem mesmo publicou.

Como referi ontem o General Apichart falando sobre os acontecimentos de Silom, disse que já tinha havido "soldados contra soldados e soldados contra o povo e isso não era admissível". O que disse era de grande sensatez e apelava à calma e ao diálogo.

Hoje essa frase está apagada do mesmo artigo. Alguém mandou usar o lápis vermelho.

Há tempos uma jornalista minha amiga tinha estado comigo num certo evento e quando no dia seguinte vi o que ela tinha escrito comentei com ela que afinal tinhamos ido a sítios diferentes pois não revia no que ela tinha escrito o que nós ambos tinhamos presenciado. Ela mandou-me então o texto que tinha escrito e entendi a forma como tinha sido censurado pelo corpo editorial. Isso passou-se no Bangkok Post.

O governo decidiu fechar a Televisão dos vermelhos, vários sítios de web e rádios por "distorcerem a informação". Porque não fecha também estes dois jornais? E já agora os canais de televisão que controla, ou seja todos?

Há cerca de três meses na Universidade de Rangsit dizia-me o Dr. Panittan que um dos erros do governo era não ouvir os Camisas Vermelhas pois, ainda segundo ele, nem todos os pedidos deles estavam errados. Veja-se como o senhor mudou em tão pouco tempo, já que ele é o cerebro por detrás de muitos destas decisões. As suas teorias sobre segurança e os cenários que traça, a matéria em que se doutorou, cada vez estão mais próximas de algumas que vimos na Europa nos anos 30.

Assim se presta mau serviço ao país assim se contribui para a divisão. Quando se deve trabalhar para restabelecer a união e preparar o futuro porque se faz o contrário.

Há alguns que julgam ser os "donos da verdade" e têm um ego superior ao tamanho de um elefante mas o com cerebro de uma cobra.

Silom

A rua de Silom no centro do que é considerado o Districto Financeiro de Bangkok é também sinónimo de mercados, bares e paródia.

Costuma-se dizer que em Silom se pode encontrar de tudo mas tudo mesmo.

No meio da rua existe o mercado de Patpong famoso pelas cópias. Patpong 2 é mesmo chamada a Soi Louis Vuitton tantas são as lojas a venderem as cópias dessa famosa marca de bolsas e malas francesas. Relogios é outro dos produtos mais procurados. Desde Rolex, a Cartier ou um Piaget exclusivo até aos mais sofisticados Silberstein, tudo se compra por meia dúzia de bath se for bem negociado.

Quem não sabe negociar não deve aventurar-se em Patpong. Mas não é só nessas duas ruas. Toda a Silom é um mercado de prazeres para os shopaholics e para os menos puristas.

Ontem Silom entristeceu e hoje chora sem luz, sem turistas, sem vendedores, sem alma. Patpong já desapareceu faz quatro dias. Hoje em dia é o parque de estacionamento dos veículos militares.




Faz três dias ainda havia os boys vendendo DVD sex DVD, mesmo em frente aos polícias e soldados que já populavam a zona. Hoje nem esses. Todos partiram. Vieram outros ocupantes. Sem cor, sem alegria.

A um canto, hoje já distantes dos vermelhos, estavam uns 10 Multi Cor gritando sem que alguém lhes ligasse nada. Silom está em silêncio não se quer ouvir barulho. Como disse o General Apichart, o que ontem aconteceu foi um erro de todos e não deve voltar a acontecer.

Uma das ruas mais alegres da cidade está triste, talvez a pensar nos que morreram.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Militares e Veera e Ar Fresco?

Hoje tem sido um dia fértil em declarações de militares.

O General Anupong que falou de manhã, como referi, viu agora o vice porta-voz (curioso não ter sido desta vez Sansern) afirmar de que o general disse que o uso da força não era uma solução e que um ataque contra os manifestantes faria mais mal do que bem.

Também o Secretário-geral do Ministério da Defesa vem dizer que o incidente de ontem acabou por ter consequências positivas pois todos viram que foi um erro e que não conduz a nada.

O general Apichart Penkitti disse numa reunião de veteranos que era agora claro que quem ontem usou a força estava ligado com a UDD mas afirmou também que "toda a gente viu que militares estiveram envolvidos"! Acrescentou ainda: "Militares atirando sobre militares e estes sobre o povo é algo que não deve voltar a acontecer".

As palavras de um general tão alto na hierarquia juntas com as de Anupong este manhã e do porta-voz esta tarde são uma lulafa de ar fresco para que se possa começar a ver alguma luz neste impasse.

Esta tarde um jornalista telefonou-me perguntando se sabia algo sobre possíveis negociações que estivessem a acontecer o que na realidade não sabia e não sei, mas parece existirem alguns sinais de que alguma flebilização de posições poderá poderá estar a acontecer. Resta entender qual é a posição de Abhisit e do seus colaboradores mais próximos que, tanto quanto sabemos, pouco terão a dizer numa solução embora a dissolução do Paralemento seja um acto do PM.

Veera Musikapong, o líder principal da UDD acabou de dizer que o movimento está disposto a aceitar a dissolução do Parlamento em 30 dias desde que haja uma retirada imediata das tropas que "ameaçam" as concentrações.

Claro que como se ccstuma dizer há muita pedra para se partir mas são bons sinais e depois de uma noite complicada isso ajuda.

Entretanto os Multi Cor estão a amanifestar-se na Praça Real, bem longe de concentrações dos vermelhos, e será bom que no fim não haja nenhuma palavra de ordem para irem para Silom como nas três noites anteriores.
Que não apareça mais nenhuma terceira. quarta ou quinta mão a meter-se no meio e a causar mais problemas.

Anupong

O General Anupong fez declarações interessantes à imprensa.

Disse que queria evitar que houvesse um banho de sangue para continuar:

"Não vos posso dizer, agora, se vai ou não haver uma operação repressiva. Tudo depende da situação. Suponham que o Governo me pede para fazer qualquer coisa que é ilegal e então eu direi se posso fazer ou não. Os manifestantes não são criminosos"

Esta declaração, contraditória com a rectórica do governo ainda ontem repetida por Abhisit de que os guardas da UDD estão treinados para levar a cabo acções terroristas vem na sequência da decisão do tribunal que, condenando o governo, avisa que, mesmo durante o estado de emergência, o estado tem a obrigação de respeitar as regras internacionais em vigor e as convenções de que é parte.

Manhã de Sexta

Ainda por confirmar o estado exacto forças da Polícia e da UDD confrontam-se na intersecção de Silom com a Rama IV na área do Hotel Dusit Thani.

A UDD tem uma grande barricada como protecção avançada de toda a zona até Rajaprasong e as tropas estaão a preparar o ataque final como se vai percebendo.

As imagens na Televisão, que são escassas, mostram uma grande confusão como sempre acontece nestes casos.

Durante a noite houve várias explosões que bem ouvi mas não consigo identificar o tipo (bomba, tiro, foguetes,etc) pois de tudo tem havido.

Se a situação não fosse complicada às vezes daria para rir. Uma coluna da polícia está a tentar avançar sobre as barricadas da UDD. Já atravessou metade da rua e está estacionada no meio de Rama IV enquanto como se nada se passasse os carros continuam a circular.

Não há uma cabeça que se lembre de cortar o tráfico!?

Neste momento e depois das frustadas tentativas de negociação a polícia recuou e Silom está tentando retomar a normalidade.

Alguns comentários sobre os acontecimentos de ontem à noite.

A comunidade internacional está profundamente preocupada com a situação em Bangkok tendo várias embaixadas e as Nações Unidas emitido declarações sobre a situação. Os ingleses actualizaram o aviso aos nacionais informando que só deveriam viajar para o país em caso de extrema urgência. Várias embaixadas já tinham o mesmo ou semelhante aviso.

Entretanto continuam as acusações de um e de outro lado. Quando Suthep ontem veio, tão rápida como desnecessáriamente, dizer que as bombas/granadas tinham sido lançadas detrás da estátua do Rei Rama VI mais uma vez perdeu a oportunidade para não falar. É agora conhecido o mapa das bombas (acima e em todos os meios de comunicação social). A primeira é em Thanya plaza (impossível de ser atingida do dito local), as três seguintes perto da estação do BTS tendo uma dela furado o telhado. Um jornalista que conheço e que passava no momento a caminho da mesma sessão onde estive ontem, disse-me que esse furo foi feito com um projéctil vindo de baixo para cima. Um colega meu, que estava no local, disse-me o mesmo. Outros dizem que houve um disparo vindo do 5º andar do Chulalongkorn Hospital (este também impossivel de atingir a estação visto haver uma curva bem visível do local onde me encontro agora). Se é verdade que houve disparos do Hospital (o que estranho mas tudo é possível) eles foram o 5º e o 6º que atingiram a esquina na entrada do lado esquerdo de Silom, aí sim bem visível e bem em frente aos vermelhos.

Dizia esta manhã na TPBS, uma das estações de televisão estatais, uma vendedora de Silom, que aqueles que diziam que o "povo de Silom" estava a manifestar-se, não era verdade pois ela conhece a todos e todos se conhecem e que as pessoas que ali estavam ontem vieram de fora.

A questão importante é encontrar uma solução e não incriminar este ou o outro. Os vermelhos abusam tal como os outros o fizeram no passado porque desde há muito tempo não existe autoridade do estado e o poder caiu na rua. Só naquilo que na definição de direito internacional se chama "Failled State" é que acontece o poder estar nas mãos de grupos fora da lei que criam a sua própria lei e ordem.

As presentes autoridades, de tanto conciliarem, já perderam toda a capacidade para dirigirem o estado e deveriam abrir caminho a uma solução para o bem do país em vez de se agarrarem a conceitos profundamente errados. Contudo existe um problema, que já muitas vezes referi, que é a falta de alguém capaz de se assumir como independente e de cara limpa e aberta para levar o país para a frente.

Todos estão catalogados em cores. Ontem o médico que falou no FCCT disse que os resultados das autópsias do passado dia 10, dos quais Suthep falou ao fim de três horas como se eles existissem, esses resultados, dizia, não são apresentados pois há médicos vermelhos e médicos amarelos e não se consegue encontrar um acordo.

Actualização

Parece que há ainda quem não esteja satisfeito com a "animação" da noite e voltarão, neste momento, a acontecer confrontos no fim da Silom entre manifestantes, agora dos amarelos, e a polícia.

Entretanto Abhisit convocou uma reunião de emergência dos coamndos militares.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mais uma Noite Sangrenta

Esta noite realizou-se no Foreign Correspondents Club of Thailand (FCCT) uma conferência sobre a presente situação no país.

Era uma conferência onde falavam os professores Thanet de Thammasat, Gotham de Mahidol (que tem tido algumas iniciativas de mediação), o médico chefe do Hospital que acolheu a maíoria das vítimas do dia 10 de Abril e o Embaixador da Suécia.

O FCCT fica em plena Vermelhândia, em Chitlom, e como é impossível ir para lá de carro tomei o BTS em Saladaeng.

Quando cheguei ao BTS deparei com uma manifestação dos Sem Cor maior do que no dia anterior e logo antevi perigo. Disse a um amigo meu isso mesmo. Hoje há mais manifestantes e isso cheira a problema. As duas noites anteriores embora o grupo dos manifestantes fose pequeno já tinham mostrado isso.

Cheguei contudo sem problemas ao FCCT. Depois de ser mostrado o último filme feito pelo reporter japonês, meu consócio no FCCT, que morreu nos confrontos no dia 10 de Abril e feito um momento de silêncio, começou a sessão O primeiro a falar foi o médico que começou por avisar que teria de sair rápido pois havia incidentes e tinha sido chamado do hospital. Sem que ele acabasse de dizer isso comecei a receber todo o tipo de mensagens dando conta do rebentamento de bombas em Silom.

O local onde estivera há pouco mais de 20 minutos era agora palco do rebentamento de variadas bombas. Uma delas rebentou com o sítio onde tomei o meu pequeno almoço no Domingo passado, no Au Bon Pain.

Conclusão até ao momento: 3 mortos, 75 feridos, 8 dos quais em estado grave.

Não vale a pena neste momento estar a fazer muitas conjecturas de como é que aconteceu. Aconteceu e foi isso. Uma questão é certa. Quem está a lutar neste momento, vermelhos, amarelos, verdes ou qualquer outra cor que seja, não brinca.

Lembrei-me do vídeo feito pelo Hiro no qual se vê muitas coisas que são difíceis de acreditar aos nosso olhos ocidentais. Um exército a fugir totalmente descomandado quando há um rebentamento, recolhendo os seus feridos sem nenhum apoio médico. Uma organização onde se vêm civis misturados com militares. Estes andando cad um em seu sentido. Há uma parte onde se vê militares, no mesmo sítio, a andar nas quatro direcções possíceis. Civis, neste caso vermelhos, com armas artesanais e rudimentares a cobrirem-se com os escudos que roubaram aos militares. Enfim uma confusão generalizada que claro só podia acabar em snague, já que como disse os outros que andam interessados no caos não brincam. Por esse vídeo fica claramente a ideia de que nem uns nem outros, militares e vermelhos, sabem bem o que estão a fazer,

Toda a zona de Silom está selada pelo exército e o tempo é de calma. Infelizmente Suthep veio já dizer que as granadas foram disparadas do lados dos vermelhos. Não me parece o momento para tais declarações que únicamente têm um intuito político e são criadoras de mais ódios. O momento deverá ser de silêncio e ninguém, mesmo ninguém, deve querer lavar as mãos a não ser para tratar dos feridos.

Numa feliz sentença o tribunal decidiu favorávelmenete uma providência interposta, não sei por quem, no sentido de que o governo utilizou a força contra os manifestantes em violação das convenções internacionais e portanto está impossibilitado de utilizar a força contra os vermelhos em Rajaprasong.

Que se encontrem soluções políticas para um problema que é político e não militar, como sempre diz Anupong e hoje foi referido várias vezes no FCCT.

Inicio da tarde

O dia continua, diria anormalmente, calmo sem muitas notícias.

Em relação aos acontecimentos de ontem à noite há agora a confirmação de que houve 20 pessoas feridas, entre os quais 2 estrangeiros. Suthep deu à pouco ordens, por vezes ele é que comanda o CRES no meio desta confusão de comandos, para que a polícia fosse mais activa em prevenir os conflitos entre vermelhos e amarelos/rosa/outros de modo a que não se repitam incidentes como os que ocorrem há já dois dias.

É uma pena que o Multi-Cor grupo tivesse decidido vir fazer as suas manifestações para uma zona face a face com os vermelhos onde os confrontos se tornam mais difíceis de evitar. Até há dois dias atrás as manifestações tinham corrido bem, sem incidentes e em zonas onde a possibilidade de conflito era bastante menos. Depois do apelo feito nos jornais e televisão do PAD (Manager, Manager On-Line e ASTV) para que os seus apoiantes, amarelos, se juntassem ao movimento, as manifestações mudaram-se para Silom e deixaram de ser para apoiar Abhisit e contra a dissolução do parlamento para passarem a ser, como tive a oportunidade de observar no local, somente gritando palavras de ordem e abusos contra os vermelhos.

Outras notícias vêm sempre do inefável Coronel Sansern. Hoje, num tom talvez um pouco mais sério, veio avisar os vermelhos de que a paciência das tropas estava a esgotar-se e que o tempo escoava-se rápido pelo que tinham de abandonar Rajaprasong.

Entretanto o combio de tropas e equipamento militar que está desde ontem bloqueado em Khon Kaen lá continua sem que de um lado ou do outro alguém dê um passo num acordo.

Também o tribunal decidiu adiar, pela enésima vez, o processo contra o PAD pela ocupação dos aeroportos e ocupação e destruição do complexo da Government House.

Quinta-feira 22

O dia acordou estranhamente calmo. Mesmo em Saladaeng viam-se menos tropas do que nos dias anteriores.

Contudo a noite já não foi assim tão pacífica. A cofrontação entre os vermelhos na sua barricada à entrada de Rajadamri e os amarelos, pois é disso que se trata os que se disfarçam sem cor, em frente ao hotel Dusit Thai, mesmo do outro lado da rua foi mais acirrada do que no dia anterior.

Atiraram-se pedras, garrafas e outros objectos de um lado para o outro e do lado amarelo cometeram-se abusos sobre pessoas que passavam e eram identificadas como vermelhas. Há fotos e vídeos de todos estes incidentes.

A questão contudo é que isto foi feito até escalar para um ponto mesmo quente por volta das 11.30 da noite, na frente da polícia que inclusive removeu veículos para que os amarelos pudessem actuar mais à vontade.
Como disse só quando alguns dos amarelos mais timoratos decidiram ir tirar cofronto directo e quando um estrangeiro que passava usando uma braçadeira vermelha e foi atacado pelos amarelos é que então a polícia decidiu estabelecer um cordão de separação e salvar esse estrangeiro, que se devia abster, de ser linchado.

Existem estacionadas na zona entre 7 a 10.000 polícias e soldados, é pressuposto o dever deles ser o de proteger os cidadãos. Porque não o fazem? Porque ontem estiveram até um certo momento ao serviço de um dos confrontantes?

Supalak Ganjanakhundee, um jornalista do The Nation, escrevia ontem sobe o paralelo da situação que se vive e o que aconteceu em 1976 quando centenas de estudantes de Thammasat foram violentamente espancados até à morte por grupos rivais com a total cobertura das autoridades de então.

É sabido e conhecido de todos que Anupong "recebeu ordens", os mais poderosos Generais por vezes também têm de obedecer, para avançar e que ele não o quer fazer. Sabe as consequências, sabe os custos e não está na sua maneira de actuar. Assim o fez em 2008 e assim tem continuado a tentar ser. Independente e não querendo mostrar-se favorável a nenhum lado.

Já lhe prepararam todo o plano, já lhe deram todos os militares, já lhe deram as instruções mas não lhe deram nenhuma razão a não ser a de que "aquela gente não são tailandeses" e portanto ninguém vai chorar a sua morte. Também lhe disseram que não se preocupasse com a comunidade internacional. "Fecha-se o país durante 3 anos" pois não necessitamos de ninguém. Qual Coreia do Norte, qual Birmânia, há quem, com poder suficiente para dar ordens, pense assim no país.

Como não deram a Anupong a razão para avançar contra os vermelhos sem cobertura a criação de um conflito "multi colorido" poderá ser a salvação da cara do General que assim pode intervir para afastar as partes depois de estas já terem alguns corpos e sangue nas mãos.

Supalak dizia também que o povo tailandês só consegue aprender quando há sangue e mortos.

Assim é de esperar entre hoje e amanhã um escalar das acções dos amarelos, não em locais que não estejam em frente aos vermelhos, e portanto onde a fricção não exista, mas exactamente de forma a fazer subir a tensão e a possível intervenção "salvadora".

Já depois de acabar de escrever o que acima fica recebi a informação de que Anupong ordenou que algumas tropas recuassem, para descansar, enquanto ele próprio se mostra com extremo stress e doente.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ao fim do Dia

Em frente ao Dusit Thani hotel no fim de Silom. Dum lado os amarelos/rosa do outro lado da rua, para aí uns 50-60 metros, está a primeira barricada vermelha.

Há todos os sinais de que ordenaram já a Anupong para atacar mas este continua reluctante, como sempre. Esta manhã o General foi rezar ao Templo onde está o Marco da Cidade um sinal que é interpretado como o pedir de desculpas a Bangkok facto.

Qualquer confrontação mais assanhada entre estes dois grupos poderia dar-lhe a oportunidade de sair, em defesa dos confrontos tentando separar as hostes e não ser visto a avançar contra os vermelhos.

Comissão de Inquérito e os Militares

No Domingo dia 11 o Dr Panittan anunciou, na reunião com os diplomatas, que o Governo ia nomear uma comissão independente para averiguar as causas dos incidentes do dia 10 que causaram 25 mortos e mais de 800 feridos alguns dos quais se encontram ainda nos cuidados intensivos.

Ainda mesmo sem essa comissão ter dado início aos seus trabalhos o governo decidiu, faltando á sua palavra perante a comunidade internacional, atribuir o trabalho dessa investigação ao Departamento de Investigação Especial da Polícia (DSI).

Hoje o sempre presente Coronel Sansern veio comunicar que o CRES tinha convocado 50 pessoas para depôr na investigação aos incidentes do dia 10. Confesso que fiquei confuso, embora na realidade não deveria. Então agora já não erao DSI mas o CRES quem estava a realizar a investigação?

A verdade acaba por se saber. A polícia anunciou há pouco que o tiro que matou o jornalista japonês foi disparado por um militar e os militares já fizeram saber que não aceitam a conclusão da polícia. Na realidade quem manda, pode, um pouco ao contrário do nosso ditado mas aplicável à situação.

Por aqui ao meu lado, na Vermelhândia, hoje tem sido dia de festa e tenho sido bafejado pela sorte de ouvir morlan luktung, a música tradicional do nordeste do país local de onde são a a maíoria dos apoiantes vermelhos e, diga-se também por certo das tropas que os rodeia. Daqui a pouco poderiamos ter dentro das barricadas uma festa com manfestantes, soldados e polícias e beberm umas cervejas, a comerem som tum, lab moo ou outro petisco dessa região. Infelizmente penso não ser assim.

Fala-se muito de que os líderes vermelhos estão abertos a negociar. A Reuters falou disso e a própria UDD sorrateiramente já fez disso eco. Contudo Abhisit está excluído dessas conversações. Aliás o próprio PM no Domingo abriu a porta a isso quando afirmou não se sentar à mesma mesa com terroristas e sabe-se que ele se referia aos líderes da UDD.

Embora Abhisit hoje já pouco ter a dizer, não se crê que se possa avançar com nenhum tipo de conversações pois, e mesmo pensando que a UDD é genuína no seu propósito, não há interlucutor pois o General Anupong nunca se colocará na primeira linha e não há nenhuma personalidade independente capaz de ser respeitada.

Como outro dia referi só o Rei seria capaz mas muitos, incluíndo Abhisit, vieram já dizer que o pedido de audiência que foi feito é incorrecto porque envolve o monarca em questões políticas.

Muito pobre a memória de Abhisit pois ele próprio, secundando pedidos do PAD, apelou ao Rei em 2006 para destítuir Thaksin. O que serve para mim, amarelo, não serve para ti, vermelho, é este um dos grandes dramas do país.

Entretanto acabo de receber a notícia de que uma das maiores empresas tailandesas que tem a sua sede em Silom, informou os seus funcionários para abandonarem de imediato o edifício. O CRES ordenou também que a polícia cortasse o tráfico na Rama IV desde Henri Dunant até a Witthayu.
Outra notícia. Um comboio com equipamento militar com destino a Bangkok foi parado em Khon Kaen, a capital do alto Nordeste por um grupo de 200 vermelhos. Embora os militares afirmem que o comboio se dirige a Pattani no Sul do país, onde existe um conflito armado há quase 6 anos, os manifestantes não deixams eguir o comboio. Actos deste e outros serão porventura o "pão nosso de cada dia" se as tropas avançarem sobre os manifestantes em Bangkok.

Quando e não Se!

O PM Abhisit Vejjajiva disse aos orgão de comunicação social que competia ao General Anupong Paochinda decidir, quando seria feita a desocupação dos vermelhos do centro de Bangkok.

Como se sabia desde Segunda-feira, mas agora Abhisit confirmou a "limpeza" vai começar só não se sabendo quando e se o plano que um General presente na reunião de Anupong deixou "escapar" para o exterior.

Os dados estão nas mãos de Anupong a não ser que ele venha de novo reinterpretar as palavras do "seu" Primeiro Ministro, como o fez no Sábado passado através do Coronel Sansern.

O "campo de batalha" está preparado e esta manhã era visível o aumento de tropas e de equipamento militar, com a presença de carros de combate rápido, em Silom para além de mais barreiras de arame farpado, comparando com o que se via ontem á noite. Também em Ploenchit, Witthayu, Langsuan, toda a zona circundando a intersecção de Rajaprasong foram reforçadas quer as forças quer as barricadas vermelhas.

O Parque Lumpini parece estar agora veradeiramente cercado com barreiras de bambus e pneus em todas as suas entradas.

Parece um filme com "Les Misarables" de um lado e "Platoon" do outro mas infelizmente é a realidade.
Agora há que esperar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Esta Noite

A noite em Silom está aparentemente calma embora a entrada de Rajadmari esteja neste momento trasformada numa autêntica barricada com blocos de cimento, grades de bambu e pneus, qual Comuna de Paris, enquanto um grupo dos "Sem Cor" se manifesta em frente ao hotel Dusit Thani a não mais de 100 metros dos vermelhos.

A polícia teve de fazer uma barreira não vá algum mais excitado de qualquer dos lados atravessar o risco vermelho e magoar-se.

Pelas 9 da noite seriam uns 50-100 "Sem Cor" mas agora não eram mais do que 30 mas mesmo assim bastante barulhentos e gritando para os vermelhos ók paii ou seja vão-se embora.

Do outro lado Silom está triste. Uma rua que é um dos polos de atracção da capital com os seus mercados nocturnos está, pode dizer-se, vazia.

Patpong fechou, os turistas são poucos, os bares sem ninguém e as casas de massagen, sempre tão concorridas na zona, sem ninguém nem mesmo massagistas.

De resto tropas e polícias (7.000 segundo todos os relatos) e uma diferença de ontem para hoje o encerramento da ponte entre o MRT e o BTS, encerramento feito com arame farpado.

Agora ninguém pode subir e daí olhar para o acampamento vermelho. Alí é território militar.

Imagens de Lumpini

Obviamemente que o primeiro prémio é para a fotografia abaixo






2.50 da Tarde - O início da Operação?


Ao mesmo tempo que um helicóptero sobrevoava a área vários tiros foram disparados na intersecção de Silom com a Rama IV presumívelmente sobre os manifestantes já que se ouvia gritos das pessoas e depois vozes mais altas daquilo que deve ser o palco.

Depois fez-se silêncio por alguns minutos.

O tiroteio recomeçou. Dá agora a ideia de que são granadas de gás lacrimogéneo já que se vê algum fumo sobre Lumpini.

Não posso confirmar mas é capaz de haver também disparos na zona de Rajaprasong pois o barulho agora vem de dois lados.

Há neste momento mais vermelhos a juntarem-se ao agrupamento em Lumpini. Mesmo debaixo da minha janela a UDD bloqueou a rua, Sarasin. Em menos de 5 minutos deslocaram um camião e "tropas" para bloquear a zona. Agora veio um tanque com água. Realmente organizados e rápidos a reagir.

Já recebi a informação de que em Rajaprasong nada se passa pelo que os sons diferentes deveriam ser ecos.

Entretanto a imprensa nada relata. Isso é uma das partes do plano ontem aprovado na reunião do General Anupong com os comandos, que infelizmente tem contornos bastante drásticos. Esta manhã todos os hoteis da zona de Rajaprasong foram obrigados a encerrar as portas a partir do meio dia na sequência de uma ordem dada pelo CRES.
Voltou a "calma" a Lumpini e volta a ouvir-se bem alto as vozes do palco que agora entoão canções.

Terça-feira de manhã

Para mim a manhã coemeçou pior do que ontem pois a minha rua, que já não estava nada bem no que respeita a circulação ficou reduzida a uma só faixa de rodagem, embora sejam autorizados veiculos nos dois sentidos (!), porque os carros da Polícia decidiram estacionar em todo o comprimento da rua. Está assim uma confusão generalizada com os carros a forçar de um lado e do outro num sítio onde só passa um carro, sem que ninguém se digne ajudar. Quem anda a fazer esse trabalho são os guardas dos condomínios e não os polícias que se encostam ás paredes ou se refastelam num dos cafés da vizinhança ocupando as cadeiras destinadas aos clientes! Como se diz em tailandês arom sia.

Passando pela zona do Parque Lumpini onde está o acampamento vermelho nota-se que este engrossou desde ontem á noite e também em relação à manhã de ontem. Uma novidade é o facto da entrada da avenida Rajadamri estar neste momento totalmente vedada com blocos de cimento (?). Na ponta oposta, perto do meu escritório, a UDD criou uma espécie de barricada com lanças de bambu pontiagudas. Os militares usam arame farpado e os vermelhos lanças pontiagudas. Alguém vai magoar-se. Os discursos, que ouço bem alto da outra ponta do parque, são bastante mais acalorados agora.

A UDD anunciou que se estão a preparar para um eventual assalto dos militares e preocupam-se pelo facto de eles estarem a ocupar o Christian Hospital em Silom, onde creem que as eventuais vítimas podem ser tratadas, sem olharem que eles próprios estão a, quase que, ocupar o Chulalongkorn Hospital bem no centro do acampamento. A UDD anunciou também um reforço da posição em Rajaprasong onde esparem cerca de 150.000 manifestantes hojé á noite.

O Coronel Sansern acaba de afirmar, mais uma vez, no seu encontro matinal com a imprensa que o exército está pronto a usar a força se necessário, mas que primeiro tentarão métodos pacíficos para desalojar os manifestantes. O Coronel disse haver na zona de Lumpini 6.500 manifestantes.
Mais um dia de tensão pela frente onde uma pequena faísca pode criara um grande incêndio.

Entretanto dois membros do governo já vieram a terreiro para dizer que é inapropriado o pedido de audiência ao Rei feito pelo General Chavalit, pois Sua Majestade não deve ser envolvida nas questões políticas. A Constituição em vigor desde 19 de Agosto de 2007 diz no seu artº 2 que o Rei é o Chefe do Estado e no artº 10 que é o Comandante Supremo das Forças Armadas.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Terroristas

Não quero entrar na questão levantada pelo Governo de que no meio dos manifestantes estavam terroristas e que foram eles os causadores das fatalidades no passado dia 10.

O governo entendeu que era esse a melhor maneira de abraçar o problema tendente a obter alguma cobertura para uma acção que está longe de ser clara.

Um facto que atesta essa evidência é que no Domingo 11 o governo anunciou a criação de uma comissão independente para investigar os incidentes para poucos dias depois, mesmo sem essa comissão ter sido formalmente constituída, ter atríbuido o caso ao Departamento de Investigação Especial da polícia, ou seja um orgão que não é independente.

Falando da polícia corre o rumor de que a operação falhada no hotel CS Park não foi tão falhada assim pois o seu objectivo era tão somente mostrar ao PM que não podia contar com a polícia. Recorde-se que esta força está desde o dia 1 de Outubro a ser gerida por uma oficial de forma interina pois Abhisit insistiu num candidato que foi por duas vezes chumbado pela comissão que trata das nomeações tendo inclusive o Vice Primeiro Suthep e o Ministro do Interior, entre outros, votado contra Abhisit.

Voltando à questão dos terroristas veio agora a terreiro o Presidente Executivo da Thai Reisurance, a maior resseguradora tailandesa, afirmar que a declaração feita no rescaldo dos incidentes qualificando os autores de terroristas não faz sentido e é desprovida de protecção jurídica de acordo com a definição internacional do que é um terrorista.

A resseguradora alerta o governo para a necessidade de clarificar a situação sob pena de as companhias de seguros não procederem á compensação que eventualmente é devida ás vítimas. Surachai Sirivallop acrescenta que a definição do que é um acto cometido por terroristas para efeitos de seguros é feita pela associação dos seguradores em Londres e não pelas companhias nos mercados domésticos.

Mais um caso daquilo que se chama meter os pés pelas mãos e que no fim acaba por ser o governo a intervir procedendo ás compensações à custa do erário público.

É fácil cometer erros quando se tem a almofada do orçamento do estado para pagar os erros pessoais.

É Bom Rir

Se a situação não fosse séria até fazia bem rir um pouco.

Há poucos momentos numa conferência de imprensa o líder da UDD Natthawut Saikua, disse que o acumular de tropas na zona de Silom constituía uma ameaça aos vermelhos e, portanto aconselhava os militares a retirar ou então a UDD ver-se-ia forçada a empurrá-los de volta para os quarteis.

17.30 Bangkok

Não houve mais movimentos a não ser a já rotineira preparação para aquilo que pode ser mais uma noite de insónia para muitos. Foi feita a deslocação para a zona de Silom de mais material militar e ambulâncias. Igualmente o General Anupong teve a sua já anunciada reunião com os oficiais generais e o que transpirou cá para fora foi de que terá sido dada ordem para disparar. Nada de novo também. O Coronel Sansern, nas últimas 24 horas, já o referiu por quatro vezes dizendo numa delas que os soldados são atingidos com pedras muito pesadas e com lanças pontiagudas e por isso têm o direito de responder para se defenderem.

Entretanto do lado vermelho o acampamento de Lumpini engrossou e agora é um verdadeiro arraial com música aos berros, apesar de ainda recentemente terem acordado limitar o volume dos altifalantes para não perturbar a vida aos doentes do Hospital que se encontra mesmo em frente. Mas quem é que obedece ao que quer que seja ou respeita o que quer que seja?

Hoje tivemos grandes discussões no nosso grupo de trabalho no sentido de tentar prespectivar qual poderia ser uma saída para a presente crise e lamento dizer só encontrámos uma que seria um facto quase inédito mas praticado pela única pessoa que todos respeitam e houvem - uma palavra do Rei

Curiosamente acabado o brain storming li, nos jornais, que o General Chavalit Yongchaiyudh solicitou uma audiência com Sua Majestade. Chavalit é actualmente o presidente do Puea Thai mas é sobretudo um velho General que ocupou todos os cargos importantes no país, quase a fazer 78 anos de idade, nascido no ano em que foi instaurada a Monarquia Constitucional no país, foi um colaborador muito próximo do General Prem, Presidente do Conselho Privado do Rei, e sempre foi visita fequente no Palácio onde conta com a simpatia da Rainha. Logo se verá o resultado. Para já a bolsa tailandesa subiu no exacto momento, e por essa razão segundo os analistas, em que o pedido de audiência foi feito.

Na discussão havida sobre a situação argumentaram-se todos os cenários. Lei Marcial. recolher obrigatório, Golpe de estado e todos eles iam sempre cair numa questão para além do banho de sangue que isso causaria. Será que algum destes acontecimentos fará demover os vermelhos de onde estão? E a resposta invariávelmente era Não!

As únicas possibilidades seriam ou a dissolução do Paralemento e a demissão de Abhisit mas mesmo isso poderia abrir ainda alguma nova razão para fazer aumentar as exigências da UDD.

Só restou aquela que acima apontei.

11.15 da Manhã

A tensão baixou com o "acomodar" de ambos os campos a uma nova situação.

Os militares e a polícia aquartelaram na zona de Silom - Saladaeng (infelizmente para mim que estou mesmo no meio) e os vermelhos já renunciaram a qualquer propósito de invadir a zona de Silom.

No final de contas acabaram por conseguir parte dos seus objectivos pois a confusão na zona, o trauma para as empresas e negócios e o caos no trânsito estão instalados.

A zona de Silom está agora claramente dividida em dois com as barreiras de arame farpado colocadas pelos militares. Quem para ali se deslocar de BTS pode fazer quase que a vida normal, dentro da zona, mas não pode sair para fora. Quem quiser entrar terá mais dificulades. A pé pode ter uma arma apontada a si peguntando-lhe para onde vai e o que vai fazer e pode ser "admitido" ou não. Se quer ir de carro esqueça.

A UDD anunciou entretanto que hoje irá dirigir-se ao edifício sede das Nações Unidas, em Makhawan mesmo em frente da Praça Real, para entregar uma carta referente ás actividades do exército durante os confrontos de Sábado 10 de Abril.

Entretanto o número de vítimas desse Sábado sangrento subiu para 25 encontrando-se ainda 140 pessoas hospitalizadas das quais 6 nos cuidados intensivos.

Nas estradas do país durante todo os 5 dias do período de Songkran houve 361 mortos e 3.802 feridos num total de 3.516 acidentes registados. Uma coisa que sempre me impressionou é a percentagem de feridos/mortos por acidente!

Às 7 da manhã

Corredor entre Silom MRT e Saladaeng BTS

Saída do BTS Saladaeng

Estação de Silom - MRT
A tensão está no seu ponto mais alto com ambas as partes preparadas para o assalto final.

A zona de Silom está toda fechada com barreiras de arame farpado na maioria das entradas. Pessoalmente tenho a "honra de escolta" policial com uma boa dezena de veículos da polícia à porta e com estes e militares espalhados por todos os condomínios.

Os militares tinham anunciado que não deixariam a UDD bloquear essa zona mas acabaram por ser eles que o fizeram impossibilitando o acesso aos escritórios.

Desde Naratiwas até Rama IV é tudo zona interdita. Em Patpong em vez dos bares e dos vendedores de artigos copiados estão 5 companhias de militares aquartelados.

Preparando lanças de bambu

Entretanto na zona "vermelha" de Lumpini a UDD barricou-se como um posto avançado, para tentar impedir o avanço das tropas que venham de Silom. Há contudo pessoas a preparar-se para abandonar a zona. Não sei se para regressar a casa ou para ir engrossar o acampamento de rectaguarda.

O exército anuncia estar preparado mas a UDD mantém-se em desafio às ordens de rendição e acaba de dizer que não acredita que os militares avancem hoje visto a área estar pejada de jornalistas e o governo não querer perder mais na guerra mediática. Curiosamente o BTS está a funcionar embora estejam na estação soldados em fato de combate e deitados no chão e nos cantos em posição de alerta!

Os jornais estão a ser muito parcos em notícias, preferindo o The Nation, por exemplo dar mais destaque à derrota do Arsenal do que à situação de "alerta vermelho" no centro de Bangkok como diz o Bangkok Post.Há contudo um manancial de outras informações, vindas de muitos olhos que estão aqui e vão relatando através de muitas vias.

Ataque Eminente


É 1 da manhã em Bangkok e a situação está a agudizar-se a cada momento com a pressão que foi feita sobre o General Anupong para avançar sobre os manifestantes da UDD.

Como por muitas vezes já referi o General Anupong tenta levar até à sua reforma a situação de uma forma calma e sem que tenha de "sujar as mãos" mas a pressão que é sabida ele estar a receber, impede-o de continuar na imparcialidade que ele tanto gosta. Perguntava-me um amigo há pouco. Quem estará acima de Anupong, ele que é o Chefe do Exército, para que ele tenha de obedecer?

A resposta é fácil de dizer e impossível de escrever!

As tropas estão na rua em Silom e áreas adjacentes. Tenho a rua onde moro bloqueada pelos militares, comandados por um oficial da Armada, e não venham dizer que não estão armados, pois eu vi-as. Estava apontada a mim a perguntar-me para onde ía.

Jantei com um jornalista e ele dizia-me esperar que, até no máximo Terça-feira, a tropa avançasse sobe os manifestantes. Eu concordei. Engano dos dois pois o plano está já em marcha.

Sabendo como estão determinados os vermelhos e como andam outros grupos armados à solta, alguns já identificados mas a comunicação social continua a só falar dos "terroristas", criados pelo Governo, não se prespectiva nada de bom para as próximas horas.

Este artigo publicado há pouco no The Nation fala abertamente do avanço das tropas e do plano, uma cópia de um de 2003.

Neste momento há tropas a serem transportadas de Saraburi para Sanam Pao para o ataque sobre os vermelhos que muito provavelmente irá acontecer esta madrugada. Segundo dados também recolhidos há momento a 2ª Divisão da Cavalaria está a ser transportada para Silom e daí avançará, através de Rajadamri, para a intersecção de Rajaprasong. Contudo a entrada de rajadamri está repleta de vermelhos. Quer isto dizer que as tropas irão atacar a concentração de Rajaprasong por dois lados, mas na vertical, a não ser que a coluna de Sanam Pao se divida. Fala-se que o ataque ocorrerá entre as 4 e as 6 da manhã.

A única coisa que é certa é que não será como em 2006 quando o golpe de estado perpetrado pelo General Sonthi Boonyaragtlin foi feito nos bastidores e sem pessoas nas ruas.

A Tailândia tem uma prática de golpes de estado quase todos feitos nos corredores do poder e mesmo aqueles onde houve derramamento de sangue nenhum se pode comparar com a situação actual onde existem profundas fracturas na sociedade em todos os patamares da píramide desde o mais elevado até ao mais baixo. Os militares vão ter de lutar contra o povo vermelho que está na rua e contra as diferentes facções dentro do próprio movimento, isto se não aparecerem os tais "terroristas" e/ou outros grupos, como milícias amarelas, que já é sabido terem estado envolvidas nos acontecimentos do passado dia 10.

Entretanto faz hoje 7 meses que o Rei Rama IX se encontra internado no hospital de Siriraj.

domingo, 18 de abril de 2010

Para Rir?

O cada vez mais famoso, já que diariamente aparece na TV, Colonel Sansern Kaewkamnerd, acaba de fazer uma declaração á imprensa que "é de gritos".

Sei bem que o Coronel não fala em inglês e portanto pode sempre dizer-se que a tradução está errada, mas afirmar que vão ser colocados, secretamente, atiradores nos edifícios altos em redor de Rajaprsong, o principal acampamento dos vermelhos, parece aquela história de contar um segredo só para você ou seja para que toda a gente saiba.

Ou bem que é secreto ou bem que é público e agora seja o que for é público.

Parece mais uma encenação grotesca como aquela da tentativa de captura de Arissaman e de outros líderes da UDD onde só faltou a polícia ligar para os telefones deles a dizer por donde deveriam fugir e quantos minutos tinham para o fazer, e que depois se deixariam prender para ser tido como reféns e dizer que falhou porque os vermelhos eram mais.

Ficamos assim todos a saber que vão ser colocados snipers nos edíficios em redor para, e aqui fica a questão. Atirar sobe os líderes da UDD? Defender os vermelhos dos famosos terroristas, embora de acordo com a teoria do governo, os "terroristas" estarem contra o governo porque estão infiltrados no meios dos vermelhos?

É caricato demais para uma situação que se torna cada vez mais difícil de digerir quer para o governo quer para os militares já demasiado divididos. É sobejamente sabido que, embora comendo à mesma mesa, o grau de confiança mútua dos comandos militares está no seu nível mais baixo de há muito.

Entretanto já se sabe o que o PAD, amarelos, querem. Deram um ultimatum ao governo para resolver a situação, ou seja retirar os vermelhos das ruas, em 15 dias caso contrário saem em defesa do país e sabe-se bem do que são capazes.

Na passada Sexta-feira foi preso um grupo de 6 elementos do NPP/PAD de Rayong, uma província na costa leste do país, na posse de armas (2 pistolas, 100 carregadores e 2 facas de mato). Não foram apelidados de terroristas pelo Governo, e o facto foi relatado na imprensa em letras pequenas e em colunas pares como convém.

Os Movimentos Anti-Vermelhos

O movimento sem cor liderardo pelo Dr. Tui Sitthisomwong ganhou consistência com as pessoas menos hesitantes em sair para a rua e de um pequeno grupo que se juntou no Parque Lumpini, agora ocupado pelos vermelhos, conta agora com alguns milhares que se têm manifestado diáriamente em apoio ao PM Abhisit e contra a violência.

A maior manifestação aconteceu junto ao 11º Regimento de Infantaria, onde Abhisit vive e trabalha desde há mais de 1 mês e contou com mlhares de pessoas.

Hoje vão manifestar-se na Praça do Monumento à Vitória continuando a sua campanha contra a violência e de apoio ao PM.

Como já referi é um movimento importante, porventura o que pode representar a maíoria dos tailandeses, mas tem de afinar os seus objectivos e apelar a algo de concreto pois o terminar da violência e da manifestação dos vermelhos só por si não resolve nenhum dos problemas do país. Poderá criar alguma tranquilidade mas é aquilo que se chama uma "paz podre".

É necessário que proponha soluções e que não se deixe cair na vulgaridade e no "mai pen rai" tão costumeiro neste país.

O PAD está de volta e hoje reune-se também, naquilo que ainda se pode chamar uma conferência, na Universidade de Rangsit. Conhecido aquilo que foi a campanha que levaram a cabo em 2008 e as propostas que regularmente fazem, contrários a qualquer mudança, é com interesse que se espera saber se algo de novo irá surgir do movimento.

Entretanto a UDD amaeça bloquear a Avenida Silom, têm um acampamento mesmo à sua entrada no canto sudoeste do Parque Lumpini, e o CRES já fez saber através do Coronel Sansern que se os vermelhos bloquearem Silom serão reprimidos, se necessário pela força. Curioso que Sansern falou, em nome do seu chefe Anupong, anunciando os planos, mas não se esqueceu de reafirmar que quem manda no CRES é Suthep!Espera-se que todas estas cores e ausência de cores ajudem a clarificar e não a criar mais instabilidade a uma situação extrememente frágil.

Entretanto muitos olhos e ouvidos estão atentos á anunciada reunião de todos os militares do grau de Major-general e superior que Anupong convocou para amanhã às 13.00 no Quartel General.