sexta-feira, 3 de julho de 2009

Abhisit o Ingénuo?

Depois de ter negado, Abhisit veio a confirmar aquilo que todos sabiam, que tinha tido um encontro em privado com o de facto líder do Bhum Jai Thai Party, Nevin Chidchob.

Na realidade no dia 1 de Julho ambos almoçaram na Baan Phitsanulok, um dos edifícios na Government House acompanhados do Vice-primeiro-ministro Suthep Thaugsuban e do secretário do PM Niphon Prompan. Demasiada gente e num local tão evidente para poder passar desconhecido dos meios de comunicação social.

Mesmo assim Abhisit veio dizer que o encontro não teve nada a ver com a situação política e foi somente uma conversa de amigos!

Vieram agora a lume os temas discutidos durante o almoço:

  1. a possibilidade de se abandonar o plano dos autocarros que o BJTP quer
    levar àvante e que está a causar tremendas dores de cabeça ao executivo
    visto ter ficado claro junto da opinião pública que por detrás do plano
    está o financiamento ao partido de Nevin
  2. melhor coordenação entre os partidos da coligação para futuros projectos
    obviando a que cada um puxe só para o seu lado
  3. aumentar a trasnparência de funcionamento do Governo
  4. a possível remodelação governamental já há muito falada

Se isto não é temas políticos deveremos estar todos muito enganados. A questão que se põe é que uma vez mais Abhisit deixa fugir uma oportunidade de se autonomizar e garantir a clara liderança política. Já no rescaldo dos acontecimentos de Abril onde saiu com alguma imagem de vitória deixou que ela escapasse por entre as suas indecisões em poucos dias. Agora, e depois das sucessivas derrotas de Nevin nas eleições em Junho, Abhisit ganhou outra vez um espaço de afirmação independente mas uma vez mais não consegue avançar sem as muletas que aquele lhe vai chegando.

Outro exemplo desta dependência é o facto de o governo ter anunciado que, Abhisit irá visitar o Nordeste do país, zona não visitado por nenhum PM desde Thaksin, mas irá fazê-lo começando por Buriram, a província dominada por Nevin, uma decisão que está a gerar grande desconforto junto dos Deputados Democratas eleitos naquela região, que se vêem subalternizados em favor de um parceiro menor na coligação governamental. Um dos Deputados acusa mesmo o PM de se afastar dos seus correligionários, ameaçando demitir-se, dizendo que se o PM quer ajudar o Partido Democrata a ganhar votos no Nordeste é com os seus membros que tem de fazer campanha e não com os de outros partidos.

Todos sabem que Nevin é o "charme político" em pessoa e consegue exercer uma tremenda influência sobre os políticos na capital, o que lhe permite os muitos milhões de bath que distribuiu, mas ao mesmo tempo é muitas vezes tido por ser uma enguia das mais viscosas capazes de fugir quando muito bem quer e sem aviso para qualquer dos lados do espectro político.

Não são esses os aliados que Abhisit necessita para levar a cabo a sua política de reconciliação nacional e a tão necessária recuperação económica.

Abhsit com muitas das suas acções tem tentado imprimir um novo rumo, mais claro e mais transparente, à forma de razer política mas é por demasiado ingénuo (será que é a palavra correcta) na forma como se deixa, por vezes enredar, em cenários contraditórios.

Em Portugal temos o provérbio "Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és" que define estas situações.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

500 Anos, Tailândia e Portugal

Aproxima-se a data comemorativa da chegada da primeira armada portuguesa a terras do Sião, em 1511, e vão avançando os preparativos para o culminar dessas comemorações. Já há meses aqui relatei a conferência produzida na Siam Society, pelo Professor António Vasconcelos Saldanha, e também a recente visita levada a cabo por vários jornalistas portugueses a convite da Embaixada do reino da Tailândia em Lisboa, a estas terras, de onde produziram bastante material informativo e de grande interesse.

É sempre importante que cada um e todos nós, com a simplicidade do contributo de cada um, em consonância e honorabilidade, de modos e linguagem, continuemos a contribuir para esse propósito.


Ontem realizou-se na antiga capital do reino do Sião, e onde os portugueses aportaram há quase 500 anos, uma importante conferência que o Combustões relatou e documentou com total a propósito e que por isso aqui recomendo, com um obrigado aos organizadores, à Embaixada de Portugal e obviamente ao Miguel.

terça-feira, 30 de junho de 2009

O Primeiro Semestre

Ri ou Chora

Acabam de ser publicados os números do primeiro semestre na Tailândia e, um pouco como por todo o Mundo, não são nada positivos.

Vamos primeiro aos maus para podermos ficar com um bom gosto na boca no final.

As receitas fiscais tiveram um decréscimo significativo caindo 8,9% no primeiro trimestre e 9,1% no segundo e 15,7% em Fevereiro, 0,5% em Março e 19% em Abril. Refira-se que o ano fiscal tailandês começa a 1 de Outubro

As exportações tiveram igualmente um comportamento bastante negativo com quebras de 36,1% em Fevereiro, 26,8% em Março e 25% em Abril. No sector das receitas as maiores quebras verificaram-se no IVA, com a forque queda do consumo, e mos impostos das empresas devido à menor rentabilidade das suas operações.

O Turismo foi outro sector bastante afectado com quebras de 23,2%, 12,1% e 11,6% comparando com os dados do ano anterior para os meses já referidos. A taxa de ocupação das unidades hoteleiras baixou para níveis que, segundo sei saber, são incomportáveis para uma rentabilidade dos mesmos - 43.3%.

A produção industrial em geral sofreu quedas acentuadas, com relevo para o sector do aço e metais, 36,2% e automóvel, 35,1% mas em contraste o sector do tabaco teve um aumento de 56,3%. Sinais dos tempos difíceis, onde se fumará mais, ou sinal de que a política de combate ao tráfico de produtos ilegais está a produzir frutos? Outro dos sectores de grande importância para as exportações da Tailândia, o sector eléctrico e electrónico, sofreu uma queda de 21%.

A capacidade utilizada do sector industrial desceu para 56,6% comparando com 71,3% um ano atrás. Actualmente quase metade da capacidade instalada está parada ou não produz.

Contudo a taxa de desemprego oficial situa-se nos 1,3% o que parece pouco cível, tendo em vista os constantes layoff que acontecem, mas o facto de não haver um sistema de segurança social, faz com que os desempregados não sejam registados visto não poderem recorrer a nenhum esquema de apoio público. Esse só é facilitado aos funcionários públicos e de empresas estatais, ou então através de esquemas privados normalmente de multinacionais.

Contudo nem tudo é mau.

O país tem actualmente 65.905.410 pessoas das quais só 8,7% têm mais de 65 anos. A taxa de natalidade é de 13,4/1.000 e a de mortalidade de 7,17/1.000, Quase o dobro e dando ao país uma vitalidade para o futuro. A média de idade é de 33,3 anos e existe um grande equilíbrio entre os sexos embora actualmente nasçam mais homens do que mulheres.

O défice público está em níveis verdadeiramente sustentáveis e as reservas são sólidas. quanto ao défice público há que referir que estes dados são anteriores á aprovação no Parlamento, na semana passada, de duas leis que permitirão ao governo contrair empréstimos até ao valor de duas vezes 400 mil milhões de Bath, qualquer coisa como 8,5 mil milhões de Euros o que por certo, a efectivar-se na totalidade, irá afectar sobremaneira as contas públicas.

Um aspecto que em muitos países seria visto como negativo é o facto de 42,6% da população trabalhar na agricultura. Contudo isso não só contribui com uma forte componente para a exportação como é um elemento sobremaneira importante de fixação das populações nos meios rurais embora 33% da população já seja urbana.

O actual governo está fortemente empenhado na recuperação económica do país e os empréstimos ora garantidos no Parlamento serão utilizados em medidas de promoção da economia. Contudo, como se sabe, nem sempre este governo tem tido a capacidade de colocar as suas acções no mesmo patamar das palavras e por demasiadas vezes está tão embrenhado na sua sobrevivência e nas questões relacionadas com as divisões políticas no país para poder levar as suas intenções a bom porto.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fim de Semana Político


O fim-de-semana ficou marcado por dois importantes acontecimentos políticos.

A manifestação realizada em Bangkok pela UDD que, de uma forma pacífica juntou 30.000 apesar de uma verdadeira tromba de água que se abateu sobre a cidade, solicitando ao governo a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições.

Tudo coreu sem nenhum incidente, como deve ser, e antes de dispersarem os lideres do agrupamento próximo do fugitivo ex. PM Thaksin, anunciaram para o mês de Julho manifestações por todo o país e que no final desse mês regressarão a Bangkok, para, numa nova demonstração da sua força se manifestarem na Government House, no monumento á Democracia e no Comando do Exército.

Entretanto em Si Sa Ket, uma província no sul do Issan, o Puea Thai, o partido que segue a linha dos anteriores partidos aliados a Thaksin Shinawatra, obteve mais uma esmagadora vitória nas eleições intercalares que aí se realizaram devido á desqualificação do deputado anteriormente eleito.

Esta vitória, por uma maioria de 64% dos votos expressos tem um grande significado visto o anterior deputado pertencer ao partido Chart Thai, actual Chart Pattana Thai, que se viu agora "esmagado" pelo candidato apoiado por Thaksin, ainda que tivesse a suportar a sua candidatura as forças da coligação governamental e toda a máquina do Ministério do Interior.
Em dois fim-de-semana seguidos. O Puea Thai mostrou claramente ser ainda a principal força política na região, porventura no país, batendo os aliados do partido Democrata por margens bastante consideráveis mas ao mesmo tempo dando uma ajuda a Abhisit que deste modo vê os seus parceiros de coligação ficarem mais brandos nas suas constantes exigências devido ao apagar da sua aura.

Contudo hoje surgem rumores, falta ver se se confirmam de que 11 deputados de partidos actualmente na coligação estão de partida para o Puea Thai engrossando ainda mais as suas fileiras e enfraquecendo a coligação no poder.

Por outro lado esta está com a espada sobre a cabeça devido ao largo número de Deputados seus que estão a ser investigados por possuírem acções em empresas concessionárias de serviços públicos o que contraria a Constituição, art. 265, e que, se ficar provado, levará à sua demissão forçada e mais que provável queda do governo de Abhisit.

Interessante que o líder parlamentar do Puea Thai, contrariamente ás solicitações da UDD, disse não exigir a dissolução do Parlamento pois, e segundo ele, este cairá por si mesmo com o tempo e com o reconhecimento de que o Puea Thai é o maior partido na Tailândia e que é este que o povo quer ver a governar o país.

Durante a manifestação da UDD Thaksin fez uma das suas habituais vídeo chamadas apelando à população que o façam regressar à Tailândia pois, segundo disse, não quer morrer no deserto, uma alusão ao local onde actualmente vive, o Dubai. Especula-se que após os sinais dados pelas vitórias eleitorais o Puea Thai vai avançar com a recolha de assinaturas para uma petição de perdão para Thaksin, um processo que a avançar poderá causar alguns embaraços no sistema regente devido ás conhecidas divergências entre membros da mais alta hierarquia do país sobre a personagem.

Entretanto Abhisit ganhos por agora algum espaço de descanso mas o futuro não se apresenta muito promissor para a sua governação.

Mais uma Vítima


Um recruta da base naval de Sathaip foi a terceira vítima fatal do vírus A(H1N1) na Tailândia onde o número de casos conhecidos ontem à noite era de 1.330.

Como é normal nestes casos começa a haver especulação política e o Governo era ontem acusado por um jornal que normalmente lhe é favorável, mas os ventos estão a mudar, de estar a esconder a situação real e que haveria no país mais de 10.000 casos confirmados.

O Ministério da Saúde Pública decidiu constituir uma equipa de peritos médicos em virologia para tentar conhecer melhor o caso do homem de 42 anos que faleceu no Sábado passado.

Os grupos de risco são tidos por serem os jovens, os idosos e as pessoas com doenças crónicas ou debilidades dos sistemas imunológico o que não era o caso do falecido ao contrário da outra mulher que tinha conhecidas deficiências cardíacas