sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Comandos Militares


Com os Generais Songkitti e Bonnsrang, actual e anterior CEMGFA

Ao atingir os 60 anos de idade os militares na Tailândia cessam funções e no dia 1 de Outubro de cada ano procede-se às mudanças em toda a hierarquia militar.

Este ano todos os comandos foram substituídos à excepção do Chefe do Estado Maior do Exército, o General Anupong Paochinda, que se mantém no cargo por ainda não ter atingido o limite de idade.

Saíram assim o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e os Chefes do Estado Maior da Marinha e Força Aérea.

Esta mudança dos comandos militares é todos os anos motivo de grandes discussões, e medos, devido à constante intervenção dos políticos no assunto.

O processo passa pelo CEMGFA elaborar a lista com as suas recomendações que depois é submetida ao Ministro da Defesa e Primeiro Ministro para aprovação e envio para que o Rei assine e faça promulgar.

Este ano o processo foi bastante transparente devido ao facto de Samak ter dado total liberdade aos militares para decidir. Embora tenha havido várias disputas sobre quem deveria ocupar posições acabou por ser um processo onde essencialmente não houve intervenção dos políticos, mesmo daqueles que dizem já o não ser, como Thaksin, que costumava sempre "mexer os cordelinhos" pelos seus camaradas de curso, a famosa classe 10 de cadetes.

Quando Somchai chegou ao poder já tudo estava decidido, mas também ele entendeu manter-se á margem de todo este processo e na cerimónia de posse das novas chefias militares não teve a menor intervenção nem esteve presente, facto normal, deixando que a instituição trabalhasse independentemente.

O novo Supreme Commander, como aqui é chamado o CEMGFA, falando aos seus subordinados traçou os objectivos que os militares devem prosseguir:
  1. Proteger e prestar reverencia à Monarquia e ao Rei
  2. Proteger o país e salvaguardar a sua integridade
  3. Apoiar o Governo na solução do problema da instabilidade no Sul
  4. Promover a cooperação e estabilidade com os países vizinhos
  5. Assistir as populações afectadas por desastres naturais e em áreas remotas
  6. Apoiar as políticas do Governo no combate à droga e à promoção da unidade no país
  7. Promover o desenvolvimento do pessoal, da gestão e organização em cada ramo das forças armadas

O General Songkitti Jaggabatara referiu ainda a necessidade de os militares não se envolverem na politica e focaram a sua atenção nos deveres atrás descritos.

Embora suceda ao General Boonsrang Niampradit, comandante que muito marcou pelas suas qualidades de militar e de homem, o novo CEMGFA, é um homem com prestígio, entre os seus pares e com experiência da acções internacionais tendo comandado a Força da Nações Unidas em Timor-Leste no final dos anos 90.

Vinhos de Portugal












Ontem na Residência Portuguesa, os Embaixadores de Portugal apadrinharam uma iniciativa da Seacross no seguimento da feira Thailand Food & Hotel 2008 que se realizou recentemente em Bangkok.

Mais uma iniciativa da Missão de Portugal muito bem organizada.

Porque não quero ser repetitivo, e como deve ser uma boa colaboração, chamo a atenção para o que o Mestre Miguel Castelo Branco escreveu em Combustões

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Boas Noticias



Nas duas frentes que mais tem ocupado o meu tempo ultimamente houve notícias positivas o que nos tempos que correm é sempre um muito bom sinal.

O Senado Americano acaba de votar por 74 votos a favor e 25 contra a nova Lei de apoio à economia americana e mundial dadas as intrincadas ligações existentes hoje em dia nos mercados financeiros globalizados, e na Sexta-feira espera-se que a House of Representatives também a vote favoravelmente o que permitará por em movimento essa bóia salvadora da economia. A derrota no início da semana permitiu que os legisladores americanos corrigissem mais um erro da administração Bush que queria precipitar-se, como no caso do Iraque, com medidas salvadoras de Wall St sem se lembrar de Main St e dos contribuintes. As alterações introduzidas mostraram as preocupações dos legisladores de não se tornarem cúmplices em mais uma vez se olhar só para um dos lados da moeda. De igual forma, se bem que as percas do DJIA tenham sido grandes, houve algum ressurgir posterior num sinal de que o mercado ainda tem vitalidade para se movimentar por si e não está completamente morto.

É importante, como muitos senadores afirmaram, estar atentos aos perigos do colapso da economia devida à falta de liquidez dos mercados, mas é igualmente vital olhar para aqueles que ao fim do mês tem de pagar a hipoteca da casa. O balancear destas duas realidades ajudará a que os contribuintes, que por si só são, os consumidores, os aforadores e os investidores se sintam mais confiantes nas instituições, facto vital para o bom funcionamento de uma economia.

Esperemos agora pela votação de Sexta mas a sensatez dos últimos desenvolvimentos faz prever um bom resultado para o Mundo.

Igualmente aqui na Tailândia depois de um período em que a política estava totalmente relegada para segundo plano, não só pela crise financeira mundial mas também pela falta de factos relevantes, voltamos a ter notícias.

Como em DC notícias boas. O novo Governo, apesar da espada que tem sobre a sua cabeça devido à mais que provável dissolução do PPP, está empenhado numa campanha de reconciliação com a sociedade e o soft approach que tem tido está a pagar dividendos. Ontem o PM Somchai teve um encontro de 50 minutos com o General Prem Tinsunalonda, o todo poderoso Presidente do Conselho Privado do Rei, muitas vezes apelidado a "mão invisível" que tudo controla. Nada transpirou desse encontro a não ser que o que foi discutido foi, a restauração da estabilidade no Sul do País, a alteração da Constituição e a harmonia na sociedade. Num outro facto separado o Vice-Primeiro Ministro Chavalit encontrou-se com o PAD e abriu uma porta para o início de negociações.

A tão falada, e necessária, revisão da Constituição, que tanta oposição tem tido visto ser entendida como uma forma de ajudar Thaksin a "safar-se" dos casos que contra ele existem, está a ser tratada por este Governo com imensa cautela e será proposto à Assembleia a alteração do texto constitucional de forma a permitir que a revisão seja preparada por um corpo de peritos independentes e não alinhados. Se isso conseguir o Governo obterá uma vitória importante.

No sector económico também as boas notícias apareceram com a possibilidade do Banco Central baixar a taxa de juro devido ao significativo abrandamento da inflação, com dois meses seguidos em baixa, e do investimento anunciado pelo Bank of Nova Scotia num banco local que é visto como um sinal de confiança no sistema financeiro tailandês.

Por outro lado as várias autoridades relevantes, Ministro das Finanças, Banco Central e Comissão dos Mercados Mobiliários estão a trabalhar em conjunto o que de alguma forma é raro visto no passado, recente se degladiarem constantemente.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Acabou a Hibernação



O Congresso Americano votou negativamente por 228 votos contra 205 o plano da administração Bush para apoiar a economia americana naquilo que já é considerada a maior crise depois da grande depressão do final dos anos 20.

Interessante ver que foram mais os Republicanos que votaram não do que os Democratas (133-95) o que deita por terra a reacção do Senador McCain que disse que Obama e os Democratas puseram a política á frente dos interesses do país. As acusações entre ambos os campos são muitas o que não favorece o encontrar de uma solução para a crise actual.

Os mercados tinham reagido positivamente no final da semana com os avanços feitos no sentido de ser votada favoravelmente a lei que permitiria o Tesouro Americano utilizar os 700 mil milhões anunciados injectando o muito necessitado sistema financeiro de fundos suficientes para que não se desse o colapso da economia. Contudo com a má notícia vinda de Capitol Hill, o DJIA caiu 777 pontos mais do que no 9/11, quando caiu 684,81, ou em Abril de 2000 com o "rebentar" da bolha .COM, com 617,78 pontos.

De igual modo na Europa os sinais de crise se manifestam com a nacionalização da Bradford & Bingley no Reino Unido, depois de tal já ter acontecido à Northen Rock e a necessária injecção de fundos no Fortis. Fala-se que os Governos Alemão e Dinamarquês terão de intervir com urgência e outros mercados por certo não estarão imunes a este "tsunami" financeiro que a pouco e pouco vai destruíndo Bancos e Seguradoras.

Na Tailândia, como já expliquei anteriormente, o mercado não está demasiadamente exposto, mas quer o Banco da Tailândia quer o Governo seguem com atenção o que se passa no mercado e estão preocupado com a possibilidade crescente de intervenções que permitam retirar liquidez do mercado já afactado pela queda do SET devido à saída de investidores estrangeiros ávidos de realizar "cash".

Os mercados Europeus seguem contudo a subir ligeiramente muito, por certo, por causa da mediada do BCE de disponibilizar 120 mil milhões de Euros ao mercado em condições favoráveis.

Parece-me que esta intervenção do BCE esta a ser mais sensata do que a do Tesouro Americano, embora, aparentemente, a crise na Europa seja menor. Tomar uma decisão desta magnitude com eleições a acontecer dentro pouco mais do que 30 dias, e eleições tão renhidas como as que estão a acontecer nos EEUU, parecer mostrar ser impossível discutir e encontrar soluções sem uma conotação e motivação política forte.

A realidade é que o mercado está doente, fortemente doente, e os Bears terminaram a hibernação.

Fazer parte da História




Este fim de semana estive em Singapura, daí a falta de escritos, mas também nada de muito relevante aconteceu aqui na Tailandia a não ser o facto de o novo PM ter tentado fazer um fim de semana normal e foi perseguido permanentemente pelas pessoas a apupá-lo e teve de recolher a casa.

Estive naquilo que foi já considerado um dos mais espectaculares Grande Prémio da Formula 1 e, como dizia o bilhete, "Be Part of History". Os circuitos urbanos tem a vantagem de transformar toda uma cidade, neste caso país, numa mega festa como aconteceu este fim de semana em Singapura. Foi estimado que só para o GP vieram a Singapura cerca de 60.000 estrangeiros, de todo o mundo para assistir àquilo que foi o primeiro GP nocturno da história da Formula 1.

E que Grande Prémio! Teve todos os ingredientes desde os treinos livres de Sexta e Sábado até à qualificação de Sábado e depois à corrida.

O tempo esteve magnifico, com temperaturas sempre a rondar os 30 graus e humidade a cerca de 65-75% o que é normal para Singapura. Interessante que quando aterrei na Sexta de manhâchovia copiosamente e essa mesma chuva só voltou a aparecer no momento em que apanhei o táxi para o aeroporto para apanhar o voo de volta. Todo o tempo em Singapura fui brindado com sol e bom tempo.

Na Sexta nas duas sessões de treinos livres pode ver-se a fácil adptaçao dos Renault à pista pois ambos realizaram excelentes tempos com Alonso a ser o Mais rápido na primeira sessão só suplantado por Hamilton na segunda. Nos treinos livres de sábado de novo Alonso o mais rápido com também boas prestassoes dos Williams e Tora Rossa. Começa a qualificação e a primeira surpresa é o facto de Piquet falhar a primeira selecção e quedar-se pelo 16º lugar. Segunda qualificaçao e o motor de Alonso, o grande herói da véspera pára, ficando o antigo campeão do Mundo relegado para o 15º lugar. Hamilton só mesmo no cair do pano consegue segurar o 10º lugar que lhe abriu a porta à terceira sessão e Kovalainen, esteve também com um pé de fora até ao ultimo minuto. Nos últimos 15 minutos da qualificação, Massa e Hamilton protagonizam um duelo até ao cair da bandeira acabando por ser o ferrarista o mais rápido.

O ambiente em toda a cidade era o de estarmos numa festa gigante. Por todo o lado havia bandas, palcos, espectáculos e para quem conhece Singapura, quieta, calma, mesmo monótona, ficava espantado com tanta festa, tanta alegria.

Domingo tudo convergia para o Circuito da Marina onde íamos assistir ao primeiro Grande Prémio Nocturno da história da Formula 1, e que corrida! Numa pista dita pelos pilotos extremamente difícil (Hamilton dizia que uma volta aqui era como duas no Mónaco) mas ao mesmo tempo extraordinariamente competitiva assistiu-se a um GP cheio de drama do principio ao fim. A Ferrari parecia ter tudo controlado até ao despiste de Piquet (mesmo à minha frente) e à primeira entrada do Safety Car que veio a baralhar tanta coisa. Idas às boxes em tempos errados, arranque do Massa extemporâneo mas sem culpa para ele pois não havia lolipop na frente do carro, o que lhe causou o problema do tubo de reabastecimento e a quase colisão com Trulli que lhe valeu uma penalidade até ao despiste final de Raikonnen que atirou a Ferrari para o segundo lugar na classificação dos construtores.

A pressão é tão grande sobre todos que equipas como as da Formula 1 que gastam milhões em pormenores para que tudo corra bem, cometem erros infantis como os que vimos em Singapura.

Às vezes os brasileiros dizem que Deus é brasileiro mas na noite de Domingo isso não aconteceu. Piquet, desfaz o carro contra as barreiras do Marina Granstand, na mesma volta o motor do carro de Barrichelho apaga-se e pouco depois Massa tem o pit stop porventura mais desastroso da sua carreira e terminou para ele ali o GP.

Acabou por vencer Alonso, merecido pelo que fez na primeira e terceira sessao de treinos livres, segundo Rosberg, que durante grande parte do circuito era o homem mais rápido em pista e só não ganhou por causa da penalidade de 10 segundos que recebeu (mais um erro da equipa) e terceiro Hamilton, o único dos favoritos que não cometeu erros e por isso esteve sempre "por ali" esperando colher os frutos da sua condução segura.


A conclusão é que Singapura, como se dizia ontem, foi o grande vencedor, e se bem que existem coisas a corrigir como os protectores na chicane e alguma ondulação em partes do circuito, 95% correu de forma exemplar e pude mesmo constatar a capacidade que têm de aprender e corrigir os defeitos que encontram pois assisti a benefícios visíveis e importantes introduzidos de Sexta para Sábado e posteriormente para Domingo.

Parabéns e foi bom "To Be Part of the History"