Estou ainda em Lisboa e tenho portanto a oportunidade de ver, e ler aquilo que a imprensa internacional vai falando acerca dos confrontos em Bangkok.
Tenho em simultâneo informações provenientes de amigos e colegas em Bangkok e é interessante ver a diferença dos ângulos pelos quais se abordam os acontecimentos.
De Bangkok um amigo dizia-me estar a gozar o feriado, hoje, amanhã e depois são feriados devido ao Songkran, aproveitando para nadar na piscina de sua casa. Outro, lamentando-se sobre tudo o que estava a acontecer disse ir passear com o sobrinho de dois anos para um Centro Comercial. Outro mostrava-se indignado com os distúrbios na rua mas ia dormir tranquilo e um outro ainda nada me dizia e quando eu lhe perguntei só me disse que era muito mau e que as pessoas não pensavam no país.
Nada de drama. Alguma tristeza, alguma insatisfação, talvez cansaço de amarelos e vermelhos mas só isso.
Visto daqui temos o
Times a acusar o governo da Abhisit, um seu natural, de estar a esconder ao país as mortes que já terão ocorrido. A AFP bate na mesma tecla e anuncia a cavalgada dos militares em direcção ao
Government House na tentativa de desalojar os manifestantes.
A SIC mostra numa reportagem imagens de Bangkok onde se v~em os confrontos de rua a polícia e os militares a a lançarem granadas de gás lacrimogéneo e dois militares a dispararem as suas metralhadores em direcção, sem a mínima dúvida, dos manifestantes. Fortemente armados os militares, onde estavam eles quando o Governador de Samut Prakan solicitou o apoio para libertar o aeroporto em Dezembro, avançam disparando para o ar mas como disse alguns directamente sobre as pessoas.
Vê-se igualmente nessa reportagem duas pessoas, indefesas, uma delas, manietada a ser pontapeada na cara por um militar e outra, uma mulher, a ser arrastada pelos cabelos rua fora por um elemento trajado á civil, mas saído de trás das barreiras de militares.
Estas imagens mostram uma Bangkok anárquica, com manifestantes a atacarem as forças militares sem medo e estes avançando de forma compacta mas também sem um claro comando.
Desde o ano passado é sabido que as forças militares e militarizadas têm um comando dividido não só naquilo que são os objectivos mas também na forma de actuar. É sabido que por exemplo na Polícia há comandos que se degladiam e lutam entre si dando azo a que algumas acções acabem no fiasco que têm sido.
De Bangkok chegam umas vozes de desacordo, de tristeza mas a população, a grande maioria que sempre se pôs de fora quer contra amarelos quer vermelhos, essa leva a sua vida de forma pacífica tentando prosseguir em frente e encarar o amanhã de forma positiva.
Entretanto um novo elemento apareceu nesta guerra de cores. O já muito falado Nevin, criou os "azuis". Não se sabiam muito bem quem eram e porque se lançaram na defesa do aeroporto de forma a serem os guardiões dessa porta do país. Na realidade são uma força arregimentada e bem paga para lutar, agora contra os vermelhos, para evitar que algo aconteça no aeroporto e nos negócios de Vichai o todo poderoso dono do King Power, o operador do
freeshop, e o maior financiador do Partido Bhumjai Thai.