sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Grande Atracção

No dia 27 de Maio nasceu no zoo de Chiang Mai um panda. Segundo os especialistas é a primeira vez que uma panda nasce em Maio visto o período normal de nascimento é entre Julho e Setembro.

A pequena panda que ainda não tem nome, havendo mesmo um concurso, oferecendo o zoo 1 milhão de bath (cerca de 20.000 Euros) para este lhe ser atribuído, nasceu através da segunda tentativa de inseminação artificial da sua mão, Lin Hui, que está em Chiang Mai ao abrigo de um protocolo com as autoridades Chinesas que emprestaram por um período de 10 anos à cidade do norte um casal de pandas, que é a grande atracção daquele parque zoológico.

Com o nascimento do novo habitante, as filas para visitar o zoo e ver, através de uma câmara, o "rebento" são agora enormes visto este se ter tornado rapidamente na grande novidade.

Variadas foram as tentativas para que o casal de pandas tivesse um filho por meios naturais tendo os tratadores chegados ao ponto de exibirem filmes eróticos de pandas de modo a tentar aumentar a libido do casal mas sem sucesso.

Assim foi recorrido à inseminação artificial e á segunda tentativa nasceu o pequeno panda.

Sabendo-se da fragilidade destes animais imediatamente um grupo de peritos chineses se deslocou para Chiang Mai para ajudar os veterinários e tratadores do zoo a lidar com esta novidade. O facto de ser o primeiro filho de Lin Hui faz aumentar as precauções pois não é sabido até que ponto ela é capaz de tratar da sua filha, visto tratar-se de uma panda conforme confirmou um dos peritos chineses que actualmente está em Chiang Mai.

O nascimento ocorreu na maior surpresa pois o pessoal do zoo não sabia que Lin Hui estava grávida. Se virem as fotos podem constatar que na realidade não se deve notar nenhuma alteração no corpo da mãe, o que eventualmente haverá é alguma alteração nos seus hábitos e comportamentos.

O facto é que a pequena panda parece estar a reagir bem ao ambiente, já se levantou nas frágeis patas e alimenta-se do leite materno embora sempre acompanhada dos cuidados de toda uma equipa que a quer ver singrar na vida.

Apesar da grande turbulência que existe no seio da coligação no poder, com muitos jogos nos bastidores, e da morte de David Carrendine no quarto de um hotel em Bangkok, em circunstâncias pouco claras e muito semelhantes à da de Michael Hutchence, o nascimento do panda, e agora o concurso para lhe dar um nome, são as grandes noticias que trazem os tailandeses agarrados à televisão.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tak Bai

Tak Bai é uma povoação na província da Narathiwat no Sul da Tailândia, infelizmente celebre pelo incidente que aí aconteceu e que tirou a vida a muitas pessoas.

Em Outubro de 2004, durante a governação de Thaksin Shinawatra, sete pessoas foram mortas num ataque feito pelas forças militares a uma mesquita local. Na sequência dos incidentes seis membros da povoação foram feitos prisioneiros, por alegadamente serem conspiradores e colaboradores dos terroristas, e ficaram detidos na prisão de Tak Bai.

Mais de um milhar de pessoas manifestou-se à porta da estação da Polícia solicitando a libertação daqueles que diziam ter sido presos sem razão.

No dia 25 as forças militares atacaram os manifestantes e procederam à prisão de 1.292 pessoas. De acordo com relatos da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, os detidos foram espancados, torturados, humilhados de variadas formas.

As forças militares decidiram transferir os detidos de Tak Bai para a província de Pattani para um campo militar onde ficariam detidos. Os detidos foram colocados, empilhados uns sobre os outros nos camiões militares em condições sobejamente conhecidas como sub humanas.

Nesse processo de transferência 78 pessoas encontraram a morte por asfixia devido às faltas de condições mínimas no transporte dos prisioneiros numa clara violação de todas as convenções internacionais que a própria Tailândia assinou e aderiu de livre vontade.

Nessa altura o PM Thaksin ainda teve o desplante de dizer que o facto de trem morrido se devia ao facto de se estar em pleno Ramadão e as pessoas estarem mais fracas.

O General Surayud, o PM saído do golpe militar de 2006 teve a honestidade de pedir desculpas aos familiares das vítimas e atribuiu uma verba a cada um dos familiares dos falecidos.

Entretanto os responsáveis pelos actos criminosos que ditaram a morte dessas pessoas acabaram agora, passados quase 5 anos por ser julgados.

E assim se teria feito justiça se não fosse o caso de todos terem sido absolvidos por o tribunal (um claro t pequeno) que os "julgou" durante este tempo todo.

Na sentença pode ler-se o seguinte: os militares e a polícia actuaram de acordo com a lei, utilizaram o seu julgamento para lidar com a situação de pressão e fizeram o seu melhor baseado nas circunstâncias da situação (sic). Na realidade, e ontem dizia-o no Bangkok Post, Voranai Vanijaka, a decisão do tribunal está conforme com a lei visto os militares estarem protegidos pelo Estado de Emergência e leis aplicáveis que lhes dão o poder de actuar sem que sejam feitos responsáveis pelos actos praticados enquanto tal situação existe.

Continua este articulista que a sentença está totalmente correcta de acordo com a lei tailandesa e que os familiares das vítimas poderão, se assim o entenderem, recorrer para o Tribunal Internacional dos Direitos Humanos.

Contudo o articulista deixa um pedido ás forças armadas tailandesas.

Depois de os saudar pelo facto de estarem prontos a defender o país solicita que quando se trata dos compatriotas, e no interesse do povo tailandês, quando se trata de tratar de assuntos internos que o façam pensando nos direitos das pessoas e das populações e que tenham em conta que são irmãos seus aqueles que estão na sua frente. Pode ser que entendam a mensagem.

Quem sai decididamente derrotado desta decisão judicial, que ao menos poderia ter condenado moralmente os autores de tremendo crime já que legalmente não o podiam fazer, é o Governo de Abhisit Vejjajiva que depositava alguma esperança numa decisão que de alguma forma apoiasse a sua intenção de encontrar uma forma de diálogo com o Sul que não passasse pelas armas só como é o que actualmente acontece. Abhisit anunciou no programa de Governo a criação de uma agência, civil, que seria quem iria regular e gerir as questões do Sul. De imediato os militares saíram a terreiro contradizendo a proposta do PM que até agora ainda não foi implementada e que com a decisão de hoje terá enorme dificuldade de o ser. Acrescenta-se que Abhisit perde, através desta decisão e do seu conteúdo, qualquer capacidade de entabular um diálogo construtivo com as gentes do Sul visto poucos irem, por certo, a partir de agora acreditar nas suas palavras.

Um dia triste para a Tailândia