sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Cor faz a Diferença

Apresentaram-se ontem perante a Polícia 59 membros da liderança do PAD para ouvirem a acusação de prática de actividades terroristas no caso referente à ocupação quer da sede do Governo quer dos aeroportos da capital tailandesa ocorrência passada de 25 de Maio até 4 de Dezembro de 2008.

Estavam notificadas 79 pessoas mas só compareceram os referidos 59. Não é conhecida nenhuma medida especial que tenha sido sentenciada em relação aos elementos faltosos.

Ouvida que foi a acusação os 59 membros do PAD foram mandados em liberdade sem nenhuma medida coerciva, nem caução monetária estabelecida, visto, segundo o Juiz, "não há indícios de que queiram fugir do país". Um dos acusados e principal líder do PAD, Sondhi L. afirmou que irá interpor acções civis e criminais contra o comandante da polícia que "ousou" acusar a liderança do PAD.

Este caso tem semelhanças com o caso passado com os líderes da UDD que passados pouco mais de 30 dias sobre os incidentes de Abril/Maio deste ano foram presentes a juízo e ficaram em prisão preventiva, onde ainda se encontram, excepto Veera Musikapong ao qual foi atribuída uma caução de largos milhões de bath.

Há contudo uma grande diferença entre os dois casos: Uns são Vermelhos e os outros Amarelos!

PS: O livro cuja capa insiro em fotografia vale a pena desfolhar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Mercador da Morte

Há tempos a polícia tailandesa prendeu o cidadão Russo, Viktor Bout, num trabalho conjunto com agentes policiais americanos.

Bout está acusado nos EEUU de apoiar actividades terroristas nomeadamente fornecendo armamento às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Após a sua prisão num hotel de luxo no centro de Bangkok as autoridades americanas solicitaram a deportação de Bout para que pudesse ser ali julgado. Os tribunais tailandeses não deram seguimento ao pedido visto, segundo alegaram na altura, as FARC não serem consideradas uma organização terrorista pela Tailândia.

Desse modo Bout tem continuado preso acusado de permanência ilegal no país e de outros pequenos crimes, enquanto também prosseguia o apelo dos americanos e as pressões dos russos sobre o caso.

Na passada semana o tribunal de apelo deu razão aos americanos e determinou a extradição de Bout para que pudesse vir a ser julgado nos EEUU.

Todo este processo eram também sempre visto um pouco a par do caso de Thaksin visto a Tailândia clamar pela extradição do ex-PM (embora nunca tenha sido enviado nenhum pedido formal emitido por um tribunal do país) e o acusar, embora posteriormente o tribunal tivesse retirado essa acusação, de terrorista.

De algum modo o caso Bout era um exemplo para mostrar ao Mundo que o sistema judicial tailandês não tinha os tais "double-standards" tão apregoados pelos camisas vermelhas.

Notada a decisão do tribunal da passada Sexta-feira começaram todos os procedimentos para a deportação do prisioneiro russo, até que, alguma voz falou mais alto e tudo parou.

Note-se que entretanto os americanos, por certo depois de obterem as garantias necessárias, fizeram deslocar um avião, que se encontra estacionado no aeroporto ao Norte de capital, para levar de regresso aos EEUU Bout. Agora fala-se que o processo poderá demorar até Outubro e inclusive o PM Abhisit veio dizer que havia ainda procedimentos legais a realizar antes de extraditar o "mercador da morte" como Bout é apelidado nos EEUU.

De relevar também o facto de, já depois do veredicto de Sexta-feira, Sirichok Sopa, o mais próximo colaborador de Abhsit usualmente apelidado de "Wallpaper", ter visitado Bout na cadeia tendo este Deputado afirmado que se avistou com o prisioneiro para obter informações que pudessem ser úteis para verificar se o ex-PM Thaksin estaria de algum modo envolvido em actividades de tráfico de armas. Não se consegue entender o que é que um Deputado e Assessor do PM tenha que ver com o assunto que é ou deveria ser um caso de justiça, e como é que tem acesso a inquirir um prisioneiro. Entretanto a mulher de Bout veio afirmar que tem uma gravação secreta da conversa do seu marido com Sirichok e que se necessário a irá divulgar.

A Embaixada Russa na capital entretanto pôs a circular, por certo um boato, de que se Bout fosse extraditado para os EEUU e não para a Rússia, desaconselharia os seus nacionais a visitarem a Tailândia. Note-se que actualmente os russos são dos mais assíduos turistas no reino e em todos os locais de turismo, Phuket, Samui, Pattaya e Chiang Mai há uma crescente comunidade russa que tem investido fortemente especialmente no imobiliário. Para além de já haver jornais em língua russa os restaurantes e hotéis, a par do inglês e por vezes do japonês, têm agora as suas informações em russo.

No seio da Embaixada Americana na capital, a maior missão em toda a Ásia com mais de 2.000 pessoas, corre a perplexidade e o desconforto pela "traição" do forte aliado que é a Tailândia.

Entretanto lá continua o avião e as forças de segurança que vieram para escoltar Bout na sua viagem até ao julgamento nas terras do Tio Sam.

Pergunta-se de quem terá sido a tão forte voz que fez parar todo o processo depois de o tribunal ter proferido a sentença?

Prem Tinsunalonda


Cumpre hoje 90 anos de idade e é ainda um dos mais influentes homens na cena política do país.

O General Prem Tinsunalonda, Presidente do Conselho Privado do Rei é, sem dúvida quer pelo seu passado quer pela posição que actualmente ocupa, uma peça incontornável em qualquer movimentação no espectro político no país. O facto também de ser uma reverenda pessoa devido à sua idade faz dele, num país onde a idade "é um posto", alguém cujas palavras ou silêncios devem ser sempre ouvidos.

O General Prem antes de chegar á posição que actualmente ocupa, teve uma carreira militar brilhante, foi Comandante Supremo do Exército e Primeiro Ministro na década de 80 e foi-lhe atribuído, por Sua Majestade o Rei, o título de Estadista, o único actualmente vivo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Obras Públicas


Ontem o Conselho de Ministros decidiu aprovar uma dotação de 62 mil milhões de bath (cerca de 1,6 mil milhões de Euros) para a expansão do aeroporto de Suvarnabhumi.

Recorde-se que o aeroporto completará no próximo dia 26 de Setembro quatro anos de operação e está dotado para uma generosa capacidade de 45 milhões de passageiros ano.

Recorde-se ainda que de acordo com as estatísticas do Ministério dos Desportos e Turismo o número de entradas no país está actualmente cerca de 20 % abaixo do registado no ano passado, já de si um ano mau.

Ainda como nota registe-se que o aeroporto de Pukhet, que tem visto um crescendo de movimento internacional, está extremamente necessitado de melhoramentos e alargamento mas tal ainda não está nos planos do governo.

A decisão do governo acrescenta que as obras serão realizadas entre 2011 e 2016 e que o aeroporto passará a ter capacidade para 60 milhões de passageiros por ano, tal qual o novo aeroporto de Pequim construído especialmente para os Jogos Olímpicos de 2008.

Pergunta inocente.

Será que o facto de o Ministério dos Transportes, do qual depende a AOT, Airports of Thailand, ser liderado pelo partido Bhum Jai Thai de Nevin Chidchob, o homem que se gaba publicamente de já ser mais rico do que Thaksin, tem alguma ligação?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Investigações


Três e quatro meses são passados sobre os incidentes de Maio e Abril onde morreram 91 pessoas e ficaram feridas mais de 1.800, alguns ainda hospitalizados, e o Departamento de Investigação Especial da Polícia (DSI) apresentou ontem o primeiro relatório sobre as autópsias, ou seja disse nada.

Passado este tempo e todo o trabalho feito (?) a conclusão é a que não se sabe nada sobre como é que as pessoas morreram.

Segundo alguns jornais há evidências sobre trajectórias de balas e outros factos causadores das mortes mas a Polícia entende não divulgar e diz necessitar de prosseguir a investigação. O Subchefe do DSI, Coronel de Polícia Narat Savetnant, disse que nem todas as peças necessárias estavam reunidas para se poder fazer qualquer afirmação segura adiantando contudo que ""nem todas as 91 vítimas foram mortas por actos das forças de segurança (sic)". O referido Coronel disse que as investigações deverão estar concluídas no espaço de um ano e que as dos dois estrangeiros, jornalistas Japonês e Italiano, que pereceram nos incidentes tinha prioridade "devido ás constantes pressões postas pelos governos destes dois países".

O Ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, de visita oficial a Bangkok, colocou ontem uma coroa de flores no local onde faleceu Hiro Muramoto, e expressou a sua preocupação pelo acontecido nas reuniões com Abhisit e com Kasit esperando explicações em breve.

A comissão criada pelo governo para investigar os incidentes de Abril/Maio, onde se inclui as mortes e sua origem como prometeu o PM Abihisit, presidida por Kanit na Nakhorn, disse que espera ter o seu trabalho terminado em Janeiro do próximo ano o que de alguma forma não está em consonância com o afirmado pelo DSI.

Vários analistas lamentam que a Polícia não seja mais explícita e célere a informar as famílias das vítimas que clamam por explicações há meses.

Mais uma vez as investigações policiais a nada conduzem. Nunca ninguém é apresentado perante a justiça, a não ser os líderes da UDD que continuam presos sem contudo terem ainda sido formalmente acusados. A permanência do Estado de Emergência em Bangkok tal permite e portanto os detidos continuarão a ser mantidos nesse limbo judicial.

A enorme maíoria de casos, políticos ou não, estes quando envolvem forças importantes, acabam sempre no esquecimento e sem ninguém cumprir um dia sequer de pena.

Atente-se só numa infima amostra de casos em que a investigação nada conseguiu encontrar ou a justiça não conseguiu levar por diante: Takbai (78 muçulmanos empilhados num camião militar para serem transferidos de um local para outro que acabaram por morrer asfixiados); Somchai Nepalaichit (advogado muçulmano que foi visto ser feito refém pela Polícia e que desapareceu e nunca mais se soube do paradeiro); Santika (incêndio num clube nocturno que operava completamente de forma totalmente ilegal e onde morreram cerca de 80 pessoas); Pojama na Pombejra (ex mulher de Thaksin condenada a três anos de cadeia por fuga aos impostos que vive confortávelmente a coberto de um apelo que nunca será julgado); Liderança do PAD (ocupação da Government House durante 192 dias e dos aeroportos da capital durante 10 dias causando milhões de milhões de bath de prejuízo ao país), etc, etc, etc.

domingo, 22 de agosto de 2010

Orçamento

A votação sobre o Orçamento foi adiada para Terça-feira, uma decisão do Presidente do Parlamento Chai Chidchob, pai de Nevin, que deixou Abhisit visivelmente irritado como foi notório em muitas fotografias publicadas na imprensa.

A decisão teve por fundamento a necessidade de dar mais tempo à discussão de vários artigos da Lei vista haver muitos Deputados ainda inscritos. Nobre preceito democratico mas na realidade uma forma de tentar ainda obter mais alguns milhões por parte de uns parceiros de coligação sequiosos de fundos para preparar as próximas eleições.

O facto é que os Ministérios dominados pelo partido de Nevin obtêm no presente Orçamento consideráveis ganhos. Quer a Defesa quer o Interior, dois pilares para o controlo de eleições ganham cerca de 11% cada enquanto os Transportes chega aos 18%. Em contraste a Saúde e a Educação vêm os seus ganhos ficarem-se por 3 e 4% respectivamente e outros inclusive sofrem cortes na dotação.

Ontem o Bangkok Post publicava o cartoon acima que era bem descriptivo do actual momento e dos arranjos preparados para o futuro próximo pelo Orçamento.