



Zé Luis: começámos esta tua última viagem (tu gostavas de viagens) na cama 56 dos serviços de cirurgia 1 do Hospital de Santa Maria. Lia-te poesia e um dia parámos neste poema da Sophia de Mello Breyner:
”Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A Força dos teus sonhos é tão forte,
Que tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias”.
Assim foi.
No teu visionário e intenso mundo, a voracidade de um cancro traiçoeiro não te consumiu a alegria, a coragem, a liberdade.
Entraste pela morte dentro de olhos abertos. O mundo que habitavas era rico de ideias, de sonhos, de projectos, de honradez e carinho.
Percebemos o que ia acontecer quando no fundo do teu olhar sorridente brilhava uma estrela de tristeza. Quando te deixava ao fim do dia na cama 56 e te trazia no coração enquanto descia a Alameda da Cidade Universitária a respirar o teu ar da Universidade, das aulas e dos alunos que adoravas, do futuro em que acreditavas sempre.
Foste intolerável com a corrupção, com os cobardes e oportunistas. Não suportavas facilidades. Resististe à sordidez, à subserviência, à canalhice disfarçada de respeitabilidade e morreste como sempre viveste - livre.
Uma palavra para aqueles que te acompanharam nesta última viagem:
para os melhores médicos do mundo, para as melhores equipas de enfermagem e de apoio, num exemplo de inexcedível dedicação ao serviço médico público.
Vivi com emoção diária o carinho com que te cuidaram.
Uma palavra de gratidão sentida para o Professor Luis Costa e para o Paulo Costa. E para um velho amigo de sempre o Miguel.
Também para Laura e para o Jorge e para a minha mãe e toda a família que nunca te deixou.
Por fim uma palavra para aqueles amigos que inventaram uma barricada contra a morte no serviço de cirurgia 1, cama 56, e te ajudaram a escrever, a pensar, a continuar a trabalhar: o João Gama, o João Pereira e senhor
Albuquerque, cada um à sua maneira.
Suspiraste nos meus braços pela última vez cerca da 1,15 da madrugada do dia 14 de Maio.
Vai faltar-me a tua mão a agarrar na minha enquanto passeávamos e conversávamos.
Provavelmente uma saudade ridícula, perante a força do exemplo e da obra que nos deixaste e me foi trazido por todos aqueles que te homenagearam – a quem deixo a tua eterna gratidão.
Tenham a coragem de continuar.
[16.05.2010 - Maria José Morgado]

Como quase todos os dias acontece explodiram no Sul do país, na província de Yala, esta manhã, duas bombas de cujo incidente sairam feridas 30 pessoas e 2 morreram.
Os carros voltaram a Rajaprasong uma das artérias mais congestionadas de Bangkok.
Na tarde do dia 19 de Maio, quando Bangkok começava a arder devastada pela fúria e raiva (como lhe chamou Panittan) vermelha o Canal 3 da Televisão estava no ar quando de repente foram ouvidos tiros e os jornalistas que ali trabalhavam entenderam que era altura de fugir pois também perceberam que a base do edifício estava a ser posta a arder.
Num artigo de opinião o Professor Thitinan Pongsudhirak analisa a presente situação depois dos acontecimentos que qualifica como os mais sanngrentos da história moderna tailandesa.
"Para os vermelhos nada mudou. Causaram tumultos em 2009 voltaram a causá-los em 2010 mas as queixas mantêm-se e não foram atendidas".