sábado, 12 de junho de 2010

Morto à Nascença

O Primeiro Ministro Abhisit Vejjajiva disse ontem numa conferência que deu no National Defence Studies Institute (NDSI), que "não estava confiante no sucesso da implementação do plano de reconciliação nacional", que tinha apresentado no dia anterior.

Mesmo que 80% da população adira ao plano não é suficiente. Continuou dizendo que a divisão na socieade é tão grande e tão profunda que se torna necessário um concenso de mais de 95% dos tailandeses para que o plano possa ter sucesso. Como é sabido concensos desse tipo só são possiveis em sociedades onde as intenções de voto ou de opinião são dirigidas como por exemplo em Cuba ou no Zimbabué onde os líderes são sempre "eleitos" por 99% dos votos.

Falou depois para afirmar que os problemas que dividem a sociedade são problemas que vêm do passado e irão demorar muito tempo para sarar as feridas existentes.

Terminou mesmo assim convicto de que está a fazer todos os possíveis para alcançar o objectivo que se propôs mas, afirmou, que os ainda recentes assassinatos de dois líderes da segumda geração da UDD são exemplos das divisões e facções que se encontram fortemente impregnados e activas na sociedade.

Todo este conjunto de afirmações um dia após o relançamento do plano e da constituição de quatro Comissões, com a escolha dos seus Presidentes, para observar e coordenar a sua implementação, não agura nada de bom e só vem dar voz à oposição que sempre tem clamado que o que Abhisit quer com os seus planos é ganhar tempo para se manter no poder.

O próprio PM está a dar os trunfos ao inimigo mas há que confessar que o seu discurso é genuíno, As divisões dentro de todos os escalões da socieade são tão profundas que qualquer ideia de reconciliação é quase que uma miragem.

Talvez se lembrem de eu uma vez ter escrito o que o Director do Centro de Medecina Legal da municipalidade de Bangkok afirmou, no contexto das autópsias aos corpos das vítimas de 10 de Abril. Segundo ele era impossível fazer-se um relatório de uma autópsia com correcção e independência porque havia interesses "amarelos" e "vermelhos" irreconciliáveis entre os médicos que deveriam estar a fazer um trabalho científico e não um acto de propaganda política.

Mas infelizmente é assim que acontece.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Plano de Abhisit

Ontem o PM Abhisit, com grande pompa, mas talvez sem o eco que esperava, reapresentou o seu plano de cinco pontos para a reconciliação nacional.

Pompa vinda do local, a Government House, no dia em que o próprio PM celebrou vários rituais para libertar o local do sangue derramado pela UDD, e todo o cenário que foi montado com pessoas à volta de Abhisit pretendendo mostrar o apoio de diferentes sectores da sociedade.

Acabou por se reduzir tudo a uma curta intervenção que não chegou aos 10 minutos e ficaram, do acto, mais perguntas do que respostas como hoje, quase que em uníssono, refere a imprensa de língua inglesa e tailandesa. Este é só um exemplo.

Abhisit nada adiantou àquilo que tinha afirmado no passado com a única diferença de agora não haver uma data para a realização de eleições.

Fortalecer o papel da monarquia, enfrentar (a palavra usada; não disse resolver) as desigualdades sociais, reformar a comunicação social, desenvolver a estrutura política e realizar um inquérito aos incidentes recentes. Eis os cinco pontos.

Quanto ao primeiro ponto não é por certo aquele que mais divide a sociedade! É sabida e conhecida a admiração e respeito pela instituição por parte da esmagadora maioria do povo.

O segundo necessita de explicação como é que vai ser levado a cabo já que nada foi dito e é um dos pontos fundamentais como se pode ver abaixo.

O terceiro é difícil de entender pois ao mesmo tempo que o governo continua a encerrar sítios de internet e rádios locais meios de comunicação extremamente radicais como os pertencentes ao líder amarelo Sondhi L. continuam livremente a incitar á violência contra os vermelhos. Exemplos disso é o "apoio" descarado que deram aos dois assassinatos recentes, um ontem e o outro há poucos dias, de dois líderes da segunda geração da UDD.

O quarto, que significa na linguagem de Abhisit rever a Constituição, continua a ser um dos grandes problemas da sua administração. Já em Abril de 2009 tentou avançar nesse sentido mas tem sido sistematicamente travado porque os seus parceiros de coligação querem uma reforma de artigos que vai contra os interesses dos próprios Democratas. Se por um lado satisfaz os seus parceiros de coligação por outro enfurece os próprios militantes e vice-versa. Tarefa complicada.

Por fim o último dificilmente terá credibilidade. A escolha de Abhisit recaiu sobre Kanit Na Nakhon que não é aceite como independente pela UDD. Kanit foi nomeado pelo General Surayuth, PM depois do golpe de 2006 e Conselheiro Privado do Rei, para investigar as acções de Thaksin, missão que não concluiu. Também o Ministro da Presidência Sathit quando anunciou essa escolha indicou os factos a averiguar. Acontecimentos de 10 de Abril (25 mortos e centenas de feridos), acontecimento de 22 de Abril (confrontações em Saladaeng das quais resultou 1 ou 3 mortos e uma dezena de feridos) e os acontecimentos do dia 19 de Maio (a limpeza final, os mortos do dia e os incêndios). E então o assassinato de Seh Daeng quando dava uma entrevista à comunicação social? E a lista de 51 pessoas desaparecidas apresentada pela Mirror? E os três corpos que foram enterrados sem serem identificados confirmado pela polícia? Etc.

Entretanto ontem igualmente, a Capital Markets Academy realizou em Bankok uma conferência que contou com os principais "cérebros" do sector económico e financeiro da capital e nela foram ditos coisas que talvez o Ministro das Finanças, presente, pudesse transmitir ao PM.

"Cerca de 80% da população tailandesa tirou muito reduzido benefício do desenvolvimento da economia durante a última década. A grande parte dos ganhos ficaram nas mãos daqueles que controlam os recursos financeiros como mostra os ganhos das grandes corporações, 300%, durante o período de 1998 e 2009. Durante este mesmo período o produto interno bruto (PIB) per capita subiu 47% mas os salários mais baixos registaram um declínio de 1.6%. "

O presidente de Phatra Securities acabou dizendo que a fatia mais significativa dos ganhos de capital foram parar ás mãos de 10% da população que apelidou, os políticos, os burocratas e a aristocracia. A acrescentar aos dados estáticos a Tisco Securities mostrou o declínio impressionante no que respeita o investimento directo estrangeiro (FDI), um dos factores críticos para o funcionamento da economia tailandesa uma economia fortemente dependente das exportações. O investimento feito por não nacionais na economia tailandesa, que antes de 2006 (golpe de Setembro) era de 34%, representa neste momento uns meros 16% do total dos investimentos. O decréscimo do FDI é uma ameaça a prazo para uma economia onde o factor exportação é o principal motor de desenvolvimento e de criação de emprego.

Até parecia um discurso da UDD mas não. Eram os dados de banqueiros e financeiros e, como se usa dizer, contra factos não há argumentos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia de Portugal


Embora no postal não esteja incluída a bandeira ou referência à Tailândia também aqui existem alguns, poucos é verdade, portugueses.

O Arsenal Vermelho

O Departamento de Investigação Especial da Polícia acaba de apresentar á comunicação social os bens apreendidos aos manifestantes vermelhos em Rajaprasong.

Estes são dados oficiais, anunciados pelas autoridades, não factos baseados em documentos ditos confidenciais.

Vejamos a lista dos bens apreendidos e apresentados:

11 Espingardas de tipo vário incluindo uma metralhadora Tavor
1 Lançador de granadas M79
1 Carabina AKA
17 Cartuchos de balas
25 Explosivos incluindo granadas M26 (granadas de mão) e dispositivos C4 (bombas)
12 Foguetes artesanais
3 Coletes á prova de balas
41 Veículos
7 Motociclos

Para além disso 47 bens considerados de valor, incluindo colares, anéis, amuletos e outros.

De entre os veículos havia um Mercedes e um Mitsubishi pertençentes a dois dos líderes, um camião que era utilizado como palco e um contentor com ar condicionado que era utilizado como sala para as conferências de imprensa.

Todos os bens à excepção dos veículos encontram-se no CRES, ainda existente já que o Estado de Emergência não foi levantado, e situado no Regimento 11 de Infantaria em Phaholyothin.

Como se pode ver pela lista que foi apresentada o "arsenal" não era impressionante e capaz de fazer medo a um exército muito bem equipado como o tailandês.

Para onde terão ido então as tão apregoadas armas que a comunicação social e o CRES sempre foram anunciando estarem na posse dos terroristas? Como foi que os militares que estabeleceram o cerco ao acampamento vermelho cerrando ainda mais este nos dias que precederam o 19 de Maio deixaram que essas armas eventualmente saíssem sem serem inspeccionadas?

Muito se falou de que em todos os incidentes os vermelhos lançavam granadas M79 contra os militares e afinal só foi encontrado um lançador! Que capacidade tinha aquela gente de andar sempre a colocar semelhante aparelho nos pontos estratégicos nos momentos precisos!

Alguém não está a falar verdade nesta história toda.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Assim vai a Justiça

Algo está profundamente errado com o sistema de justiça neste país.

Pedófilos abusadores de crianças são repetidamente absolvidos ou ficam em liberdade sob caução.

Líderes vermelhos acusados de terrorismo são libertados sob fiança.

Um estudante que incendiou a universidade que frequentava, porque estava farto de estudar, não vai ser responsabilizado pelos prejuízos que causou já que a própria universidade assim decidiu e pode regressar pois a escola está aberta a recebê-lo de volta.

E ..... um grupo de 200 deficientes, vendedores de lotaria, aos quais fora prometida, por duas vezes, mas não concretizada, uma reunião para atender a reivindicação de lhes ser atribuído um maior número de bilhetes para venderem (acusam o governo de privilegiar os vendedores que pagam a "alguém"), foram dispersados à bastonada pela polícia e 23 deles presos para mais tarde serem libertados.

O cartoon acima, hoje publicado no jornal Bangkok Post, é também um bom exemplo de um sistema de justiça que está doente. Num dos lados um dos amarelos ocupantes do aeroporto, que tantos prejuízos causou ao país, toma um chá em liberdade confortávelmente sentado num sofá enquanto do outro lado um vermelho, causador dos últimos disturbios em Bangkok, está numa posição menos confortável na cadeia, mas com a porta aberta.

O sistema parece só servir alguns não todos.

Entretanto em Yala, no Sul do país, 22 pessoas ficaram gravemente feridas sendo que 2 estão nos cuidados intensivos, devido à explosão de uma bomba num café no centro da cidade. Mas isso é assunto de pequena importância sempre relegado para segundo plano!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Imprensa Estrangeira

A Imprensa estrangeira tem sido alvo de grandes ataques pela "distorção" dos seus relatos durante os confrontos entre vermelhos e forças do governo em Bangkok.

A CNN tem sido o alvo principal e formaram-se inclusive "milicias anti-CNN", vá lá saber-se com que intenção, mas vários outros orgãos de informação (ou desinformação na visão de outras pessoas) também estão na mira.

O Korean Times que publicou o cartoon abaixo vai por certo engrossar o número dos jornais non gratae para certos tailandeses.


Partidos Políticos

Tenho passado os últimos dias em reuniões com Deputados dos vários partidos com assento parlamentar.

Pretende saber-se o que pensam do actual momento político, da possível data para futuras eleições, da visão que têm sobre os acontecimentos de Abril e Maio que causaram tantas percas em vidas humanas e em bens, enfim tentar obter um pouco a direcção política do país.

Para além dos grandes partidos, Pheu Thai e Democratas, também falei com os partidos mais pequenos que começam a mostrar ser os verdadeiros detentores do poder.

A primeira sensação que temos quando falamos com estes Deputados é que estamos num sistema político totalmente diferente daquilo que nos habituámos no ocidente. Nem um só fala em questões que se poderão designar como programáticas.

Educação, saúde, direitos humanos, ambiente, fiscalidade, justiça, etc. Ninguém fala de qualquer destes temas e quando eles são mencionados por mim quase que obtenho um sorriso do outro lado da mesa. Na realidade os votos aqui não se ganham com o anúncio de políticas em benefício das populações. Compram-se com dinheiro.

Uma coisa toda tem em comum. Todos falam de Thaksin. Para uns é a inspiração para outros o demónio mas não há um só que não mencione o "homem". Todos reconhecem ser ele ainda uma das figuras principais e incontornáveis da cena política no país. Os Democratas são mesmo assim aqueles que se mostram mais indiferentes e que gostariam mesmo de ver Abhisit a ignorar por completo Thaksin. Esses mesmos criticam os ministros deste Governo que, no entender deles, não fazem mais nada do que "dar corda" em permanência ao fugitivo ex PM:

Outra coisa de notar é que na generalidade quase todos os Deputados com que falei estiveram nalgum ponto da sua vida ligados com Thaksin, ou trabalhando com ele directamente ou em partidos ou movimentos por onde ele andou.

Tirando este ponto comum e o também desinteresse por aquilo que serão, no nosso entender os problemas que uma população normalmente enfrenta, podem dividir-se as preocupações dos nossos interlocutores em dois campos.

Do lado da oposição o pensamento está neste momento em como encontrar as estratégias que possam atingir os Democratas e permitam ao Pheu Thai sobreviver. As acusações sobre a actuação de Abhisit e Suthep durante a repressão da manifestação vermelha parecem ser neste momento a tábua à qual o partido se vai agarrar à falta de melhor alternativa pela positiva.

O Pheu Thai, apesar de ser o maior partido dos representados no Parlamento está neste momento com um verdadeiro problema de sobrevivência pois falta-lhes objectivo susceptível de ser cumprido. Continuar a batalhar no regresso de Thaksin parece ser uma utopia e não é o elemento mobilizador das "massas vermelhas". Thaksin existe mais na cabeça dos políticos do que no coração do povo que dizem ser o seu.

Pude constatar em várias passagens pelo "seu" território, Norte e Nordeste, que o que mais vai neste momento na cabeça do povo inculto, como lhes chama o PAD, são outras questões que começam a vir cada vez mais à superfície e que têm a ver com o tratamento desigual que sentem. "Enquanto os de Bangkok choram a perca dum centro comercial nós choramos a perca dos nossos irmãos", dizia uma mulher de Khon Kaen ainda recentemente. Várias pessoas com quem falei dizem compreender muito bem o que aconteceu em Bangkok e quem esteve nas linhas da retaguarda a comandar a supressão do acampamento vermelho mas acrescentam que, se bem que entendam quem foi, não compreendem porquê!

Voltando aos partidos e perguntando a todos qual era a interpretação deles dos acontecimentos de Abril/Maio, só o Pheu Thai, e pela razão que mencionei, abordavam a questão todos os outros falaram da reconciliação e da acalmia que era necessária para que o país pudesse ir a votos. Do mesmo modo nenhum dos partidos da coligação se preocupou com a possibilidade de ser ou não feito um inquérito independente ao que aconteceu. Houve um que, quando lhe perguntei se num tal inquérito ficasse provado haver, um só que fosse, general responsável por qualquer incidente, afirmou que isso nunca seria publicado.

Enquanto o Pheu Thai se vê em sério risco de desaparecer e se fragmentar em pequenos partidos todos os outros só pensam em eleições e qual o melhor momento para as levar a cabo. Tenho para mim que o Pheu Thai virá a dissolver-se em vários partidos de acordo com as diferentes facções que aí estão representadas. Isto e todo o processo do desenvolvimento do um conjunto de outros pequenos partidos, ao mesmo tempo que os Democratas perderão terreno, durará cerca de 4/5 anos e irá reordenar o sistema partidário no país e outros novos agrupamentos emergirão como os dominantes.

Os Democratas são os menos interessados mas parece ser claro que quem comanda agora as etapas são os partidos menores. Dizia-me um Deputado do Bhum Jai Thai que o partido se quer manter neutral e afastado de lutas políticas de modo a que os Democratas entendam claramente que se não fazem as coisas da forma que eles querem saltam fora da coligação.

Os pequenos partidos querem alterar a Constituição de modo a alterar o mapa eleitoral para que os círculos eleitorais sezam reduzidos, à semelhança do que acontecia com a Constituição de 1997, para ser mais fácil a campanha e portanto a possibilidade de obterem mais mandados. O BJT fala em conseguir entre 60 a 80 lugares. Recorde-se que agora detêm 33.

Claro que esta alteração não é do interesse do partido de Abhisit mas como me diziam os deputados dos partidos menores "eles não têm outra hipótese".

De qualquer maneira todos estão de acordo que eleições podem esperar.

O Pheu Thai porque está em fase de desagregação e reforma. E os partidos da governação porque há que proceder à alteração da lei e porque a situação no momento ainda não é a melhor do ponto de vista financeiro, segundo ouvi.

As preocupações dos membros da coligação no poder são ver o ambiente político acalmar, embora os partidos pequenos afirmem em uníssono que isso é uma competência do governo embora não sejam tão unânimes no entendimento das políticas que aquele irá seguir para atingir esse fim de "reconciliação".

Para estes o que passou passou e agora o que interessa é preparar tudo para obter mais poder tão logo se mostre oportuno. Tudo o resto como políticas para o bem-estar das populações são problemas que o governo tem de ter em atenção, não eles. O seu objectivo é tão somente o poder.

Dizia-me esta manhã um Embaixador de um dos grandes países asiáticos, sentado ao meu lado no Conselho de Fundadores do Asian Institute of Thechnology, que a Tailândia anda à procura do modelo de sistema político partidário desde 1932, altura da mudança de um regime de monarquia absoluta para monarquia constitucional. Baseava a sua afirmação no facto de ter havido até ao momento 17 leis fundamentais numa permanente procura de uma fórmula que consiga dotar o país de um sistema político partidário funcional, eficiente e limpo. A única instituição que se manteve firme desde sempre foi a Casa Real.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nova Etapa


Está concluída a remodelação que não passou mais do que um exercício de decoração da montra para que o público aprecie os modelos da nova estação.

Uma novidade foi a inclusão no novo elenco ministerial de um novo partido, o Matubhum (mãe pátria), que nada mais é que a redefinição de uma antiga facção do Puea Pandin e que actualmente é liderado pelo general (r) Sondhi Boonyaratglin, o autor do golpe de estado de 2006. É interessante ver um general autor de um golpe de estado que derrubou um governo democraticamente eleito tomar parte no processo político partidário pressupostamente democrático! Curiosidades de um sistema político que também vê actualmente um partido, o Peua Pandin, dividido em dois com uma facção a apoiar o governo e a outra a apoiar a oposição.


Até ao final da semana vai haver nova contagem de apoios e deverá ficar a conhecer-se o novo mapa do Parlamento. Do lado da oposição, Pheu Thai, é sabido que vai haver 3 ou 4 Deputados que irão saltar para o outro lado, Democratas ou Bhum Jai Thai, e hoje havia um relato de que essa mudança era feita á custa de ofertas de posições e de somas com oito dígitos. Nada novo pois é sempre assim que se passa, quer de um lado quer do outro, e como já muitas vezes disse o que conta é o dinheiro e quem mais paga mais ganha, só que para pagar bem há que ir buscar o dinheiro a alguma parte e acaba por ser sempre ao mesmo saco ou seja ao dos contribuintes.

Os novos membros do gabinete que vêem do partido Democrata, á excepção das duas pastas que se irão encarregar do controlo da informação, Ministro do gabinete do Primeiro Ministro e Ministro da Informação e Comunicação, todos os outros irão ter papel reduzido e orçamentos também reduzidos.

Nevin e o seu partido ascendem a inquestionável parceiro de eleição, com a redução para metade do Peua Pandin, e continuam a dominar as pastas que garantem posições cruciais para as próximas eleições.

Entretanto falando em Hanoi, onde se encontra, Abhisit voltou a falar da possibilidade de eleições em Novembro. Não se sabe se foi só para consumo internacional ou se o PM vê agora alguma hipótese de regressar ao seu plano inicial de 14 de Novembro como uma possível data para as próximas eleições.

Hoje recebi um relato feito por um assessor dos Democratas que realça que entramos numa nova fase da política. O que agora conta é o controlo da comunicação de tal forma que sejam cortados todos os canais de comunicação da oposição ao governo e seja feito chegar ao povo quer no Norte quer no Nordeste as mensagens que possam ajudar a campanha eleitoral dos partidos da coligação sobretudo os Democratas e o Bhum Jai Thai. Note-se que o removido Ministro do Trabalho, Paithoon, que diz controlar os Deputados Democratas de 9 províncias no Norte do país, afirmou mostrar-se muito desmotivado e desiludido pelo facto de ter sido removido do seu lugar sem consulta prévia e que isso foi uma afronta ao Norte.

O relato acrescentava que estamos agora numa fase em se um mente o outro mente ainda mais e as mensagens que são transmitidas só têm por objectivo por um lado a propaganda eleitoral e o reforço das posições mais frágeis do governo nas zonas do país dominadas pela oposição vermelha e, por parte da oposição, a descredibilização do governo ainda baseada nos incidentes que causaram a morte de quase 80 militantes vermelhos.

Hoje vem no The Nation uma entrevista com um dos mais próximos colaboradores do PM, o Deputado Sirichok Sopha, conhecido pelo nome de "wallpaper" de Abhisit. É uma entrevista sobre os tempos passados no Regimento de Infantaria 11 e um excelente exemplo dessa nova forma de fazer passar mensagens de e para o outro lado num momento em que muito da acção política se passa no espaço cibernético.

Nessa entrevista existe contudo um facto, ainda relacionado com os recentes acontecimentos que não posso deixar de referir.

Diz Sirichok que o exército tinha fotografias de satélite de todos os pontos onde estavam escondidos snipers dos vermelhos e que foram presos cerca de 30 elementos nos edifícios Cable One Tower e Kian Gwan situados nas duas pontas da rua Sarasin que ladeia o parque Lumpini. Essa notícia já em tempos tinha vindo a lume e porque um dos prédios se trata do prédio onde trabalho isso foi assunto de discussões e investigações internas. Como seria possível haver snipers num prédio ocupado por uma missão diplomática?

As investigações conduzidas pelo nosso Regional Security Officer e pela gestão do edifício concluíram que a informação não tinha nenhum fundamento e era pura especulação. Aliás nós próprios nos perguntava-mos se houvesse snipers no telhado do edifício quais poderiam, ser os alvos? A esquadra da polícia próxima, parecia ser o único com algum, muito reduzido, interesse para os vermelhos. Sem ser este nada mais poderia ser atingido deste local com algum efeito positivo na acção deles. Quem mente quem diz a verdade?

A remodelação governamental confirmou-o e os dados reafirmam-no que vamos assistir durante os próximos meses a uma pré campainha eleitoral e do resultado da observação do que se vai passar Abhisit poderá ou não convocar eleições.

Entretanto uma sondagem levada a cabo pela Universidade Católica (ABAC) mostra que 53% dos inquiridos não aprovam a remodelação e que somente 24% são favoráveis a este governo com uma esmagadora maioria indiferente e independente.

Sinal dos tempos o PM anunciou que a remodelação estava concluída através de um tweet. Abhisit e vários dos seus mais poróximos colaboradores são adeptos incondicionais do Twitter e do Facebook.

Muito trabalho pela frente tem o Primeiro Ministro.