quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Construir o Futuro

De acordo com todas as fontes Portugal voltará a enfrentar uma situação de recessão no próximo ano e o orçamento a votar trará significativos aumentos da carga fiscal para todos os portugueses.

Impostos directos e indirectos irão aumentar de forma significativa num esforço para repor nos cofres públicos o nível de conforto necessário para o estado não entrar na bancarrota.

Os problemas de Portugal são muito mais profundos do que as mezinhas ora utilizadas podem deixar transparecer.

No pós 25 de Abril Portugal tentou transformar-se. Em curtas palavras:

Primeiro houve uma fase da consolidação da Democracia parlamentar com a saída de cena dos militares do Conselho da Revolução e do MFA.

Posteriormente entrou-se numa outra fase do crescimento económico e da tentativa de apanhar o comboio europeu de modo a não nos atrasarmos mais com o resto do continente.

Depois deveria ter sido feita a reestruturação dos vários sectores da sociedade: educação, justiça, administrativo, etc.

Concordando ou não com esta sequência de fases o facto é que foi assim que se passou.

Acontece que a terceira fase nunca se fez. Foi adiada a passado o fardo para o futuro com as consequências gravíssimas que hoje vemos visto não haver um ensino formador, uma justiça efectiva e credível, um estado limpo e por todos aceite, etc, etc.

O próprio sistema empresarial e económico deixou-se aburguesar e ficar dependente da vaidade dos holofotes e das ajudas estatais e com raras excepções mostra-se pouco criativo e inovador e pouco acrescenta para a riqueza do país.

A falta de competitividade do país e das suas empresas num mundo tão ansioso de inovação é uma realidade. Portugal, um país com poucos recursos naturais, necessitaria de estar alavancado em dois importantes recursos: a qualidade da formação da sua gente e a forma simples acolhedora, limpa e transparente como deveria ser atraído o investimento produtivo estrangeiro. Para isso necessitaríamos de ter muito mais disciplina na formação, mais investigação, mais qualidade dos professores e dos alunos e não a situação actual.

Necessitaríamos de ter também um poder, central e fundamentalmente local, limpo e interessado nos problemas do país e não em questões paroquiais como na maioria dos casos acontece.

Coisas tão simples de dizer mas tão difíceis de compreender porque não são a prática do nosso quotidiano.

Aqui na Tailândia, país que tem vivido conturbados momentos, crise económica de 1997, Tsunami de 2004, crise política desde 2006, que seriam porventura grandes obstáculos ao desenvolvimento caso acontecessem lá mais para Oeste, vemos a economia com uma força impressionante e o seu povo, que não beneficia de todos os apoios sociais a que nós ocidentais nos habituamos, sempre a levar o país para a frente.

Um dos muitos exemplos disso é o que se passa actualmente com a indústria automóvel, uma das mais importantes no país. Lembro-me de em 2006 ter assistido, durante uma feira automóvel à comemoração do facto de a Tailândia ter ultrapassado a fasquia do milhão de carros ano. Pois em 2010 o número deverá ficar próximo dos 1,7 milhões e em 2012 deverá subir para cerca de 2,6-2,8 milhões tendo em conta os investimentos que estão em curso no sector.

Nem o facto do baht ter apreciado 12% em relação ao US Dólar desde o início do ano, de haver problemas políticos que assustam investidores, de haver incertezas no que respeita o investimento estrangeiro. Estes são capazes de continuar a olhar para a Tailândia de uma forma positiva acreditando sobretudo na sua gente, nas qualidades profissionais dos tailandeses e nas plataformas necessárias à produção dos seus produtos.

Nem tudo é paraíso, há questões sociais a ter em atenção, há ainda muita gente que não consegue alcançar aquilo que anseia e merece, mas há a sensação (certeza) de que o futuro está ali, ao alcance da acção de cada um, e isso os tailandeses sabem bem.

Com capacidades e sabendo atrair os investimentos produtivos os tailandeses constroem futuro.

Tantas semelhanças e tantas diferenças com Portugal.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sagres em Imagens

Também neste caso as imagens dizem mais do que as palavras.

Respeito


Já uma vez referi o meu gosto pelos "cartoon" uma forma de mostrar a realidade através da ironia das imagens.

Os jornais tailandeses são férteis nessa arte talvez uma forma subtil de escrever palavras que não se podem mostrar.

No passado dia 24 o Manager, o jornal do grupo de comunicação do líder amarelo Sondhi L., publicava esta delicioso "boneco" com a seguinte mensagem: "prestemos homenagem para mostrar a nossa gratidão".

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Salário Mínimo

O governo de Abhisit pretende rever o salário mínimo diário e proceder a um ajuste de grande relevância.

Actualmente o salário mínimo de referência é diferente de província para província sendo o mais alto em Bangkok 206 baht (pouco mais de 5 €) por dia.

Existem no país cerca de 2 milhões de trabalhadores ilegais, número reconhecido por todas as entidades, que se vêm na maioria dos casos sujeitos a receber salários inferiores alimentando deste modo muitas indústrias que se valem disso para competir no mercado dos baixos custos salariais. Em Bangkok é normal na indústria de construção encontrar largos contingentes de trabalhadores ilegais, fundamentalmente vindos da Birmânia. Contudo o grosso da mão-de-obra encontra-se na indústria sendo que a do camarão congelado (a Tailândia é o maior exportador Mundial de camarão) é aquela que tem maior contigentes.

Abhisit pretende aumentar o salário mínimo para 250 baht e uniformizá-lo para todo o país mas está a enfrentar uma grande oposição por parte dos empresários e das várias associações sectoriais. Como é óbvio conta com o total apoio das organizações sindicais mas arrisca-se, com uma medida tão ousada, 21% de aumento nos casos mais baixos e 66% nos casos mais altos, a ver o tiro fazer ricochete nos seus pés.
A medida proposta por Abhisit parece ter sido pouco elaborada. A maioria das pessoas está de acordo com um razoável aumento mas a ideia da criação de uma salário mínimo de aplicação nacional parece totalmente fora da realidade e se avançar irá por certo criar mais instabilidade do que beneficiar os trabalhadores.

Uma delas veio hoje a público dizer que se o PM vai avante com a sua iniciativa isso vai siginificar um aumento do fluxo de ilegais vindos dos parisses vizinhos. O à-vontade com que uma associação sectorial fala de uma questão que é não só ilegal como violadora dos direitos humanos (a Tailândia é neste momento o presidente do Human Rights Council das NU), seria de espantar e criticar se o próprio sector público não fizesse de igual modo coro sobre a questão.

O Bangkok Post publica hoje um quadro do Serviço Nacional de Estatística com os diferentes salários mínimos e os salários médios, nas províncias onde é mais elevado e onde é mais baixo, e nele pode ver-se, repito fonte de uma entidade governamental, que nas três províncias onde ele é mais baixo o salário médio é inferior ao salário mínimo.

Sem comentários.