Hoje aparece assinado por Somroutai Sapsomboon, uma das mais claras e esclarecedoras análises sobre aquilo que se passou durante os acontecimentos de Abril quer em Pattaya quer em Bangkok.
O artigo está no The Nation, como já referi aqui várias vezes um jornal maioritariamente simpatizando com o partido Democrata, o partido do PM Abhisit Vejjajiva.
Há dias escrevi que todos tinham perdido no rescaldo dos acontecimentos de Abril excepto o povo tailandês naquilo que de alguma forma está a ser a criação de uma consciência de valores democráticos e da capacidade de debate, ordenado e respeitador, de questões que a todos interessam.
O que hoje vem a lume é parte também desta, nova, capacidade que se nota nos meios de comunicação social de abordar mais abertamente os problemas do estado. e chamar pelos nomes os diversos actores em cena.
Muitos dizem que isto não passa de manobras de informação e contra-informação sendo que neste caso esta seria montada pelos Democratas contra o seu aliado (?) Nevin, o homem mais temido do momento. Outros dizem que neste cocktail de militares e pol+iticos ainnda falta a pessoa do General Prayudh Chan-ocha, ex comandante da 1ª região e actualmente número 2 no Estado Maior.
Desde cedo alertamos para aquilo que se passava na sombra manobrado pelo homem de Buriram. Desde a formação do primeiro gabinete de Samak e ao longo de 2008 Nevin Chidchob foi colocando os seus homens em lugares de relevo e com fortes capacidades de controlo das situações. Seu pai é o Speaker of the House, o nosso Presidente do Parlamento mas aqui com a capacidade de ter um papel de influência no Senado visto o Speaker of Senate ser funcionalmente dependente do primeiro. Por outro lado todos os decretos reais têm de ser ratificados pela sua assinatura dando-lhe deste modo um poder de escrutínio, que, embora não o use, faz com que as decisões quando lhe chegam já foram devidamente lidas e aprovadas pelos seus homens.
Muito provavelmente soldados
Chaowarat, o presidente do Bhumjai Thai Party, o partido de Nevin, é o actual Ministro do Interior um figura chave no controlo das províncias, da forma como os dinheiros lhes são distribuídos, da nomeação dos governadores (muitos foram substituídos por pessoas de confiança desde que está no lugar) e para além disso crucial em qualquer processo eleitoral. Chaowarat, foi o PM interino após a queda de Somchai e foi ele que trouxe de volta para o comando da Polícia Patcharawat, o General demitido e acusado pela sua inacção durante os acontecimentos de 7 de Outubro de 2008. Este mesmo comandante que é o irmão do actual Ministro da Defesa, mais um homem próximo de Thaksin, no passado, e sempre putativo novo PM quando se fala de que um golpe de estado pode acontecer. Outro lugar forte que tem controlado é o do Ministro dos Transportes e Comunicações, o ministério que detêm neste momento a maior fatia de dinheiro para gastar em investimentos em infraestruturas.
Para além dos lugares chaves há ainda as manobras nos bastidores onde Nevin é um perito ou não tenha tido ele o melhor dos professores, Thaksin Shinawatra, o próprio, a quem ele quando dele se decidiu separar chamou "boss".
O movimento azul está em marcha com o claro objectivo de conquistar o poder. Há um obstáculo que Nevin tem de vencer que é o facto de estar banido do exercício de direitos políticos até Maio de 2013, o que na realidade não o tem impedido de actuar como de facto presidente do partido e mantendo grande actividade politica directa. Esse particular os seus homens, Chai, Snoh e outros estão no momento encarregues de encontrar uma solução.
Nevin sabe contudo esperar. Esta é uma das suas qualidades. Como os predadores sabem esperar pacientemente pelo melhor momento para atacar, de um só golpe, a sua presa, Nevin vai construindo a sua teia e um dia as presas lá serão apanhadas.