Tropas tailandesas e do Camboja voltaram a confrontar-se desde Sexta-feira passada contando-se até ao momento 12 mortos e umas dezenas de feridos, alguns com gravidade, números referentes a acidentados dos dois lados.
Como de costume ambas as partes acusam a outra de ter feito o primeiro disparo e cada vez parece mais longe a possibilidade de encontrar uma solução negociada e pacifica para o conflito nesta tão mal demarcada fronteira entre os dois países membros da ASEAN. Hoje mesmo o MNE Indonésio, presidente em exercício da associação, era para se ter deslocado às duas capitais no sentido de entender a situação e encontrar uma saída mas acabou por ter de cancelar as visitas visto ter concluído que não iria conseguir adiantar nada.
Para além da longa história já várias vezes relatada recorde-se que a 22 de Fevereiro passado, após uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, os MNE dos 10 países da ASEAN reuniram-se no sentido de encontrar uma plataforma de entendimento para o conflito e acordaram que a Indonésia enviaria para a fronteira uma equipa de observadores e igualmente acolheria no seu território uma reunião da Comissão de Demarcação de Fronteira (JCB) que está inoperante desde há muito.
O Camboja de imediato acordou nos termos de referência da missão de observadores mas a Tailândia, por imposição dos seus militares, paralisou o processo. De igual modo o Ministro da Defesa e o comandante-chefe do Exército recusaram participara na reunião do JCB alegando que ela deveria realizar-se sem a participação de terceiros ao contrário do acordado pelo MNE Kasit em Jacarta.
Deste modo foi-se vivendo umas tréguas não formalmente acordadas e nada foi avançado no processo de encontrar uma solução para o problema. Tem sido sempre esta a posição da Tailândia a de evitar a intervenção de terceiros no conflito possivelmente devido ao sentir de que se estes vierem a ter alguma participação numa decisão essa será, como sempre tem sido nos fóruns internacionais, favorável ao Camboja.
A Tailândia prefere viver assim numa paz podre alegando sempre que os militares dos dois países têm uma muito boa relação e as escaramuças que possam acontecer são sempre incidentes provocados com intenções políticas externas aos interesses na região.
Refere hoje uma notícia que ontem mesmo quando o MNE Kasit visitou de surpresa a área os militares não o deixaram ir á zona do conflito alegadamente por motivos de segurança mas, relata-se, na verdade para mostrar o desacordo por parte dos militares com a forma como tem conduzido o processo.
Os militares de ambos os países fizeram deslocar para o local fortes contingentes e ambos têm também utilizado por vezes a força aérea quer para espionagem quer para bombardear posições, isto no caso dos tailandeses, como é conhecido muito mais bem apetrechados em equipamento.
Parece contudo hoje claro que o incidente desta vez foi preparado e montado pelos cambojanos no intuito de mais uma vez pressionar os tailandeses a aceitarem a mediação internacional.
Na semana passada o exército cambojano fez deslocar para o local homens e equipamento para "um exercício de rotina" e numa zona territorial em disputa começaram a construir um "bunker" de protecção tendo levado, segundo observadores, a que o exército tailandês tivesse aproximado os cambojanos exigindo a destruição dessa construção. Do lado contrário diz-se que os tailandeses em vez de solicitarem a paragem dessa construção começaram logo a disparar e desse modo as tropas tiveram de responder.
Enfim as escaramuças vão continuando, os locais (mais de 30.000 deslocados no lado tailandês) sofrendo as consequências e como sempre culpando os políticos pela situação.
Resta continuar atento e ver o que se passa amanhã mas o volume e a qualidade de tropas e equipamento colocado de um e de outro lado na fronteira nas províncias de Surin e Buriram, do lado tailandês, não é bom presságio de nada positivo.