sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Mas o pior nem são estas imagens

O pior é o estado em que ficou a economia do país nomeadamente o seu sector turístico exactamente no início da época alta e num momento em que a Tailândia está também a ser seriamente afectada pela crise mundial com o numero de desempregados a subir vertiginosamente..

Alguns dados do sector turístico:

Na semana passada, durante um dia, o Oriental , a jóia da hotelaria, e o Four Seasons estiveram vazios, isto é sem nenhum quarto ocupado. O Shangri-la teve um dia com somente 4 quartos ocupados. Este hotel deve ter cerca de 1.000 quartos. A média da ocupação dos hotéis de 5 estrelas não chega a 20%. Os turistas e homens de negócios, que mais dinheiro gastam nas suas viagens ao o país, decidiram não vir para cá. A maioria dos hotéis já cancelou o seu programa de fim de ano visto não terem reservas. A Associação dos Hoteleiros na Tailândia aconselhou os seus associados a reduzirem os dias de trabalho do staff de 6 para 5 reduzindo assim os custos. Foi igualmente aconselhado que fechassem por completo andares para poupar energia e se existem vários elevadores bloquearem alguns para o mesmo efeito e assim por diante.

Quanto irá custar ao país o que se passou ao longo dos últimos meses e quanto tempo será necessário para tentar repor a situação? Todos são unânimes em considerar que a situação é bastante pior, do ponto de vista da economia do pais e das suas consequências sociais, do que o que se passou com o tsunami de 2004.

E ninguém é responsabilizado por tal.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira


Reza o registo que amanhã 12 de Dezembro Manuel de Oliveira completa 100 anos, mas na realidade é hoje no dia 11 que em 1908 Oliveira veio a este Mundo.

Começou em 1931 com "Douro Faina Fluvial" mas é só nos últimos 20 anos que a sua produção começa a tomar contornos de um obra enciclopédica. Dos 80 para cá, Oliveira dirige um filme por ano sempre com o mesmo vigor com que o faz actualmente, em Lisboa, com "Singularidades de uma Rapariga Loira".

Nunca se preocupou muito de ser titulado como um realizador que só é apreciado pelos críticos e que pouco público atrai, mas tem a seu favor o testemunho dos muitos actores que com ele trabalham ou trabalharam e que sempre lhe dirigiram os maiores elogios. Isto para além de todos os tributos e prémios possiveis.

Lembro-me de ainda não há muitos anos o ter visto a jantar num restaurante do Porto, a sua cidade, com Cláudia Raya, e ter ficado espantado pela sua vivacidade. Vivacidade com que se movimentava e da forma como parecia ser um "namorado" da bela Raya. Diz-se que ainda hoje a sua mulher tem muitos ciúmes devido à sedução que sempre consegue produzir nas mulheres com quem se cruza.

Não sou um conhecedor da obra de Oliveira pois faço parte daqueles que consideram os seus filmes demasiado densos e difíceis de apreciar mas houve um que muito gostei, o "Acto da Primavera". Chamam-lhe um documentário mas eu prefiro associá-lo ao cinemá verité que Resnais fazia. Vi-o no antigo Cinema Império, na Sala Estúdio, e foi um filme que nunca me saiu da memória.

Oliveira faz parte da história do cinema e continua a mostrar uma capacidade de trabalho e de direcção, segundo dizem aqueles que com ele trabalham, invejável para qualquer um. Quem disse que velhos são os trapos bem acertou. Oliveira é a prova disso. Parabéns.

Coincidência ou não hoje vou a Chiang Mai, proceder à abertura do Festival de Cinema da União Europeia, onde 17 filmes de 17 países membros estarão presentes incluindo "Pele" do português Fernando Vendrell, uma história sobre discriminação racial no início dos anos 70.

É a 17 vez que a Delegação da Comissão com o grande apoio dos Estados Membros organiza o Festival, que é uma peça importante na forma de trazer um pouco da cultura Europeia até aos tailandeses. Portugal tem estado sempre presente através da nossa produção cinematográfica.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

10 de Dezembro


Hoje, como já anteriormente referi, é o Dia em que se celebra a entrada em vigor da Constituição que marcou a transição do regime de uma Monarquia Absoluta para uma Monarquia Constitucional na Tailândia.

É também o dia em que se comemora a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos que hoje mesmo faz 60 anos.

Em 1948 as Nações Unidas, no rescaldo das atrocidades vividas durante a Segunda Guerra Mundial e por impulso do Canadiano, John Peters Hunphrey adopataram o pequeno texto de 30 artigos que é um guia essencial dos valores que devem reger o Mundo.

Não é um Tratado nem um acordo entre Estados mas uma Declaração, e como tal não impositivo, mas o seu valor é, ou deverá ser, para todos aqueles que a trouxerem consigo bem escrita na memória, um guia de conduta.

O Guinness Book of World Records atribui à Declaração o titulo do texto mais traduzido em todo o Mundo visto estar escrito em 330 línguas e dialectos.

O importante é que seja praticada pelos povos que falam essas línguas e esses dialectos.

Nunca tive dúvida de que os povos do Mundo são genuinamente seguidores dos valores escritos ao longo dos 30 artigos da Declaração. Infelizmente existem pessoas que se julgam lideres de homens, mas na realidade o não são, que distorcem, atropelam e violam os ideais dos outros a quem deveriam servir.

A luta pela verdadeira vivência dos Direitos Humanos é uma luta de cada um e de todos nós e é uma luta continuada. Enquanto houver neste planeta quem sofra qualquer tipo de violações contrárias ao declarada na Carta que proclama os seus Direitos é nosso dever continuar a lutar, a falar, a escrever a actuar, dentro daqueles princípios e para que eles sejam cumpridos..

Lembremos neste dia alguns dos seus artigos:


Artigo I


Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de
fraternidade


Artigo II


Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.


Artigo VI


Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.



Artigo XVIII


Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou colectivamente, em público ou em particular.


Artigo XIX


Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.


Artigo XXX


Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer actividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Entretanto

Enquanto se compram e vendem lugares de Deputados, votos, posições, eu sei lá o quê, sem que ninguém agora pareça preocupado pelo facto de se comprarem votos, um Governo há de aparecer, vindo de um ou de outro lado.

Será por certo um Governo com, pelo menos para os amantes da Democracia, cerca de zero em credibilidade atento o triste espectáculo a que se está a assistir.

Aprendi muito com os jogos políticos que se fazem em Portugal, e por certo pelo Mundo fora, mas nunca vi tamanho descaramento na utilização dos mandados que receberam dos eleitores por parte de largo numero de Deputados. Após formado o Governo, e repito qualquer que ele seja dos Democratas ou do Phue Thai, será que para cada decisão irão de novo pedir mais dinheiro ou vão contentar-se com aquele que lhes é possível arrecadar através da "governação".

Entretanto o Governo (interino) aprovou um plano financeiro para apoiar os turistas que ficaram bloqueados no país e outro para revitalizar o combalido sector turístico.

O PAD reconhecendo o seu erro ofereceu este pequeno contributo.

Alçada Baptista


Morreu no Domingo António Alçada Baptista, pensador, ensaísta, ficcionista, político mas acima de tudo um amante da vida.

Tive o raro prazer de muito com ele conviver fundamentalmente no final dos anos 80 e inicio dos 90, antes da minha partida para Inglaterra, nos longos serões de conversa em casa da comum amiga Maria Flávia de Monsaraz.

Era um livre pensador como era livre o seu ideário de vida. Alçada era fundamentalmente um filósofo que com a sua doce voz e permanente atenção e carinho para com os outros nos levava a viajar pelas ideias longas horas sem desfalecer.

Nunca o vi discutir, Alçada confrontava-nos, nunca ouvi a sua voz um tom acima do devido, Alçada debatia. Todos liam os seus olhos e a sua mente. Era fascinante como pessoa, concorde-se ou não com muito daquilo que nos deixou em palavras.

Um bem haja como soe dizer-se a um Beirão, cuja Covilhã estava sempre presente em si ou não fosse um Alçada.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Aniversário Real



Hoje terminam as cerimónias que marcam o aniversário do Rei Bhumibol Adulyadej Rama IX com a recepção que é oferecida ao Corpo Diplomático acreditado junto da Corte. Tal decorrerá no Dusidalai Hall do Dusit Palace entre as 17.30 e as 19.30.

Não é esperado que SM esteja presente devido estar acamado desde o passado dia 5 com uma bronquite e febre embora tenha registado algumas melhoras segundo o comunicado que foi distribuído à imprensa pelos serviços do palácio.

Nos últimos dias muita tem sido a especulação nos mentideros e na imprensa sobre a doença do Rei mas creio, com base em todas as informações que consegui reunir, que, apesar nada de grave ter, ser mesmo desaconselhável a sua exposição ao exterior.

Quer se queira quer não fez 81 anos e portanto cuidados acrescentados são sempre necessários.

Por certo que o Rei, mais do que ninguém, gostaria de ter falado aos tailandeses como sempre o fez nesta ocasião, desde que há 62 anos subiu ao trono.

Novo Primeiro Ministro?

Abhisit o putativo novo PM

A Tailândia prepara-se para eleger o novo Primeiro Ministro após a decisão judicial que dissolveu o Partido no poder e dois dos seus parceiros da coligação.

Tem de ser convocada uma sessão extraordinária do Parlamento para esse efeito e para isso torna-se necessário que um terço dos Deputados a requeiram para que o Presidente solicite ao Rei a aprovação do decreto que convoque essa reunião extraordinária.

O processo estará em marcha e penso que deverá acontecer no dia 11 visto o dia 10 ser feriado nacional, marcando o dia em que o Rei Prajadhipok, Rama VII, proclamou a Constituição que marca a transição de um regime Absolutista para um regime Constitucionalista em 1932.

O fim de semana foi marcado por grandes negociações e movimentos nos bastidores desta sempre complexa teia dos Partidos políticos. Convém realçar que os Partidos na Tailândia não têm uma clara definição ideológica mas fundamentalmente servem interesses que nem sempre são os mais claros. Assim neste momento assiste-se ao passar de muitos Deputados que ainda há dias andavam a lutar em campos opostos, e por vezes de forma pouco ortodoxa, para o lado do "antigo" rival só porque há favores, dinheiros, posições que são oferecidas.

Um dos mais famosos grupos sempre negociando é a facção de Nevin Chidchob, a quem já me referi várias vezes. Parte do grupo de Deputados que controla estão neste momento do lado dos Democratas embora não se saiba bem quantos.

O líder dos Democratas, Abhisit Vejjajiva, nascido no Reino Unido e educado em Eton e Oxford, parece vir a ser o próximo PM, embora sempre tenha sido considerado alguém "demasiado puro" para a política neste país e por isso condenado a nunca ser PM.

O Secretário-Geral dos Democratas tem vindo a conduzir as negociações e afirma contar neste momento com o apoio de 250 Deputados num Parlamento que actualmente, depois das desqualificações, conta com 441. Após as eleições intercalares que se realizarão em 11 de Janeiro voltará ao seu total de 480 o que faz que 241 Deputados fazem uma maioria. Um dos jornais diários em língua thai dizia esta manhã, com a maior naturalidade, que o acordo previa um lugar no Governo por cada 5 Deputados a completar, a já conhecido pagamento que foi feito em dinheiro. Interessante que agora já não se fala em compra de votos e na necessidade de abolir o método de um homem um voto visto os eleitores serem facilmente aliciados com dinheiro. Agora que se trata da compra dos próprios Deputados, falada em toda a comunicação social e nunca desmentido, já está bem!


Um desconhecido lidera o novo (velho) Puea Thai

O Puea Thai, o novo Partido onde se acolheram os Deputados que antes estavam no defunto PPP, diz continuar a lutar e que apresentará o seu candidato nessa sessão e logo se verá quem tem mais votos. Ontem elegeram o novo lider e para surpresa de todos foi um ilustre desconhecido, Yongyuth Wichaidit, um funcionário público de carreira no sector da Justiça, quem foi escolhido. A irmã mais nova de Thaksin, Yinglak, para todos tida como a favorita para o lugar, parece não ter conseguido o apoio do "grande chefe".

Uma questão parece clara a divisão está ainda mais marcada com praticamente metade da Assembleia em cada um dos campos. Por isso há que esperar pela sessão do Parlamento para na realidade ver quem vai votar em quem. Outra questão será ver quanto tempo vai durar um Governo saído de qualquer uma coligação onde se sabe não haver nenhum elemento aglutinador a não ser o dinheiro que passa de mão em mão.

Interessante e imprevisível, como sempre por aqui acontece, é que este cenário poderá nem sequer vir a colocar-se se o actual PM interino dissolver o Parlamento e convocar eleições como os Democratas insistentemente solicitavam na semana que terminou aliás na sequência de outros pedidos como o do poderoso General Anupong. Chaowarat pode mesmo dizer que dissolve o Parlamento e convoca eleições para atender às solicitações de tão importantes pessoas.

Outro ponto a observar é como irão mudar o discurso os políticos que saltaram a barreira para defender, agora do outro lado, as ideias que tão afincadamente combatiam há escassos dias. Como às vezes vimos na política um pouco por todo o Mundo os que lutaram por uma causa e clamaram a toda a voz por uma ideia ou projecto agora vão ter de dizer exactamente o contrário e lutar pelo oposto daquilo que até ontem faziam.

O reitor da Universidade de Tammasat, uma das principais de Bangkok, já veio também a terreiro alegando da ilegitimidade de um possível Governo dos Democratas visto não nascer de um processo democrático eleitoral mas de manobras nas costas do povo quando os Deputados que eram suposto seguirem um projecto, aquele em que os eleitores votaram, vendem agora o seu voto "ao inimigo".

Como diz o The Nation neste artigo. Está confuso? Nós também!