sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Luta pelo Controle da Polícia

Ontem era um dia supostamente para se ter passado calmamente e sem sobressaltos não tivesse sido mais um episódio da novela à volta da nomeação do novo Comando da Polícia Nacional que uma vez mais fez perder a Abhisit credibilidade para além do humor. Os titulos dos jornais de língua tailandesa eram muito claros. "A liderança de Abhisit contestada", "A polícia bateu em Abhisit", "Abhisit foi travado", "batido pela polícia", "com quem é que ele pode contar agora?", "um homen sem amigos". Os de língua inglesa também mostravam bem o retrato da situação em que ficou o PM.

Abhisit tem vindo a travar este braço de ferro com a instituição, que como já referi se estende às forças armadas através da forte ligação entre o Ministro da Defesa e o seu irmão, Patcharawat, e destes ao Bhum Jai Thai Party (BJTP) de Nevin e ao General Anupong, aos quais Suthep presta constante vassalagem.

Abhisit, por pressão do PAD e eventualmente por convicção própria tem tentado, a todo o custo, neutralizar Patcharawat, que embora se reforme em 30 de Setembro ainda tem um papel importante a dizer na habitual remodelação da corporação. Foi a "missão" na China, à qual se seguiu a "missão" no Sul mas sempre sem efeito pois o General reaparecia passados poucos dias no seu escritório.

Abhisit pareceu decidir-se a enfrentar a realidade e convocou a comissão com poderes para escolher o sucessor de Patcharawat, à qual preside, e avançou com o nome de um candidato, o General Prateep Tunprasert e aconteceu aquilo que não podia acontecer. O nome proposto pelo PM perdeu e este acabou derrotado e de alguma forma humilhado tendo abandonado a sala sem falar aos repórteres presentes e tendo cancelado todos os actos que ainda tinha pela frente, entre os quais dois importantes acontecimentos, qual menino amuado.

Os títulos dos jornais de hoje são claros em qualificar o que ontem se passou como uma derrota pessoal de Abhisit e como um forte desafio à sua autoridade.

Entre os que votaram contra o nome proposto por Abhisit encontra-se o Ministro do Interior, o líder legal, que o de facto é Nevin, do BJTP, o seu Secretário-Geral e, sem surpresa o General Patcharawat.

Abhisit regressou ao seu gabinete e remeteu-se a sucessivas reuniões com pessoas que lhe são próximas nas quais não participou Suthep que entretanto foi para a sede do Partido Democrata reunir-se com o “mentor” o antigo PM Chuan Leekpai.

Fala-se que Abhisit, solicitou que o Parlamento não reunisse hoje e espera-se uma comunicação ao país onde se especula que ir+a anunciar uma remodelação governamental. Se essa se verificar os alvos são os membros do BJTP, General Pravit e Chaorawat, o Ministro do Interior.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Aniverssários


Ontem Barnhan Silpa-Archa, o líder, na sombra visto estar desqualificado do exercício de direitos políticos, do Charthai Pattana Party, fez 77 anos e foi aquilo que se chama uma grande festa de amigos.
Barnhan é chamado por muitos "a Enguia" e quando estava no Governo adicionavam algo chamando-lhe Pla Lai Sai Skate, a enguia que usa skates, ou seja ainda capaz de escapar mais facilmente de todos os que o querem agarrar o controlar, tal era a sua capacidade de se esquivar a todas as situações políticas embaraçosas. Os seus admiradores chamam-lhe "O Dragão" um bom nome associado á suas ascendência chinesa.

De todos os lados, sem excepção, vieram as flores, as visitas e os wai, o símbolo tailandes de saudação e de respeito ao mesmo tempo.

Abhisit, Suthep, Nevin, Prawit, Somchai (para quem já não se lembra o ex PM cunhado de Thaksin), Sudarat (a sempre aliada de Thaksin e a mulher mais poderosa da política tailandesa), etc, todos desfilaram em frente do velho líder entregando flores e prestando a sua homenagem.

Quem diria? Nevin
Na realidade se andarmos uns anos para trás veremos que todos, sem excepção, se encontraram e andaram de mão e braço dado em algum momento das suas carreiras política ou de negócios, o que para o velho sistema de partidos é a mesma coisa.

Para a semana teremos mais um aniversário o 89 do poderoso Presidente do Conselho Privado do Rei o General Prem Tisunalonda. É costume nesse dia o General abrir a sua casa para receber todos os que o queiram saudar nessa data festiva. Por certo que não será tão concorrida como o aniversário de Barnhan já que Prem é sem dúvida uma das figuras, como Thaksin, que atrai amores e ódios.

Curioso foi que no ano passado, e quebrando essa tradição de sempre, decidiu, dias antes, não abrir as portas de sua casa e logo se especulou sobre a informação preveligiada que teria recebido visto nesse mesmo dia 26 de Agosto de 2008 o PAD ter avançado para a ocupação da Government House de onde só saiu para as ocupações dos dois aeroportos da capital em finais de Novembro.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lin Ping


Lin Ping, 82 dias mas crescidinho, com a sua mãe.

Não há Duas sem Três

Ora agora mandas tu ora agora mando eu parece ser o vira que mais se dança no momento na Tailândia.

Refiro-me à saga do Comando da Polícia Nacional tailandesa.

Como por várias vezes já referi o Primeiro Ministro Abhisit deu a entender que o actual comandante nacional da Polícia, General Patcharawat Wonsuwan, estava a dificultar o processo das investigações relativas à tentativa de assassinato do chefe do PAD Sondhi L., e tem tentado desfazer-se dele sem a mínima habilidade para tal.

Primeiro Abhisit disse que Patcharawat ia de ferias para a China durante um mês, quando se sabe que ninguém tem um mês de ferias no país. Acabou por estar em Pequim durante três dias regressando posteriormente pois tinha “que tratar das questões relacionadas com o aniversário da rainha”, segundo o General. Passado esses dias festivos, onde nunca nada pode acontecer, Abhisit enviou Patcharawat para uma missão, que este disse não saber o conteúdo, para o Sul do país. Passados quatro dias eis que o General está de volta a Bangkok e já se pergunta qual é a próxima missão que lhe vai ser atribuída especulando-se que agora terá de ser ou na Europa os nos Estados Unidos pois será mais longe e ele não regressará tão repentinamente.

Para além da investigação sobre a tentativa de assassinato que referi, existe também um outro tema, talvez o mais importante, que é a elaboração e revisão da lista das modificações nos comandos da corporação. Refira-se que todos os anos aqueles que atingem os 60 passam á reforma compulsiva, no dia 1 de Outubro, e por isso há que se rever a organização e proceder ás nomeações necessárias. Esse processo em todos os ramos militares (a polícia é quase que considerado como um deles) é sempre acompanhado de grande controvérsia e clamores de forte corrupção numa verdadeira compra de lugares visto eles darem acesso ao poder e portanto ao dinheiro que lhe está associado e isto nada tem a ver com o salário, que é magro. Abhisit, também, desajeitadamente, disse há cerca de 10 dias que havia nomes que, no seu entender não tinham as qualificações para os cargos propostos, numa quase clara intromissão no assunto, facto que lhe está vedado pela Constituição podendo mesmo perder o cargo se se provar que interferiu no processo.

Abhisit, como já referi, tem estado a travar batalhas com fortes poderes, o PAD por um lado a instigá-lo sobre a investigação e os militares por outro lado que não só não querem ver essa investigação avançar (fala-se da implicação de altos cargos) como querem continuar a distribuir os seus lugares entre si sem que os políticos, esses intrometidos, se imiscuam no processo.

Aliado a isso, anda agora mais viva a sempre pressente ameaça de um golpe de estado devido ao cocktail de ingredientes existentes. Inclusive nos últimos três dias quer Abhisit quer Suthep vieram dizer que um golpe de estado não faz sentido e ontem mesmo Sonthi B, o líder do golpe de 2006 que entretanto decidiu entrar na política, afirmou o mesmo. Hoje havia um blog que perguntava se alguém tinha feito um estudo sobre a ligação das declarações de negação da preparação de um golpe de estado com o facto de haver um que aconteça.

Entretanto no meio desta dança da cadeira de comando, que Abhisit também prometeu vir a ser preenchida em breve com um novo General, existe o comandante interino que nada mais parece do que uma bola de pingue-pongue nas raquetas de Abhisit e Patcharawat. O “pobre” General Wichien nos últimos 10 dias já foi nomeado por duas vezes como comandante substituto e quando começa a trabalhar aparece Patcharawat para lhe tirar a cadeira. Quando será a terceira?

Abhisit, por inabilidade e também por isolamento, já que nem Suthep está com ele agora, vai abrindo arcas cheias de esqueletos e segredos que lhe poderão ser fatais.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Dia D numero......

Hoje era outra vez dia D no calendário político, ou melhor ainda o é visto um dos acontecimentos que estava programando para hoje ainda se desenrolar neste momento em que começo a escrever.

Desde o início do mês de Agosto que as tensões têm vindo a crescer visto estar narcado para o dia de hoje pois à 1 hora da tarde será feita a entrega da petição ao Rei pedindo perdão para Thaksin, entrega feita pelos seus apoiantes da UDD.

Muito se tem escrito sobre a petição, sobre se é legalmente possível, se é apropriada eticamente, se é correcta politicamente e no fim se de alguma forma ajuda o país.

A última questão é a mais fácil de responder. Não ajuda o país visto Thaksin não poder ser parte da solução para este país. Uma parte significativa das suas políticas podem, uma boa parte daquilo que fez como PM pode, mas ele pessoalmente não, visto ser um elemento que traz mais divisão do que reconciliação e a Tailândia necessita é da primeira. Necessita de reconciliação mas onde todos, sem exclusão, estejam incluídos, em que todos possam ter o seu dizer e onde todos se sintam protegidos pela lei e pelos tribunais e não assistam a este permanente desfile de decisões influenciadas por questões políticas como tem vindo a acontecer nos últimos meses.

Existem tantos argumentos a favor da petição como contra. De um ponto de vista estritamente formal e de acordo com a Constituição é legítima e legal. Assim o diz por exemplo a maior autoridade do país no campo do Direito Constitucional o Professor Borwornsak Uwanno, que tomou parte na redacção da presente lei fundamental e é o presidente do King Phrajadipok Institute. Contra, o principal argumento é o de que não é possível solicitar um perdão no caso vertente visto Thaksin não estar a cumprir a pena. Teria de aceitar a sentença, começar a servi-la e posterior pedir clemência ao Rei, o que faz todo o sentido do ponto de vista ético.

Contudo a questão era saber como é que ia decorrer a entrega da petição até porque o Governo patrocinou a “petição contra a petição”, através do Ministro do Interior como já afirmei anteriormente. Abhisit neste contexto tem vindo a ser acusado de ter deixado o Rei desprotegido pois é sabido que qualquer que seja a decisão essa só agradará a metade das pessoas tal é a divisão no país. Na realidade a única iniciativa que o PM de alguma forma apoiou foi a contra petição que na realidade ainda veio agravar e pôr a nu a divisão existente na sociedade.

A sabedoria neste momento veio do lado da Casa Real. Desde Sexta-feira que tive conhecimento que o “Royal Household Bureau” tinha contactado a UDD no sentido de organizar a recepção da petição e tudo aconteceu e foi feito na maior tranquilidade e sem que viesse a acontecer a manifestação de centenas de milhares de pessoas que estava prometida para esta manhã em Bangkok.

Assim desde as 6 da manhã elementos da UDD juntaram-se em Sanam Luang, perto do local da entrega, o Grande Palácio, ás 10 da manhã, Thaksin, vestido de vermelho e com uma fotografia do Rei e da Rainha por detrás falou numa vídeo conferência aos seus apoiantes e cerca da 1 da tarde um cortejo de cerca de 1.500 pessoas, encabeçado por 15 representantes, entre os quais alguns dos Monges mais seniores do país, fez a entrega das 500 caixas, contendo, segundo os relatos 10.000.000 de assinaturas, ao representante do Secretário de Sua Majestade o Rei e posteriormente dispersaram ordeiramente.

Está agora ao cuidado da Casa Real a petição e tudo se passou sem incidentes embora como referi o embaraço de uma decisão exista mas agora é tempo de pensar e retomar a actividade normal.
Entretanto no outro acontecimento, Nevin, o sempre presente "líder" do partido Bhum Jai Thai, e outros 43 indivíduos, entre os quais vários ex Ministros do tempo de Thaksin, deveriam ouvir a sentença de um caso de corrupção de que vêm acusados e que poderá determinar o encarceramento por 20 anos ao homem sempre mais falado quando se trata de manobras políticas de bastidores. Nevin tem dito estar preparado para qualquer decisão mas pelo sim pelo não passou o fim-de-semana em Singapura com o Ministro da Defesa e seu irmão Patcharawat, sempre bons conselheiros e sempre prontos a “pegar em armas” para defender as suas damas.

Ao início disse que ainda se desenrolava a decisão do tribunal que supostamente era para ter sido conhecida às 2 horas locais, mas ela acaba por sair agora com a decisão de emitir um mandado de captura contra um dos arguidos, por faltar ao julgamento, e adiando a leitura da sentença para o dia 21 do próximo mês. Assim Nevin pode ir para casa descansado, aliás como era mais do que previsto.

Só, e sempre, é o peixe miúdo que fica apanhado nas redes.