sábado, 27 de junho de 2009

A(H1N1) Actualização

Ontem verificou-se o primeiro caso fatal na Tailândia relacionado com o vírus A(H1N1) e o número de casos registados é actualmente de 1.132.

Uma mulher de 40 anos residente em Bangkok foi a primeira vítima e são esperados hoje numa conferência de imprensa do Ministro da Saúde Pública mais detalhes do desenvolvimento da epidemia no país.

Depois de já ter escrito este post o Ministro falou e referiu haver não uma mas duas vítimas. Para além da mulher atrás referida faleceu um homem de 42, ambos em Bangkok. Acrescentou que de todos os caos diagnosticados, cerca de 1.200, só existem 16 pessoas internadas para tratamento hospitalar.

27 de Junho


A panda faz hoje um mês.

Ainda não é conhecido o seu nome pois prossegue a recolha a nível nacional dos postais através dos quais as pessoas estão a votar, mas os felizardos que também nasceram neste dia têm hoje uma oportunidade única de ver ao vivo o mais jovem habitante do jardim zoológico de Chiang Mai.

Até agora a panda só é vista através de um sistema de televisão para proteger a sua privacidade e evitar um elevado nível de stress que pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento.

A pandamania está tão disseminada que em Ayudhya um elefante foi pintado como um panda, visto "o que está a dar são pandas não elefantes" e agora temos Elepandas.

Insólita Tailândia

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dois Pesos Duas Medidas


Ontem, numa recepção, encontrei um tailandês que é actualmente Professor de Relações Internacionais no centro Burkle da University of California, Los Angeles, UCLA, e perguntei-lhe como é que nos Estados Unidos é actualmente vista a Tailândia.

A resposta foi clara: CONFUNDIDOS

Segundo esse Professor, os americanos não conseguem compreender como é que há um Primeiro Ministro que é condenado, e forçado a demitir-se, pelo facto do seu motorista receber pouco mais de 100 doláres para os ingredientes de um programa culinário que tem na televisão (Samak), e, ao mesmo tempo, os aeroportos de Bangkok são bloqueados durante mais de uma semana causando milhares de milhões de dólares de prejuízo ao país e ninguém é apresentado perante a justiça e responsabilizado acto.

Realmente também eu deveria estar CONFUNDIDO só que, como já disse várias vezes, tudo pode acontecer na Tailândia.

Fios de Ovos Tailandeses


Com a devida vénia a Elsa Resende da Agência Lusa, aqui fica um dos seus trabalhos feito aquando da visita ao país de um grupo de jornalistas portugueses, organizada pela Embaixada da Tailândia em Lisboa.

Portugal/Tailândia: O país dos queques e dos fios de ovos

Lisboa, 12 Jun (Lusa) - Por "culpa" dos portugueses, os primeiros europeus a chegarem à Tailândia, os tailandeses comem queques e fios de ovos, nome por que são também conhecidos os jogadores da selecção de futebol das "quinas".

Os doces genuinamente tailandeses são confeccionados com arroz e leite de coco.

Maria de Guiomar Pina, filha de uma portuguesa e de um japonês, resolveu baralhar os tailandeses, introduzindo na sua gastronomia doces feitos com açúcar e ovos.

Os portugueses aportaram ao antigo Sião em 1511, quando o governador da Índia, Afonso de Albuquerque, enviou à capital do reino, Ayutthaya, um embaixador, Duarte Fernandes.

Maria de Guiomar Pina pisou território tailandês anos mais tarde, no século XVII, para fugir à perseguição aos católicos no Japão.

Casou-se com o grego Constantino Phaulkon, que se tornou confidente pessoal e primeiro-ministro do rei siamês Narai.

Com a morte do marido, que foi executado por o Sião temer uma tomada do poder por parte da França devido às fortes relações de Phaulkon com o rei francês Luís XIV, a luso-japonesa foi integrada na corte siamesa, onde, nas cozinhas reais, transmitiu a receita dos fios de ovos e queques, que ainda hoje são confeccionados artesanalmente em Thon Buri, numa das margens do rio Chao Phraya, em Banguecoque.

"Os queques apresentam formato semelhante aos nossos [portugueses], sendo o sabor ligeiramente diferente", refere a historiadora Maria da Conceição Flores, autora de "Os Portugueses e o Sião no Século XVI".

Também os fios de ovos, uma sobremesa fina usada em festas e celebrações religiosas especiais, como a ordenação de monges budistas, têm na Tailândia um paladar distinto dos de Aveiro.
"São feitos com ovos de pato e não de galinha", aponta o embaixador José Melo Gouveia .

"E podem levar aroma de jasmim", adianta Ganjanawan Grabgraigaew Cirne, co-proprietária de um restaurante de comida tailandesa em Lisboa que deixou a Tailândia, onde nasceu, para casar com um português com quem vive há sete anos.

Ora, é pelo nome de fios de ovos, "Foi Tong" em tailandês, que os jogadores da selecção portuguesa de futebol, são chamados, conta, por sua vez, Nuno Caldeira da Silva, conselheiro político da União Europeia radicado há cinco anos em Banguecoque.

Mas, se a origem portuguesa dos doces com ovos na gastronomia siamesa é consensual para lusos e tailandeses, o mesmo já não se pode dizer da comida picante.

Para os tailandeses, a malagueta chegou à Tailândia no século XVI pela mão de missionários cristãos portugueses que serviam no Brasil.

O investigador Miguel Castelo-Branco, a residir há cerca de dois anos em Banguecoque onde prepara a sua tese de doutoramento sobre as relações diplomáticas entre Portugal e a Tailândia no período 1782-2009, dá outra versão.

"O picante da comida tailandesa é originário", desde o século XII, "da Índia", aonde os portugueses aportaram três séculos depois, em 1498.

A sua chegada à Tailândia só ocorreu passados 13 anos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A (H1N1) - Actualização


O número de pessoas infectadas na Tailândia pelo vírus A (H1N1) da presente onda de gripe deve ter neste momento ultrapassado o milhar mas não se registaram até agora nenhum caso mortal ou mesmo de grande gravidade.

As autoridades sanitárias continuam a trabalhar com bastante acerto, nada escondendo e tentando, dentro dos possíveis, alertar as pessoas para os riscos de contaminação a que estão sujeitas.

Ontem na principal base naval, em Sathahip a cerca de 150 km ao sul de Bangkok, sete recrutas testaram positivos e cerca de 200 foram de imediato colocados de quarentena para proceder a testes e obviar a mais contágios nesta célula.

Cartazes, alertando as populações, estão a ser distribuídos pelo país e os hospitais estão devidamente equipados com o antiviral necessário.

Recorde-se que a OMS autorizou a Tailândia a produzir o Tamilflu como genérico podendo assim refazer rapidamente os necessários stocks

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Tensão na Fronteira

Entre a Tailândia e o Cambodja existem cerca de 850 km de fronteira que não estão correctamente demarcadas. Uma das razões para a falta de demarcação é a existência de grande número de minas anti pessoais e as tensões que desde sempre aí se verificaram têm muito a ver com essa falta de demarcação. Acontece amiúde os soldados de um e do outro lado da “fronteira” atravessarem-na sem que tenha plenas consciência desse facto. De igual modo a falta de equipamento e de preparação adequada a isso obriga. Só como exemplo é conhecido que soldados de ambos os lados, sabendo que os seus mapas são duvidosos por colocarem as linhas de fronteira de acordo com a interpretação de cada país, utilizam o Google maps para saber onde estão. Como se sabe esses mapas não só não são objecto de nenhum acordo entre os dois países como não possuem a qualificação de documentos oficiais.


A 15 de Junho de 1962 o Tribunal Internacional de Justiça, numa decisão 9-3, decidiu que o templo da Khao Prear Vihearn pertencia ao Cambodja mas nada foi decidido, visto isso não ser parte do processo em apreciação, sobre os 4,6 km quadrados de terrenos adjacentes ao templo que continuam a ser parte dos territórios em disputa. Com há tempos escrevi é como se o templo, cambojano, estivesse no ar. O Primeiro-ministro tailandês na altura, o Marechal Sarit Thanarat, não queria entregar o templo mas o Rei Bumibol disse que as decisões do tribunal eram para ser acatadas, aliás de acordo com a estrutura de pensamento do Rei, um defensor da lei e da sua respeitabilidade como muitas vezes tem demonstrado. No dia 2 de Julho o Primeiro-ministro numa mensagem ao país através da televisão aceitou a decisão judicial e fez as tropas tailandesas saírem do templo.

No que respeita às questões fronteiriças foi constituída em 2000 uma comissão mista a Joint Boundary Commission (JCB), com o objectivo de proceder à demarcação das linhas de fronteira entre os dois países. Passados 9 anos a JCB não consegue ter nenhum avanço nos intentos para que foi constituída apesar das inúmeras declarações de boas intuições políticas de ambos os lados e no que respeita ao templo nem mesmo conseguem sair da simples elaboração daquilo que podem discutir visto não acordarem no nome do templo que, embora praticamente diferente, tem duas fonéticas diferentes para cada uma das línguas.

Na semana passada mais uma vez se ouviram discursos políticos de amizade, cordialidade e intenção de encontrar uma solução política e pacífica para o problema. Na visita que Abhisit fez a Pnhom Penh tudo correu em grande harmonia tendo inclusive o PM tailandês devolvido ao Camboja várias estátuas Khmer que tinham sido em tempos trazidas por soldados tailandeses para o país.

Acontece que ao regressar a Bangkok Abhisit declarou à comunicação social que a Tailândia iria solicitar à UNESCO, na sua reunião em Sevilha no próximo dia 15, que revisses o processo do templo e retirasse a classificação de Património da Humanidade que está em curso de confirmação.

Foi o suficiente para atear de novo a fogueira com declarações explosivas de parte a parte embora a Tailândia diga que a questão não é com o Camboja mas com a UNESCO. Fortes contingentes de forças armadas foram enviados para a fronteira pelas duas capitais e a qualquer momento poderão haver novos conflitos sendo que desta vez, segundo afirma o Chefe do Comando cambojano no local, a presença de tanto armamento pode levar a que os confrontos tomem uma proporção muito superior aos do passado ano onde cerca de 12 soldados de ambos os lados morreram.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

As Eleições em Nakhon Sakhon


A vencedora

Ontem realizaram-se eleições de extrema importância para entender os próximos passos no panorama político na Tailândia.

Em Sakhorn Nakorn สกลนคร uma das províncias do Nordeste tailandês, o Isaan, a terra sempre leal a Thaksin e onde ele encontra o maior eco para a s suas palavras realizaram-se ontem eleições intercalares devido à desqualificação de um Deputado pertencente ao Puea Thai.

O Bhum Jai Party de Nevin Chidchob, empreendeu a fundo nesta campanha vista como o primeiro passo para uma possível substituição do poder de Thaksin nesta importante parte do país.

Desde sempre o Norte e o Nordeste têm sido fiéis a Shinawatra e é aqui que as suas políticas de aproximação ás populações mais se fizeram sentir. Logo após a sua primeira vitória eleitoral Thaksin entendeu que teria de ter um seguro controlo dessas grande maioria de votos no sentido de assegurar uma maioria confortável que lhe permitisse levar a cabo as suas políticas. Assim implementou medidas dirigidas ás populações rurais satisfazendo os seus anseios o que eles mais tarde retribuíram dando-lhe a maioria absoluta.

A ligação de Thaksin às populações rural não se apagou e quando há cerca de um mês me desloquei a Khon Kaen, a capital do Issan do Norte, se assim se pode descrever a cidade, pude constatar, e mesmo pela boca dos seus adversários políticos, que Thaksin continuava no coração das populações.

Assim aconteceu ontem apesar de todos os esforços levados a cabo por Nevin e seus homens, quando a candidata do Puean Thai Party obteve 68,6% dos votos expressos dando uma inequívoca vitória ao fugitivo ex Primeiro-ministro.


Os derrotados

Na próxima semana haverá eleições em Si Sa Ket, na parte Sul do Issan, numa província de fronteira com Buriram, a terra de Nevin, mas é crível, agora, que o cenário não se altere. O Bhum Jai Thai Party, apareceu perante as câmaras de televisão com caras de grande derrota e terão agora de repensar a estratégia já que ficou claro que o seu desejo de ser a força dominante na região, que tantos deputados elege, não passa, por enquanto, de um sonho.

Para além do facto de o partido de Nevin ter que retirar para reflectir, há muitas outras implicações que estas eleições mostram. Contrariamente ao que se poderá pensar Abihsit deverá ter ficado satisfeito com a derrota do seu parceiro de coligação visto isso fazer baixar o seu poder negocial e poder ajudar à solidez do governo já que parece evidente que se a coligação se desfizer e for necessário avançar para um cenário de eleições antecipadas a coligação no poder sairia derrotada e o thaksinismo regressaria ao poder.

Contudo como sempre a imprevisibilidade é o factor dominante na Tailândia e poderá que a sentir-se derrotado Nevin eleve o seu tom de voz requerendo mais apoios para os seus Ministros nas questões orçamentais visto lhe poder parecer necessitar de mais dinheiro para as lutas eleitorais. Nevin é grande admirador da velha frase de que em política não há amigos mas também não há inimigos e os meus "inimigos" de hoje poderão ser os meus parceiros de amanhã. Assim poderá muito bem regressar ao lugar de onde partiu para ajudar a formar uma coligação com o Puea Thai se isso conseguir negociar e se mostrar necessário àquele partido para liderar uma coligação.

Existe outro factor a ter em conta que é o facto de actualmente 44 Deputados da coligação no poder estarem a ser investigados por violação de um preceito constitucional referente à detenção de acções em companhias concessionárias de serviços públicos. Se tal se provar, o que pode levar algum tempo mas é uma espada que enfraquece a coligação como já reconheceu Abhisit, isso levará à queda do governo por falta de base de sustentação no Parlamento e por tanto eleições.

Neste primeiro encontro que opôs Nevin e Thaksin, o último mostrou que ainda é aquele que mais sabe fazer política no país e derrotou o primeiro por KO técnico logo no primeiro assalto. Thaksin, para mostrar a sua real ligação ao povo e ás suas estruturas telefonou directamente para os telemóveis dos kanmam, semelhante aos presidente de câmaras, para assegurar o seu apoio à candidata do Puea Thai. Nevin fez campanha à antiga, distribuindo dinheiro e levando os pesos pesados a comícios mas os votantes já experimentaram a realidade Sginawatra a por agora essa chega-lhes.