segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Gregos e Troianos

As pessoas são na realidade difíceis de contentar e é um facto que não há uma solução que a todos satisfaça.

Com é do conhecimento a Tailândia tem vivido as piores cheias de que há memória para a maioria da população.

Desde há quase um mês que as autoridades, em conjunto, têm vindo a lutar para impedir que o mar de água que existe na zona a Norte da capital alague esta e provoque o caos em Bangkok.

É verdade que as populações de várias províncias (Nakhon Sawan, Ayuthaya, Pathum Thani e adjacentes) têm vivido debaixo de água nalguns casos com mais de 2-3 metros de altura mas o facto é que não foi feito nada ou não foi possível impedir que as águas vindas do Norte ali chegassem.

Inundadas essas províncias, como disse ou por inabilidade das autoridades ou impossibilidade de tal impedir, havia que fazer esforços e intervir para poupar a capital e assim o governo com um forte apoio dos militares e de todas as agências implicadas na matéria e ainda com os conselhos do Rei (como se sabe um profundo conhecedor da matéria) que nestes últimos dias recebeu por duas vezes a Primeira-Ministra Yingluck, deram as mãos e puseram em andamento vários projectos que vieram a mostrar-se eficazes e pode dizer-se com uma forte probabilidade de certeza que Bangkok está a salvo.

Com hoje se constata nos jornais já começaram a aparecer as vozes daqueles que estão contra e é interessante ver que essas vozes não vêem daqueles que têm algum capital de queixa, as populações afectadas, mas daqueles que se sentam comodamente numa poltrona em Bangkok, com os pés bem secos, mas aproveitam o momento para disparar em direcção ao Governo que "os salvou".

Um dos mais fortes comentários vem de um professor de uma universidade local conhecido pelo seu perfil extremamente reaccionário e grande apoiante do movimento amarelo onde sempre se fazia ouvir que não entende porque é que o governo "poupa a capital mas deixa outras províncias debaixo de água", isto para além de uma cruzada que faz contra a "incompetência e falta de liderança da PM".

Compreende-se que agradar a todos é sempre uma tarefa difícil mas aproveitar um momento em que há um desastre como este e em que as forças políticas, os militares e todo o aparelho de estado, com o forte apoio do Rei, arregaçaram as mangas e lançam-se à obra de salvar o que podia ser salvo, é no mínimo sintomático dos interesses "dessa gente " (expressão minha) que não merece mais do que desprezo.

A comunicação social teria também um papel importante a não dar cobertura a esse tipo de comentários mas assim não procede. Por exemplo no The Nation hoje há um artigo onde um conjunto de académicos também se mostra descontente com algumas medidas tomadas pelas autoridades mas fá-lo de uma forma correcta e técnica apontando outras possíveis soluções para algumas áreas o que é nada mais do que um válido contributo, agora dizer mal só por interesses políticos e sem opções é doentio.