Os pontos focais da moção serão o uso da violência contra os manifestantes vermelhos no ano passado e a ineficácia de qualquer investigação sobre os incidentes, a execução do programa do governo com incidência em vários casos tidos de corrupção e a ineficácia da política externa do governo que será ilustrada com base no isolamento internacional do país, os confrontos com o vizinho Camboja e a incapacidade para obter o apoio da Malásia para minorar a crescente insurreição no Sul do país.
No que respeita o primeiro caso, o partido promotor da moção, pretenderá mostrar, usando evidências quer em fotografias quer em vídeos, que os incêndios que destruíram a parte principal da zona de Ratchaprasong, incluindo o Central World, são da responsabilidade de forças "acima quer da polícia quer do exército", segundo se lê na proposta.
No que respeita aos casos de corrupção a maioria dos casos que virá á liça estão concentrados nas pastas geridas por membros do partido Bhum Jai Thai, de Nevin Chidchob, o homem que vindo do nada clama agora à viva voz "sou mais rico que Thaksin", mas Abhisit não escapará a esta parte do debate pois um dos casos, o perdão de uma multa de mais de mil milhões em impostos á multinacional americana Philip Morris, envolve o seu círculo próximo.
Outro dos casos que por certo será discutido e que constitui um dos tópicos quentes da actualidade é o subsídio que Abhisit insiste em manter de forma a manter o preço do diesel abaixo dos 30 baht por litro, e que está a custar ao país uns impressionantes 272 milhões de baht por dia (cerca de 6,5 milhões de euros) e que o próprio Ministro das Finanças já declarou ser insustentável. Outro assunto que tocará por perto o PM é o da falta de óleo de palma, essencial em todos os lares, e as dúvidas que estão associadas à compra de milhões de litros autorizados pelo governo que acabaram por não chegar ás prateleiras dos supermercados e não se sabe onde para o dinheiro dispendido.
Contudo e embora o debate prometa ser interessante de seguir não é esperado nada mais do que um ensaio para futuras batalhas eleitorais já que o governo tem por certo assegurado que a coligação se manterá junta na hora de votar e, embora tendo maior número de deputados, o PT não tem o número suficiente para derrubar o governo.
O debate servirá por outro lado para testar a capacidade de Mingkwan Sansuan, ex Ministro da Economia do governo Samak, de poder vir a ser apresentado ao eleitorado como potencial PM se o PT vencer as próximas eleições.
O PT , partido representante do thaksinismo, vive sempre num processo de falta de liderança visto o líder real, Thaksin Shinawatra, não estar presente e para ele é de evitar uma figura forte que de alguma forma possa colocar a sua imagem em perigo e constitua uma "alternativa" ao seu poder. Esta dicotomia – dependência ou independência de Thaksin – tem sido a principal causa das fragilidades do partido. Se por um alado necessita da imagem do ex PM para atrair um largo número de "fiéis" por outro lado não consegue criar uma autonomia e uma forma de apresentar soluções políticas que se distanciem daquele que por certo não é parte da solução dos problemas políticos do país mas sim parte desses mesmos problemas.
Mingkwan será mais um dos "fiéis" a imolar e não parece credível que consiga reunir á sua volta consensos nem parece ter os dotes de liderança necessários para levar o partido à vitória nas próximas eleições. Os partidos thaksinistas têm vencido todas as eleições desde 2001 mas a sua crescente fraqueza, pela ausência de liderança acima explicada, está a pôr em sério risco a vitória no próximo acto eleitoral sabendo-se também como Abhisit e os seus colegas de coligação têm utilizados todos os meios ao seu dispor (nomeadamente o orçamento e o total controlo das administrações regionais e locais) para assegurar a vitória.
Este acto de pré campanha será por certo importante de seguir e poderá mostrar alguma luz sobre direcções futuras.