quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Tailândia está em Mudança

As sondagens são o que são mas quando mostram consistência e tendências começam a ser mais credíveis.

É sabido, ainda que não seja público, que ontem "deu à luz" uma importante sondagem e coincidência ou não o General Comandante-chefe do Exército decidiu dar, logo após, uma entrevista de cerca de 40 minutos, falando sobre as próximas eleições, na Televisão e que foi retransmitida por dois canais nacionais.

Os jornais de hoje fazem eco dessa entrevista e ressaltam vários comentários feitos pelo General.

Referiu então que os eleitores têm que votar "na gente de bem", que não devem "votar como antigamente pois senão o pais não avança", deverão igualmente " não votar em candidatos apoiados por grupos no exterior", etc, tudo comentários tidos por serem um alerta face à constante tendência de subida do partido de Thaksin e à mais que provável vitória da sua irmã no dia 3 de Julho.

Esta teve ontem um dia de apoteose numa zona do país que não lhe é favorável, o Sul, e o facto de os jornais lhe dedicarem primeiras páginas e largos espaços está a ajudar e a impulsionar a campanha. Por seu lado, e pela primeira vez, Abhisit veio ontem dizer que se o seu partido tiver menos votos do que em 2007 (165 num parlamento de 480 deputados que agora foi alargado para 500) se demitirá do cargo de líder do partido Democrata aliás como há cerca de três semanas sugeriu o seu actual aliado Nevin Chidchob.

Também o partido Chart Thai Pattana, um dos aliados dos Democratas na presente coligação no governo que tem vindo nos últimos tempos a criticar Abhisit e os Democratas, decidiu que os seus dois membros que fazem parte do gabinete (Vice PM Sanan e Ministro do Turismo Chumpol) não comparecessem no conselho de ministros que ontem se realizou mostrando assim o seu distanciamento e o sentido do seu alinhamento após eleições de 3 de Julho.

Há uma convicção de que o Pheu Thai "já ganhou" a batalha eleitoral e, embora alguns ainda tentem os últimos cartuchos contra aquilo que no fim de contas vem acontecendo no país há muito (Thaksin Shinawatra e/ou os seus representantes ganharam as últimas 4 eleições realizadas no país desde 2001) o facto é que todos os olhos estão colocados nas forças extra constitucionais e naquilo que poderão ser os seus movimentos pré ou pós 3 de Julho.

A este respeito recomendo vivamente a leitura do artigo vindo hoje a lume no jornal The Nation e que é por si um sinal dos tempos e sinal de que as pessoas em geral adquiriram ao longo dos últimos anos uma consciência politica e social nova e diferente.

Recordo ontem mesmo ter me encontrado com um político de uma partido actualmente parte da coligação governamental, homem de cultura, diplomata e com 63 anos, portanto não um jovem da geração "social network", que me dizia quanto o povo em geral mudou nos últimos anos afirmando que aquilo que aconteceu em 2008, referia-se á formação do presente governo, não será possível acontecer neste momento. Dizia mais que o povo em geral quer transparência, justiça e clareza de processos de forma a ver o país avançar.

A Tailândia está em mudança acelerada e sem possibilidade de retorno.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A Campanha

A campanha continua animada e colorida como não pode deixar de ser na política tailandesa.

Tenho reunido com os principais partidos e a coisa que mais me salta á vista é que todos falam do mesmo e esquecem o mesmo.

Todos falam de mais e mais benefícios para os eleitores. Até certo ponto até dá vontade ser eleitor neste país mas depois sabemos como, aqui como ali, as promessas eleitorais nada mais são do que isso mesmo – promessas para serem esquecidas quando já não for necessário o voto do povo.

As últimas sondagens vindas a lume ou melhor conhecidas "por debaixo da mesas" já que "não existem", refiro-me a sondagens feitas pelo exército e pela polícia, continuam a dar uma larga margem à candidata do Pheu Thai, a irmã mais jovem do fugitivo PM Thaksin Shinawatra.

Os Democratas que são a força dominante quer em Bangkok quer no Sul do país continuam a ver os resultados a descer e a sondagem da polícia dava que em Bangkok, onde actualmente o partido tem 30 deputados estavam à frente somente em 6 assembleias.

No Sul do país, de maioria muçulmana, o partido está a ter uma forte concorrência de dois pequenos partidos, O Mathubum liderado pelo general Sondhi B., autor do golpe de estado de 2006 e muçulmano e do Rak Santi do antigo Ministro de Thaksin Purachai o homem que é conhecido como o "Mr. Clean" pela sua aura de não corrupto. Ambos os partidos estão em crescendo e a roubar votos na base de apoio dos Democratas.

O PM Abhisit contudo diz-se confiante e, apesar de toda as sondagens que até ao momento apareceram darem maior número de votos à oposição, diz que o seu partido irá conseguir cerca de 210 deputados e será o número um no país. Como usa dizer-se a grande sondagem vai ser feita no dia 3 e essa será a definitiva pois essa será a que vai sair da contagem dos votos colocados nas urnas.

Entretanto a candidata do Pheu Thai, Yingluck está a fazer campanha no Sul do país, área onde o seu partido tradicionalmente não consegue bons resultados. Yingluck tem apostado, nas áreas onde sabe ter menos apoio, no facto de ser mulher apelando á solidariedade feminina para granjear as simpatias dos, neste caso das, votantes.