quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Amnistia

Um sinal do retorno da normalidade, ainda que a situação das cheias não esteja por completo debelada, é o regresso da querela política e, como quase sempre em redor da figura de Thaksin.

O ex PM continua a ser um fantasma permanente nas mentes de muitos e acaba por quase tudo girar à sua volta vendo-se assim o tremendo impacto que ainda causa.

Demónio para muitos e anjo para os restantes, Thaksin continua a dominar a cena politica e social no país que por sua vez volta a mostrar as suas profundas divisões facto bem alimentado pela comunicação social extremamente enfeudada a interesses particulares e bem alheia em relação ao interesse geral.

A peça que agora faz as manchetes foi o facto de o Conselho de Ministros ter aprovado uma proposta de lei de amnistia para ser aprovada por SM o Rei e aplicada por ocasião do seu 84 aniversário no próximo dia 5 de Dezembro.

Tal Conselho de Ministros foi orquestrado de forma desastrosa. Antecipadamente preparado para que Yingluck não estivesse presente (alegadamente retida no centro do país onde inspeccionava a recuperação em curso pós cheias), segundo Vice PM, Chalerm, um homem de "fala grossa e directa", presidiu e introduziu um novo item na agenda que foi a dita proposta de decreto lei que propiciará uma amnistia. Ao mesmo tempo solicitou ao pessoal administrativo presente na sala para que saísse criando um clima de secretismo ou de se estar a fazer algo "clandestino" o que, obviamente, foi de imediato aproveitado pela oposição.



As acusações vieram de imediato que o decreto tinha por objectivo único amnistiar Thaksin já que de forma diferente do que anteriormente foi proposto pelo Governo de Abhisit permitia que quem não estivesse detido pudesse ser integrado no grupo de pessoas a amnistiar.

De igual modo tal fez de novo levantar vozes pró e contra nos movimentos de rua tendo já as duas facções antagónicas prometido mobilizar todas as "suas tropas" para defender ou atacar o que quer que seja.

Sinais de que o país volta de novo a concentrar-se sobre questões menos relevantes e que a politiquice volta ás primeiras páginas.

Na realidade ao acto do governo faltou clareza de forma e acabou por ser feito de uma forma atabalhoada, infantil e imatura e é criticável.

Devemos contudo lembrar que durante o governo de Abhisit foram preparados dois projectos de decreto de amnistia por ocasião dos aniversários natalícios do Rei, facto que acontece todos os anos, e sobre aqueles decretos disse o próprio PM na altura que "estava assegurado que Thaksin não seria abrangido" pela proposta de amnistia.

Quer uns quer outros actuam em função de um senhor e não em função dos interesses do colectivo. Uns fazem contra Thaksin e os outros a favor e ambos estão profundamente errados.