sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Comissão Eleitoral - Assim vai a Democracia

Eleições no Sul da Tailândia


A Comissão Eleitoral mais uma vez mostrou como a sua actividade é conduzida por uma agenda política que nada tem a ver com os processos democráticos a que deveria presidir.

Muitos devem estar lembrados da luta que a Presidência portuguesa teve na altura para fazer ver dos méritos de uma missão de observadores às eleições de 2007, luta essa perdida pela União Europeia mas fundamentalmente pelas instituições e pela Democracia na Tailândia.

Nessa altura defendendo-se atrás de procedimentos burocráticos impediram que pudesse haver observadores durante o processo eleitoral. Inclusívé, utilizando a imprensa, lançaram uma campanha nacionalista afirmando que a UE pretendia fazer ingerência nos assuntos domésticos do país. Como por ventura estarão cientes a UE promove essas missões de observação em todo o Mundo, países comunitários incluídos, sempre que se entende, quer o país em questão quer a própria União, ser do interesse da Democracia acrescentar este pedaço de dignidade a um processo que é vital para se fazer ouvir, livremente a vontade dos povos.

A Comissão Eleitoral tailandesa tem sido um dos órgãos mais controverso neste regresso a processos democráticos após o golpe de estado de 2006, emitindo instruções e pronunciando decisões que são em muitos casos contrários aos príncipios da própria Democracia dos quais deveria ser um dos principais defensores.

A última dessas decisões foi a de atribuir ao Partido Democrata a maior fatia no subsídio estatal aos Partidos.

Como em Portugal, os Partidos que têm assento parlamentar, têm direito a um subsídio, vindo do Estado, atribuído e gerido pela Comissão Eleitoral.

A CE atribuiu ao Partido Democrata, o segundo maior Partido no Parlamento, o primeiro é o Phue Thai a terceira reincarnação dos partidos de Thaksin, a maior fatia dos 62,8 milhões de bath argumentando o Senhor Thanes Sriprathet, Director da CE que a divisão era feita tendo em conta os resultados das eleições de Domingo passado.

Assim daquele bolo os Democratas levam 33 milhões ou seja 52,5% quando têm 36,6% dos Deputados e mesmo tendo em conta os resultados das eleições intercalares de Domingo onde não foram o Partido mais votado visto dos 29 Deputados eleitos eles só obtiveram 7 ou seja 24%. O Partido mais votado no dia 11 foi o Chart Thai Pattana, a segunda vida do Chart Thay Party de Barnhan Silpa-archa agora aliado dos Democratas, com 10 Deputados em 29.

Quando se quer manipular os números para conseguir torpedear a verdade tudo vale e como já uma vez disse, aqui tudo é possível!

Pacote Económico (II)

Ontem alguns dos Ministros do novo Governo explicaram para uma audiência de cerca de 500 pessoas, a pagarem 80 Euros cada, excepto os muitos convidados, numa organização do Post Group, companhia que é a proprietária do Bangkok Post, o Post Today e a rádio 89.00.

Primeiro falou o Vice-Primeiro Ministro Kobsak Sabhavasu, líder da área económica sobre os traços gerais da política económica do Governo Democrata. A apresentação baseou-se no seguinte principio: O Ciclo viciosa criado pela crise do sub-prime na América e naquilo que apelidou o Ciclo Virtuoso que o governo pretende criar. Kobsak pôs todas as culpas na falta de confiança e de liquidez existente no mercado e na necessidade de injectar fundos para que estes por si possam gerar riqueza. Assim o gabinete vai atribuir a fundo perdido 2.000 bath por mês a todos os que tenham um fendimento mensal inferior a 15.000 bath, atribuir 500 bath por mês aos idosos e injectar outros valores no meio rural. Com alguma piada Kobsak disse que os que afirmam que o governo está a fazer uma política populista mostram estar atentos e saber o que o governo faz.

A seguir o Ministro das Finanças, colega em Oxford do PM e ex CEO do JP Morgan (Thailand), Korn Chatikavanij falou unicamente sobre política orçamental e a única questão relevante que abordou foi a eventual necessidade de o governo ter de alterar a lei que permita aumentar o nível de endividamento público visto só disponibilizar neste momento de um tecto de 39 mil milhões de bath que pode emitir em obrigações para se financiar. De resto esquivou-se sempre a responder a qualquer questão do foro político. Sendo Korn uma das maiores estrelas deste governo, pode dizer-se que brilhou pouco mesmo muito pouco.

A sessão da tarde terminou com o Ministro dos Negócios Estrangeiros Kasit Piromya num discurso que por vezes levantou risos da audiência. Foi um elogio permanente ao PM e ao país chegando a afirmar que desde o início do ano a Tailândia está todos os dias nos grandes meios de comunicação social n do mundo. Vê-se que Kasit ainda se sente a falar nos palcos do PAD para incitar as "tropas" para uma qualquer causa mas para a audiência presente só conseguiu levantar risadas gerais. A mais gritante foi quando se referiu aos migrantes e trabalhadores ilegais no país ter afirmado que estes vêm das Filipinas e da Singapura. Aí então quase que levaria uma ovação pela melhor piada do ano. Curiosamente quando chamado a responder a perguntas Kasit mostrou ser um Diplomata, uma pessoa que sabe ler dossiers e responder de forma adequada ás funções que exerce. Referiu uma questão importante que é o facto de Burma sendo membro da ASEAN saber muito bem quais são os seus deveres como membro da comunidade internacional e que essa é a linha a seguir pela Tailândia como Presidente da associação.

O prato forte do dia seria o discurso do PM após um jantar pelo qual ele nos fez esperar 80 minutos em que a audiência foi tratada a pão e água. Para quem é um líder de topo na roda internacional, como Kasit afirmou, esperava-se pelo menos um pedido de desculpas, mas não houve.

Abhisit é bem falante, politicamente instruído e habilmente preparado para responder ás perguntas que não foram muito embaraçosas, tirando uma que o deixou a gaguejar.

Mas pouco disse, como é normal, pouco acrescentando aquilo que se sabia de antemão. Reafirmou a sua convicção de que esta coligação está para durar, que é sólida que nem uma rocha e que desde que começaram a trabalhar o fazem como um corpo só. Refutou a acusação de que as medidas económicas que apresentou são só para preparar eleições onde os Democratas possam ganhar, reafirmando que está aqui para servir o país durante três anos e depois os tailandeses o julgarão. Voltou a afirmar a necessidade de se introduzirem reformas políticas no sistema, a forma que os Democratas encontraram para se referirem a uma muito necessária reforma constitucional sem a mencionarem explicitamente.

O ponto baixa da noite que provocou o tal gaguejar foi quando disse que o número de turistas que tinham chegado a Bangkok no período Natal/Fim de Ano de 2008 tinha sido superior ao de 2007. Alguém do sector do turismo refutou essa afirmação e Abhisit disse que queria dizer que o número de chegadas era superior ao do início do mês. Pior a emenda do que o soneto pois como todos sabemos no início do mês os aeroportos estiveram encerrados e portanto o crescimento de chegadas até deverá ter sido quase que 100% maior.

ma minha mesa estava a Chief Economist de um banco na Tailândia, tailandesa ela mesmo, e manifestou o seu desapontamento por não ouvir nenhuma medida que se referisse ao atacar as questões estruturais da economia, como a produtividade, a modernização e o investimento estrangeiro tão fundamental para esta economia que depende em 45% do seu PIB da indústria e essa é dominada por capitais estrangeiros.

Mesmo sem especulação política compreende-se, e aceita-se a necessidade de injectar dinheiro na economia real (pode discutir-se o particular das medidas) mas o PM deveria ter afirmado que sendo essa a prioridade inicial para repor o funcionamento do consumo e da máquina geradora de riqueza, após esse primeiro choque seriam tomadas medidas de fundo para criar valor e aumentar a produtividade na sociedade e foi isso que faltou para tornar o discurso ganhador.

Um comentário final. Abhisit disse que agora o país é um país onde a lei tem de ser respeitada, por certo comparava com o que se passou com o PAD em 2008, mas o único exemplo que deu foi que não tolerariam que os seus opositores atirassem ovos, a nova moda, ás suas caravanas. Senhor Primeiro Ministro falta, continua a faltar, uma condenação dos actos devastadores para o país cometidos pelo PAD durante meio ano em 2008. O pacote económico que agora a presenta e que o seu Ministro das Finanças diz ter alguma dificuldade em financiar, é exactamente do mesmo valor da destruição trazida para este país pelo PAD em somente 10 dias e isto segundo os cálculos do banco da Tailândia, como se sabe entidade sempre prudente, conservadora e nunca ao lado das anteriores administrações.

No dia em que se demarcar daquilo que o PAD fez de mal estará a dar um grande passo no sentido da conciliação que tanto apregoa e se deseja. mas não esqueçamos as flores que ele próprio sorridente ofereceu a Sondhi.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Pacote Económico



O Governo de Abhisi Vejjajiva apresentou ontem o pacote de apoio á economia numa sessão que acabou por ter mais criticas pela negativa do que pela positiva.

O total do pacote é de 116 mil milhões de bath, cerca de 2,5 mil milhões de Euros e é destinado essencialmente ás camadas mais pobres e aos meios rurais ao melhor estilo de Thaksin.

Comentários que hoje se liam na imprensa:

Este pacote económico é mais populista que todos os apresentados por Thaksin e por certo se bem aplicado fará com que os Democratas consigam convocar eleições ainda este ano e ganharem e passarem a ser o maior partido no país (vamos a ver o que dirá o Bhum Jai Thai que anunciou querer ser o maior Partido) - Bangkok Post

O oferecer dinheiro, a fundo perdido, para as pessoas de baixo rendimentos não trará nenhum benefício para a produtividade de país e no médio/longo prazo nada produz - Sompop Nanarungsan Economista da Universidade Chulalongkorn

O pacote económico do Governo vai por certo injectar dinheiro no país, aumentar o consumo, mas não ajudará a economia no longo prazo - Dusit Nontakorn, Câmara de Comércio Tailandesa.

O que nós queremos é que o Governo apresente medidas concretas que garanta os empregos para os tailandeses - Wilaiwan Sae-tia da Comissão de Solidariedade com os Trabalhadores Tailandeses.

O antigo Ministro das Finanças do governo militar do General Surayud, MR Pridiyathorn Devakula afirmou o seguinte: "Não consigo imaginar como é que o Governo apresentou um plano destes. Não quero dizer que não quero acreditar que ele saiu da mente de um doutorado em Cambridge ou Oxford". Vindo de quem vem esta é a mais demolidora crítica ao pacote que ontem na sua conferência no FCCT o PM disse que, com ele (pacote) pretendia pôr dinheiro nos bolsos dos pobres!!!!!!!

Mas o mais interessante comentário veio de Achara Deboonme a colunista diária do The Nation que num artigo de opinião intitulado "Pacote Economico Mergulhado na Confusão" em que ela relata a forma desorganizada e complexa como foi feito o anúncio, onde as contas não batiam certas, comparando-o com a conferência de imprensa que Samak deu aquando o seu governo atacava a crise petrolífera e no final se se fizesse as contas daquilo que tinha prometido faltavam enormes somas de dinheiro.

Também aqui, segundo escreve Achara a confusão era grande e a perceptibilidade das medidas difícil.

Achara termina comentando acerca da nomeação para Assessor da Ministro da Ciência e Tecnologia, a que anda a fechar os sítios de Internet, do líder do PAD Praphan Khoonmee. notando que com o êxito do marketing do PAD e o seu actual posto ele o poder a melhorar as suas apresentações de forma a que se tornem mais perceptíveis.

Este é o terceiro membro ligado á liderança do PAD que é nomeado para lugares no administração. O PM quando foi ontem interrogado sobre aquela nomeação disse que Praphan era membro do Partido (nós também sabemos em Portugal que isso é uma qualificação essencial) e que as actividades dele fora do Partido eram a título pessoal. Quanto às suas qualificações para o posto, Abhisit, depois de reflectir um pouco, disse " ele tem alguns conhecimentos". Acrescentou mais que não se deve julgar ninguém antes dos tribunais, o que é uma grande verdade, mas ao chamar os três lideres e activistas do PAD para trabalharem consigo o PM está, ele mesmo, a fazer um julgamento político de absolvição. Será que o sistema judicial se encontrar algo contra estes senhores vai contra o julgamento ético que o PM já fez?

Hoje o Genaral Jongrak Juthanont Vice-Comandante Supremo da Polícia disse que está quase pronto, depois de entrevistar mais de 300 testemunhas e visionar múltiplos vídeos, como se não bastasse ter estado de olhos abertos, o processo sobre a ocupação dos aeroportos e que em breve serão emitidos mandados de captura.

Sabendo o valor que têm os mandados de captura (entre Thaksin , a ex mulher e os 9 lideres do PAD o único que ao que parece é efectivo é o do primeiro) vamos a ver se estes atinge os alvos.

Thaksin está de volta ?

General Sondhi Bunyaratglin

Na realidade ainda não regressou ao país e mesmo há muitos dias que nada é relatado acerca dele o que só reforça a ideia que parece haver algo que corre nos corredores sobre a possível amnistia que estará em preparação.

No momento da constituição do actual Governo referi ser ele um produto de três mentes: Anupong, Shutep e Nevin aos quais Abhisit ofereceu a face para ser a parte visível do icebergue. Na realidade todos têm relações com o fugitivo ex PM. Anupong foi seu colega na Academia Militar, ou seja camaradas de armas. Quando a mãe de Suthep morreu Thaksin foi o primeiro a estar junto do seu rival e desde esse momento ficou um respeito sempre manifestado pelo agora Vice-Primeiro Ministro. Nevin era, será que não continua a ser, o numero dois de Thaksin.

Na realidade confirma-se haver agora um novo protagonista, alguém que tem estado na sombra desde há uns tempos mas que emerge de uma forma clara de novo no panorama político. Refiro-me ao General Sondhi Bunyaratglin o líder do golpe de estado de 2006 que pôs fim à governação de Thaksin.

É sabido que apesar das divergências os dois mantém uma relação cordial e têm jogado várias vezes golfe depois de Sondhi ter passado á reserva. Ainda não há muito tempo foram vistos os dois no Médio Oriente, para onde o General se desloca frequentemente, em amena confraternização. Sondhi afirmou mesmo a sua simpatia por Thaksin numa entrevista dada faz tempos ao jornal The Nation.

Agora o General anunciou o seu retorno à vida política activa visto, e segundo as suas palavras, não ter completado o trabalho que iniciou com o golpe de Setembro de 2006.

Nesse sentido criou um Partido político Bhum Jai Thai Party, que diz não querer liderar mas somente servir como Secretário Geral e também que financiará do seu bolso (sic) o desenvolvimento do Partido. Sempre se falou nos "mentideros" sobre a origem dos dinheiros de Sondhi de alguma forma ligando-os a Thaksin.

Agora espantemo-nos quem vai aderir a esse partido e quais são os nomes tidos como candidatos á sua liderança.

Os primeiros aderentes a esse Partido são o chamado grupo dos "Amigos de Nevin", ou seja o conjunto de, actualmente, cerca de 40 Deputados que Nevin Chidchob controla. Logo após o golpe Nevin acusou publicamente o General de lhe ter roubado tudo e o obrigar a voltar para casa em cuecas.

O impune Nevin apresenta o novo Partido

Para lideres Dr Somkid Jaturispitak, antigo Vice-Primeiro Ministro e lider do team económico de Thaksin, Somsak Thepsuthin outro antigo Ministro de Thaksin e o actual Ministro da Defesa, um protegido de Sondhi e Chaovarat Chanweerakul, o actual Ministro do Interior e ex PM Interino, ex Vice-Primeiro Ministro, ex Ministro do Comércio e ex Ministro da Saúde, isto tudo nos governos do PPP em 2008. Resta acrescentar que os dois primeiros estão como Thaksin e como Nevin, proibidos de actividade política (não é que Nevin se importe muito, mas como se viu pelo caso das árvores da borracha agora está bem protegido) em virtude da dissolução do antigo Partido Thai Rak Thai, "pai" do PPP e "avô" do PTP o novo Partido, agora na oposição.

Tudo isto não passa de balões que são lançados para testar a capacidade de avançar com um processo de amnistia para todos os políticos banidos do exercício de direitos políticos (incluindo ou não Thaksin) mas é pelo menos grande fonte de especulação o ver-se tão grandes inimigos, pelo menos para consumo externo, associarem-se com um objectivo que é pouco claro.

Entretanto as irmãs de Thaksin irão estar presentes na reunião do PTP para mostrar que o "Chefe" não os abandonou ou será mais uma cortina de fumo nesta tão complexa teia que se tem vindo a montar desde que o trio que referi ao início tomou o poder.

Só para finalizar há que referir que por detrás disto tudo estão os 76 mil milhões de bath, cerca de 1.8 mil milhões de Euros, de Thaksin que continuam congelados na Tailândia. Existe um processo para a nacionalização destes bens e o julgamento já foi adiado por três vezes, duas delas já com os Democratas no poder - 25 de Dezembro e 2 de Janeiro. Está agora agendado para 27 de Março.

Especulando, penso que há alguma vontade de devolver uma parte a Thaksin, redistribuíndo o restante pelos protagonistas em cena, a troco da sua rendição, ou seja do aceitar dos processos e o retorno ao país para cumprir uma pena simbólica.

Os sinais são por demais evidentes.

Entretanto Abhisit começa hoje a sua campanha de marketing com o discurso no FCCT. Amanhã será no Centara Grande e Segunda no Dusit Thani. Tal e qual Thaksin usava fazer desdobrando-se em eventos públicos onde fazia passear os seus dotes de orador e calar todos aqueles que o queriam criticar. Abhisit vai por certo enfrentar um conjunto de perguntas difíceis (sei já de algumas preparadas para esse efeito) sobre os casos da liberdade de imprensa que estão neste momento num ponto alto como a política de encerramento de sítios considerados abusivos (já vai em mais de 4.000, qual China) e os julgamentos em curso de três proeminentes figuras da comunicação social e da universidade.


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ramos-Horta


José Ramos-Horta, Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz em 1996 a par com D Ximenes Belo, Arcebispo-Bispo de Dili, foi o Primeiro Chefe de Estado a visitar o recentemente empossado Primeiro Ministro Tailandês.

Numa visita de 3 dias a Bangkok, Ramos-Horta mostra que continua a saber mexer-se muito bem nos fora internacionais.

Timor-Leste tinha tomado o primeiro passo de aproximação ao novo Presidente da ASEAN, a Tailândia, quando em Junho do ano passado nomearam o seu primeiro Embaixador na capital, o Embaixador João Freitas da Câmara, com o objectivo de acompanhar de perto a presidência e assegurar o apoio necessário para a almejada adesão em 2012. Aliás nos últimos tempos Timor-Leste, ao contrário do que acontecia previamente, tem-se feito representar, sempre ao mais alto nível, nas reuniões da ASEAN e da ARF onde detêm o estatuto de observador.

Ramos-Horta soube garantir as necessárias palavras da parte de Abhisit, ou seja o reconhecimento de que a mais jovem nação do Mundo está no bom caminho para se tornar no 11º membro da ASEAN em 2012.

A Tailândia sempre esteve bem próximo de Timor-Leste neste construir do país, visto agrupamentos militares tailandeses terem sido parte importante das forças da UNTAET durante vários anos. Esses destacamentos foram comandados pelo actual CEMGFA, General Songkiti Chakabata, e pelo anterior, o General Bonsang Niampradit, que aliás escreveu um interessante livro relatando, em forma de diário os seus mais de 400 dias em Timor-Leste.

Ramos-Horta aproveitou igualmente para assinar um protocolo com a companhia PTT, a principal petrolífera tailandesa, protocolo esse que permitirá levar para Timor-Leste assistência técnica tão necessária para o diversificar das fontes de colaboração no campo da exploração das reservas no Mar de Timor.

Igualmente aproveitou para fazer ouvir a sua voz na causa Birmanesa. Ramos-Horta, que sempre se mostrou solidário com a também Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, não diexou de criticar a comunidade internacional, com ênfase nos Estados Unidos e na União Europeia, pela política de sanções ao regime militar que controla o país com mão de ferro.

O Presidente de Timor-Leste apelou a uma melhor compreensão para o processo de democratização no país fazendo ver que sem os militares, como em muitos outros países na região, não será possível levar a cabo a transição tão desejada para um regime democrático e respeitador dos Direitos do Homem.

É uma declaração de quem muitas horas passou nos corredores da Nações Unidas e de quem conhece em profundidade as realidades asiáticas e a forma distinta de lidar com elas. Para além disso é uma declaração bem pensada no tempo já que sucede ao encontro dos Ministros dos Negócios Estrangeiros tailandês e birmanês, Kasit Piromya e Kyaw Thu respectivamente, em Bangkok.

Sendo-lhe difícil falar em Napidaw, devido ao continuado apoio manifestado á causa de Aung San Suu Kyi, Ramos-Horta conseguiu desta forma construir uma ponte, elegante, sem trair os seus príncípios e capaz de garantir apoios para o seu país.


No último dia da sua visita o Presidente de Timor-Leste foi recebido por SM o Rei Rama IX a quem ofereceu presentes tradicionais da nação maubere.

O Melhor do Mundo

Cristiano Ronaldo acaba de receber ontem na Opera House (!)em Zurique a única nomeação que ainda lhe faltava neste longo rosário que é ser o melhor futebolista da actualidade.

Campeão inglês, no mais competititivo campeonato, campeão europeu, campeão mundial de clubes, melhor marcador inglês, melhor marcador europeu, Balon d'Or, melhor jogador do ano em Inglaterra, jogador europeu do ano, etc, etc.

Tudo isto conquistou Cristiano Ronaldo na época 2007/2008 e era impossível ter rival para o trono que há muito lhe estava destinado.

Como Sportinguista, e ex Dirigente ao tempo em que ele esteve connosco, sinto um grande orgulho por mais um dos frutos das escolas do SCP ter conseguido subir tão alto seguindo o exemplo de outro "lá feito", como é o caso de Luís Figo, mas há que atribuir também grande mérito ao seu clube actual que sabe desenvolver os diamantes ainda em fase de lapidação para lhes dar mais brilho. Clube e colegas, pois sem eles Ronaldo nada conseguia fazer.
Costuma-se dizer que ele foi o "ganha-pão" da equipa do Manchester United mas o certo é que o futebol quer se queira ou não é um jogo colectivo onde quando se ganha ganham todos o mesmo quando se perde.

Pena que a todos estes merecidos títulos Cristiano Ronaldo não pudesse ter, para alegria de todos nós, acrescentado o de Campeão Europeu de países mas a nossa prestação no Euro 2008 ficou aquém do que todos gostaríamos.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eleições na Tailândia

Abhisit, mulher e filha. Prang, a filha foi a primeira vez que votou.

Ontem realizaram-se duas eleições importantes.

As eleições para a maioria dos lugares vagos no Parlamento (no próximo dia 25 haverá a eleição em Nonthaburi para mais um lugar) após a dissolução de três dos Partidos da antiga maioria e da consequente cassação dos direitos políticos dos seus dirigentes.

Outra eleição foi a do Governador de Bangkok visto o anterior, eleito recentemente em Outubro, Apirak, actual Assessor do Primeiro Ministro, se ter demitido no seguimento de ter sido acusado de corrupção num caso envolvendo a compra de carros para os bombeiros na capital. Ganhou MR Sukhumbhand, um aristocrata até á pouco membro do gabinete sombra de Abhisit.

Em ambas as eleições o Partido Democrata saiu vitorioso. Na eleição legislativa intercalar a principal vitória dos Democratas foi o facto de terem conseguido ganhar sete lugares antes ocupados por outros Partidos e por outro lado verem o Partido da Oposição, que representa os interesses aliados a Thaksin, perder posições, inclusive em algumas das suas praças fortes. Continua, o agora denominado Puea Thai, contudo a deter 199 dos 480 Deputados no Parlamento. No The Nation de hoje a única fotografia que aparece na primeira página é a da ex mulher de Thaksin a dirigir-se para uma assembleia de voto onde se vê quatro crianças fazendo com as mãos os sinal que os tailandeses usam para dizer "I love You". Nem uma do PM ou do novo Governador e sabe-se como o The Nation tem sido o campião da luta anti-Thaksin na imprensa. Intreressante!

A maioria parlamentar da coligação no Governo amplia-se o que dá ao PM Abhisit algum descanso e maior capacidade para enfrentar os problemas que se lhe colocam. O único senão que poderá ter com esta vitória é o facto, do Chart Thai Pattana (o novo nome do banido Chart Thai) já ter anunciado, querer rever a atribuição de lugares no Governo visto ter sido o Partido que mais ganhou nas eleições de ontem e se sentir fortalecido.

Estas eleições ficam marcadas contudo por uma decisão do Supremo Tribunal Constitucional no mínimo "estranha" para ser simpático com a palavra que uso.

Tinha sido apresentada uma queixa contra os candidatos do Chart Thai Pattana alegando que estes não reuniam as condições para concorrer visto não estarem inscritos no Partido há 90 dias como manda a Constituição. Aliás Barhan Silpa-archa, o todo poderoso político de Supham Buri e "dono " do Chart Thai, afirmou no dia 3 de Dezembro, que não se tinham preparado com a criação de um novo Partido visto nunca terem acreditado que o Partido viesse a ser dissolvido.

Só então foi criado, a 12 de Dezembro, como se pode ler em toda a comunicação social, o Chart Thai Pattana.

Os candidatos que se apresentaram aos eleitores alegaram contudo que o Partido tinha sido legalmente criado a 10 de Outubro, portanto em tempo, contrariando a todas as afirmações pelos próprios produzidas, e o Tribunal Constitucional, alegando contudo que não podia provar os factos contra (como se lê, expressamente, no acórdão) dá razão aos candidatos e assim eles ganharam 10 lugares que seria ganhos por outros Partidos se a decisão tivesse sido transparente.

O meu amigo Miguel dá uma versão completamente diferente, e emotiva, dos resultados, como seria de esperar, à qual só queria acrescentar alguns pontos.

A coligação no poder não ganhou 20 mas 19 lugares. O 20 será muito provavelmente no próximo dia 25 em Nonthaburi visto ser um antigo lugar Democrata. A actual oposição não está acantonada. Continua a ser o Partido com maior número de Deputados no Parlamento. O Partido que lidera a actual coligação continua a ser o segundo maior Partido.

Por fim para chamar ao actual grupo lider no país de coligação monárquica (os bons), por oposição à anterior coligação que o não seria (os maus), há que ver que esta coligação só existe porque 122 Deputados que actualmente a suportam, estavam do outro lado da barricada ainda á um mês atrás e todos sabemos, Miguel incluído, porque é que eles mudaram de lado. As pessoas e os grupos não podem ser apelidados e destituídos desses títulos assim tão fácilmente.

Uma coisa é certa o novo PM, Abhisit, é um homem de outra estirpe e com outra postura e oxalá consiga levar o país por novos caminhos mas a caricatura que aparecia no Sábado, Dia das Crianças, num jornal onde se via Abhisit, alcunhado o "dek sen" (o menino que tem um padrinho) sendo levado a passear pelos "papás", Suthep e Nevin, não era um bom sinal.

Frio

As alterações climatéricas vão fazendo as suas partidas e até na Tailândia está realmente frio não só o frio que se faz sentir nas montanhas no Norte onde as temperaturas rondam os zero graus, mas em Bangkok é aconselhável, especialmente à noite, usar um agasalho.

Pela primeira vez desde que aqui estou tenho sentido frio. No Sábado jantei com uns amigos portugueses á beira do rio, e estava aquilo que se pode chamar "um briol" com uma brisa sobre a água que deveria trazer a temperatura para uns meros 12-15º.

A minha amiga tiritava de frio ainda que envolta numa pashmina e o outro amigo, para sorte dele com um casaco, teve de virar a gola para cima para se proteger.

Assim está esta cidade onde em 2006 a temperatura mais baixa registada foi de 19º.

Os efeitos das alterações climáticas manifestam-se por todo o lado como pode ser observado por todos em Portugal e no sul da Europa na semana que passou.

Aqui ficam algumas fotos do Frio.

Tailândia



Madrid


Portugal


Itália



Porto de Marselha