sábado, 5 de junho de 2010
Ainda a Remodelação
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Política Partidária
O parlamento tem 480 Deputados mas actualmente só 475 Deputados estão ocupando os seus lugares. Há 5 lugares que não estão preenchidos devido ao facto de os membros eleitos em eleições intercalares ainda não terem visto os seus mandados confirmados pela Comissão Nacional de Eleições.
Uma maioria é portanto constituída actualmente por 238 Deputados.
Mesmo que o governo venha a expulsar da coligação todos os Deputados do Puea Pandin (PP) ainda fica com uma pequena maioria de 243 lugares no Parlamento e poderão sempre tentar obter apoios pontuais nos dois pequenos partidos que não se encontram coligados com ninguém e que representam 9 deputados. Contudo há que ter em conta que o presidente do Parlamento nunca vota (ele faz parte da coligação como membro do BhumJai Thai -BJT) e que em algumas questões os Ministros não podem votar visto haver conflito de interesses. Há também que lembrar que a próxima sessão parlamentar é uma sessão legislativa que não permite nenhuma Moção de censura o que descansa o governo.
Hoje os Democratas irão decidir o conflito que irrompeu após a votação da Moção de Censura quando os deputados do PP votaram contra os Ministros do BJT o que levou mais tarde este partido ter colocado um ultimato a Abhisit para que escolhesse com qual partido queria continuar. Com os dois é que não seria possível.
As negociações têm sido conduzidas por Suthep, o eterno negociador nos bastidores e parece, segundo todos os relatos que vão aparecendo e mesmo alguns sinais, de que o sacrificado será o PP. No editorial de hoje o Post Today, o jornal de língua tailandesa do grupo Post, apela ao PM para que nomeie ministros competentes para o novo gabinete afirmando: "valerá mais a pena dissolver o parlamento do que deixar os corruptos pilhar o país á vontade".
Nevin Chidchob o homem por detrás do BJT foi elemento que crucial na formação desta coligação e continua a ser tido por alguém indispensável para que este governo continue a manter-se vivo. Não são só os 33 deputados que controla mas o seu poder negocial em várias frentes, poder que aprendeu com Thaksin o seu "boss" como lhe chamou no momento da ruptura. Atrás de Nevin anda muitos milhões de milhões de bath sempre a circular e ele é o único capaz de fazer frente a Thaksin nesse domínio. Por outro lado com a sua capacidade de "mudar de cor" é sempre um candidato a virar-se para outro lado pondo em risco a estabilidade do governo e de Abhisit. Um dos sinais claros foi a atribuição ontem de mais um enorme projecto público, a extensão de uma das linhas do metro de superfície, à empresa Sino-Thai detida pela família do actual Ministro do Interior e presidente (de fachada) do BJT. Também há dois dias a empresa King Power, concessionária das lojas francas dos aeroportos geridos pela empresa pública AOT, viu renovada a sua concessão. Vichai, o dono do King Power, é o outro grande financiador do BJT e Nevin tem na sede da empresa o seu gabinete de trabalho.
Desde que Nevin se aliou com os Democratas e com o seu inimigo-amigo Suthep (nos anos 90 foi Nevin que fez com que Suthep tivesse que se demitir do governo quando o acusou de corrupção) que os negócios dos seus "protegidos" voltou a brilhar conquistando estes a fatia de leão de importantes contratos.
Suthep com Ramongrak - PP
Contudo, como já referi anteriormente, dispensar por completo o PP não parece ser uma solução aceitável e o que se está a preparar é, mesmo com o custo de a coligação perder alguns deputados, deixar cair somente os Deputados que votaram contra os ministros do BJT, mantendo assim no governo pelo menos um ministro na quota do PP. A mais que provável vítima vai ser a Ministra da Informação e Tecnologia, Ramongrak, acima na fotografia com Suthep nos bons dias do passado.
Isto tem também a ver com a mais que possível remodelação do governo que está em preparação em conjunto e que por si só voltou a desencadear algumas guerras dentro do partido Democrata pois há duas facções, que já se mostraram descontentes em anteriores momentos por não verem os seus membros beneficiados, que estão atentas ás oportunidades actuais.
Neste momento há uma caça ao lugar não só os dos potenciais membros dos democratas remodeláveis como aos do PP que possam vir a sair. O que parece claro é que o BJT venha a sair reforçado desta mini turbulência com um rearranjo favorável para eles das pastas ministeriais. O BJT tem actualmente 3 ministros (economia, interior e obras publicas) enquanto o PP, que só tem menos 1 Deputado tem 2 ministérios (informação e tecnologia e indústria). O BJT parece interessado em largar a economia trocando pelos recursos naturais muito mais de acordo com os seus interesses de trabalhar projectos junto das comunidades locais que possam consolidar a posição do partido em futuras eleições. Com o ministério do interior controlam toda a máquina eleitoral e todas as províncias (os governadores são nomeados pelo ministro) e com o das obras públicas asseguram os fundos necessários para o financiamento eleitoral. O ministério da economia está fundamentalmente focado nos aspectos do comércio internacional o que não permite a Nevin & Co acrescentar muito na sua estratégia de ser um partido que tenha um substancial crescimento em próximas eleições.
O sistema político partidário tailandês não assenta em questões ideológicas ou de grandes objectivos para o país mas sim em interesses monetários e no caciquismo dos grandes senhores locais. Quem melhor do que ninguém isto entendeu foi Thaksin quando em 2001, depois de ter lançado o Thai Rak Thai analisou o que tinha de fazer para ganhar as próximas eleições e basicamente "comprou" todos esses barões locais (entre os quais veio Nevin) para juntar naquele partido todo os caciques capazes de lhe darem as maiorias absolutas que conquistou posterioemente.
Assim se faz política partidária por aqui. Será muito diferente de outros locais no Mundo?
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Amar a Natureza
Reconciliação
Transcrevo, em tradução minha, a última parte do seu artigo.
Se há uma palavra que descreve algo pior do que "falhar", essa palavra estaria ligada ao nosso patético sistema de educação.
O estudo da nossa própria história foi retirada do currículo nacional, a disciplina moral, formação do caráter e firmeza ética já não são o foco do nosso currículo.
Como tal, o dinheiro é o único motor principal de nossa motivação.
As pessoas vão produzem nada, mas fazem tudo, para obtê-lo.
Não vão parar, mesmo quando se trata de abusar da sua autoridade, não importa quão grande ou pequeno. Os políticos e seus amigos foram os principais beneficiários desta cultura dinheiro.
Então, talvez seja inútil falar sobre a reconciliação nacional sustentável, enquanto os nossos próprios factores Moynihan (referencia a Daniel Moynihan) não forem abordados pelo governo e pela sociedade.
A nossa sociedade é uma comunidade com extrema necessidade de unidade de propósitos e de interesses, algo que não é tão banal como o dinheiro e riqueza.
É o que Sua Majestade está sempre tentando dizer nos. E nós nunca tomamos cuidado em ouvir.
O debate de ontem no Parlamento e as guerras que agora estão a continuar para remendar as brechas na coligação no poder são excelentes exemplos do que a autora refere. O cimento para fechar essas brechas é tão somente o dinheiro nada que tenha a ver com o interesse dos cidadãos ou do país.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Moção de Censura (2)
Foi inútil pois como referi nada mais aconteceu do que a oposição acusar o Governo e este negar as acusações. Não se pode observar nenhum debate político sobre os problemas que o país enfrenta.
Os únicos factos políticos importantes foram dois.
Não se observou a apregoada divisão no seio da oposição como o demonstra o número de votos. O Pheu Thai detém 189 Deputados num parlamente de 480 membros e, mesmo sem que todos estivessem presentes, a menor votação que conseguiu foi a de 186 votos exactamente contra o PM Abhisit.
Havia 5 Ministros que eram especialmente visados neste debate. O PM Abhisit, o Vice Suthep, o Ministro das Finanças Korn, o do Interior, e líder oficial do Bhumjai Thai, Chaowarat e o dos Negócios Estrangeiros Kasit.
Todos passaram na votação sendo que Kasit e Chaowarat obtiveram menos de 240 votos (metade do hemiciclo), 239 e 235 respectivamente. Abhisit foi o mais votado com 246. O resto foram abstenções e votos brancos.
A oposição manteve-se assim basicamente unida na votação ao contrário do que vários jornais diziam insinuando haver um número importante de Deputados tentados a "saltar" de bancada votando contra o seu partido.
O outro facto importante foi uma brecha que se abriu na coligação governamental e que se reflectiu no facto de Chaowarat ter sido o Ministro menos votado. O Puea Pan Din (32 Deputados), partido que disputa com o Bhumjai Thai (33 Deputados), grande parte do mesmo eleitorado aproveitou o momento para atacar o Ministro do Interior de tal modo que o número dois no Ministério dos Transportes, também do Bhumjai Thai, já afirmou que o PM tem de decidir com qual dos dois partidos quer ficar na coligação, já que "os dois não podem mais trabalhar em conjunto".
Chaowarat é um dos grandes magnates da construção civil, grande aliado de Thaksin durante os seus governos, e só foi escolhido como Ministro porque o seu filho Anutin, que como Nevin era um dos homens fortes do fugitivo ex PM, está banido da política até 2012. O Ministro era até tomar posse o presidente da Sino-Thai, pertença da sua família, e essa empresa é actualmente um dos fornecedores principais das obras públicas da administração Abhisit, e as acusações contra ele no debate eram sobre irregularidades nos contratos entre o governo e aquela empresa.
Aparte estas pequenas feridas que acabarão por ser saradas com um tratamento especial chamado favores, o debate nada adiantou sobre aquilo que seria importante adiantar.
Oportunidade perdida.
M.R. Sukhunbhand no FCCT
Já uma vez me referi ao excelente trabalho desempenhado por M.R. Sukhunbhand quer durante a manifestação da UDD, onde sempre tentou preservar o melhor que podia os destinos da capital, quer no pós 19 de Maio quando em pouco mais de três dias limpou as ruas das marcas deixadas por 2 meses de ocupação.
O Governador falou ontem com grande emoção sobre o seu trabalho para reconstruir a cidade e para recuperar as feridas deixadas entre os seus habitantes. Nunca da sua boca saiu uma acusação a ninguém e sempre falou no plural usando o "nós" quando se referiu a tudo inclusive aos incêndios que deixaram a cidade a arder.
Começou por dizer que no seu entender tinha sido o período mais triste dos 227 anos da cidade e comparou com a destruição de Ayudhya mas disse que naquela altura podiam apontar o dedo aos birmaneses mas agora "tínhamos sido nós próprios a destruir a nossa terra" e não poderíamos acusar nenhum invasor.
Falou longamente nos planos para recuperar a cidade e para tornar aquilo que era designada a zona vermelha numa área enobrecida da cidade e de todos os esforços do governo da capital para ajudar todos os que foram prejudicados com os acontecimentos de Março/Maio.
Referiu uma questão importante que raramente se vê na comunicação social. Disse que diariamente pela manhã a manifestação de Rajaprasong contava pouco mais do que 1.000 pessoas mas que esse número começava a engrossar a partir das 6 da tarde e que por volta das 9 chegou algumas vezes a atingir os 70.000. A partir disso afirmou que um dos trabalhos grandes na cidade é o de sarar as divisões entre as famílias, os colegas de emprego, os amigos visto no seu entender àparte o núcleo duro que veio de fora da capital o grosso dos manifestantes, tal como os que se manifestavam contra os "camisas vermelhos", eram gente de Bangkok.
No período que se seguiu, de perguntas e respostas o tema que era de esperar apareceu. O seu papel nas negociações, e o seu, conhecido de muitos, encontro com Thaksin.
Sobre o primeiro o Governador disse que após os acontecimentos de 10 de Abril entendeu que era seu dever como "zelador da cidade" fazer algo em seu benefício e assim entendeu entrar em contacto com os líderes da UDD. Disse ser um homem do passado e acreditar muito que os problemas têm de ser discutidos cara a cara e não através de intermediários e que não via isso estar a acontecer. Avistou-se por várias vezes com Khun Nathawut, como referiu, e acordou com ele vários passos possíveis para melhorar o funcionamento da cidade como algumas aberturas de corredores e de espaços neutros. Posteriormente transmitiu as suas conversas ao PM que lhe disse para continuar, até um dia, 8 de Maio, em que recebeu uma mensagem para parar.
Quando lhe perguntaram sobre se era verdade que tinha ido ao Brunei encontrar-se com Thaksin, parou um momento para reflectir para dizer o seguinte: "acredito que quando o Senhor X é o responsável por tudo o que acontece, se queremos resolver a situação é necessário ir falar com o Senhor X", para continuar afirmando que se entender que devo fazer alguma coisa só o faço com o conhecimento do PM. Esta frase despoletou uma nova questão sobre a capacidade do actual PM sobreviver á presente crise.
M.R. Sukhumbhand, que é um potencial sucessor de Abhisit no caso de este "cair", já que é uma figura de topo do partido Democrata, disse que um dos problemas que o PM tem actualmente é que não tem interlocutores com quem falar. "Os líderes da UDD estão atrás das grades. Arissaman, não obrigado! O Senhor X (nunca disse o nome de Thaksin) é actualmente considerado um terrorista". O governo tem agora de arredondar os cantos do quadrado que construiu (em inglês: round the corners of the square it created), concluíu.
Acabou a sessão recebendo uma grande salva de palmas mas antes "requereu" que a Polícia passasse a estar dependente do governo da metrópole pois no seu entender poderia servir o público muito melhor uma indirecta à sempre controversa actuação daquela força de segurança.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Moção de Censura
O Pheu Thai lançou uma moção de censura contra o governo do PM Abhisit Vejjajiva concentrada principalmente na responsabilidade do próprio e do seu Vice Suthep naquilo que chamam o "ataque à UDD e ao acampamento de Rajaprasong".
É de saudar que os debates sobre as questões pertinentes do país se façam no Parlamento pois a casa da Democracia deve ser, ao contrário da rua, o local privilegiado para se dirimirem diferenças de carácter político.
Um dos problemas que vem acontecendo na Tailândia desde há vários anos é que o debate político é feito na rua e dessa forma diminui-se o papel do Parlamento e do sistema político partidário em geral. Em 2008 vimos o PAD ocupar Bangkok e lutar contra os governos de Samak e Somchai durante 192 dias a fio e em 2009-2010 vimos a UDD trazer também para a rua a luta contra o governo de Abhisit. Em ambas as situações o papel dos deputados dos partidos na oposição foi desprezada e toda a força foi canalizada através destes movimentos de rua com as consequências desastrosas que são de todos conhecidas.
Aplaude-se assim a moção de censura por vir trazer de novo o debate para dentro dessa casa que deve ser a da Democracia.
Contudo este debate de dois dias acaba por não parecer mais do que um debate de surdos. A oposição ao governo, que como disse pretende mostrar a responsabilidade do Governo e das suas duas principais figuras nos acontecimentos de 10 de Abril e 19 de Maio, mostra evidencias, por eles recolhidas, da acção das forças armadas, alegadamente em violação dos preceitos anunciados pelo governo, o que este nega.
Um dos argumentos da oposição é a de que os fogos quer no Central World quer no Siam Theatre ocorreram quando os soldados já controlavam ambas as posições, acusando assim os militares de ou serem os autores ou serem desleixados no cumprimento do seu dever. O outro tema central tem girado à volta dos corpos que foram encontrados no templo Pathumwanaram e de quem terá causado as mortes daqueles que estavam num local considerado terreno neutro e livre de violência.
Ontem o debate terminou passadas as 2 horas já desta madrugada mas pouco mais se pode concluir do que as acusações de um lado e as negações do outro.
Hoje segue o debate e faz-se votos para que o tom se eleve. O país necessita de respostas dadas pelos políticos que elegeu não por "líderes" de movimentos de rua.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Em Champasak com a Soviet
Situa-se no Sul do país numa zona já de influência khmer, o facto nota-se não só pelo magnífico santuário de Wat Phu, mas muito também nas caras dos locais com os olhos bem mais arredondados e abertos do que os laocianos do Norte especialmente os da fronteira com a China. Para além dessa nota-se também a influência vietnamita fundamentalmente no sector agrícola e industrial.
O Laos é um país de grande dimensão mas com pouca população (menos de 6,5 milhões) e onde coexiste a par com o comunismo o budismo theravada.
O mae nam Khong, como se diz em tailandês, tem tantas caras que é impressionante. Já o vi em Chiang Rai, Luan Prabang, Vientiane, Nakhon Pathon, Mukdahan, Ubon e agora em Champasak e nunca deixa de me encantar mas é aqui que ele apresenta para mim a maior variedade de facetas.
Felizmente para o visitante Champasak ainda é pouco conhecida e pouco explorada turisticamente. Daí vem uma característica fundamental - a força da natureza em toda a plenitude que nem as foices e martelos, presentes na bandeira do Partido e omnipresentes, conseguem destruir.
A Soviet tem como todas as laocianas o cabelo comprido e um sorriso muito feminino pois segundo reza a cartilha comunista uma mulher não pode ter o cabelo curto para se não confundir com um homem. Para além disso tem uma simpatia que nos encantou. Um pequeno aviso: se não se conseguir falar tailandês, língua bastante semelhante ao lao, é difícil a comunicação.