quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Em Frente é o Caminho

Já fui "acusado" por muitos de mandriice pois não escrevo nada há dias.

Kho tot krup, como se diz em Tailandês, mas na realidade tenho andado atarefado e tenho que reconhecer com alguma preguiça também até porque acredito que esta desculpa de que tenho muito que fazer não é suficiente. Quando se quer encontra-se sempre uns segundos para olhar para outro lado e para ver aquilo que se passa ao lado.

O dia a dia tailandês não tem trazido nada de grande excitação e pouco tem na realidade acontecido.


As águas desceram em volta da capital, até já nem se fala em crocodilos ou cobras, uma grande quantidade de zonas do norte da cidade retomaram a vida com as gentes agora dedicadas à limpeza e restauro dos bens afectados.

Há contudo ainda, fundamentalmente a Oeste da capital, Nonthaburi e Pathun Thani, zonas ainda com bastante água e cujos residentes continuam a não conseguir voltar para casa. Os que o conseguem fazer deparam-se com cenários pouco afortunados da destruição que as águas trouxeram ao interior de suas casas e do dano causado nos seus pertences que não conseguiram pôr a salvo.

Tem havido contudo um muito forte sentido de entreajuda entre as pessoas e enorme colaboração das instituições quer públicas quer privadas que visa amenizar os estragos e perdas sofridas. Vai contudo demorar ainda uns tempos a repor a situação anterior nessas zonas.


No sector económico nota-se a enorme força do tecido empresarial que rapidamente tem colocado mãos à obra para retomar a actividade produtora. Um desses sinais é o arranque, hoje mesmo do Salão Automóvel sendo que são conhecidas as enormes perdas havidas no sector. A Honda, por exemplo, procedeu ontem ao início da destruição de largas centenas de veículos que ficaram aprisionados na sua fábrica de Ayuthaya e que são irrecuperáveis. Muitas linhas de produção, aqui e um pouco pelo mundo, tiveram de encerrar ou suspender a actividade devido ao facto de não haver peças e componentes para poderem funcionar. A pouco e pouco a retoma da normalidade vai crescendo e já se prevê uma forte na economia para 2012.

Assim é a tenacidade deste povo e a pujança desta economia.

Todos os anos tem havido um forte abanão mas a recuperação e a capacidade de "dar a volta" é notável.
Dá gosto ver empresas, trabalhadores, empresários, e os sectores oficiais, sejam eles civis sejam militares capazes de "arregaçar as mangas", quando tal é necessário ponde de lado as tradicionais cores da discórdia tailandesa.

Quando é o povo e a sociedade civil a tomar conta do seu destino todos remam para o mesmo lado caso que não se passa quando os políticos começam a querer mostrar-se.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Amnistia

Um sinal do retorno da normalidade, ainda que a situação das cheias não esteja por completo debelada, é o regresso da querela política e, como quase sempre em redor da figura de Thaksin.

O ex PM continua a ser um fantasma permanente nas mentes de muitos e acaba por quase tudo girar à sua volta vendo-se assim o tremendo impacto que ainda causa.

Demónio para muitos e anjo para os restantes, Thaksin continua a dominar a cena politica e social no país que por sua vez volta a mostrar as suas profundas divisões facto bem alimentado pela comunicação social extremamente enfeudada a interesses particulares e bem alheia em relação ao interesse geral.

A peça que agora faz as manchetes foi o facto de o Conselho de Ministros ter aprovado uma proposta de lei de amnistia para ser aprovada por SM o Rei e aplicada por ocasião do seu 84 aniversário no próximo dia 5 de Dezembro.

Tal Conselho de Ministros foi orquestrado de forma desastrosa. Antecipadamente preparado para que Yingluck não estivesse presente (alegadamente retida no centro do país onde inspeccionava a recuperação em curso pós cheias), segundo Vice PM, Chalerm, um homem de "fala grossa e directa", presidiu e introduziu um novo item na agenda que foi a dita proposta de decreto lei que propiciará uma amnistia. Ao mesmo tempo solicitou ao pessoal administrativo presente na sala para que saísse criando um clima de secretismo ou de se estar a fazer algo "clandestino" o que, obviamente, foi de imediato aproveitado pela oposição.



As acusações vieram de imediato que o decreto tinha por objectivo único amnistiar Thaksin já que de forma diferente do que anteriormente foi proposto pelo Governo de Abhisit permitia que quem não estivesse detido pudesse ser integrado no grupo de pessoas a amnistiar.

De igual modo tal fez de novo levantar vozes pró e contra nos movimentos de rua tendo já as duas facções antagónicas prometido mobilizar todas as "suas tropas" para defender ou atacar o que quer que seja.

Sinais de que o país volta de novo a concentrar-se sobre questões menos relevantes e que a politiquice volta ás primeiras páginas.

Na realidade ao acto do governo faltou clareza de forma e acabou por ser feito de uma forma atabalhoada, infantil e imatura e é criticável.

Devemos contudo lembrar que durante o governo de Abhisit foram preparados dois projectos de decreto de amnistia por ocasião dos aniversários natalícios do Rei, facto que acontece todos os anos, e sobre aqueles decretos disse o próprio PM na altura que "estava assegurado que Thaksin não seria abrangido" pela proposta de amnistia.

Quer uns quer outros actuam em função de um senhor e não em função dos interesses do colectivo. Uns fazem contra Thaksin e os outros a favor e ambos estão profundamente errados.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Les Uns et les Autres

As cheias têm dominado e ocupado quer as notícias quer as cabeças de todos no país com especial foco em Bangkok.

Um dos pontos a realçar tem sido o "pânico" (uso a palavra de que não gosto por isso a coloco entre aspas) das gentes da cidade em contrate com a muito maior serenidade daqueles que pouco têm a perder mas cujas casas e vidas têm sido fortemente abaladas pelas cheias.

A zona onde vivo por hábito inunda sempre que há uma chuvada mais forte e rapidamente se atingem uns bons 40 cm de água. É normal tal acontecer várias vezes durante o tempo das chuvas mas nunca vi lá serem colocados sacos de areia nem erigidas barreiras de protecção. Vive-se assim sem temores sem alaridos e a água vem e vai de forma natural. As zonas ribeirinhas do rio Chao Praya todos os anos por esta altura são tomadas pelas águas na maré alta e as pessoas descalçam os sapatos, arregaçam as calças e avançam água dentro sem mais pensar. Assim é viver numa cidade que está 2 metros acima do nível do mar (há zonas como Ramkhameng que inclusive está abaixo desse nível) numa cidade cheia de canais para onde todos os anos as águas excedentárias das chuvas vindas do Norte acabam por confluir.


Vezes sem conta as ruas interiores da zona de Sukhumvit, Ekkamai, On Nut, Lat Krabang, etc são tomadas pelas águas que em muitas alturas chega a atingir os 50 cm mas isso não faz com que a actividade da cidade pare.

É um facto que este ano houve excesso de água. O centro do país tornou-se um enorme oceano, por muitos e variados factores aos quais não estão de modo algum dissociadas as indecisões deste governo e do anterior quanto a saber gerirem em tempo adequado as águas acumuladas nas grandes barragens do Norte do país. As chuvas anormais, dizem mais 50% do que o normal, também contribuíram para isso.


Perante este cenário, por muitas vezes aumentado por uma comunicação social ávida de vender notícias, várias zonas da cidade (fundamentalmente a periferia) acabaram por se verem inundadas, com as águas procurando o caminho do mar, com os enormes prejuízos para as pessoas e para o funcionamento da cidade.

Contudo pior do que as cheias parece-me ter sido o tal "pânico" que se apoderou (a par com muitas demonstração de exibicionismo que tal proporcionou) das gentes urbanas.

Nunca vi o centro desta cidade tão seco como agora. Os esforços (louváveis ou não) deste governo para poupar no fim os eleitores da oposição (os ricos urbanos de Bangkok) conseguiram afastar qualquer gota de água do centro da cidade onde por outro lado se vêm frequentemente verdadeiros "bunkers" erigidos pelos timoratos urbanos com falta de capacidade de pensar pelas próprias cabeças e excesso de dinheiro para gastar na construção dessas muralhas (desnecessárias). Presenciei o facto mais relevante mesmo na rua onde moro. Um banco construiu um verdadeiro forte à volta da sua sede com muralhas de cimento de mais de 2,5 metros de altura reforçadas com cerca de 1 metro de sacos de areia empilhados à sua volta quando mesmo ao lado há um mercado de rua, como existem por toda a cidade, que nem um grão de areia nem um milímetro tem a protegê-lo. Como a protecção daquele banco existem muitas mesmo muitas outras. Estou agora curioso para ver onde vão ser colocados os sacos de areia quando tudo isto terminar não vá acontecer, como já muitas vezes vi, atirarem-nos para os esgotos causando assim o seu entupimento e então terão cheias sem protecção.


Esta diferença de atitude entre aqueles que se pavoneiam com as suas botas altas e coloridas (que têm feito capas de revistas da alta sociedade) e os que sem sapatos enfrentam as águas são bem os sinais destas cheias.

O essencial é que, infelizmente, muitas pessoas pereceram (533 até agora) embora a grande maioria tenha sido por electrocussão devido ou à teimosia em não abandonar áreas de risco ou por total descuido ao continuar a manter ligados e a manusear aparelhos eléctricos em casas totalmente submersas.

Para além disso os prejuízos para a economia são grandes e sérios mas a capacidade das gentes em levantar-se e caminhar em frente de novo é ainda maior. Hoje mesmo um dos mais importantes empresários do país que viu muitas das suas operações interrompidas, o que não o impediu de ter estado na primeira fila dos largos milhares de voluntários que ajudaram os menos favorecidos, disse que estava confiante que a economia do país cresceria fortemente no ano de 2012. Também as boas notícias de que várias fábricas na zona de Ayuthaya retomaram a actividade do mesmo modo que muitos outros sectores da economia anunciaram o regresso à normalidade e a reabertura de áreas até há dias inundadas, vão animando as pessoas. No que respeita a antiga capital do reino diga-se que as águas estão em recessão e ontem iniciou-se uma operação de limpeza onde milhares de voluntários se juntaram para devolver, o mais rapidamente possível, a Ayuthaya o sorriso que merece.

Nos meios de comunicação social de hoje vêem-se muitas boas notícias sobre o retomar de actividades em vários sectores e zonas da cidade, a par de um retomar das querelas políticas como manchetes o que denota um certo "regresso á normalidade".

Para a próxima estação, pois as cheias e as secas fazem parte da vida deste povo, deveriam oferecer-se estágios na província às gentes de Bangkok e assim talvez fossem mais comedidos e mais sábios a lidar com as águas bem essencial num país que é um dos maiores produtores de arroz do Mundo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Mais fotos das Cheias

Pizza a domicílio

Protecção total

Nada como um bom descanço

Adicção total

Pausa para refeição

Uns Disfrutam outros Sofrem













Nong Nam

Vindas de forma violenta do Norte, após as absurdas e tardias descargas das águas das barragens nortenhas, e do céu, as águas acomodaram-se nas planícies centrais de Ayuthaya, Pathun Thani e províncias adjacentes face à dificuldade de encontrar uma saída para o mar através da capital tailandesa.

Aí cresceram, aí se acomodaram e tudo inundaram e desde esse momento começaram a procurar de forma lenta mas segura as saídas.

A Tailândia sabe viver com as inundações já que elas existem todos os anos e são uma constante na vida das populações. Acontece contudo que normalmente as águas crescem e desaparecem a um ritmo sustentável diferente do que está a acontecer este ano o que faz com que na realidade se possa afirmar que, apesar desta permanente convivência, há um enorme grau de inexperiência e incapacidade para lidar com este tipo de desastres.

Inicialmente quando as águas se começaram a depositar e acomodar nas planícies centrais todos pensaram que seriam capazes de suster o seu ímpeto e elas acabariam, como de costume, uma ou outra semana mais, a "largar" as populações, mas assim não aconteceu e a incapacidade (incompetência) veio ao de cima aliada aos primeiros sinais de disputas políticas entre as várias facções da sociedade sempre tão prontas a obter ganhos seja qual for a situação.

O governo mostrou a sua fraqueza e falta de liderança até porque mesmo que a jovem Primeira-Ministra fosse capaz de dar dois murros na mesa muito presumivelmente não teriam eco visto os interesses contraditórios quer entre elementos da coligação no poder quer entre esta e a oposição estarem a vir "à tona da água" nestas inundações.

Curiosamente o melhor aliado do governo nestes momentos difíceis têm sido os militares que de uma forma abnegada e sem fazer alarde do seu trabalho vão ajudando tanto quanto podem as populações.

O FROC (Flood Relief Operations Centre) cedo se viu envolvido em contradições e em disputas de liderança e a PM teve por várias vezes de mudar a direcção e alertar para que só o FROC podia falar e emitir comunicados sobre a situação. Mesmo assim vai-se ouvindo, aqui e ali, comentários contraditórios e dispersos vindos de diversos políticos sempre no sentido de atraírem a atenção dos "media" e de jogarem cartadas obscuras que só eles saberão o que querem mas que a todos confunde e em nada ajuda a situação.

Os falhanços até agora em conter as águas em movimento já causaram à economia do país mais danos do que o encerramento do aeroporto e a crise dos "camisas vermelhas" juntos e vai ter consequências a médio prazo para o país. Variados parques industriais totalmente alagados e inoperativos causaram perturbações em vários sectores da indústria aqui e em muitos cantos do planeta. Um exemplo é o facto de haver fábricas da Toyota, Honda e Sony (entre as que conheço), do Japão aos Estados Unidos, que tiveram de parar a produção por falta de peças. Outro exemplo é o preço dos discos para computador (a Tailândia é o segundo maior produtor mundial) que subiu em flecha dado se terem tornado bens raros e difíceis de obter tendo reduzido a produção mundial de computadores.

Neste momento luta-se para tentar salvar mais dois parques industriais no leste da capital onde as águas já entraram e continuam a subir.

Outro dos exemplos da perturbação causada á economia pelas cheias é o facto de haver inúmeros pequenos negócios fechados pois ou estão alagados ou os seus donos ou funcionários impossibilitados de estarem presentes visto viverem em zonas submersas. Conheço pessoalmente um número bastante grande de pessoas deslocadas ou retidas em casa pois ou conseguiram sair a tempo e encontraram albergue em casa alheia ou não o fizeram e agora não existem condições para saírem de casa e retomarem uma vida diária normal.

As permanentes "guerras" entre o Governo da cidade e o Governo do país no que respeita o que fazer (note-se que são encabeçados pelas duas principais forças políticas opostas) só tem adiado o encontrar de soluções para o escoamento das águas e feito com que sejam estas a desbravarem os seus caminhos em direcção ao mar.

Por enquanto o centro da cidade está seco e bem seco (quase todos os anos vejo muito mais água mas esta proveniente da chuva e portanto ocasional) mas o lençol de água, que pude constatar vendo do ar ser um verdadeiro "oceano", está bem próximo e a ganhar alguns metros diariamente e parece muito provável que essas zonas acabem por não escapar aquilo que os tailandeses chamam a "nong nam" expressão que se pode traduzir pela "marota da água".

Não quero criticar nem este nem aquele pois o mais importante neste momento será dar as mãos a todos e ajudar os que necessitam mas é um facto que uma vez por todas os políticos no país deveriam pensar no bem comum, nas necessidades dos que sofrem, no país e deixarem as disputas políticas para mais tarde.

O momento é de ajudar e não de disputar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Gregos e Troianos

As pessoas são na realidade difíceis de contentar e é um facto que não há uma solução que a todos satisfaça.

Com é do conhecimento a Tailândia tem vivido as piores cheias de que há memória para a maioria da população.

Desde há quase um mês que as autoridades, em conjunto, têm vindo a lutar para impedir que o mar de água que existe na zona a Norte da capital alague esta e provoque o caos em Bangkok.

É verdade que as populações de várias províncias (Nakhon Sawan, Ayuthaya, Pathum Thani e adjacentes) têm vivido debaixo de água nalguns casos com mais de 2-3 metros de altura mas o facto é que não foi feito nada ou não foi possível impedir que as águas vindas do Norte ali chegassem.

Inundadas essas províncias, como disse ou por inabilidade das autoridades ou impossibilidade de tal impedir, havia que fazer esforços e intervir para poupar a capital e assim o governo com um forte apoio dos militares e de todas as agências implicadas na matéria e ainda com os conselhos do Rei (como se sabe um profundo conhecedor da matéria) que nestes últimos dias recebeu por duas vezes a Primeira-Ministra Yingluck, deram as mãos e puseram em andamento vários projectos que vieram a mostrar-se eficazes e pode dizer-se com uma forte probabilidade de certeza que Bangkok está a salvo.

Com hoje se constata nos jornais já começaram a aparecer as vozes daqueles que estão contra e é interessante ver que essas vozes não vêem daqueles que têm algum capital de queixa, as populações afectadas, mas daqueles que se sentam comodamente numa poltrona em Bangkok, com os pés bem secos, mas aproveitam o momento para disparar em direcção ao Governo que "os salvou".

Um dos mais fortes comentários vem de um professor de uma universidade local conhecido pelo seu perfil extremamente reaccionário e grande apoiante do movimento amarelo onde sempre se fazia ouvir que não entende porque é que o governo "poupa a capital mas deixa outras províncias debaixo de água", isto para além de uma cruzada que faz contra a "incompetência e falta de liderança da PM".

Compreende-se que agradar a todos é sempre uma tarefa difícil mas aproveitar um momento em que há um desastre como este e em que as forças políticas, os militares e todo o aparelho de estado, com o forte apoio do Rei, arregaçaram as mangas e lançam-se à obra de salvar o que podia ser salvo, é no mínimo sintomático dos interesses "dessa gente " (expressão minha) que não merece mais do que desprezo.

A comunicação social teria também um papel importante a não dar cobertura a esse tipo de comentários mas assim não procede. Por exemplo no The Nation hoje há um artigo onde um conjunto de académicos também se mostra descontente com algumas medidas tomadas pelas autoridades mas fá-lo de uma forma correcta e técnica apontando outras possíveis soluções para algumas áreas o que é nada mais do que um válido contributo, agora dizer mal só por interesses políticos e sem opções é doentio.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cheias

Saber trabalhar em conjunto, saber conhecer as diferenças, saber respeitar o outro são qualidades mostradas pelos dois principais líderes políticos do país nesta foto. A Primeira-Ministra e o chefe da oposição, ele próprio o último Primeiro-Ministro, em conjunto, mostram estar atentos aos problemas do país, neste caso as dramáticas cheias que a todos preocupam, e sabem que esses são muito mais importantes que as lutas pequenas da "politiquice" que por vezes tomam conta da cena politica.

Um belo exemplo de capacidade de construção da Democracia pois ela só vive e floresce quando o respeito entre e pelos políticos é observado.

As maiores cheias de que há memória

As maiores cheias de que há memória no país assim são descritas as que actualmente se vivem na Tailândia.

Para melhor compreender a questão há que entender que existe como que uma bacia natural, para onde grande número de rios confluem, que se situa na província de Ayuthaya, a pouco menos de 100 km a Norte de Bangkok.

Ayuthaya é uma enorme planície onde todas essas águas se juntam e grande parte delas formam o Chão Praya, o rio que banha Bangkok. Ora o Chão Praya corre para o Golfo da Tailândia mas não o consegue fazer quer com a velocidade desejada (o próprio Golfo está com as suas marés bem altas) nem sem que as águas saltem das margens.

Para além disso os terrenos fortemente saturados não conseguem escoar as águas que se vão juntando e acumulando criando imensas albufeiras por todo o centro do país.


As grandes barragens no Norte do país estão por sua vez na capacidade máxima e tiveram de ser aliviadas das suas águas retirando a pressão que o excesso de água pode causar rompendo as barreiras e criando um desastre de proporções inimagináveis.

No Domingo milhões de litros de água foram libertados da barragem Bhumiphom, na província de Tak, aumentando em muito o caudal dos rios que correm para Ayuthaya mas era impossível conter as águas visto a barragem estar praticamente a 100% da sua capacidade.


Os efeitos para a economia nacional são neste momento ainda incertos mas o Banco Central fala em 1% ou mais no PIB neste na. O certo é que existem neste momento inúmeras empresas (e alguns parques industriais) inoperativos afectando não só essas empresas mas a própria cadeia produtiva. A isso acresce o facto da uma das principais vias no país, a estrada nº 1 Norte-Sul, estar encerrada em vários pontos afectando de igual modo a distribuição de produtos. Também muitos trabalhadores se sentiram na obrigação de regressar às suas vilas de origem para ajudar a família a braços com o mesmo problema das cheias.

Governo e oposição têm estado a trabalhar em conjunto, um facto que muito se louva numa país politicamente tão dividido, no sentido de aliviar os problemas diários que se vão encontrando. Os deputados do partido no poder decidiram prescindir de 50% do seu salário para ajuda ás vítimas e por certo os da oposição e de outros partidos coligados seguirão o exemplo. O parlamento alargou de igual modo o montante que os partidos políticos podem atribuir em doações a terceiros.


A PM Yingluck tem estado 24 sobre 24 horas à frente das acções de socorro às vítimas, quer no terreno quer liderando os membros do governo e montou um conselho especial de emergência no aeroporto de Don Muang, a Norte de capital, uma localização mais próxima da realidade que se vive. Esta manhã a zona próxima, Rangsit estava já fortemente afectada e as águas do Chão Praya e todos os canais a ele ligados estão a descer rapidamente sobre Bangkok. Uma fotografia aérea esta manhã mostrada no Bangkok Post dava conta da forma como as zonas orientais e ocidentais da cidade estava já afectadas e os terrenos fortemente alagados. A zona central da cidade, por norma menos sensível a esta questão parece a salvo.

Como já referi o problema das cheias na Tailândia é uma questão que tem muito a ver com a pobre gestão dos recursos hídricos no país.

Todos os anos há nos mesmos locais cheias e secas o que ilustra bem a necessidade de urgentemente olhar para esta questão e tentar encontrar uma solução para o problema.

As visões de curto prazo têm imperado e todos os anos são tomados remédios para uma "dor de barriga quando na realidade o paciente tem uma forte infecção".

Astuto e com o sentido da oportunidade, como sempre, Thaksin dá hoje uma entrevista a um dos principais jornais onde mostra a necessidade de o país avançar com um sistema integrado de gestão dos recursos hídricos e mostra mesmo como ele pode ser feito sem usar grandes verbas e de alguma forma ter ganhos políticos com uma aproximação à China país com larga experiência na matéria. Thaksin, para além da sua astúcia, está a "falar de cátedra" pois em 2005 lançou um conjunto de programas de modernização das infra-estruturas do pais, onde se incluía precisamente a gestão dos recursos hídricos, mas não conseguiu levar por diante a iniciativa devido a ter sido deposto no ano seguinte e desde essa altura nenhum governo se preocupou com esta questão.

É na realidade hora de olhar para o desastre de este ano com olhos de futuro e iniciar os estudos necessários, aproveitando a grande sabedoria do rei rama IX na matéria, para que as cheias e secas não sejam "um facto da vida" mas um excepção num ano mau.

Entretanto para além dos enormes prejuízos a atingir números assustadores, havia a contar até ontem cerca de 270 vidas que se perderam.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As Cheias

Todos os anos na Tailândia passa-se sempre o mesmo problema.

Uma parte do ano há uma forte seca e na outra cheias. Desde que estou aqui no país nunca vi um programa sério para atacar este problema.

Em 2005 o então PM Thaksin Shinawatra lançou, com grande pompa, um conjunto de projectos, apelando ao investimento da comunidade internacional, chamados os "Mega Projects", entre os quais estava incluído um largo plano sobre a gestão dos recursos hídricos no país mas as dificuldades que pouco mais tarde começou a ter na sua governação e os interesses dos variados lobbies não permitiram que esses projectos fossem para a frente.

O governo de Samak Sundaravej, o primeiro eleito após o golpe de estado de 2006, anunciou também um grande plano de irrigação do nordeste e gestão das águas nessa região mas, de igual modo, esse plano não se concretizou e nada foi feito.

Os governos que se seguiram nada fizeram e, como o presente, o que mostram é só planos para apoiar as vítimas, planos que são sempre excelentes ocasiões para tirar umas fotografias que ajudam a angariar simpatias e votos.

Abhisit enfrentou em 2010 um ano de fortes cheias, passeou-se por todo o lado de barco e de helicóptero mas também nada mais fez do que distribuir umas ajudas pelos necessitados. Note-se que muitas vezes essas mesmas ajudas são distribuídas através dos Deputados ou candidatos locais, o que levanta sempre grandes dúvidas sobre a honestidade desses actos e fica sempre um sentimento de que a maioria dos dinheiros atribuídos acaba não nos bolsos dos que necessitam mas nos daqueles que dizem ajudar.

Mais uma vez se repete a cena e este ano não só as cheias chegaram um pouco mais cedo como são das maiores de há muitos anos persistindo desde os finais de Julho.

Até ao momento já morreram mais de 170 pessoas em acidentes vários e pode dizer-se que o centro do país, as confluências dos rios Nan e Yom, está submerso.

Desde a província de Nan até à de Ayuthaya há lagos milhares de quilómetros quadrados debaixo de água com as consequentes perdas humanas, como referi, e materiais presentes e futuras pois sendo a Tailândia um país com uma muito forte componente agrícola as colheitas estão perdidas ou fortemente reduzidas. Esta questão traz consigo outros problemas sociais e um estudo recente atribuiu o aumento do tráfico e consumo de drogas ao facto de muitas populações afectadas pelas cheias e que se vêm sem meios recorrem ao "dinheiro fácil" dessa actividade para sobreviver.



Até há dias o Norte do país, províncias de Chiang Rai e Chaiang Mai, tinha de alguma forma sido poupado, mas ontem o rio Ping saltou das margens e o centro de Chiang Mai rapidamente foi inundado tendo algumas áreas visto a água subir 80 cm. Para quem conhece a cidade basta notar que o "Night Bazaar", que fica umas boas centenas de metros afastado do Ping, chegou a ter água com mais de 50 cm de altura.



Bangkok ainda está "com água pelos lábios". O normal é no final de Outubro ver o Chao Praya subir para níveis acima do limite mas este ano estamos a ver que tal não só está a chegar mais cedo como é bem capaz de atingir proporções maiores do que em anos recentes. Ontem na zona ribeirinha em frente ao Templo da Madrugada (Wat Arun) já não se passeava sem ter de descalçar os sapatos e conviver com uns bons 10-15 cm de água.

O Bangkok Post hoje em título fala das piores cheias de sempre.

Até quando os políticos no país vão continuar somente a fazer de enfermeiros das vítimas e nenhum ousa fazer um claro diagnóstico da doença e aplicar as necessárias medidas preventivas?

A sorte, deles, é que o povo tailandês tem uma capacidade de resistência impar e convive com a água e com este tipo de problemas há muito.

Vira o Disco e toca o mesmo




Ontem uma estação de rádio cortou abruptamente o programa quando o apresentador estava a falar do facto do Ministério Público ter decidido não apelar contra a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de absolver a ex mulher de Thaksin no caso de evasão fiscal em que tinha sido condenada faz 3 anos.

Potjaman na altura tinha sido condenada a três anos de prisão visto ter sido considerada culpada na falta de pagamento de impostos num dos casos contra ela.

Apelou soube esperar pela mudança da maré e acabou recompensada.

Como muitas vezes se diz em Portugal só as moscas mudam.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Justiça?

Já por várias vezes me referi ao caso Santika como um exemplo de mau serviço à Justiça.

Relembrando: na noite de 31 de Dezembro de 2008 na zona de Ekkamai em Bangkok muitos celebravam o entrada do Ano Novo num clube com o nome Santika. O fogo tomou conta da velha instalação, houve pânico, pessoas tentando encontrar as saídas de emergência, enfim o normal numa situação daquelas e tudo terminou com a destruição do edifício a morte de 66 pessoas e ferimentos e queimaduras em muitas mais algumas das quais ainda hoje estão desfiguradas e não conseguem retomar a vida normal que até esse momento tinham.

A Polícia tomou conta da ocorrência, iniciou as investigações e tudo se arrastou até ontem. Entretanto na altura o Ministério do Interior elaborou também um inquérito onde se fazia referência à total falta de regras de segurança no local, à não existência de licença para operar e ao facto de estarem envolvidos no funcionamento do clube altas patentes da Polícia (o que sempre acontece) e funcionários da municipalidade.


As investigação começou a criar a ideia no público que tudo tinha sido causa da inadvertência do líder da banda que actuava no local (com o nome fatídico de Burn) nunca se referindo nem à falta de inspecção pelos bombeiros ou outros agentes de segurança do governo de Bangkok nem ao facto de serem conhecidas muitas e variadas irregularidades no funcionamento legal do clube.

Ontem o Tribunal decidiu o caso condenando o responsável da empresa que instalou o sistema de som e luz no local e um dos gerentes (fala-se que na realidade era o arrumador de carros do clube) do clube a 3 anos de cadeia e 20.000 baht (500 euros) de multa sendo que saíram ambos em liberdade com uma caução prestada na altura.

Conseguir uma pena de três anos de cadeia, com liberdade condicional, pela morte de 66 pessoas e a desfiguração e destruição da vida de muitos, dá para pensar não só em termos absolutos como em termos relativos com outro tipo de penas que são aplicadas no país.


Quem ousar dizer ou escrever algo que a elite dominante no país não gostar arrisca-se a pelo menos 15 anos de cadeia e há presentemente muitos exemplos disso. Quem possuir umas gramas de drogas arrisca a pena capital ou pelo menos 20 anos de cadeia. Há neste momento cerca de 700 pessoas no "corredor da morte" e a grossa maioria é por casos relacionados com drogas. Agora mesmo há 60 pessoas, camisas vermelhos "menores" ou simplesmente porque estavam no local errado no dia errado e que foram apanhadas no meio da confusão dos incidentes de Abril/Maio de 2010, encarceradas ainda sem acusação e os "senhores" do Santika são libertos.

Esta "justiça" dá muito que pensar!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Uma data para reflectir.

Neste mesmo dia há 5 anos o general Sonthi Boonyaratglin, então Chefe do Estado Maior do Exército e actual Deputado eleito pelo partido Matubhum do qual é o fundador e líder, liderou um movimento para derrubar o governo eleito de Thaksin Shinawatra.

Sondhi B., como é conhecido para se distinguir do líder amarelo Sondhi L., foi o primeiro e único Muçulmano que chegou à posição de chefe do exército e é considerado um bilionário que segue mais a sua fé do que as leis do país como o demonstra o facto de ser conhecida a sua situação de bígamo (Sondhi tem duas mulheres) o que é proibido pela lei tailandesa mas o general nunca foi levado a juízo por isso.

Nesse dia em 2006 os militares saíram à rua pela calada da noite e, sem oposição, tomaram conta das posições chaves da governação depondo o então primeiro ministro Thaksin Shinawatra.

Este último encontrava-se em Nova Iorque a participar na Assembleia-geral das Nações Unidas e o golpe pode consumar-se rapidamente e sem nenhuma oposição. Nessa mesma noite, já por volta da 1 da manhã do dia 20, o Rei Rama IX recebeu Sondhi no palácio em Bangkok e desse modo "terminaram" as acções do golpe de estado. Recorde-se que faz também hoje três anos que o monarca tailandês está recolhido no hospital Siriraj de modo a melhor poder ser acompanhado pelos seus médicos e pessoal de enfermagem que cuida da sua saúde.

O golpe de 2006 tinha por objectivo destronar "o poder corrupto de Thaksin e devolver a democracia ao povo".

Na Tailândia há uma noção estranha de que quando o sistema democrático não funciona, por deficiências do próprio sistema ou por falta da sua aplicação correcta e eficaz, a solução é a intervenção dos militares ou do sistema judicial para interromper o normal funcionamento da democracia e recomeçar de novo estilo "rewind and reset". Assim tem sido ao longo do conturbado processo democrático tailandês que já conta com 18 golpes levados a cabo ou tentados e 17 constituições tudo isto em 79 anos de monarquia constitucional


Passados 5 anos muitos olham para trás para o golpe de 2006 e perguntam-se qual foi o benefício para o país.

É muito mais fácil escrever sobre as coisas que falharam no pós-golpe do que sobre os méritos daquela acção e os próprios militares sabem bem o custo que isso teve para o prestígio deles e para o país.

Nos 5 anos que se seguiram o país foi incapaz de condenar Thaksin a mais do que um simples conflito de interesses (hoje mesmo em causa pois o motivo da condenação acabou por ser recentemente considerado nulo, cassando portanto a causa, pelo Supremo Tribunal de Justiça), foi incapaz de reformar o sistema político e viu o partido de Thaksin ganhar duas eleições (2007 e 2011) e viu de igaul modo o país cair numa profunda divisão interna com os confrontos que são conhecidos e as consequências que irão levar muitos anos a solucionar.


Após 19 de Setembro de 2006 o país teve uma nova Constituição que em si é menos democrática do que a anterior e basta ver dois artigos para comprovar isso. Um estabelece imunidade total para os autores do golpe de 2006 e outro cria uma câmara, o Senado, em que metade dos seus membros não é sujeito a eleição mas sim nomeados por agências do estado. Note-se que essas próprias agências, tribunais de última instância incluídos, viram todos, repito todos, os seus membros nomeados no pós golpe, alguns no próprio dia 20 de Setembro, e por um período de 7 anos de forma a que essas agências garantissem a "boa execução dos princípios que guiaram o golpe de 2006".

Thaksin, o indesejado pelos golpistas de 2006 e por todos os seus apoiantes, acabou por ser poupado por estes mesmos, através da sua incompetência e inabilidade para o condenar pelo menos por um dos muitos casos em que poderia, e deveria, ter sido sentenciado.

Thaksin acabou por ver fortalecida a sua posição, e o país a sua divisão, ganhando por duas vezes, eleições legislativas sendo que as últimas de 3 de Julho passado, por uma muito confortável maioria. Os perdedores clamam que os vencedores compraram os votos mas quanto a isso só queria recordar uma declaração de um professor catedrático conhecido eleitor dos Democratas que dizia o seguinte quando confrontado com perguntas sobre o montante de dinheiro dito ter sido gasto por Thaksin. "Não pode haver comparação com o dinheiro gasto por Khun Thaksin com o que foi gasto pelo governo e os partidos que o apoiam nesta campanha. O valor do orçamento do estado que foi utilizando directamente na "compra" de boas intencções nas eleições é dezenas de vezes superior ao gasto pelo ex PM".

O governo anterior de Abhisit esteve no poder durante 2 anos e meio e, apesar de todo o apoio daqueles que puxam os cordéis no palco e nos bastidores e que o ajudaram a chegar ao poder embora tivesse à partida menos 57 deputados que o partido de Thaksin, também nada fez que conseguisse mostrar ao povo que o caminho para um futuro democrático era com o partido que dirige, os Democratas, e não voltando-se de novo para o fugitivo ex primeiro ministro.

Estes 5 anos também fizeram aumentar exponencialmente a divisão entre o povo tailandês, agora identificada através das cores vermelha e amarela, e de alguma forma conseguiu que nem as vozes independentes consigam ser ouvidas pois acabam sempre por ser tidas por apoiantes de uma ou outra das cores antagónicas.

Para além dos problemas sociais internos a Tailândia perdeu imenso no panorama internacional e se dantes era o ponto focal e o pivot da região hoje passou a estado isolado e com fortes problemas de relações com todos os seus vizinhos. A comunidade internacional que antes via a Tailândia como um país democrático e capaz de influenciar positivamente nesse sentido os seus vizinhos, deixou de acreditar no dirigentes e tem mantido fortes reservas e fundados receios de que a força das armas se faça de novo sentir do que os constantes rumores de golpes de estado, e seus desmentidos pelos comandos militares, são testemunho.

Todos os países na região avançaram, até a Birmânia, e a Tailândia continua a marcar passo sem que se encontre um caminho recto para o futuro.

Como muitas vezes já referi a falta de um sistema independente e uniforme de justiça tem sido um entrave num país onde violar a lei por alguém pertencente a uma elite nunca é punido. Note-se que quando se fala em elites deve incluir-se a presentemente no poder pois neste aspecto não se diferencia muito da anterior. Thaksin é ele mesmo o "padrinho" de uma das dez famílias que no final de contas dita as ordens no país.

Como dizia Churchill a Democracia não é um sistema perfeito mas ainda não foi inventado melhor.

O facto é que tentar relançar um sistema democrático por meios não democráticos é um erro que acaba sempre por ter custos difíceis de cobrir.

Uma data para reflectir.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Como se podia prever

….. e como escrevi, e se previa, a Comissão Nacional de Telecomunicações (NTBC) ainda vai ter de esperar para começar a produzir algum trabalho.

O Departamento de Investigação da Polícia (DSI) vai dar urgência à investigação sobre alegadas irregularidades no processo de escolha dos comissários e a PM decidiu solicitar que o Conselho de Estado se pronuncie se os nomes eleitos para a NTBC podem ser enviados para o palácio para futura aprovação por S. M. o Rei.

Com previamente referi sempre que há qualquer escolha para cargos de influência e onde se movimentam largos interesses políticos e financeiros há sempre alguém que duvidando do processo de escolha interpõe uma queixa. Essa queixa por norma desencadeia um processo de averiguação que, também por norma, acaba só quando se encontra uma forma de conciliar os interesses em disputa pois esse alguém que interpôs a queixa não é um comum cidadão mas sempre alguém que entende não terem sido os seus interesses pessoais atendidos.

Assim lá se vai esperar mais uns tempos para ver o nascer da NTBC ou talvez não porque existem sempre portas secundárias por onde entrar ou sair sem se ser visto.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Até quando?



A clareza e transparência do sistema de justiça são, no meu entender, um dos mais importantes factores capazes de suportar um estado que quer viver um verdadeiro sistema democrático.

Por norma discute-se e manifesta-se contra a (falta de) qualidade dos sistemas de educação e de saúde, de facto dois sistemas fundamentais para a criação de uma sociedade sã e desenvolvida, mas sem um sistema que saiba aplicar a justiça com rectidão, a tempo e sem olhar a nomes ou meios, poucos objectivos se conseguem atingir já que acabamos sempre por ver a justiça ser usada a favor de interesses próprios por norma contra os interesses comuns.

Assim se passa infelizmente em muitos países no Mundo e uma má justiça está sempre associada à fragilidade do sistema político à corrupção dos políticos e de todos os que têm por obrigação servir o interesse público.

Assim se passa ali e assim se passa aqui.

Na Ásia para acrescer ao que disse há o factor sempre interveniente da necessidade de encontrar compromissos para que "ninguém sinta a perda da face". Por norma, e sempre que está envolvido alguém com alguma visibilidade pública, com poder ou simplesmente com meios financeiros, há que encontrar uma forma para que aquele que porventura possa ser acusado de algo de mal ter feito consiga escapar a "infâmia" de uma condenação.

A Tailândia não é excepção.

Desde os casos do "menino de ditas boas famílias" que atropela com o seu Porsche uma pobre rapariga e a mata ou deixa inválida, aos membros das forças de segurança que deixam funcionar estabelecimentos sem as menores condições de segurança onde depois há acidentes e morrem dezenas de pessoas, aos acontecimentos mais politizados como a morte por falta de ar de dezenas de muçulmanos transportados como gado em camiões militares, ao sequestro e desaparecimento forçado de activistas pelos direitos humanos (por todos vistos e conhecidos os autores) que nunca são resolvidos por "falta de evidências" até à eterna saga dos casos envolvendo políticos que nunca chegam a ser decididos, nenhum caso chega a ser decidido e os culpados acusados.

Como se costuma dizer em Portugal a culpa "morre sempre solteira" e nunca encontra alguém para emparelhar.

Um dia em conversa com um General da Polícia dizia-me ele que aqui ninguém queria estar na área da investigação por duas razões fundamentais. Primeiro porque o salário, já de si baixo, era inferior à maioria dos outros sectores na corporação e segundo porque as pressões era tantas e de tal forma violentas que ninguém queria avançar com nenhum caso para não vir a sofrer ele/ela mesmo algum percalço, seja físico seja de carreira, no futuro. Desse modo o sector de investigação está fortemente enfraquecido em termos de efectivos e os que lá estão têm que seguir a regra de "não incomodar o chefe".

Esta expressão faz-me lembrar um acontecimento no ano passado e durante as manifestações dos camisas-vermelhos quando uma delegação deles decidiu dirigir-se ao nosso escritório para apresentar um protesto. A polícia compareceu em força (mais de 200 homens fortemente armados no local) e eu tive de negociar a situação com os "vermelhos". Uma das questões que se colocava era saber se a polícia ia ou não prender os líderes que para lá se dirigiam pois vários estava já acusados de "terrorismo". Tudo acabou por ser passar muito pacificamente pois não era essa a missão da polícia. A missão era "não incomodar o chefe". O que se requeria era que os "vermelhos" chegassem, entregassem os documentos que quisessem, falassem para as televisões para a propaganda deles e saíssem suavemente sem que houvesse o menor problema. Assim o chefe não seria incomodado com qualquer notícia nos jornais menos agradável!

A falta de aplicação da lei ou a sua aplicação ao sabor do vento volta a estar em foco.

Desde que o governo pró Thaksin chegou ao poder várias foram as decisões judiciais que estava em "andamento" que foram decididas e, espante-se, a favor do fugitivo ex PM e família.

A condenação da sua ex mulher, em 2008, a três anos de cadeia por evasão fiscal viu o apelo entretanto interposto ser decidido a favor de Potjaman que assim foi ilibada

As eventuais queixas contra os seus filhos, também por evasão fiscal, e que estavam pendentes no Ministério das Finanças há cerca de 3 anos foram despachadas favoravelmente àqueles "visto não serem os legítimos proprietários dos bens" já que numa sentença de 2009 ficou provado que Thaksin transferiu os seus bens para eles somente para iludir o fisco. Conclusão eles não sendo os legítimos proprietários (!!) não têm de pagar impostos e como não há caso contra Thaksin por fuga aos impostos (ao fim de 5 anos o sistema não condenou o ex PM a mais do que "conflito de interesses") não há caso contra ninguém.

Também a famosa petição para amnistiar Thaksin apresentada ao Rei em 2009, da qual quase todos já se tinham esquecido pois o Ministério da Justiça tinha metido o processo na gaveta o que também está errado, acabou por reaparecer e o secretário-geral do ministério, o mesmo de dantes pois não foi mudado, anunciou que o processo de revisão dos milhões de assinaturas está concluído e que existem mais de 2 milhões que são válidas e portanto o processo está pronto para ser enviado para consideração superior.

Em 19 de Setembro de 2006 a noite em Bangkok acordou com um golpe de estado dito ter sido feito para acabar com o sistema corrupto do então PM Thaksin. Durante um ano esteve no poder um governo de iniciativa dos militares golpistas governo constituído para "devolver dignidade ao sistema político" e democracia ao povo. Foram nomeados novos membros de confiança dos agentes golpistas em todas as agências fiscalizadoras do bom funcionamento das instituições garantes da clareza do estado e todos os tribunais de última instância. Houve eleições, três primeiros ministro se seguiram, muitos meses se passaram e o país acabou caindo fortemente em todas as listas mundiais que classificam os países no que respeita a corrupção a transparência e a boa governação e também no sector dos direitos humanos.

Novas eleições ocorreram recentemente, sempre com o apoio e entusiasmo daqueles que querem ver o país progredir no sentido da democracia e no sentido de um sistema de governo onde os valores da justiça, liberdade, verdade, transparência, etc prevaleçam. Mas não tudo continua na mesma como sempre tem sido na história moderna tailandesa.

Até quando?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

… ainda as Telecomunicações

Como ontem noticiei a comissão encarregada de regular o sector foi escolhida pelo Senado.

Sem surpresas, mas para desencanto de muitos como mostram hoje as manchetes dos jornais, a comissão de 11 membros conta nas suas fileiras 6 militares. Quatro vindos do exército, um da força aérea e o último da polícia que, lembre-se, aqui tem estatuto de força militarizada.

"Decepção", "forte presença militar", "desastre a prazo" são alguns dos títulos que se podem ler hoje nas primeiras páginas dos jornais quando se referem à escolha ontem feita.

A permanente presença de militares em todas as instâncias da sociedade tailandesa, quer políticas quer empresariais quer administrativas, é uma constante no país onde estes não estão acostumados a dedicar-se somente ao papel por norma guardado para as forças militares que é a segurança.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Comissão Nacional de Telecomunicações

Ao fim de 14 anos (não é engano são catorze) a Comissão Nacional de Telecomunicações da Tailândia deve ver hoje os seus membros eleitos

O processo, previsto na Constituição de 1997, nunca foi implementado devido ás pressões de todos os grupos de interesses na sociedade na ânsia do controlo dos meios de comunicação ou seja dos espectros de rádio, televisão e de comunicação móvel.

Esta é uma das razões que explica que os serviços de 3ª geração móvel ainda não existam legalmente no país quando os vizinhos, como o Laos, já à muito os lançaram e Singapura avança para a 4ª geração agora mesmo.

Hoje o Senado vai escolher os 11 membros da Comissão que no prazo de 15 dias deverão escolher o Presidente e os dois Vices e a Comissão iniciará os seus trabalhos tentando colocar um pouco de ordem no caótico sistema de licenças actualmente existente.

A NTBC, assim se chama a comissão, vai ter pela frente um outro grande problema que é o incontável número de queixas em tribunais entre operadores de rádio, televisão e serviços de telefonia móvel. Todos apresentaram queixas em tribunal contra todos por ditas violações de leis que na realidade não estão claras devido à falta de regulação, tarefa que compete à NTBC e que só agora poderá ser iniciada.

Lembre-se, por exemplo, que há menos de um ano o Ministério dos Transportes e Comunicações do governo Abhisit lançou um concurso para serviços de 3ª geração móvel que apesar de toda a publicidade e de terem concorrida várias empresas (fundamentalmente os actuais operadores) acabou por ser cancelado, quando os operadores já estava no processo de leilão num hotel em Hua Hin, visto não haver suporte legal para a realização de tal concurso pois e o tribunal ter ordenado o cancelamento do consurso. De acordo com a Constituição isso é matéria da NTBC e não existia formalmente nenhum suporte legal para o leilão de concessão de licenças.

Os 11 membros da Comissão e serem eleitos hoje pelo Senado provêm de uma lista de 44 membros representando diversos sectores da sociedade supostamente cobrindo todos os sectores relevantes no processo.

Conhecendo estes processos por certo que após a votação vai haver variados queixas judiciais tentando impedir membros de tomarem as suas posições pelos mais variados motivos facto que poderá atrasar ainda mais o desenvolvimento das comunicações no país.

Sabendo-se dos muito fortes interesses que estão por detrás das nomeações (por exemplo 56% dos espectros radiofónicos pertencem ao exército) haverá sempre vencedores e derrotados nesta luta de poder e, ou à boa maneira asiática, vão ser encontrados compromissos para alargar as soluções vencedoras aos diferentes interesses político e económicos em jogo, ou vamos ter longas batalhas judiciais para tentar resolver por essa via que sempre funciona de acordo com a sentido do "vento" (note-se que subitamente os processos anti-Thaksin passaram a ser rapidamente decididos e a favor daquele. O mesmo se passava nos tempos de Abhisit no sentido contrário).

Foram 14 anos até agora vamos ver quantos mais para se entrar num normal funcionamento de instituições que são fundamentais para o normal funcionamento de um estado democrático. Falando em Democracia lembro que a escolha dos comissários é feita pelo Senado orgão em que só metade dos membros é eleita. A restante metade é escolhida entre "os homens (e mulheres) de bem"!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Thaksin o Manipulador

Regressado de férias olho para as duas semanas passadas e sobre a evolução política no país.

A nova primeira-ministra apresentou no Parlamento o seu programa, sem novidades, e começou a governação atacando aquilo que sabe ir mais direito ao "coração" das pessoas, ou seja a sua bolsa.

As primeiras medidas concentram-se mas questões económicas e no preparar do melhorar as condições de vida das pessoas. O abaixamento dos preços dos combustíveis fez-se sentir fortemente e vai contrabalançar as subidas nos salários mínimos de tal modo que a inflação porventura baixará. Aproveitando o momento em que o petróleo viu o seu preço reduzido nos mercados internacionais Yingluck a sua equipa económica dirigida por Kittirat na Ranong, apressou-se a reduzir fortemente os preços dos combustíveis e apesar de a oposição se ter manifestado contra esta medida “populista” o facto é que ela fez sorrir muitas caras e variadas foram os grandes grupos que já vieram anunciar estarem prontos a aumentar os salários mínimos para os 300 baht/dia como o Pheu Thai prometeu durante a campanha eleitoral. O peso dos custos de energia quer nas contas das empresas quer no pacote dos preços no consumidor é significativo e a medida tomada abriu muitos sorrisos mesmo por certo naqueles que acreditam ser uma medida populista.

Entretanto Thaksin continua a ser o mestre na forma de manejar os meios de comunicação social e estes continuam “hipnotizado” por aquele.

Já tinha referido que logo após a vitória do “seu partido” Thaksin tinha-se movimentado no sentido de conseguir visitar o Japão usando um dos Vice-Presidentes do Parlamento para interceder junto do PM japonês no sentido de que lhe fosse concedido um visto para tal. O Japão não concede vistos a pessoas aos quais foram aplicadas penas de cadeia acima de 1 ano e Thaksin foi condenado em 2008, no caso do conflito de interesses relativo à compra de uns terrenos em Ratchada (Bangkok) pela então sua mulher, que viu a semana passada a sua condenação por abuso de poder ser anulada pelo Supremo Tribunal, a dois anos de cadeia que nunca cumpriu visto ter fugido do país.

Depois de consultado o governo tailandês, que obviamente não se opôs, o governo japonês decidiu conceder o visto e Thaksin rumou ao império do sol nascente com toda a pompa e circunstância da ocasião. Escoltado pela polícia japonesa e com toda a comunicação social que tão bem sabe manobrar atrás visitou os locais afectados pelo Tsunami de Março passado, onde colocou flores em memória das vítimas, falou no Clube dos Correspondentes Estrangeiros e conseguiu aquilo que queria. Ser falado, visto e ter obtido esta vitória de ter sido autorizado a entrar no país que é o principal parceiro económico da Tailândia e um aliado sempre presente.

Thaksin fez assim as manchetes dos jornais tailandeses durante dias e os próprios Democratas caíram na tentação de deixar de fazer oposição às políticas do Governo para se concentrarem na condenação e no pedido de "impeachment" do novo Ministro dos Negócios Estrangeiros Surapong Towichukchaikul por este "ter colaborado na emissão do visto a Thaksin".

Thaksin continua a ser o fantasma da política no país. O facto de tão bem saber controlar o sentido e jogar com a comunicação social faz com que todos os seus movimentos sejam notícia e a sua presença permanente num país de onde se exilou voluntariamente há três anos.

A comunicação social, que não consegue deixar de se mostrar "totalmente hipnotizada" pelo fugitivo ex-PM em muito contribui para que assim aconteça.

Embora tenham o mesmo sangue, Thaksin e Yingluck, parecem diferentes tendo sido atribuída a cada um uma nova tarefa. A jovem PM toma conta dos assuntos domésticos e das questões que vão de encontro aos corações e bolsas dos tailandeses no curto prazo enquanto o seu irmão mais velho se concentra, com o forte apoio da comunicação social mesmo que dele falem mal, das grandes questões políticas e no fundo do futuro do país a médio prazo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A nova Inquilina de Thai Khu Fa

Yingluck Shinawatra a jovem licenciada pela Universidade de Chiang Mai (sua província natal) e com mestrado pela Kentucky State University nos Estados Unidos, ambos em Administração Pública, é oficialmente a nova Primeira Ministra da Tailândia a 28ª na história deste país e a primeira vez que uma mulher assume tal posição. É igualmente a mais jovem líder de um país no Mundo com os seus 44 recentemente completados em Junho de 2011.

Como refere hoje no Bangkok Post o Director do Grupo, Pichai Chuensuksawadi. a nova PM chega ao poder num momento em que todo o país olha para ela com um sentimento de esperança na sua capacidade de trazer reconciliação e progresso ao país.

A tarefa é grande e as desconfianças grandes mas Yingluck vai por certo dispor de um período de graça e vai depender muito da forma como conseguir contornar os muitos obstáculos que vai encontrar no caminho que quer ela quer o país poderão ter sucesso.

Até agora pode dizer-se que nada fez de errado e conseguiu um facto importante que é o de todos estarem expectantes sobre a sua actuação. De nenhum sector têm sido proferidas palavras contra a nova PM e mesmo aqueles que de alguma forma querem denegrir a sua imagem estão a receber uma muito limitada costura mediática ajudado a este clima de acalmia.

O PM cessante, Abhisit Vejjajiva, tem sido um dos elementos importantes neste momento de transição e agora como reeleito líder da oposição continua a ter uma postura de estado que muito ajuda.

O gabinete está pronto e foi constituído de forma muito suave (louve-se o facto de Yingluck ter conseguido nunca falar de um só nome) mas só será conhecido no momento em que for enviado para aprovação de SM o Rei o que provavelmente acontecerá ainda esta noite ou amanhã de manhã. Tudo aponta para que no próximo dia 12 a totalidade do governo, já empossado, possa ir prestar votos de bom aniversário à Rainha Sirikit como é do protocolo.

Na próxima semana a PM ainda terá de apresentar no Parlamento o seu programa mas sendo uma formalidade o que conta é que começará a trabalhar nas verdadeiras questões que irão estar sobre a mesa no palácio de Thai Khu Fa literalmente a casa da glória e glória será aquilo que porventura todos os inquilinos desejam embora seja difícil de a conseguir.

Os problemas da reconciliação nacional, as promessas económicas feitas durante a campanha os pedidos de verdade e justiça por parte dos camisas vermelhas, as nomeações quer nos militares quer na polícia para as listas de Setembro, a questão das relações com o Camboja, as desconfianças da classe dominante e a eterna questão Thaksin.

O irmão mais velho da PM e a eterna questão relacionada com a sua vontade de regressar ao país mas não servir a pena de prisão a que foi condenado será um dos grandes desafios que Yingluck terá de manobrar com grande habilidade.

Thaksin é por todos sabido uma pessoa que por norma só respeita o espelho onde se olha e só ouve a voz do seu eco e isso faz dele uma pessoa com a qual é difícil de lidar e imprevisível.

Yingluck sendo irmã de Thaksin conhece-o bem mas tem a desvantagem de ser mais nova e na Tailândia a "idade é um posto" e por norma os mais jovens são educados a obedecer aos mais velhos sem capacidade de questionarem ou replicarem.

Foi-me dito que Yingluck tem a capacidade de dizer "Não" a Thaksin e sinceramente espero que isso seja verdade.

Thaksin Shinawatra, pelo menos por uns bons tempos, não é parte da solução para este país. É uma pessoa que divide mais do que une e dividido já o país está o que necessita é de pessoas e ideias capazes de unir os diferentes pedaços que resultaram das fracturas recentes na sociedade.

É isso que se deseja de Yingluck e da oposição com Abhisit à cabeça, A capacidade de encontrar os caminhos que possam levar à reunificação da sociedade tailandesa que, apesar das grandes clivagens sociais e económicas, encontre os pontos comuns e cure as feridas do passado.