sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cadê os Outros


Ontem um Tribunal em Chaing Rai, no norte da Tailândia condenou a 6 meses de cadeia efectiva e 100 bath ( exactamente cem) de multa três líderes de agricultores por terem bloqueado uma estrada quando protestavam contra a política de preços do arroz do Governo.

E podem dar-se por muito satisfeitos pois viram a sentença ser reduzida a metade visto a condenação inicial ser de 1 ano de cadeia e 200 bath de multa.

Contrastes da "justiça" à Tailandesa.

Em primeiro lugar a manifestação ocorreu no início de Junho e já foram condenados. Segundo será que é conparável o dano que troxeram ao país comparado com a ocupação dos aeroportos ou com o cançelamento da cimeira da ASEAN e os danos à credebilidade internacional do país que acarretou.

Mais um excelente exemplo da política de dois pesos e duas medidas que a Justiça utiliza na Tailândia

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ano Negro


Acabam de vir a lume os números da actividade turistica na Tailândia e constata-se que o país regressou aos numeros de 1960. Exactamente 49 anos para trás é aquilo que a crise mundial, os desvarios da crise política no país e os desacatos provocados desde Maio do ano passado, agora acrescidos pelos números preocupantes da gripe A (H1N1) provocaram.

As receitas do turismo foram este ano cortadas em 210 mil milhões de bath ou seja 4,4 mil milhões de Euros e o número previsto de turistas a entrar no país cairá dos actuais 14,3 milhões para uns meros 11 milhões.

A ocupação dos aeroportos no início de Dezembro do ano passado teve uma profunda implicação nesta queda e quando havia algum sentimento de retoma possível os acontecimentos de Abril, quando a cimeira da ASEAN foi impedida de se realizar e houve manifestações violentas nas ruas, deram uma forte machadada nessa possível recuperação.

Agora há que esperar longo tempo para que a confiança no país seja renovada mas estas percas acabam sempre por demorar muito a recuperar visto outros países se aproveitarem para lançarem eles ofertas atractivas que perduram por muito tempo ou não seja assim o mecanismo da procura e da oferta.

Para agravar a já frágil situação, a propagação do surto de A (H1N1), que até ontem tinha feito 44 mortos e registado um numero de contaminados de cerca de meio milhão de pessoas, como hoje vinha a lume na comunicação social, referindo-se a pessoas que estão ou já estiveram infectadas pelo vírus, ainda piorou a situação.

O Governo que inicialmente trabalhou bem na questão do surto de gripe viu-se ultrapassado, como a maíoria dos outros pelo Mundo fora, e está a gerir a situação à vista tentando chegar ao momento em que a vacinação estiver disponível com o menor número possível de fatalidades.

terça-feira, 21 de julho de 2009

...e já lá vão seis meses

Passaram seis meses e Abhisit Vejjajiva continua ao leme do Governo na Tailândia apesar de ter andado sempre a navegar em mares muito revoltos. O Líder Democrata já nem deve saber bem quem são os seus inimigos mas talvez essa “falta de conhecimento” o tenha ajudado a manter-se firme olhando sempre para a frente permitindo-lhe chegar “intacto” a este ponto.

Para além dos inimigos conhecidos, Thaksin e os movimentos por ele apoiados, Abhisit veio a conhecer ao longo destes seis meses outros, porventura mais perigosos, e que na maioria dos casos se albergam junto de si no seio da própria coligação e dos movimentos que a/o apoiam.

A crise vivida em Abril, em pleno Songkran, o ano novo tailandês e festival da água, que mais parecia um songkram, palavra usada para dizer guerra em tailandês, veio trazer a lume, e para as primeiras páginas dos jornais o movimento de Nevin Chidchob, o líder de facto do segundo maior partido na coligação que é simultaneamente o maior opositor aos próprios Democratas na ânsia de vir a ser um dos partidos dominantes da cena politica tailandesa. O Bhum Jai Thai Party, tem sido claro, pela boca do seu presidente, o Ministro do Interior, Chaowarat, que quando realizarem o seu objectivo de serem um partido forte e com a garantia de cerca de uma centena de deputados, abandonarão a coligação mostrando assim de uma forma clara que o seu papel nessa é tão somente o prosseguir de interesses partidários e não os interesses do pais e da coligação. Esse objectivo veio a materializar-se quando os seus Ministros foram os campeões dos projectos megalómanos e despesistas que sempre foram vistos como uma das formas de financiamento daquela ambição que no fim vai directamente contra os interesses do PM e do partido que lidera. Esses projectos têm sido uma dor de cabeça não só para Abhisit mas também para Korn, o Ministro das Finanças e seu companheiro em Oxford, que vê os cofres vazios e tem dificuldades em prosseguir as políticas de recuperação económicas do seu governo.

Abhisit tem sempre navegado à vista tentando entender o dia seguinte e tentando sobreviver num panorama politico que não é o seu. Abihsit faz parte de uma linha de políticos, infelizmente poucos, que tenta realizar uma nova politica limpa dos vícios do passado e capaz de trazer para o pais uma democracia real, responsável, respeitada e respeitadora.

Aqui tem residido um dos outros problemas de Abhisit. A intransigência dos seus apoiantes mais conservadores e burocratas que temem perder as benesses e os privilégios de anos e se colocam em permanência como obstáculos a qualquer modernização do regime nomeadamente a tão necessária alteração do texto constitucional.

Deste grupo fazem parte os militares e os “ex” apoiantes de Abhisit o PAD que se vêm igualmente ameaçados sempre que existe algo que mexa com os poderes retrógrados e conservadores que defendem. A magnitude das forças de pressão no sistema politico tailandês é tão complexa que por vezes os inimigos de hoje são os amigos de amanhã e vice versa, e quando refiro hoje e amanhã é mesmo essa realidade temporal tão próxima que tento ilustrar.

Outro dos grandes apoiantes dos Democratas, especialmente através da sua luta contra os “thaksinistas”, o sistema judicial, é neste momento uma das maiores ameaças contra a estabilidade do governo e contra a sua própria sobrevivência sabendo, esses e todos os que apoiaram a coligação reinante, que se o governo cair e houver eleições as possibilidades do retorno do Puea Thai, o partido de Thaksin, são extremamente grandes. Apesar disso o sistema judicial volta-se agora contra os Democratas, tal qual o fez para derrubar o "thaksinismo", e um numero alargado de Deputados Democratas e mesmo alguns Ministros estão a ser alvos da acusação de conflito de interesses por eles próprios e/ou as suas mulheres deterem acções de empresas estatais ou com as quais o estado tem contratos. Este é um dos absurdos da Constituição que a tudo e todos incrimina sem saber separar o trigo do joio mas quando Abhsit, da mesma maneira como Samak e Sonchai o quiseram fazer no passado, avança com o projecto de reforma do sistema politico, o mesmo é dizer com a revisão da Constituição, é bloqueado por aqueles para os quais nada interessa haver sistemas de controlo do estado independentes e não sujeitos a pressões e partidos políticos responsáveis e aos quais o povo possa pedir contas e eleger ou destituir de acordo com as regras da Democracia.

Abhisit contra isso tem lutado numa clara tentativa de refundar uma Tailândia moderna e progressiva, sem necessidade de alterar o sistema de Monarquia Constitucional mas dando ao pais as necessárias regras para que as pessoas possam acreditar num sistema político onde a justiça é igual para todos e onde os cidadãos podem ter a sua opinião livre e independente no permanente respeito pelos outros e por instituições tão fortemente arreigadas na cultura e na tradição do pais como são a Monarquia e o Budismo