Já uma vez me referi à Universidade de Chulalongkorn, senão a mais importante em Bangkok, por certo a mais rica, mas hoje queria falar de quem lhe deu o nome, o Rei Chulalongkorn, Rama V ou " The Great Beloved King", como também é chamado.
Ontem fez anos que Rama V faleceu, em 1910, escassos 18 dias depois da revolução Republicana em Portugal e, contrariamente a qualquer outro rei quer do Sião quer da Tailândia, Rama V tem direito a feriado. Num estilo guia túristico, visto não ser historiador, queria deixar aqui algumas notas.
Rama V era o filho mais velho do Rei Mongkut, Rama IV e de uma das suas mulheres a Rainha Debsirindra, e foi educado para vir a ser rei pela inglesa, Anna Leonowens, viajante, escritora e professora na corte de Rama IV.
Apesar de existirem vários reis na história do Sião que tiveram o cognome de o Grande, só Chulalongkorn, o quinto da Dinastia Chakri à qual pertence o actual monarca Rama IX, teve a honra de um feriado e é sempre considerado como "o grande rei, antes de Rama IX".
Outros grande reis houve como por exemplo, Pho Khun (literalmente o Senhor Pai) Ramkhamhaeng, que no século XIV introduziu a escrita no reino e cimentou o Budismo Therawada como a religião oficial ou Taksin o Grande (não confundir com Thaksin), o rei que no século XVIII reagrupou as forças siamesas depois da queda de Ahyuthaya às mãos dos Birmaneses, e conseguiu, após uma retirada estratégica para Chantanaburi, reconquistar o Sião. O Rei Taksin estabeleceu a capital do Reino nessa altura em Thonburi, na margem direita do Chao Praya, capital que viria mais tarde a transferir-se para leste e estabelecer-se onde hoje está, Bangkok, na margem esquerda.
Outros Reis houve de grande importância como Rama III, Naresuan, Narai, mas os que referi são aqueles que mais falados.
Chulalongkorn contudo criou uma aura aos seus feitos que continua a ser um dos mais reverenciados reis da história da Sião/Tailândia.
Rama V foi um monarca que viajou bastante pela Europa, a influencia da sua educadora inglesa terá nisso porventura pesado, tendo visitado quase todos os países, incluindo Portugal, e aprendendo, os hábitos e costumes que viu, ou que os seus emissários assimilaram, para os introduzir no reino e de alguma forma poder ser visto como o Pai da modernização ou ocidentalização, do Sião.
Organizou o país numa espécie de distritos, concelhos e freguesias, como em Portugal, organização que, apesar de algumas modificações feitas no numero de Distritos, ainda se mantém. Igualmente criou um gabinete que regia o país. Muitas das medidas que adoptou, incluindo a abolição faseada da escravatura, foram vistas como uma forma de retirar o poder à família Bunnag, que até então controlava o país e a própria casa real ao ponto de decidir sobre a sucessão.
De igual modo Chulalongkorn foi um hábil diplomata no tempo em que quer ingleses quer franceses dominavam na região. Isso não impediu que o Sião perdesse partes de territórios que controlava, ou lhe estavam "sujeitos", mas por outro lado manteve a independência do reino. Num desses acordos, com os ingleses sobre o sul do país, obteve, em troca de concessões territoriais, fundos e apoio para a construção de uma linha de caminho de ferro para o sul do país. A primeira foi ele igualmente que a construiu desde Bangkok ate à antiga capital Ahyuthaya.
Foi também durante o reinado de Rama V que foram introduzidas no sistema monetário as notas a par das já existentes moedas. O primeiro Banco Comercial da Tailândia, o Siam Commercial Bank, em inglês, foi igualmente criado no seu reinado
Chulalongkorn, um Budista devoto como todos os reis, introduziu igualmente aquilo que hoje se chamará a liberdade de culto permitindo que cristãos e outros praticassem a sua fé.
É lhe igualmente atribuído a introdução dos apelidos na sociedade, mas na realidade tal só aconteceu em 1913, durante o reinado do seu filho, Rama VI, o Rei Vajiravuth.
Chulalongkorn O Grande está sempre na memória dos tailandeses e a sua fotografia presente em muitas casas a par das dos actuais monarcas.