quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Santika - Um Ano Depois













Um ano passou sobre o incêndio no Santika que tantos danos pessoais e materiais causou e nada aconteceu.

Ninguém foi constituído arguido, não se conhece nenhum desenvolvimento das investigações mas as vítimas que fez continuam a sofrer como é o caso de Kanchan, uma jovem de 27 anos que desde esse fatídico dia se encontra num quarto esterilizado de um hospital, sofreu já inúmeras operações, e muitas outras se perfilam no horizonte, e fundmantalmente perdeu a vivacidade dos seus dias, não quer ver nenhum dos seus antigos amigos e vive afastada de um mundo que tanto a acolhia, ou de Pirawat, de 35 anos cuja mãe tem de dormir com ela no hospital devido ás tendências suícidas que demonstra face à incapacidade de suportar o horror que é agora a sua cara e a sua vida.

Estas são somente duas das muitas vítimas de um crime do qual ninguém é acusado nem feito responsável isto mesmo depois de ter havido uma investigação levada a cargo pelo governo que dava claros indícios de qum seriam os responsáveis por uma discoteca funcionar sem autorização e sem nenhumas das medidas de segurança exigidas.

Na voz corrente do povo sabe-se muito bem quem está por detrás daquele "inferno" mas o sistema judiciário é inepto na condução das investigações e na consequente apresentação de responsáveis perante a justiça.

Assim se passa com quase todos os casos em que estarão envolvidas figuras com protecção superior.

Por muito que pregue São Tomás, aka Abhisit, sem actos concretos e actuação pronta e responsável, não se chega lá.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Thai Kaem Khaeng - Tailândia Forte



Depois de ter rebentado o escândalo no Ministério da Saúde Pública, Abhisit reconheceu, em comentários feitos à imprensa, que vai agora ser mais difícil continuar com o programa de recuperação da economia devido ás suspeitas em que este já está envolvido.

O Secretário de Estado da Saúde Pública, pertencente ao Partido Bhum Jai Thai de Nevin Chidchob (BJT - sempre ele) e que é acusado no relatório recentemente trazido a lume de ter pressionado os funcionários para favorecerem a província pela qual é Deputado, vem de uma forma confirmar a acusação mas dizendo, candidamente, que não fez mais do que o seu dever como Deputado. Ou seja o Deputado Manit lobbying o Secretário de Estado Manit para que este fizesse uma distribuição que favorecesse os seus eleitores por certo antevendo a necessidade de lembrar isso ao povo aquando das próximas eleições.

Korn Chatikanavij, o Ministro das Finanças, e companheiro de sempre de Abhisit, veio dizer da necessidade de conduzir uma investigação independente em todos os Ministérios que estão envolvidos no pacote de estímulo da economia Tailândia Forte, isto depois de várias empresas de construção terem afirmado que actualmente estariam a pagar 20% do custo de cada projecto, aos políticos envolvidos, nomeadamente nos projectos em curso no Ministério dos Transportes (também do BJT).

Referem esses empresários que se não pagarem não conseguem os contractos e que o preço actual, de 20% da totalidade de cada projecto, é superior ao do que pagavam antigamente no tempo de Thaksin.

Toda esta saga da corrupção fez-me lembrar o estudo feito pela The Asia Foundation, e a que já anteriormente me referi, que, na resposta a uma pergunta sobre a corrupção apresenta um espantoso número de 94% dos tailandeses a dizerem que faz parte do funcionamento da sociedade. Igualmente, não há muito tempo, apareceu um estudo feito por uma Universidade onde se concluía que 36% dos deputados de igual forma consideravam a corrupção uma questão normal na vida pública tailandesa. Talvez por essas e por outras é que o país desceu no índice anualmente publicado relativo à corrupção no país.

Também há cerca de três meses em conversa com o Presidente do partido da oposição ele me dizia que a coligação no poder iria cair de podre devido aos casos de corrupção que iria ver a público. Note-se que o Puea Thai conhece bem os parceiros de Abhisit pois eles estavam de braço dado com o PPP no ano passado.

Abhisit e Korn são pessoas de outra geração e de outros interesses mas parecem frágeis animais no meio de um ninho de cobras, perigosas e escorregadias.

Mais uma luta para Abhisit que por certo vai passar a noite de fim de ano a pedir que o tirem dali mas sabendo ao mesmo tempo que desistir é uma derrota para ele e para o país.

A Personagem do Ano



Escolher a personalidade ou o facto do ano é sempre um exercício delicado visto muitos ficarem de fora e muitas vezes sem razão aparente pelo que este tipo de escolhas acaba sempre por ser fundamentalmente pessoal e apresenta só uma visão.

Poder-se ia pensar que na Tailândia a figura do ano seria Abhisit, o PM que luta pele sua sobrevivência e que hoje mesmo é considerado pelos jornalistas acreditados em Governmental House e que cobrem as suas actividades como um homem inteligente mas indeciso. Poderia ser o sempre presente Thaksin, com as suas manobras de bastidores na ânsia de regressar e recuperar o poder que o golpe de estado de 2006 lhe tirou. Poderia ser um outro qualquer político ou militar sempre tão presentes na vida diária no país. Poderia ser, com propriedade, o Rei Rama IX pela sua carreira de dedicação ao povo e pelo facto de se encontrar fragilizado tendo mesmo de se manter internado no Hospital de Siriraj desde 19 de Setembro. Poderia ser o seu filho o Príncipe Vajiralongkorn apelidado pelo Bangkok Post, num inédito artigo a 19 de Dezembro passado, “King in Waiting”.

Do lado dos factos poderia ser o nascimento de Lin Ping, acontecimento nacional ou a continuada luta no Sul do país que já leva mais de 4.000 mortos ou ainda os já estafados movimentos da UDD e do PAD.

Contudo escolherei para acontecimento e figura do ano a luta pelo ambiente e a pessoa do advogado Srisuwan Janya que com a campanha e a liderança do movimento Stop Global Warming Association, lançou um debate de grande impacto na sociedade tailandesa.

Map Ta Phut é um parque industrial na província de Rayong onde imperam essencialmente as indústrias petroquímicas e associadas. É uma das zonas mais poluídas do país mas para além disso é uma zona onde os índexes de qualidade de vida estão reduzidos dramaticamente. Muitos têm sido os casos de raras doenças e posteriores mortes a aparecerem nas comunidades que vivem por perto ou nos milhares de trabalhadores que dia a dia ali operam.

O desenvolvimento industrial é essencial para a economia do país mas tem sido feito num permanente atropelo das regras de segurança sanitárias e ambientais. A ganância dos empresários e dos estados, em muitos pontos do globo, tem produzido parques como o de Map Ta Phut um pouco por todo o lado e se queremos algo fazer para proteger o planeta onde vivemos e onde viverão os nossos filhos e netos é necessária acção. Não a acção dos líderes em Copenhaga, onde nada se viu de concreto, mas a acção da sociedade civil, aquela que de uma forma organizada e responsável sabe tomar em suas mãos os ideais e os projectos de futuro como é o caso do trabalho de Srisuwan.

Este advogado ousando enfrentar os poderosos lobbies empresariais tailandeses interpôs acções nos tribunais contra um total de 76 projectos novos de investimento na zona que no seu entender não cumpriam as regras de protecção ambiental devidas e conseguiu que o tribunal lhe desse razão em 65 desses casos.

Milhares de milhões de dólares de investimento estão parados, o Banco Central diz que a não resolução dessta questão levará a uma quebra para o próximo ano de 0.5% do PIB mas mesmo assim Srisuwan conseguiu os argumentos suficientes para fazer alertar as mentes de todos para os perigos da reprodução selvagem de fábricas e refinarias sem o devido enquadramento ambiental

O poder da Sociedade Civil e das suas acções é hoje em dia inquestionável é torna-se em muitos dos casos a peça fundamental na diplomacia e na conquista de causas que de outro modo não se conseguem. Carne Ross, um antigo diplomata inglês que, entre outros locais, esteve colocado nas Nações Unidas diz, num artigo publicado na revista Europe's World, que é chegado o tempo dos Embaixadores darem lugar á Sociedade Civil na defesa dos interesses que não são mais bilaterais ou de um só país mas da humanidade e das comunidades.

O exemplo deste advogado é bom ser lembrado quer aos “vermelhos” quer aos “ amarelos” pois ele mostrou que com uma luta correcta, argumentada, e pacífica se consegue vencer mesmo os mais poderosos como são os grandes patrões da indústria.

Merece, para mim “a medalha do ano”.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Demissão

Numa atitude pouco comum o Ministro da Saúde Pública, Witthaya Kaewparadai, apresentará a sua demissão do Governo, numa carta a enviar ao PM amanhã, na sequência de ter sido considerado negligente na sua actuação num caso de possível corrupção no seu ministério.

O Ministro, membro do Partido Democrata, disse aceitar a sua responsabilidade política no caso que, após o inquérito levado a efeito, mostrou haver 30 membros do seu ministério envolvidos num esquema fraudolento de compras de productos e equipamentos no âmbito do plano de estímulo da economia conhecido como Thai Khem Kaeng (Tailãndia Forte).

As acusações são essecialmente de empolamento de preços de equipamentos: aparelhos de monitorização cardiológica de 3,5 para 9,2 milhões de bath; equipamento de fluoroscopia digital de 8 para 15 milhões de bath: ventoinhas ultravioletas de 40 para 80 mil bath cada; máquinas de rádioterapia de 19,2 para 27 milhões de bath, etc.

A conduta do Secretário de Estado é também criticada no relatório final, e em termos mais fortes do que o Ministro visto se identificar que pressionou os funcionários para que fosse favorecida a província pela qual foi eleito. Contudo não é conhecida nenhuma reacção deste que terá sido o primeiro a ter conhecimento da decisão do seu Ministro.

Coincidência?


Wassana Nanuam, a jornalista do Bangkok Post que cobre os assuntos militares escreve hoje um interessante artigo sobre a visita dos altos quadros militar a Si São Theves, a casa do General Prem Tisunalonda, Presidente do Conselho Privado do Rei.

Prem apareceu vestido em uniforme militar. A última vez que foi visto assim vestido foi em Agosto de 2006, um mês antes do golpe que derrubou Thaksin, e quando se empenhou numa série de visitas a unidades militares incentivando os oficiais a cumprirem o seu dever de defender o Rei e a monarquia.

Ontem Prem também incentivou os militares ao mesmo dever e recomendou como um “must read” o artigo publicado no Naew Na por Chirmsak Phinthong, conhecido activista do PAD, que tem por título e conteúdo o facto de, segundo o autor, o país estar à beira de uma guerra civil.

Ontem também Prem foi às escolas do exército sedeadas em Bangkok onde falou aos cadetes sobre os seus deveres e a monarquia.

Prem fez ainda questão de salientar e referir como um exemplo a seguir o trabalho do General Prayuth Chan-ocha, o número dois do exército, "em defesa da monarquia", uma forma aparente de "lhe passar a mão pelo pêlo" quando são conhecidas as divergências deste com o General Piroon Paewpolsong, o número três, e homem muito próximo de Prem. Diz-se que Piroon foi colocado no comando geral do exército para evitar a sucessão de Prayuth após a retirada de Anupong já que Piroon é um ano mais velho.

Parece um remake de 2006 e dos momentos que antecederam o golpe de 19 de Setembro.

Creio bem que o velho General, Prem tem actualmente 89 anos, desta vez está enganado. Não se pode sempre ver a vida pelo passado. Aqueles, como ele, que recusam olhar para a frente, enganam-se muitas vezes nos seus julgamentos.

Só falta agora Anupong vir uma vez mais dizer que não há golpe.

Penso desnecessário pois os tailandeses estão fartos destes tipos de jogos e cada vez mais têm a consciência daquilo que necessitam fazer para assegurar o seu futuro e o do seu país.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O General

Anupong recebendo o testemunho de Sondhi


Todos os anos em Setembro são feitas as mudanças nos comandos das forças militares e da Polícia. Nesta última, como se sabe, a devida transição ainda está por acontecer por causa da luta travada entre poderosas forças na superstrutura ás quais Abhisit não consegue dar uma resposta.

Assim no próximo dia 30 de Setembro de 2010 o General Anupong Paochinda, comandante do exército, cessará funções devido ao facto de atingir o limite de idade ou seja fazer 60 anos no decorrer do próximo ano.

Anupong durante o ano de 2008 foi um dos principais intervenientes da vida política aparecendo quase que diariamente nos meios de comunicação social por tudo e por nada. Era sempre a opinião dele que contava e por centenas de vezes veio dizer que os militares não fariam um golpe de estado. Curiosamente ele próprio tentou um golpe de estado sui-generis quando em finais de Outubro de 2008 apareceu no canal de televisão controlado pelos militares, numa espécie de conferencia de imprensa, acompanhado de todos os outros altos comandos militares e militarizados, e afirmou que o primeiro-ministro, Somchai Wongsawat se deveria demitir.

Durante quase todo o ano de 2009 Anupong manteve-se muito mais contido aparecendo poucas vezes nos media e fazendo poucas afirmações. Fontes próximas do General dizem que ele tem tentado manter-se afastado dos grupos políticos rivais e mesmo das forças políticas ou de poder que puxam os diversos cordéis na sociedade, mantendo-se confinado a gerir as forças armadas e a preparar a sua sucessão. As nomeações que fez para os diversos comandos durante o ano de 2009 são disso um sinal.

Preparar a sucessão significa também preparar o futuro. Anupong faz 60 anos o que lhe deixa ainda muita energia disponível para aventuras que queira prosseguir após o dia 1 de Outubro próximo.

Vem isto a propósito de afirmações suas referentes ao ano 2010 vindas hoje a público.

Para além de pela enésima vez ter dito que não haverá um golpe de estado em 2010, vem fazer um conjunto de afirmações de carácter político que prenunciam algo daquilo que deverá estar a tactear para o seu futuro.

Assim refere o General: “ É o dever de todos os tailandeses salvaguardar a pátria e ninguém deverá permitir que o combate político fuja aos princípios democráticos”. “Os campos opostos, distinguidos por diferentes cores, devem suspender a sua luta e deixar o processo político decorrer em normalidade”. “ Planos em qualquer dos campos para aniquilar o outro só leva ao aniquilamento da nação”. “Estou confiante que a maioria dos tailandeses é capaz de entender estas questões. O país é como um barco onde todos navegamos e nada se ganha, nem a Democracia, se o barco se afundar”

Estas afirmações vindas de um militar, que tem estado a preparar a sua passagem à reforma e tem estado calado, só podem trazer “água no bico” e serem o prenúncio da entrada de Anupong Paochinda na vida política depois de reformado aliás como já fez o seu antecessor e líder do golpe de estado de 2006, Sonthi Boonyaratglin, que é agora o Presidente do partido Matuphum.

Deportação

Afastado dos olhos de todos, incluída a comunicação social que foi proibida de relatar (nem um simples artigo de opinião aparece nos jornais), começa, segundo se crê hoje, a deportação de cerca de 4.371 Lao Hmong detidos no campo de refugiados de Huay Nam Khao na província de Petchabun no nordeste tailandês.

Para tal estão mobilizados 4.500 militares, polícias e forças especiais do Ministério do Interior para conduzir a deportação e criar uma zona de cerca de 10 quilómetros em redor do campo onde o acesso é bloqueado a agentes das Nações Unidas, diplomatas e jornalistas.

A luta dos Hmong, uma minoria no Laos, vem desde 1946 quando este grupo étnico comandado por Touby Lyfoung libertou o Rei do Laos que tinha sido destituído pela força pelo Príncipe Souphanouvang e seus irmãos. A luta dos Hmong desde essa altura tem sido uma luta contra o regime comunista que dirige o Laos, ora apoiada pelos franceses ora mais tarde, aquando da guerra do Vietname, pelos americanos. Nessa altura as forças comunistas do Pathet Lao apoiavam os combatentes comunistas do país vizinho e eram apoiadas pelo regime Soviético.

Ao longo dos anos centenas de milhares de Hmong perseguidos pelos comunistas refugiaram-se nas montanhas do país ou na Tailândia, o país de retaguarda das forças americanas na região. Durante a investida comunista no sudoeste asiático a Tailândia foi fortemente apoiada pelas forças americanas de forma a poder servir de tampão à expansão soviético-chinesa de Khruschev/Brezhnev e Mao Zedong.

Os Estados Unidos têm sido desde sempre um país de acolhimento de muitos refugiados Hmong mas, e apesar de continuar a manter uma muito próxima relação com o governo tailandês, vê-se impotente para travar a deportação que como disse estará já em curso.

Durante a visita feita pelo antigo PM Samak ao Laos foi assinado o acordo de repatriação dos refugiados tendo sido acordado que tal se faria até ao final do ano de 2009. Abhisit, embora fortemente pressionado pelos parceiros, especialmente os Americanos e os Europeus, para além das Nações Unidas, manteve o acordo e recusa falar sobre os refugiados passando a “batata quente” sempre para os militares.

Posso acrescentar que cada vez que uma das missões diplomáticas em Bangkok levanta o assunto junto de entidades governamentais e resposta é sempre o silêncio total e absoluto.

A questão coloca-se no quadro dos Direitos Humanos já que a deportação é feita contra a vontade dos refugiados e é sabido que as forças políticas e militares no Laos não são propriamente amigáveis a tratar estas questões. No fundo os Hmong foram e são inimigos de um regime comunista que, embora tenha uma face simpática para o exterior, não se compadece com opositores ou com aqueles que entendem por bem criticá-lo.

O Governo tailandês está assim a prestar um péssimo serviço à causa da protecção dos Direitos Humanos e esta sua atitude vai ter por certo repercussão nas relações com o mundo, ainda para mais quando tudo faz para ocultar o que está acontecendo.

A organização da Nações Unidas para os Refugiados já reclamou veementemente contra a situação e, apesar de ter sido bloqueado o seu acesso ao local, mostra-se disponível para, a qualquer momento, enviar observadores para acompanhar o processo.

Uma nota bem negativa para o governo de Abhisit.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Justiça e Transparência


Ainda ontem fiz um relato sobre a luta pela transparência na qual o PM Abhisit parece ter-se empenhado.

Aí referia que os casos que envolvem o seu Partido tinham sempre a mesma decisão: adiamento ou arquivo.

Ontem mesmo mais uma vez, a quarta desde que o processo começou, a Comissão Nacional de Eleições adiou a decisão sobre o caso do financiamento, eventualmente irregular ou ilegal, do Partido Democrata. Neste caso houve contudo ainda uma particularidade. Como o colégio de Commissários estava dividido votou no sentido de atribuir o processo para decisão do Presidente da CE, Suchart Sukhagganond, que em declarações públicas anteriores, mostrando um total falta do dever de isenção, se manifestou a favor do arquivamento do caso.

O caso conta-se em poucas palavras.

Uma empresa estatal, subsidiária do conglomerado petrolífero PTT, terá pago, é esta a alegação, a factura de uma agência de publicidade, no valor de 258 milhões da bath, por trabalhos prestados ao Partido durante a campanha eleitoral de 2007.

No caso de haver uma decisão que condene o Partido Democrata este será dissolvido, como já aconteceu com os dois anteriores Partidos “pertencentes” ao ex PM Thaksin, e isso implicará uma nova reviravolta no quadro governamental tailandês com a perda de direitos políticos de Abhisit e da maioria dos membros do Governo actual.

Poderão acontecer ou novas eleições ou a criação de um novo governo pois é sabido que os Deputados de um Partido dissolvido, que não forem desqualificados politicamente, podem criar um novo Partido e continuar no Parlamento sob outra bandeira, como acontece actualmente com os Deputados do Pheu Thai.

Casos como o de ontem mostram uma vez mais a relação existente entre as decisões dos órgãos de controlo da Democracia e os interesses partidários específicos.

Curioso é que são sempre as causas sobre os casos relativos a um dos quadrantes político partidário que são adiadas, arquivadas ou absolvidas

As respeitantes ao outro quadrante são céleres e despachadas sempre no mesmo sentido.

Transparência e Democracia é mais do que isto.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Corrupção


O Governo do Primeiro-Ministro Abhisit era tido há partida por ser um governo onde a corrupção iria ser menor e haveria um acréscimo de transparência e credibilidade.

Abhisit para além de ter nascido em Newcastle Upon Tyne, no nordeste da Inglaterra fez a sua educação em Eton, a mesma escola onde são formados os membros da família real inglesa, e posteriormente em Oxord. São duas das mais prestigiadas escolas inglesas onde o rigor, a transparência de métodos e de condutas é uma das disciplinas onde é necessário ter a melhor nota.

O Primeiro-Ministro é por excelência um homem “limpo”, um político capaz de mostrar a diferença entre o passado recente e a sua administração. Esta é por certo uma das suas mais positivas características contudo acontece que na maioria dos casos aquilo que Abhisit quer e/ou afirma não consegue passar das palavras aos actos.

Recentemente a Transparecy International apresentou o “Global Corruption Perception Índex” onde se mostrava que a Tailândia acabou por ter um mau desempenho em 2009 ao descer 4 posições na tabela de 80 para 84.

Na realidade a governação de Abhisit, que completou um ano à escassos dias, acabou por ser apanhada nas contradições de ser uma coligação de interesses desligados onde aquilo que uns querem não é exactamente a vontade de outros.

Em Dezembro de 2008, um grupo de 4 partidos mais uma mão cheia de deputados que estavam juntos na anterior coligação no poder, saltaram de bancada para se associarem ao segundo maior partido, os Democratas, para formarem o actual governo. O facto é que esses que saltaram de bancada ou viraram a casaca como se diz em português corrente, são os mesmos que eram sempre acusados de serem corruptos e de gerirem os interesses de estado para proveito próprio.

Nesse momento, e sabendo da incapacidade do maior partido, o PPP (actual Phue Thai), em continuar a servir os interesses que prosseguem, entenderam por bem dar esse passo no sentido do “ex-inimigo” juntando forças para atingirem os seus objectivos.

A “doença” estava instalada desde o início no seio da governação Abhisit e este, sempre a apagar fogos colocados quer pela oposição quer pelos seus “amigos”, pouco o nada podia fazer para tentar impedir a disseminação desse “cancro” pelo corpo da governação.

Vários foram os discursos sobre a transparência de métodos mas poucos foram aqueles que os ouviram ou se o fizeram acreditaram que o Primeiro-Ministro era capaz de mobilizar forças para o combate à corrupção.

Ontem mesmo foi apresentada uma sondagem em que contrastando com o facto de 90% da população dizer que a corrupção é um dos principais problemas do país, um impressionante numero dos deputados, 35%, entende que ela faz parte da vida normal da sociedade tailandesa. Felizmente que os jornais têm a capacidade e a independência para publicar esse estudo que deve envergonhar aqueles a quem se pede serem os representantes da Nação.

Parece contudo que o PM, ou alguém por ele está empenhado numa cruzada contra a corrupção visto nos últimos dias terem vindo a público vários casos onde são apontados os dedos aos actores de casos de corrupção.

O gabinete do Secretário-Geral da Presidência do Conselho de Ministros publicou um relatório que põe a nu os casos de abuso de poder e corrupção relacionados com o exercício do orçamento de 2009. Esse relatório mostra que está em crescendo o número de casos onde existem fortes evidências de corrupção e de utilização indevida de dinheiros públicos. Estão relatados 335 casos onde o prejuízo para o estado se cifra em 35 milhões de Euros. A maioria desses casos passa-se em órgãos da Administração Local mas estranhamente todos os casos são apontados como estando sediados em Ministérios sob a alçada do Bhum Jai Thai Party (BJTP) de Nevin Chidchob e mesmo quando se fala de um caso no Ministério da Saúde, liderado por um Democrata, ele é atribuído à esfera do Secretário de Estado pertencente ao BJTP. Para alem deste estudo apareceram também nos jornais dois casos, ambos envolvendo altos oficiais, ao nível de General, um na Polícia e outro no Exército.

Vários outros casos estão a vir a lume como o do Presidente da Thai Airways que viajou de Tóquio para Bangkok com 390 quilos de bagagem extra, sem pagar e sem passar pela alfândega. Acontece também que o senhor é amigo do Ministro dos Transportes, membro do BJTP.

É extremamente positivo que sejam do conhecimento público os casos, que sejam levados a julgamento e que os culpados, se os houver, sejam condenados, mas estranha-se a casualidade (?) de os casos só se dirigirem a uma força política e a extractos das forças de ordem que constituem blocos ocasionais para Abhisit.

Quanto a este ponto refira-se que o PM ainda não conseguiu nomear o seu candidato para o topo da hierarquia da Polícia (que continua a ser dirigida por um interino com todas as consequências de falta de autoridade que isso acarreta), e que o Exército tem mantido uma luta surda contra o PM na questão do Sul do País opondo-se à iniciativa do PM, lançada em Fevereiro passado, da criação de um organismo civil para gerir o conflito na região que desde 2004 já matou mais de 4.000 pessoas e onde estão estacionadas 60.000 tropas com a dotação orçamental que isso implica.

O dia a dia de Abhisit é feito de um passo à frente e 99/100 pequenos passos atrás e assim vai tentando avançar. Há contudo dias em que os passos para trás são mais do que os que consegue dar para a frente e os que o puxam mais para trás acabam por ser sempre os seus “aliados” ou porque essa é a estratégia ou por total inabilidade em seguir o PM.

Seria bom, também, que a aguardada decisão judicial sobre o caso da atribuição de um subsidio ao Partido Democrata no valor de 5.3 milhões de euros, em violação das leis eleitorais, por uma empresa estatal, que se vem a arrastar por mais de um ano com sucessivos adiamentos e que é esperada para hoje, seja tomada em consciência e com completa indepêndencia para próprio benefício do sistema. A questão é que se essa decisão, for no sentido da condenação acarretará a dissolução do Partido e sabe-se que isso não é do interesse daqueles que apoiam Abhisit já que se sentem protegidos com a sua liderança

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Discurso do Rei


O inicio de Dezembro é normalmente calmo muito especialmente devido às celebrações relativas ao aniversário do Rei Rama IX.

O ano passado foi inesperadamente turbulento devido à ocupação dos aeroportos da cidade (facto ainda, incompreensivelmente, impune) e também devido ao facto de pela primeira vez, durante o já longo reinado, o Rei não ter falado, como sempre faz no dia 4 de Dezembro.

Vários ainda se interrogam sobre aquela ausência, alegadamente por doença, mas o facto era que na altura, e devido à tremenda divisão no pais, causada pelos confrontos políticos, o Monarca não tinha condições de falar ao seu povo sem que houvesse alguém que de uma forma ou outra interpretasse as suas palavras diferentemente. Foi uma atitude pensada, e no fim ajustada à situação.

Este ano devido ao facto de o Rei estar hospitalizado há quase três meses de alguma forma era de esperar que o mesmo acontecesse. Tinha sido visível, quando no dia 23 de Outubro apareceu pela primeira vez, que se encontrava fragilizado e necessitando de descanso e cuidados médicos. Assim foi e a Casa Real decidiu que não seria possível a comparência à sempre cansativa cerimónia do “Trooping of the Colour” e que o Monarca só falaria aos familiares e dignitários do regime no dia do próprio aniversário, 5 de Dezembro sendo substituído em todas as outras funções oficiais pelo herdeiro aparente o Príncipe Vajilalongkorn.

As palavras de Rama IX acabam sempre por ter um eco maior do que aquela pequena audiência e acabaram por ser escutadas por todo o povo e entendidas como uma mensagem para todos. Dirigidas àquele circulo restrito ecoaram por todos os cantos da Tailândia.

Mais uma vez o Monarca falou da necessidade de olhar para o país e da necessidade de pôr os interesses colectivos acima dos pessoais acrescentando que só unidos os tailandeses podem trabalhar uns para os outros e cada um para o todo.

Acabou por ser assim uma mensagem vista, ouvida, sentida e, espera-se, assimilada por todos e resta agora entender o seu alcance e a capacidade que existe de encontrar uma solução para o beco onde se meteu o país.

Thongchai Winichakul, um Professor tailandês da Universidade de Wisconsin nos Estados Unidos dizia numa, muito interessante conferência ocorrida dias depois, a 8 de Dezembro, e intitulada “Thailand in Transition: A Historic Challange and What’s Next”, que contou entre outros com a presença da Professora Dra. Pasuk Pongpaichite, eminente economista de Chulalongkorn e do Governador de Bangkok M.R. Sukhumbhand Paribatra, que “Quem só vê no pais Vermelho ou Amarelo tem uma visão profundamente distorcida da realidade”. É dever de todos, olhar para dentro de si e para a frente e encontrar a verdade da profunda divisão existente no pais.

O Dr. Thongchai é um dos historiadores com mais obra publicada sobre a Tailândia recente e ler os seus escritos ajuda a entender muitas das questões que se colocam para encontrar a união a que o Rei apelava no seu discurso. A Dra. Pasuk publicou recentemente um estudo, sob os auspícios do King Phrajadipok Institute sobre o tecido económico-social do pais, que foi apresentado no Congresso do KPI, e onde aborda as enormes disparidades existentes no pais e o facto do sistema fiscal do país aumentar de forma significativa esse fosso. O Governador de Bangkok, como se sabe dirigente do Partido no poder, reclamava mais acções da parte de Abhisit na solução dos grandes problemas económicos que o pais enfrenta neste momento e que estão a agravar a já grande divisão social.

O Rei falou, com toda a propriedade requerendo acções aos seus compatriotas. Há agora que esperar que esses tenham ouvido e entendido que é na resolução dos problemas do pais real que se encontra a chave para o futuro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Tratado de Lisboa


Entra hoje em vigor o Tratado de Lisboa o tratado possível para levar a União Europeia para um patamar superior e capaz de dar alguma força extra aos desígnios dos 27 Estados Membros (EM).

Lisboa vai ser hoje palco, com a Torre de Belém por fundo, de uma simbólica cerimónia que visa marcar esta data.

Depois de aprovado na Cimeira de Lisboa a 13 de Dezembro de 2007 o Tratado passou pela ratificação por todos os EM que ficou concluída com a aprovação pelo Presidente Checo Vaclav Claus no início de Novembro. O processo foi complicado devido aos diferentes requisitos constitucionais dos diversos EM, atrapalhou-se com o Não do primeiro referendo irlandês, mas acabou com todos os EM a dar o seu Sim a Lisboa, nome mais simples pelo qual fica conhecido o Tratado da União Europeia assinado na nossa bonita capital.

Muitas são as alterações sobre o anterior Tratado de Nice, em vigor até ontem, mas irei tentar sumariar as mais salientes e aquelas que irão vir a mostrar, ou não, da utilidade do novo Tratado.

Em primeiro lugar Lisboa, faz como que uma compilação de anteriores Tratados num só e confere entidade legal à União Europeia. Até aqui a EU não possuía entidade legal o que por vezes tornava extremamente complicado o acesso da União, como um tal, a forums, acordos ou iniciativas internacionais. De igual modo a Declaração dos Direitos Fundamentais dos Cidadãos Europeus, assinada em 2000 pelos EM entra neste momento em vigor.

Também se reconhece, do ponto de vista legal e formal, que a EU é constituída por 27 EM e não pelos 6 que a iniciaram. Pequena formalidade mas num mundo onde as questões burocráticas prevalecem de extremama importância.

Introduz-se com a “Citizens Initiative” a possibilidade de um número de pessoas por iniciativa própria poder desencadear mecanismos no Parlamento Europeu para defesa de interesses dos cidadãos, uma inovação em relação ao passado.

A partir de 2014 as decisões no Conselho de Ministros passam a poder ser tomadas por uma maioria de 55% dos EM desde que representem 65% da população Europeia. Até agora as decisões eram sempre tomadas por unanimidade o que tornava cada vez mais pesado ce demorado o processo devido ao alargamento da União.

Quanto às instituições existem duas mudanças de relevo: A criação do lugar de Presidente do Conselho da União Europeia, entidade que tem por objectivo representar a União e coordenar as actividades do Conselho, membro eleito por um período de 2 anos e meio com o máximo de dois mandados. As presidências rotativas continuam a existir mas as suas atribuições consistem fundamentalmente na coordenação do Conselho dos Assuntos Gerais e das reuniões do COREPER.

A segunda foi a criação do Alto-comissário representante da União para as políticas externa e de segurança, entidade que assume em simultâneo o lugar de Vice-Presidente da Comissão e que, como os outros Comissários, será eleito para um mandado de 5 anos. Desaparece o comissariado para as relações externas e este novo serviço denominado European External Action Service será uma fusão da anterior direcção para os assuntos externos da Comissão com o gabinete do anterior Alto-comissário ao qual vão ser acrescentados funcionários diplomáticos provenientes dos EM. Deste modo aquela velha pergunta feita por Henry Kissinger, “com quem falo quando quero ligar para a Europa” obtém resposta através deste novo serviço de política externa e de segurança. Do ponto de funcionamento da Democracia, Lisboa alarga as áreas em que o Parlamento Europeu pode intervir nos assuntos gerais da União da mesma forma que dá aos Parlamentos Nacionais dos EM a capacidade de escrutínio e interferência, construtiva, no processo legislativo Comunitário.

Com Lisboa, pretende-se uma Europa mais Democrática, mais Transparente, mais Coesa e portanto mais capaz de enfrentar os desafios que se lhe colocam pela frente.

Embora entre hoje em vigor e desde hoje algumas mudanças poderão ser notadas, o facto é que o alinhamento das novas instituições e seu pleno funcionamento irá ainda demorar alguns meses mas é esperado que no início do próximo mês de Abril todas as alterações estejam completamente implementadas e funcionais.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Festejos Reais

Aproxima-se o 82º aniversário de Sua Majestade o Rei Bhumibol, no próximo dia 5 de Dezembro, e tendo em conta que está hospitalizado desde 18 de Setembro, muitos estavam ansiosos por saber se o muito amado monarca apareceria, como todos os anos faz, para grande gáudio da população.

Todos os anos o Rei preside ao desfile das forças militares, curiosamente chamado como na corte de Saint James, Trooping the Colour, que acontece no dia 2, falando aos soldados nessa ocasião. Posteriormente no dia 4 o Rei costuma falar ao país num discurso que é muito esperado e que serve sempre de guia através das suas palavras que são sempre repetidas e recordadas.

No ano passado o monarca falou ás tropas no dia 2 mas, pela primeira vez não compareceu no dia 4 tendo os dois filhos com direitos sucessórios, anunciado que o pai estava adoentado. Felizmente que tal não seria inteiramente verdade mas aconteceu que perante os acontecimentos preocupantes que estavam a fracturar a sociedade tailandesa era de todo aconselhável que o Rei se remetesse ao silêncio e não pudesse haver qualquer má interpretação das suas palavras por um ou outro dos campos.

O Rei está acima das lutas partidárias e é, como símbolo do país, o monarca de todos, o pai de todos, e por isso contribui, através do seu trabalho e das suas palavras, para a união e bem-estar dos tailandeses.

Atenta a saúde do monarca que o retém no hospital há mais de dois meses era altamente esperado o anúncio de saber-se se apareceria aos tailandeses nesta ocasião festiva.

A Secretário Privado de Sua Majestade acaba de anunciar, através de um comunicado à imprensa, que o “Trooping the Colour” foi cancelado e que o Rei não estará presente na tradicional audiência do dia 4 nem nas cerimónias religiosas do dia 6 e jantar aos dignitários do dia 8.

O Rei receberá os familiares, os membros do Gabinete e os parlamentares no dia 5 e decidiu que o Príncipe Maha Vajiralongkorn o representará nas restantes cerimónias oficiais.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Samak Sundaravej


O ex PM Samak Sundaravej faleceu esta manhã em Bangkok depois de uma longa luta contra o cancro que acabou por perder.

Nascido em 13 de Junho de 1935 era filho de um alto funcionário público, sempre importantes figuras no sistema político tailandês. Durante a crise económica dos anos 20/30 o seu Pai perdeu a maior parte de sua fortuna e teve de lutar por manter a família pelo que a infância de Samak foi marcada pela luta por uma vida melhor. Foi nessa altura que desenvolveu o grande gosto, e necessidade, pela cozinha tornando-se um conhecido “chefe”, facto que o levou “à glória” da televisão e “à derrota” nos tribunais.

Samak cursou direito na Universidade de Thammassat e teve vários empregos, inclusive trabalhando na representação diplomática de Israel em Bangkok, antes de se dedicar à política.

Em 1968 ingressou nas fileiras do partido Democrata e foi eleito para o Conselho Municipal de Bangkok. Chegou a Deputado em 1975, também por Bangkok, distrito de Dusit. A sua primeira função governamental foi a de Secretário de Estado do Interior de Abril a Setembro de 1976 (tempo de Seni Pramoj como PM). Já nessa altura começava a ser uma voz sempre ácida o que lhe valeu não ser renomeado para o segundo gabinete de Seni.

Samak foi um elemento importante do movimento de direita que em Outubro de 1976 esteve envolvido no incidente conhecido como o massacre de Thammassat, quando um número nunca bem definido de estudantes de esquerda foi mortos junto à Universidade quando se manifestavam requerendo a liberalização do regime. Samak nessa ocasião apoiou, ao que consta, uma estação de rádio que apelava à morte desses “comunistas apoiantes do regime do Vietname”. Na realidade o seu papel não passou desse apoio e o ano passado ganhou duas causas em Tribunal contra um jornal e um académico tailandês que o acusavam de participação no “massacre”

A sua ligação aos movimentos de direita ficaram bem ilustrados pela sua acção como Ministro do Interior no gabinete de Thanin Kraivixien, que não deixou boas memórias devido aos métodos repressivos da sua governação. Durante esse tempo Samak mandou fechar todas as estações de rádio que se opunham ao regime.

Ainda nesse ano de 1976 abandona o Partido Democrata

Em 1979 volta à politica partidária e forma o seu próprio partido, o Prachakorn (o partido do povo) e através da forma aberta e directa dos discursos de Samak o partido obtêm uma grande vitória nas eleições, principalmente em Bangkok, onde 32 dos seus 43 candidatos são eleitos.

Em 1983 Samak é nomeado Ministro dos Transportes no governo do General Prem (o actual presidente do Conselho Privado do Rei), mas mais uma vez a sua forma “vigorosa” de fazer política faz com que não seja novamente nomeado Ministro no segundo governo do General e aí começaram as diferenças entre os dois.

Volta ao governo com o PM Chatichai Choonhavan, em 1988 e em 1992 o seu partido é um dos que apoio a formação do governo do, não eleito, General Suchinda Kraprayoon, governo que ficou marcado pelos incidentes do “Maio negro” quando os militares atiraram a matar sobre as pessoas que se manifestavam em Ratchadamnoen a grade avenida no centro de Rathanakosin.

Afastado por alguns tempos regressou em 2001 quando se candidatou a Governador de Bangkok e, apesar de um reduzido orçamento, ganhou com grande vantagem o posto contra Sudarat Keyurapan a candidata do partido de Thaksin o Thai Rak Thai.

Em 2007 é nomeado líder do Palang Prachachon Party (PPP), o novo partido de Thaksin que concorre às eleições após o golpe de estado de 2006, que vem a ganhar, e Samak assume o cargo de Primeiro-Ministro.

Samak nunca perdeu o seu gosto pela cozinha e continuou ao longo dos anos a ter um programa na televisão onde mostrava os seus dotes na arte.

Foi esse programa, e uma decisão, por demasiado controversa do Tribunal Constitucional, que o levou à demissão do cargo no final de Setembro de 2008.

A própria sentença que o condena não consegue provar que o, então PM, tivesse obtido algum ganho pessoal com o programa visto que o que ficou provado era que o seu motorista recebia por cada programa a quantia de 5.000 bath (cerca de 100 Euros) para as despesas com os ingredientes necessários ao programa. Mesmo assim o juiz considerou que havia uma violação da lei visto um Membro do Governo não poder ter outras ocupações remuneradas enquanto exerce o seu cargo e assim Samak saiu de cena não devido ás acções do PAD mas través daquilo que foi considerado o primeiro acto de um golpe de estado judicial levado a efeito para retirar da governação o partido de Thaksin que tinha ganho as eleições em 23 de Dezembro de 2007.

Interessante notar que Samak foi, como a grande maioria dos políticos na Tailândia, parceiro de luta de quase todos os diferentes campos: Prem, Thaksin, Democratas, etc.

Já em Outubro de 2008 Samak rumou aos Estados Unidos para receber tratamento médico quando foi anunciado de que padecia de um cancro no fígado que o levou pelas 9.33 desta manhã 24 de Novembro.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mediação

Dr. Surin Pitswan, o Secretário-geral da ASEAN, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, falou à imprensa em Singapura, onde se encontra para participar na cimeira da APEC e na Cimeira da ASEAN+US, sobre a crise que se encontra instalada entre dois dos membros da organização, Tailândia e Camboja, mostrando grande apreensão pelo momento que se vive e afirmando que todos os líderes da Associação estavam empenhados em encontrar uma solução para o conflito durante os trabalhos deste fim-de-semana.
Este fim-de-semana, em Singapura, abre-se uma janela de oportunidade para fazer com que as duas partes baixem o teor das suas declarações e temos que a aproveitar, afirmou o Secretário-Geral.

A ASEAN tem, na sua Carta Constitucional, em vigor há pouco menos de 1 ano, uma clausulo em que se afirma o principio de não interferência nos assuntos internos dos estados membros, Ao contrario da União Europeia a ASEAN ainda não tem mecanismos comuns nem áreas onde a soberania individual foi alienada a favor do colectivo, embora se prepara para implementar, a partir de 2015, a Comunidade Económica embora ainda não estejam claramente definidos os contornos desse pilar da ASEAN.

O MNE cambojano mostrou-se disponível para aceitar qualquer mediação “desde que a Tailândia também aceite” mas Abhisit, hoje à saída de uma reunião do Conselho nacional de Segurança disse que os problemas entre os dois países são assuntos bi-laterais e portanto não deveriam ser discutidos durante o fim-de-semana.

O S-G da ASEAN mostrava-se particularmente preocupado com a imagem que a organização está a dar ao Mundo, com o seu Presidente envolvido numa disputa ,com já fortes consequências diplomáticas, com outro membro, no momento em que pela primeira vez vai ser realizada a Cimeira com os Estados Unidos que estará representado pelo Presidente Obama.

Apesar das reticências de Abhisit pode ser que o bom senso acabe por impor-se e as duas partes encontrem uma plataforma comum onde possam começar a caminhar em conjunto no sentido de resolver as divergências à mesa das negociações.

Ontem para ainda assanhar mais as relações e depois de o Camboja ter declarado persona non grata o segundo secretário da Embaixada tailandesa em Phnom Penh, Bangkok retaliou com a expulsão de um diplomata ao serviço na capital tailandesa. Asiim vai de resposta em resposta o conflicto.

Dr. Surin conhece bem estes corredores e sabe que é necessário parar e acabar com esta espiral que a nada leva e daí a sua iniciativa, um pouco fora do comum na Associação mas que se resultar lhe dará a ele e ao próprio secretariado um forte impulso positivo.

O Bom Exemplo


Os militares dos dois países acabam de dar uma lição de bom serviço.

Anunciaram que foi estabelecida uma linha telefónica directa entre os dois Ministros da Defesa de modo a que possam manter um salutar e aberto contacto a qualquer momento de modo a evitar qualquer possível mal entendimento e acordaram, igualmente, realizar no próximo dia 21 um encontro de futebol entre militares dos dois lados em princípio num local na fronteira.

Uma jornalista que trabalha fundamentalmente junto das forças armadas disse-me que os militares continuam em permanente e amigável contacto e que consideravam que o que se está a passar é um problema que compete ao governo resolver e não a eles.

O único receio é que com os ânimos quentes qualquer pequeno incidente possa levar um soldado, de qualquer dos lados, a disparar uma arma o que gerará por certo confusão, daí esta iniciativa de criar a hot-line para estarem sempre em comunicação.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Conferência de Imprensa de Hun Sen


O PM Cambojano deu ontem uma conferência de imprensa, ao lado de Thaksin Shinawatra, onde ultrapassa todas as barreiras do que é diplomacia.

Começa por dizer que o problema que existe entre os dois países é um problema pessoal entre ele e Abhisit e que este último sabe muito bem do que se trata, e que enquanto Abhisit ainda andava a brincar como uma criança, que o era na altura, ele (Hun Sen) já andava na política.

Continua afirmando: Se quer fechar a fronteira, que feche. Nós, cambojanos sabemos muito bem se queremos produtos tailandeses onde os ir buscar e não necessitamos das fronteiras para nada. Para além disso fechar as fronteiras afecta mais os negócios tailandeses do que os nossos visto no ano passado termos comprado 2 mil milhões de US$ e vendido somente 90 milhões.

Para mim, diz Hun Sen, quem está a fazer um grande drama é Abhisit pois foi ele que cancelou um MoU validamente assinado entre dois países (referência ao Memorando de Interesses sobre a exploração das plataformas petrolíferas no Golfo da Tailândia), perguntando como é que a comunidade internacional vai sentir-se ao assinar um qualquer contracto com a Tailândia se sabe que depois eles o podem rasgar. Nós sempre negociamos com a Tailândia em boa fé mas quando acabamos de assinar qualquer acordo eles apagam com os pés, afirma Hun Sen.

Diz ter tudo explicado durante a cimeira em Hun Sen, sobre a nomeação de Thaksin como conselheiro económico tal e qual o tinha antes feito com o actual PM Coreano, Lee, e com Australianos.

Escala o tom acusando Abhisit de ser uma marioneta nas mãos de Thaksin pois cada vez que se fala deste o PM reage sem direcção e simplesmente por razões pessoais e nunca pensando nos interesses do seu povo e do seu país. Podem os tailandeses suportar um líder como este? Pode a ASEAN ter um presidente como este? São duas perguntas das mais insultuosas que faz. Nós (refere a ASEAN) um dia seremos um só mercado, teremos uma só moeda (referência ao modelo europeu) mas quem em vez de querer construir quer destruir é o Presidente da ASEAN, a Tailândia.

Quando acusa o Camboja de ter roubado território à Tailândia o melhor é ler a história e verá quem são os agressores, volta á carga Hun Sen.

Pergunta depois se todo o problema é por o Rei do Camboja ter nomeado Thaksin conselheiro do Governo. Se é assim então voltemos tudo para trás inclusive o golpe de estado de 2006 em que aquele foi retirado de um lugar para o qual tinha sido democraticamente eleito. De que é que Abhisit tem medo? Eu sou PM neste país porque recebi 2/3 dos votos do meu povo. Quantos votos Abhisit recebeu (note-se que o partido Democrata tem só 1/3 dos Deputados no Parlamento)? A nomeação de Thaksin não tem nada a ver com a Tailândia. Ele é meu amigo e amigo não trai amigo.

Abhisit está envolvido em todo o tipo de problemas. Pode morrer devido ao stress que isso lhe causa. Tem problemas com todos os seus vizinhos (Abhisit ainda não visitou nenhum deles o que é tido como uma das grandes falhas da Diplomacia tailandesa em ano de presidência da ASEAN), e para além disso tem problemas com os amarelos, com os vermelhos, os azuis e os verdes.

Que tipo de respeito é que a Tailândia merece para o Camboja (se a tradução para inglês está correcta esta é muito forte pois Hun Sem não refere Abhisit mas Tailândia e portanto torna-se numa forte acusação contra o país). Não há nada no sistema judicial tailandês que deveremos respeitar. No passado davam guarida aos Khmer Rouges quando eles atacavam e destruíam o meu povo e o meu país.
A acrescentar ao que fica relatado, hoje o Governo do Camboja recusou o pedido de extradição apresentado pelo Encarregado de Negócios em Phnom Penh, e mais tarde declarou esse mesmo diplomata persona non grata dando-lhe 48 horas para abandonar o país.

Pergunta-se agora. Qual a resposta? Qual é o jogo de Hun Sen (e de Thaksin)? Apostarem na fragilidade de Abhisit e fazer cair o governo? Mas entretanto Abhisit subiu estrondosamente nas sondagens já que o povo tailandês não tolera tamanha arrogância (para ser simpático) vinda do outro lado da fronteira.

Há quem diga que tudo isto é uma estratégia para fazer Abhisit querer que está forte e pode dissolver o Parlamento e convocar eleições sabendo (ou crendo) que essas serão sempre ganhas pelo Puea Thai. Até pode ser verdade mas é tremendamente arriscada e custosa, mas Hun Sen, como ele diz já anda nisto há muitos anos e não vai ser agora que muda e se torna um líder com contornos democráticos.

Os próximos dias (horas) vão ser cruciais para entender o rumo deste destroyer sem comando.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PAD no seu pior

Hoje o jornal Manager, propriedade do líder do PAD, Sondhi L. trazia um artigo sobre as disputas actuais entre a Tailãndia e o Camboja, Como é natural o artigo atacava Thaksin Shinawatra e Hun Sen, apelidando o primeiro de traidor à pátria.

Nada de mais. É essa a linha do PAD e portanto é natural esses ataques. O Manager não é um jornal independente é um jornal que defende uma linha política, o que do meu ponto de vista é salutar especialmente se se comparar com outros que se dizem independentes e depois estão totalmente viciados nas suas opiniões.

Aprecio, portanto, mais o Manager do que, por exemplo, The Nation, embora na maíoria das vezes não esteja de acordo com as opiniões lá emitidas por as achar demasiadamente extremistas. Nunca fui adepto de fundamentalismos sejam eles de que quadrante forem.

Hoje porém o Manager ultrpassou o risco do admíssivel.

Esse artigo tinha, na sua versão on-line, variados comentários de leitores e uma das obrigações do jornal, quando autoriza a publicação dos comentários é ver se eles estão ou não dentro da sua linha editorial.

Acontece que um dos comentaristas afirmava, qual membro da Al-Qaeda, o seguinte: "Estou pronto para matar toda a família Shinawatra", ao que infelizmente outros adicionaram alguns comentários de apoio nomeadamente dizendo "os verdadeiros tailandeses estão prontos a tudo".

Pior do que esses comentários foi que no espaço de uma hora 327 pessoas apoiaram aquela afirmação.

Um péssimo trabalho jornalístico, um péssimo trabalho a favor do país, um péssimo trabalho a favor da paz que se necessita.

É legítimo condenar Thaksin, merece-o, mas apelar a e apoiar uma "Jihad" nunca é a solução.

É bom que o PAD e os seus líderes não se esqueçam, como muito bem dizia hoje um dos mais respeitados Professores da Universidade de Chulalongkor, que existem muitas culpas daqui deste lado da fronteira nesta guerra absurda.

O MNE Kasit foi o primeiro a repetidamente atacar o PM Hun Sen com todas as palavras inclusíve chmando-o criminoso; o PAD recentemente entrou pelo "Templo da Disputa" atacando as populações locais que os querim ver fora dali, causando feridos entre os seus compatriotas; por último o governo de Abhisit, apoiado pelo PAD, autorizou que o líder da oposição Cambojana, Sam Rainsy, fizesse um comício em sólo tailandês atacando Hun Sen.

Como diz o provérbio:

Se de um lado venta, do outro chove.

Citações

É sabido que em política não há amigos. Existem companheiros ou camaradas, consoante a área política, mas essa qualificação é sempre ocasional e tem a ver com o momento em que qualquer táctica aproxima ou afasta as personagens.

Temos bastantes exemplos disso em Portugal, em todos os quadrantes políticos, quando se vê encontros ad-hoc sempre no “interesse da Nação”, em que os figurantes (alguns dirão figurões), mudam de casaco com grande facilidade tal qual como numa passagem de modelos.

Também aqui na Tailândia isso acontece e lembrei-me disso a propósito da calorosa recepção que o líder do país vizinho, Hun Sen, fez ao seu “eterno e fiel amigo” Thaksin Shinawatra.

Em 2003 a Embaixada da Tailândia em Phnom Penh foi incendiada pelos cambojanos depois de uma actriz tailandesa ter feito declarações consideras provocatórias acerca de territórios que no entender dela tinham sido roubados à Tailândia pelo Camboja. Nessa altura Thaksin, então Primeiro-Ministro, deste lado, ameaçou enviar forças especiais para a capital cambojana para matar os criminosos e houve uma troca de palavras, através dos meios de comunicação social, bastante quente entre ele e Hun Sen. Os grandes amores por vezes têm os seus momentos de raiva e nalguns dos casos acabam em divórcio. Mais tarde se verá até que ponto quer Hun Sem quer Thaksin podem confiar um no outro. Uma das citações que muitas vezes se ouve é a de que os nossos piores inimigos são os nossos amigos.

Que o diga Abhisit que anda a governar numa gaiola cheia de cobras escorregadias.

Mas recordemos outras interessantes citações ditas em tempos aqui na Tailândia:

Sondhi Limthongkul, co-líder do PAD e agora Presidente do Parido da Nova Política e inimigo mortal (?) de Thaksin “ Thaksin é o melhor Primeiro-Ministro que a Tailândia já teve”, em 2004.

General Chamlong Srimuang, co-líder do PAD: “Thaksin é a pessoa certa para liderar, a partir de agora, o Phlang Dharma party”, o partido que Chalong fundou nos anos 90 e de cuja liderança se afastou nesse momento. Foi o General que trouxe Thaksin para a política.

Nevin Chidchob, o líder de facto do Bhum Jai Thai party, ex braço direito de Thaksin e actualmente dedicado, segundo disse, a defender até à sua morte o Rei e a Monarquia, disse: “Choro pelo que fizeram a Thaksin”. Foi ele mesmo que após ter sido feito prisioneiro e posteriormente corrido de Bangkok (como ele disse com as calças na mão) no rescaldo do golpe de 2006, acusou o Presidente do Conselho Privado do Rei de interferências no processo.

Kasit Piromya, o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês chamou a Hun Sen, por duas vezes, "criminoso" quando era um dos animadores dos palcos do PAD, mas mais tarde disse que tudo o que tinha dito antes de 22 de Dezembro, dia da tomada de posse, não era relevante. Por certo para ele pois Hun Sen não o esquece.

O único que tem razão é o “grande filósofo” português, João Pinto, ex capitão do Futebol Clube do Porto, que disse que “prognósticos só no fim do jogo”. Enorme sabedoria muito aplicável no campo político.

La Famiglia


Uma nova familia nasceu. A familia Shinawatra-Sen

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Homem que não ouve a ninguém

Thaksin Shinawatra chegou esta manhã, pelas 9.45 locais a Phnom Penh.

Nada de anormal visto ter sido nomeado há dias para assessor económico do Governo do Camboja. Como bom funcionário apresenta-se ao trabalho.

Desde o momento do anúncio por Hun Sem de que iria proceder à nomeação do seu amigo afirmando mais que não o extraditaria para a Tailândia, que a tensão entre os dois países voltou a subir, como já relatei.

No meio dessa escalada Abhisit está a jogar, com sucesso, a carta nacionalista. Começou por apelar a Thaksin para que olhasse para os interesses do seu país, para mais tarde o vir a acusar de traidor entre outros adjectivos. A discussão desceu a níveis tão baixos que o porta-voz do PM,Thepthai Senapong, declarou que Thaksin e a família deveriam ser decapitados! O facto é que Abhisit subiu nas sondagens e agora lidera com confortável margem à frente do fugitivo ex PM.

Assim, como diz hoje o Thai Rath, um jornal de língua tailandesa independente, o povo esquece que o governo actual não resolveu nenhum dos problemas no sector económico, começa a estar manchado por váriados casos de corrupção e nepotismo para além de governar à sombra de um sistema judicial que o protege. Hoje mesmo foi adiada, pela enésima vez, a decisão sobre o financiamento ilegal do Partido Democrata que a ser provada levará (mas tal nunca acontecerá) à dissolução do Partido. Recorde-se também que está quase a fazer 1 ano que o PAD, o pricipal suporte actual de Abhisit, ocupou os aeroportos da capital com os prejuízos de milhões de milhões de bath, mais do que o a totalidade do actual estímulo para a economia, segundo o Banco Central, e ninguém foi presente perante a justiça.
Para agravar as questões Thaksin concedeu uma entrevista ao Times onde faz comentários sobre a monarquia, e se bem que eles em si nada de especial representem, foi mais um prego no caixão que o espera. Todo o tipo de acusações estão a ser feitas o que o obrigou a vir acusar o jornal britânico de distorcer a verdade.

Uma nota interessante para ver como o sistema na Tailândia funciona sempre a favor do vento que sopra. Há dias foram constituídos arguidas algumas pessoas por terem reproduzido uma notícia da Bloomberg sobre a saúde do Rei. Hoje quando, inclusive membros do Governo o fazem, isso já não é uma ofensa passível de procedimento criminal. A já cansada prática dos dois pesos e duas medidas do sistema judicial.

Voltando a Thaksin, o ex PM não consegue parar para reflectir e preparar uma estratégia que seja favorável à sua causa. Thaksin quer voltar ao país, voltar ao poder. Argumenta que é um perseguido político que a condenação de que foi alvo foi politicamente motivada (o que é evidente) mas jogar o papel do separatismo em nada ajuda a sua causa.

Thaksin é conhecido por não ouvir ninguém. Só ele é que sabe, só ele é que tem a verdade. Nem mesmo no tempo em que esteve casado, e com uma mulher poderosa e inteligente, não lhe dava espaço para ouvir um conselho dela ao ponto de ela se ter cansado de seguir um homem sem rumo e sem estratégia.

O seu objectivo é ganhar o coração dos seus concidadãos, dos quais uma vasta percentagem ainda lhe presta grande vassalagem, mas não consegue largar o seu antigo hábito de ver todos os outros como os seus empregados.

Thaksin teve grande mérito em muitas questões na política tailandesa ao ponto de o presente governo replicar, passo a passo, linha a linha, muitos dos projectos que ele lançou ou mesmo alguns que estavam na gaveta ao tempo em que foi corrido pelo golpe de estado de 2006.

Um dos grandes problemas de Thaksin foi a sua atitude para com todos aqueles que eram seus “compagnons de route”, como o seu, actual, archi-inimigo, Sondhi L. Para Thaksin todos passaram de seus parceiros a seus empregados como o patrão que tudo tem e depois distribui os lucros do negócio, como e a quem quer, utilizando tal como uma forma de ir comprando serventias casuais.

Mais uma vez nesta guerra que ajudou a acender com o seu país e que Abhisit, fortemente pressionado pelo PAD, está a inflamar ao contrário do que seria desejável, Thaksin não conseguiu trabalhar nos ganhos iniciais que teve, aproveitar a precipitação do governo de Bangkok, e jogar ele a cartada do “pai do povo” como ele tão bem soube jogar no passado.

Um cão acossado é sempre mais perigoso do que um cão que tem espaço e capacidade para “pensar” e isso é o que se está a passar actualmente com Thaksin.

Deitou a perder o momento que criou e está envolvido numa guerra da qual dificilmente vai sair vencedor. Talvez lhe reste a possibilidade de renunciar à cidadania tailandesa e obter o passaporte, mais um, Cambojano.

sábado, 7 de novembro de 2009

Tailândia vs Camboja

A Tailândia e o Camboja voltaram a atiçar o fogo que lavra entre os dois países há muitos anos.

Como já relatei várias vezes as escaramuças na fronteira face à existência de uma longa frente comum de 807 quilómetros, bastante mal demarcada por razões históricas e de tratados nem sempre acordados na plena capacidade de uma das partes.

O ano passado viu esses confrontos acenderem-se, após a candidatura apresentada pelo Camboja a que o templo de Phrae Vihearn, que é deles por decisão do Tribunal Internacional de Justiça de 1962, decisão não contestada pela Tailândia, em devido tempo, a Património da Humanidade. Nesses confrontos acabaram por falecer 14 soldados de ambos os lados quando foi trocado fogo entre as tropas estacionadas no local. Desde essa altura a tensão nunca desceu apesar das muitas fotografias tiradas em conjunto por políticos de ambos os países. A realidade é que a Joint Border Commission, estabelecida através do Memorando de Entendimento assinado por ambos os países em 2001, nunca conseguiu passar do inicio visto nunca terem conseguido definir o nome do templo, que se escreve mais ao menos da mesma maneira nas duas línguas mas pronuncia-se diferentemente.

Em 2003 a Embaixada da Tailândia em Phnom Penh foi destruído por fogo posto por uma multidão enraivecida com comentários feitos por uma artista sobre o “templo da disputa” (era capaz de este ser um nome aceite por ambas as partes) em mais uma demonstração da permanente e latente animosidade que existe entre os dois países, e mesmo entre os dois povos.

Enquanto os laocianos são os “irmãos” os cambojanos nunca conseguiram ter esse “apelido” e a história de permanentes confrontos é disso a prova.

Agora a inimizade entre os dois países atingiu um novo e altíssimo patamar.

Dias antes da Cimeira da ASEAN em Cha-Am/Hua Hin, o novo Prsidente do Puea Thai, o partido de Thaksin, visitou o Camboja e ouviu o seu Primeiro Ministro declarar-se um amigo fraternal do fugitivo ex PM tailandês. Nesse altura Hun Sen também apelou ao dialogo para resolver a disputa fronteiriça.

Chegado à estância balneária onde se realizou a Cimeira Hun Sen conseguiu retirar todo o brilho ao hóspede Abhisit, já que durante um dia a comunicação social só falou da oferta daquele de um posição para Thaksin como seu conselheiro económico ao qual Hun Sen adiantou que Thaksin nunca seria extraditado pois considerava que o seu amigo era um perseguido politico. Chegou inclusive a comparar o ex PM a Aung San Suu Kyi (o que diga-se é de bastante mau gosto).

Abhisit não conseguiu ter resposta para o experiente e matreiro Hun Sen e acabou arrastado no turbilhão de atoardas que foram ditas em vez de conduzir, como líder da ASEAN, a sua própria agenda.

Passado esse incidente, onde mais uma vez Hun Sen se sentiu vitorioso, este voltou a à carga, cumprindo a sua promessa e Thaksin foi nomeado, por decreto Real, Conselheiro Económico do Primeiro Ministro do Camboja.

A Tailândia mostrando mais uma vez a falta de experiência do seu Primeiro Ministro em assuntos diplomáticos decidindo, sem mais nem menos, chamar o seu Embaixador em Phnom Penh, gesto que foi retaliado pelo Camboja no mesmo dia.

Antes da retirada de um Embaixador existem vários outros mecanismos diplomáticos para mostrar o desagrado pela actuação de um pais com o qual se matem relações diplomáticas. Convocar o Embaixador desse pais para o Ministério para indagar do assunto em questão, um aide-memoire, uma demarche, e estes quer verbais (mais leves) quer por escrito (mais fortes), são mecanismos a utilizar antes daquele que Bangkok tomou.

A notícia da decisão do MNE tailandês foi comunicada ao pais através do Secretario do Ministro e não através do porta voz do Ministério visto haver fortes discordâncias sobre a decisão, vista pela maioria dos diplomatas como desproporcionada. Há que notar que a Tailândia é presentemente o Presidente em exercício da ASEAN, é membro do Tratado de Amizade e Cooperaçã, dos quais o Camboja também é signatário, e acaba por criar com a reacção desproporcionada a divisão e não a união como deve ser o papel do Presidente.

Singapura e o Secretário-geral da ASEAN já se manifestaram altamente preocupados e chamaram à atenção dos dois países para os prejuízos que estão a trazer para a associação nas vésperas da reunião da APEC e da Cimeira ASEAN-US, a realizar em Singapura, à qual vai estar presente o Presidente Obama.

A chamada de Embaixadores corta automaticamente os canais de comunicação entre dois países e coloca agora uma questão muito complexa. Como é que se vai voltar para trás? Como é que a Tailândia, repito, Presidente em exercício da ASEAN, vai retroceder sem que isso seja visto como uma derrota para o pais, como já está a sê-lo no contexto da diplomacia internacional.

Do ponto de vista de politica domestica Abhisit marcou pontos e a sondagem que hoje saiu já mostra isso pois voltou a estar á frente de Thaksin. Este pelo seu lado está a jogar uma cartada que lhe pode sair muito cara. Abhisit, inteligentemente (bom teria sido que também o tivesse sido e utilizasse uma medida protocolar mais leve), está a levantar a bandeira patriótica e já apelou para que Thaksin ponha os interesses da Tailândia, o seu pais, à frente dos interesses de um pais estranho. Hun Sen, pelo seu lado, tem o povo todo atrás dele nestas questões de disputas com a Tailãndia e aproveita para reforçar a sua popularidade.

A parada vai alta de ambas as partes e não está mais alta porque os militares dos dois países continuam a ter uma boa relação pessoal. Na noite de Quinta-feira, dia em que a Tailândia decidiu (decisão tomada por Abhisi e Kasit o MNE tailandês que quando era activista do PAD por duas vezes acusou Hun Sen de criminoso – este nunca perdoou a Abhisit a nomeação de Kasit para o cargo vendo isso como uma ofensa pessoal feita pelo PM tailandês), nessa noite, o PM instruiu o Comando do exército para que retirasse o Adido Militar de Phnom Penh, ao que lhe foi dito redondamente. Não! O General que recebeu o telefonema de Abhisit disse que os militares dois países continuam a ter boas relações pessoais e canais de comunicação sempre abertos e que por isso retirar o AM seria uma atitude que não se toma entre amigos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Portugal Global

O AICEP – Portugal Global realizou recentemente em Bangkok, com o apoio da Missão de Portugal na capital, um encontro com empresas tailandesas subordinado ao tema “Business Opportunities in Portugal”.

Pode dizer-se que o evento foi um sucesso: pelo conjunto largo de participantes e pela sua qualidade.

Os trabalhos foram abertos pelo Embaixador Faria e Maya que no final convidou os participantes para um almoço na Residência, sempre um ponto alto para qualquer evento em Bangkok.

Para além das muitas e variadas empresas estiveram presentes, o Ministério do Comércio, através do Sub-Secretário Geral, o Board of Investment, representado pela sua Directora Executiva, a Thai Chamber of Commerce e dois representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

É a primeira vez que o AICEP, a nova estrutura do Ministério da Economia Português para a promoção de Portugal no estrangeiro, se apresenta na Tailândia e o seu Director Executivo para a região, Carlos Velez Moura, pode dar-se por bastante satisfeito pelos primeiros resultados.

Sabemos que a promoção do país como destino quer turístico quer de investimentos é uma tarefa continuada e permanente e portanto muito há que continuar a fazer, mas estas iniciativas são importantes e pode constatar-se, através, quer das questões colocadas quer através das conversas posteriores, que pelo menos a plateia captou o recado e está apta a continuar o diálogo.

Assim sejam, o AICEP e as estruturas empresariais em Portugal, capazes de responder ao interesse manifestado para já pelos presentes.

domingo, 1 de novembro de 2009

European Higher Education Fair

Realizou-se durante dois dias em Bangkok a European Higher Education Fair, um evento que tem por objectivo promover o estudo na Europa.

A EHEF insere-se num evento maior, International Education EXPO, onde estão presentes Universidades e Escolas de todo o Mundo na busca de dessiminar a sua cultura e as suas capacidades de ensino e tentando levar para as suas ecolas os estudantes que procuram melhorar e diversificar os seus conhecimentos estudando no estrangeiro.

Hoje em dia, em qualquer parte do Mundo é sabido que estudar e aprofundar conhecimentos é crucial num mercado tão competitivo como o actual.

Fazê-lo num país diferente do de origem faz uma clara diferença. Por norma isso acrescenta ao estudo o conhecimento linguístico e de culturas diferentes, tão necessário um Mundo tão globalizado e tão competitivo, profundamento tornado num pequeno/grande mercado local, pelos meios de comunicação que tudo aproximaram

Os tailandeses são por natureza estudantes. Dizia-me uma colega minha, mulher nos seus 40 com um bacharelato e três mestrados, actualmente a estudar, mais uma língua, espanhol, que ia tentada a fazer um PhD em Línguas numa Universidade Europeia. Os tailandeses são muito mais ousados do que nós nesta matéria e são capazes de largar uma vida acomodada com muito maior facilidade do que em Portugal se faz.

Ainda não sei os números dos que acorreram nos dois dias ao certame mas falava-se em 40.000 pessoas e posso certificar, por ali ter estado os dois dias, que eram muitos e a maioria estava lá interessada em recolher informações que lhes permitissem seguir o seu intento de ir aprofundar os seus conhecimentos no estrangeiro.

Portugal esteve presente através de três escolas superiores: A Universidade Técnica de Lisboa (www.utl.pt) , a Universidade do Porto (www.up.pt)e o Instituto Superior de Engenharia do Porto (www.isep.ipp.pt).

Alguns vieram pela primeira vez, e já disseram que, face ao acolhimento, não será o último. Outros já estão mais acostumados e não só já possuem experiências anteriores de receber alunos tailandeses como têm protocolos assinados com várias Universidades tailandesas.

O resultado foi encorajador, pelo que ouvi e o trabalho que estes "embaixadores" fazem a favor do nosso país é bastante positivo.

O nosso Embaixador, Antonio de Faria e Maya teve oportunidade de estar presente nas cerimónias oficiais e recebeu também os professores portugueses, que aqui se deslocaram, podendo trocar com eles opiniões sobre o desenvolvimento da iniciativa da União Europeia em favor da divulgação do estudo na Europa e do programa Erasmus.Mundus.






quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As cores são uma constante na política tailandesa e como sabem há uma constante referência às camisas amarelos e às camisas vermelhos e esporádicas aos outros, os azuis, os verdes e os em caqui.

Há dias um dos colunistas do The Nation, por acaso bastante anti-thaksinista, Thanong KIhlantong escrevia um artigo, que aqui fica, e onde fazia uma análise da relação do Primeiro-Ministro Abhisit e as várias cores em cena no país.

A páginas tantas e depois de ir anotando a reacção a cada uma das cores dizia que o “amarelo era ainda a menina dos olhos do PM mas que ele sabe que o seu sistema imunológico não pode tolerar isso por muito mais tempo”,

Ao ler o artigo vê-mos que os fantasmas que assolam a Government House não são só vermelhos como muita gente julga e por vezes os de outras cores são mais perigosos visto não actuarem de frente para o inimigo sendo por isso mais letais.

Ontem Abhisit, numa, ou em mais uma, cartada escusada, decidiu ser o convidado de honra do lançamento de um novo jornal pertencente ao líder do PAD, e agora Presidente do Partido da Nova Política, Sondhi Limthongkul, e recebeu da mão do filho deste Jittanart as devidas honras.

Quando mais de dois terços da população do país rejeita quer amarelos quer vermelhos e no momento em que o PM é acusado de só se preocupar com os problemas em redor de si, é mais um tiro no pé que vai dando e desta forma ajudando aqueles que o criticam. Não admira assim que na sondagem ontem vinda a lume feita pela Assumption University, Thaksin tenha ultrapassado Abhisit em popularidade, inclusive em Bangkok onde pela primeira vez lidera por dois pontos.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cimeira da ASEAN

O sempre presente ausente Thaksin tem tido mais linhas nos jornais nos últimos dias que o Primeiro-Ministro Abhisit Vejjajiva.

Abhisit deixou-se enredar na teia que lhe foi montada por aquele e por Hun Sen, o PM cambojano e “amigo do coração” do ex PM tailandês, e acabou respondendo às provocações de Hun Sen quando teria sido mais inteligente continuar a sua agenda e desqualificar as palavras do líder do país vizinho.

Abhisit poderia ter utilizado parte das declarações de Hun Sem, quando ele se refere ao objectivo de encontrar uma via negociada para o conflito de fronteira, para saudar essas declarações e obrigar a comunicação social a fazer eco dessas e não das que Hun Sem fez referindo-se ao fugitivo ex-PM e que retiraram todo o brilho do primeiro dia da Cimeira da ASEAN.

Chegar ao fim a 15ª Cimeira, que em si engloba outras cimeiras, sem incidentes foi um objectivo conseguido e a Tailândia deve sentir um grande alívio quando a 31 de Dezembro passar a presidência da ASEAN para o Vietname visto tantas terem sido as dificuldades sentidas para realizar alguma coisa.

A Cimeira acabou, todos se sentem felizes mas na realidade vários sinais dão mostra da sua pouca funcionalidade.

A ASEAN Inter-Governmental Commission for Human Rights (AICHR) foi constituída mas as críticas à sua capacidade de acção e à forma como são nomeados os seus membros são muitas. Os estatutos da Comissão não lhes dão grande capacidade de manobra e o seu papel vai-se restringir à divulgação da mensagem da necessidade de observar respeito pelos Direitos Humanos. Os seus membros são na sua maioria funcionários dos governos e o seu orçamento para o ano de 2010 é de 200.000 USD. Contudo é melhor do que nada e deve saudar-se e apoiar-se o seu trabalho.

O tema da Presidência tailandesa era “ASEAN a People Centred Association” e esse objectivo acabou por ter um grande revés, quando pouco menos de 30 minutos antes do agendado encontro entre os representantes da sociedade civil e os líderes dos 10 países, este teve de ser cancelado quando foi anunciado que metade dos estados membros se recusavam a receber os representantes já que os queriam escolher.

Outro ponto negativo foi o facto de 5 dos 10 líderes não terem comparecido à cerimónia de abertura e o Sultão do Brunei ter optado por, em vez de ficar no hotel oficial que o Governo da Tailândia tinha posto à disposição dos líderes, numa casa pertencente a Thaksin Shinawatra.

A cimeira acabou por ficar marcada, no início pela troca de palavras entre Hun Sem e Abhisit e no fim pelo discurso do Primeiro-Ministro japonês (o Japão a par da China, Coreia do Sul, Índia, Austrália e Nova Zelândia fazem parte da East Asian Comunity) que lançou o repto para o nascimento de uma Comunidade Asiática, ao estilo da União Europeia, alargada e integrada, onde os EEUU deveriam ter uma palavra a dizer (se bem que referi-se que isso deveria ser discutido posteriormente). Hatoyama anunciou que um bom começo deveria ser a criação de uma moeda única que seria a moeda dominante no Mundo visto as economias asiáticas no seu conjunto suplantam os blocos Americano e Europeu.

A proposta japonesa foi a grande surpresa e vai levar os burocratas de todos os estados presentes, bem como os americanos e os europeus, a estudarem cenários possíveis de como a concretização de um passo desses afectará o equilíbrio Mundial.

Hatoyama, recém-chegado ao poder está definitivamente a fazer sucesso no palco internacional e quando receber dentro de dias o Presidente Obama vai dar por certo mais um passo nessa sua visão ainda que se saiba ser uma visão de longo prazo.

Abhisit pode agora dormir descansado pois conseguiu terminar a presidência tailandesa em paz, ainda vai ter tempo para receber Obama em Novembro numa cimeira ASEAN-US, a realizar em Singapura, onde poderá, contando com mais umas fotografias, acabar “em beleza”.

Para a história a 15ª Cimeira vai ficar marcada por dois factos: o início da AICHR e a proposta da Hatoyama.