sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Louvor

A Licenciada Paula Alexandre conseguiu numa só semana mostrar a totalidade das suas enormes qualidades profissionais e pessoais.

Chapeau!!

Ainda o Golpe

Vem hoje no The Nation in artigo de opinião do seu sub-director acaerca do “Golpe”.

Infelizmente para o país, para os seus habitantes, para a sua economia e para o mercado mobiliário, não se fala de outra coisa: há golpe não há golpe, e qualquer facto menos normal logo cria ansiedades quer nas pessoas quer nos mercados e na reputação externa do país.

Ontem à noite Abhisit saíu do país para participar na cimeira de Davos e dizia um Deputado, do seu Partido, penso que como piada, que já não deveria poder regressar. Engraçado é que no meio de todos estes rumores e contra rumores aquele que parece mais calmo ainda é o próprio Abhisit e a sua limitada “entourage”, Korn e Panitan. Compreende-se: são homens limpos, não têm conflitos de interesses e se perderem o lugar irão continuar a sua vida de cabeça erguida.

É certo que Abhisit não consegue ser o líder que o país necessitaria mas diga-se em abono da verdade quem o conseguiria ser com tantos e tão poderosos e ocultos poderes a puxarem as cordas para cá e para lá?

Voltando ao tema do Golpe: ontem pela milionésima vez Anupong veio dizer que não há golpe e hoje a UDD vai fazer uma manifestação em frente do Quartel General do Exército pedindo o desmentido do numero dois, Genaral Prayuth, de que ele tem tudo preparado para avançar (Prayuth é o provável sucessor de Anupong em Setembro mas bastante mais conservador que este e fortemente apoioado desde os seus tempos de fiel servidor da Rainha).

No artigo que referi no início Thanong fazia eco de todos os “sinais” que têm acontecido ultimamente e a sua possível interpretação.

Os movimentos de tropas. Não só o caso dos tanques alguns dias atrás na capital mas o reforço da 11ª unidade, sediada na grande Bangkok, com equipamento proveniente de unidades da província. O aparecimento do General Prem em uniforme militar após 4 anos sem o vestir, dizendo ele que era um sinal para mostrar às tropas que “estamos prontos”. Os repetidos e continuados movimentos de apoio ao General Anupong que vão acontecendo “espontâneamente” em várias unidades ao longo do país. O discurso do Rei aos Juízes elevando o seu moral e fazendo-os senhores do cumprimento do seu dever de defender o país.

Todos estes sinais são comparáveis com os de 2006 que antecederam o golpe de 19 de Setembro. Prem, a última vez que foi visto com uniforme, visitou as várias unidades de comando, onde aconteciam manifestações de lealdade ao Rei, para incentivar os militares a defenderem a monarquia, presumivelmente em perigo devido ao demasiado poder de Thaksin. O discurso do Rei em Maio de 2006 aos Juízes, em tudo semelhante ao desta semana. Os permanentes desmentidos do General Sonthi Boonyaratglin, o “Anupong” da altura, que acabou de conduzir os militares a fazer o golpe.

Anupong e Sonthi Boonyaratglin

Na realidade tudo parece semelhante mas talvez não o seja.

Há que entender quem fica favorecido com um Golpe? Naquela altura, 2006, eram os ammat (termo utilizado para definir a classe dominante) que se veriam livres de Thaksin, que concentrava em si demasiado poder ameaçando o poder que sempre tinha estado concentrado noutras instituições. Agora quem perderia seria exactamente os mesmos ammat o que não faz grande sentido.

Um golpe agora só poderia beneficiar Thaksin, já que o caos lhe é favorável. Fazer ver ao povo que o regime saído do golpe de 2006 não é a solução para o país e que ele a é, será um dos principais objectivos de Thaksin.

Deste modo só um golpe pró-Thaksin poderia acontecer. Contudo quem tem as armas é o exército regular aquele que está do lado dos ammat e é comandado por Anupong que, como já referi anteriormente, quer chegar a 30 de Setembro, data da sua reforma, “limpo” e capaz de começar uma nova vida, provavelmente na política, sem ser incomodado com acções contra alguma acto ou documento onde tenha posto a sua assinatura. Para ele a estabilidade, mesmo no presente limbo de permanentes indefinições, é a melhor opção.

Ele sabe, como os mais esclarecidos, que o país vive, desde há quase uma década, num período de transicção e que golpes não são a solução. Há comportamentos na sociedade que levarão muito tempo a transformar-se e isso faz parte de um logo e evolutivo processo que não pode ser conseguido por qualquer varinha mágica nem que ela seja uma arma ou um tanque.

Toda a presente instabilidade vivida na instituição militar, a granada atirada ou não contra o Quartel General, a corrupção à volta dos detectores de bombas, os rumores sobre divisões, os violantos e continuados ataques do General Katthyia, mostram que nem tudo vai bem mas é Anupong quem está no comando e como dizia Thanong no seu artigo hoje Abhisit já não manda. O jogo de poder mudou-se para outro tabuleiro.

Para nos descansar ainda mais os três mais importantes videntes da Tailândia, presenças sempre vitais na vida política e económica do país, vieram dizer que em Fevereiro e em Março não há golpe

Vamos todos então aproveitar a gozar descontraídamente o fim de semana que se avizinha.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Detector de Explosivos

O Exército desdobra-se em acções para tentar demonstrar que os detectores de bombas que comprou são adequados depois de no Parlamento um Deputado ter directamente acusado os militares de algo de errado ter acontecido na compra dos GT200 por um preço três vezes superior ao do seu valor de mercado.

Para ainda aumentar mais a confusão o governo Inglês acaba de proibir a exportação de detectores de explosivos que utilisam a mesma tecnologia, devido à sua total ineficácia, enquanto um executivo da empresa que os fabricam foi preso e acusado de fraude.

Ontem o exército convocou os jornalistas para fazerem eles próprios os exeecícios de detecção de bombas, mas estes reclamam que a metodologia utilizada não é a que está conforma com os regulamentos para testes deste tipo de equipamentos e portanto de nada vale essa acção de propaganda.

Um dos melhores testes foi o facto de a 6 e 19 de Outubro passado terem deflagrado duas bombas, em Narathiwat e Yala, causando vítimas mortais, em lugares que tinham sido préviamente considerados “limpos” pelos GT200.

O momento que se vive no seio da corporação é bastante complexo tendo havido ontem em dois pontos do país manifestações dentro dos quarteis de apoio ao General Anupong, um gesto raro e que só normalmente acontece quando existe uma fraqueza que se quer esconder através de loas e elogios.


Entretanto o General Katthyia, tornado agora por sua iniciativa, por ineficiência do exército e pela comunicação social no heroi –vilão do momento, apareceu risonho e bem disposto numa festa comemorativa dos 50 anos de um Instutuo das Forças Armadas sendo fotografado em amena cavaqueira com outras altas patentes e camaradas de armas. O General Anupong também esteve no evento mas a sua segurança evitou que os dois se cruzassem. Ontem mesmo Saeh Deang afirmou que os juízes que irão julgar o caso dos bens de Thaksin que estão congelados e sujeitos a serem confiscados no caso de uma decisão que lhe não seja favorável, serão por certo alvo de tentaivas de assasinato por parte daqueles que querem ver o processo arrastar-se na justiça.

O General Khattyia continua a falar sem que ninguém o faça calar. Ontem o Ministro da Defesa veio dizer que ele era um “mau exemplo”. Suave a qualificação para quem todos os dias abre a boca da forma mais desregrada que se possa pensar.

Liberdade de Expressão


A organização RSF - Reporters Without Borders - elabora o indíce da liberdade de imprensa no Mundo onde a Tailândia está, neste momento, colocada num lugar muito modesto, 130.

Por certo que o facto dos orgãos de comunicação social, fundamentalmente a rádio e televisão que são aquelas que chegam a todo o lado, estarem na sua maioria na mão dos militares e de estes exercerem um controlo muito apertado sobre todas as questões que não lhes sejam favoráveis tem profundas implicações no julgamentos que os profissionais da comunicação fazem do país.

A comunicação social escrita é contudo mais livre e capaz de esprimir com um muito maior grau de independência o sentir dos diversos grupos na sociedade.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Há Golpe ou não há Golpe


Duas imagens tiradas hoje do Bangkok Post que demonstram o pensamento das pessoas depois de há duas noites atrás 22 APC, a definição militar para Armoured Personnel Carrier, terem atravessado as ruas de Bangkok, fazendo parar o trânsito e aumentar a factura das empresas de telecomunicações tantas foram as chamadas e mensagens trocadas pelas pessoas que queriam saber o que estava a acontecer. Ontem o porta voz dos militares deu a explicação oficial - veículos vindos do Sul em trânsito para uma província ao Norte de Bangkok para serem reparados e posteriormente enviados para o Sudão - e pediu desculpa pelo facto das forças armadas não terem informado com a devida clareza do movimento.

Pergunta-se porque o não fizeram e mais por que é que foi necessário fazer o transbordo em Bangkok e fazer circular os tanques pelas ruas da capital? Não teria sido mais simples e menos oneroso fazê-lo directamente de um sítio par o outro? Parece que sim.
As confusões no campo militar com permanentes desmentidos sobre golpes e contragolpes está agora acrescida devido a um novo escândalo que surgiu com a compra de detectores de explosivos, utilisados no Sul, que se mostram completamente ineficientes. Ontem no Parlamento um Deputado, sem que tivesse sido contestada a sua afirmação, disse que o exército os tinha comprado por um valor três vezes superior ao valor de mercado e que por certo alguém, no exército, teria ganho com a compra. Silêncio total.

Ainda está quente, embora o exército tente fazer esquecer, o "incidente" da granada atirada para o Quartel General e logo aparecem outros casos a chamuscarem a corporação.

Há quem diga que é tudo manobra das forças thaksinistas para provocarem o caos e fazerem intervir os militares. Será? Não me convence muito pois penso pouco terem a ganhar mas com a decisão sobre os bens de Thaksin congelados agendada para daqui a 4 semanas eventualmente qualquer confusão lhe possa ser benéfica.

Contudo é meu crer profundo que os militares, apesar das suas insuficiências, deficiências e problemas internos, querem levar tudo com tranquilidade até à reforma de Anhupong em 30 de Setembro.

Depois será com Prayuth e Anhupong estará já calmo a preparar o seu futuro na política ou eventualmente a jogar golf com o seu companheiro de escola militar Thaksin, o próprio.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Exército


Há poucos dias veio a lume que o edifício onde se encontra o Comando do exército teria sido alvo de um ataque vindo do exterior que ocasionou a explosão de uma granada M79.

O próprio PM Abhisit veio suportar esta tese na Televisão..

O primeiro suspeito apontado foi, como de costume, o Major-General Khattiya Sawasdipol, um perito em explosivos e uma permanente ameaça para tudo e todos pela forma desabrida como fala. Foi este General que após Thaksin o ter acusado de ter colocado uma bomba perto de sua casa em 2005, veio dizer que não tinha sido ele, pois se o fosse, Thaksin não estaria vivo para falar.

O General Khattiya agora convergiu para o campo vermelho e está permanentemente a atacar o General Anupong. Recentemente foi suspenso de funções e veio logo dizer que o General Anupong tinha 30 dias para o readmitir pois senão quando se reformar, a 30 de Setembro, não poderia sair de casa já que seria atacado todos os dias. É esta a forma de agir de Khattyia. Sempre ao ataque e “sem papas na língua”.

Voltando ao “ataque” ao comando do exército começam agora a vir ao de cima muitas dúvidas sobre se ele na realidade existiu ou se é tão somente uma forma de arranjar mais um caso contra o General Khattyia. Vejamos a cronologia do que aconteceu.

A primeira contradição: o ataque terá tido lugar no dia 14 pela manhã segundo uma das fontes; segunda outra o ataque teria sido na manhã do dia 15 e a granada teria caído junto do gabinete do General Anupong facto que teria levado a reforçar a sua segurança. Alguns jornalistas afirmaram ter falado pelo telefone com o General que disse nada ter acontecido mas como as versões que corriam eram de que o ataque tinha existido decidiram avançar com a notícia embora a visita ao local lhes tenha sido negada.


Embora Anupong tivesse negado o acontecido, como Abhisit disse que tinha havido um ataque, o General instruiu o Coronel Sansern Kaewkamnerd para convocar uma conferência de imprensa para dar a conhecer a versão oficial.

Acontece que este ainda trouxe mais confusão para a situação dizendo que os soldados que montavam guarda ao Comando não notaram nada de anormal nessa noite nem ouviram algum barulho na manhão seguinte. Um perito em explosões disse que poderia ter havido uma explosão, repito usou a palavra “poderia”, mas que não podia confirmar de que tipo e de onde eventualmente teria ocorrido.

É caso para perguntar que tipo de explosivos são utilisados pelas forças armadas tailandesas que não se fazem ouvir nem memso aos ouvidos de soldados profissionais como os que patrulham o edifício do Quartel General?

Sansern disse depois que de facto teria ocorrido uma explosão mas numa sessão de exercícios perto do escritório de Anupong, mais disse que não sabia porque é que o exército não tinha levantado um inquérito para averiguar desse facto, e mantido o silèncio durante dias. O local continuou selado à comunicação social e todos parecem embaraçados com a confusão reinante. .

Entretanto foi feita uma busca a uma casa do General Khattyia, sem mandado e sem a presença deste, reclama o General, e a um dos seus adjuntos onde foram encontradas armas, logo fotografadas pela comunicação social, convocada para acompanhar as buscas, mas posteriormente o Comadante Interino da Polícia veio dizer que não podia ser estabelecida nenhuma relação entre as armas encontradas e o “incidente” no Quartel General. Saeh Deang, como é chamado Khattyia, desmente os factos mas da sua forma agressiva sempre ao ataque dizendo que isto não é mais do que uma luta entre ele e Anupong e que o Comandante perderá.

Muitas questões estão no ar. Aconteceu ou não o incidente? Se é verdade como é que os tailandeses podem estar descansados com as suas forças armadas quando nem o próprio Quartel General sabem defender? Porque é que Anupong não fala? Porque é que existem tantas contradições dentro do próprio exército? Porque é que Saeh Deang diz o que diz e ninguém o incrimina, desde os tempos de Thaksin que diz o que lhe vem à cabeça sem que com tal seja incomodado.? Quem o protege?

Alguns dizem que tudo foi feito só para incriminar Khattya, outros que é só a ponta do icebergue das disputas que se passam no exército. Já ninguém acredita que realmente houve o lançamento de uma granada para o interior do Quartel e muito menos que, se tal tivesse acontecido, fosse o General Khattyia a lançá-la. Dizia um jornalista. Ele, Khattyia, é louco mas não ao ponto de ir de peito aberto contra Anupong. É um militar e conhece as regras.

Entretanto o clima é tão sensível que ontem, á noite, movimentaram-se vários tanques na cidade e os rumores de um golpe de estado em curso correram por todo o lado. Versão oficial eram só tanques vindos do Sul para reparação para serem posteriormente enviados para a missão de paz das Nações Unidas no Sudão. E porque é que não vieram em camiões militares, como seria normal, e andaram a transitar pelas ruas?

Só perguntas e poucas respostas.

Uma resposta obtive e de uma jornalista que é muito próxima dos meios militares.

Que “ainda não era mas que tal estava na mente dos militares”. Acrescentou para não entrar em pânico mas para estar vigilante. Acrescentaria eu: a quem serve o presente clima de permanente inquietude, embora se saiba que não está na cultura dos tailandeses nada de muito extremo, que os militares constantemente transmitem para o exterior?