sábado, 6 de setembro de 2008

Ók payi


O grande slogan do PAD é Rataban ók payi ou seja Governo vá embora ou, em inglês que é sempre uma língua, mais fácil " Get Out".

Desde há longos dias que quando sobem ao palco dos acontecimentos, naquilo que outrora era a Government House e agora nada mais é do que "a sede" do PAD, um acampamento, que bem podem ver aqui, na visita que Mestre Miguel Castelo Branco lá fez ontem, dizia, quando sobem ao palco, os lideres gritam, para animar as hostes: Rataban Ók Payi.

Mas Ratabam mai payi, ou seja não vai. Samak, que entretanto já deixou de "andar com a casa ás costas" e se mudou para o Comando Supremo das Forças Armadas, sempre se está mais resguardado, continua a fazer a sua vida como nada se passasse.

Sendo um pouco sarcástico poderia dizer que estamos como que num parque de diversões e, com o turismo em queda, a Tourism Authority of Thailand deveria rapidamente incluir nos seus folhetos, a publicitar a Amazing Thailand, uma visita ao novo "zoo" que se tornou esta cidade.

A última das atracções foi que hoje um conjunto de agricultores do Norte decidiram criar nos jardins da Government House um arrozal!!!!.

Garanto-vos que não estou a ficar tão louco como alguns que populam Bangkok.

Instalados, e confortavelmente, cada uma das partes, ninguém Ók Payi e parece que se vai eternizar este stand off na sociedade e na política na Tailândia.

Nenhuma das partes parece disposta a mudar um milímetro na estratégia e muito difícil vai ser a mediação do Presidente do Senado. Parece que as partes preferem assim de modo a que ninguém "perca a face" uma preocupação muito asiática.

Estamos numa situação em que ambas a s partes perdem, pois a paciência das pessoas está esgotadas. De algum modo os tailandeses também se começam a alhear da situação entendendo cada mais que isto não é um problema deles mas de um conjunto de teimosos e obstinados que só entendem os seus interesses pessoais. Assim se vão afastando, como um pouco pelo Mundo, as pessoas da participação nos actos políticos que só a eles devem dizer respeito.

Samak diz que resignar é dar um apoio a práticas anti democráticas.

O PAD diz que Samak e o seu Governo nada mais são do que fantoches de um regime corrupto e que, com a mais que provável dissolução do PPP a curto prazo, por práticas ilegais nas eleições, perderam a legitimidade que estas lhe terão dado.

Ambos os argumentos são consideráveis e válidos só que em política só se vence quando não se esmaga a outra parte. O Mundo está feito com contrastes, com diferenças e a grande arte dos Homens com H grande da nossa história sempre foi a de conseguir acomodar essas diferenças num bem comum e em objectivos partilhados.

Aqueles que se impuseram pela sua teimosia ou pela força das armas que não da razão, só ficaram nas páginas negras da história, naquelas que ninguém consegue ler.

Seria bom que Samak, Sondhi, Chamlong e amigos quisessem ficar na história como pessoas que contribuíram para o futuro do seu Povo e para o desenvolvimento do seu país.

Aprece-me que não vai ser esse o caso. Vão acabar por sair, todos, pela porta muito pequena da história se tiverem a ventura de encontrar uma.

Mai Ók não é aquilo que os tailandeses querem ouvir.

Payi duay seria melhor.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Alguma luz


Ainda há pouco havia sol na janela do meu escritório mas agora chove, e bem. O tempo está cinzento, apetecendo um bom livro e recolhimento, mas surgiu alguma luz.

Os orgãos da Democracia afinal conseguem funcionar.

O Presidente da Assembleia, membro do PPP e pai do "famoso" Newin Chidchob, o Presidente do Senado, ex Presidente do Supremo Tribunal e um dos Senadores não eleitos, e o Líder da Oposição, reuniram-se e acordaram em nomear Prasopsuk Boondej, o Presidente do Senado, como mediador entre as facções em luta, o Governo e o PAD, e tentar encontrar uma solução para a crise.

Isto acontece depois de um grupo de Senadores ter proposto um plano em três pontos:

1- Governo deve dialogar com as partes em conflito
2- Caso nada obtenha deve dissolver a Assembleia e convocar eleições
3- Nesse momento todas as forças que se opõem ao Governo deverão desmobilizar

Somsak um dos lideres do PAD de imediato rejeitou a proposta.

A solução encontrada de nomear Prasopsuk Boondej como mediador parece credível visto ser uma personalidade com um passado que lhe atribui respeitabilidade.

O grupo determinou reunir-se de novo na Segunda-feira para fazer o ponto da situação.

Por vezes a luz aparece quando o sol se vai. Neste caso veio das mentes de alguns, que os ainda há na sociedade tailandesa, capazes de raciocinar com calma no meio deste turbilhão de acontecimentos.

104 Dias


Passam hoje 104 dias que o PAD começou os seus protestos, a 25 de Maio, e 11 dias que entrou naquilo que se pode chamar, a ofensiva final, e o que é que o país ganhou?

Divisão, incerteza, insónias, enormes percas, para além de um morto.

Divisão pois a sociedade tailandesa em vez de aproximar as diferenças cada dia as acentua mais. Numa sondagem feita pela Assumption University sobre se o Estado de Emergência resolvia a situação no país o sim teve, 50.2% e o não 49,8%. Ao PAD juntaram-se, do outro lado da barricada, o espelho deles, o UDD/DAAD.

Incerteza pois ninguém é capaz de apresentar uma proposta com sinal positivo para resolver a crise. Para além da teimosia de Samak, ontem o gabinete propôs a realização de um referendo. A Comissão de Eleições vem hoje dizer que isso demorará entre 6 a 7 meses. Como se sabe não há esse tempo todo. Antes disso o Governo vai cair devido à, mais que provável, dissolução do PPP lá para Dezembro ou Janeiro.

Insónias pelas noites sem sono, pelo cansaço que os bankokianos sentem com a situação, pelo stress que se vai acumulando, mesmo entre os manifestantes e contra manifestantes, enfim pela falta de luz e esperança numa solução.

Percas em todos os sectores. A capitalização bolsista na Tailândia já desceu este ano mais de 30 mil milhões de Euros e a Associação das Agências de Viagens afirmou que os cancelamentos até ao final do ano já somam para cima de 25 milhões de Euros.

E um morto e um morto na luta não por acidente. Pode-se dizer que não é nada comparado com o que, infelizmente se passa todos os dias noutras partes do Mundo, mas é sempre um sinal de desconforto, um sinal de que as boas palavras são fracas e as que saem de tantas bocas cheias de ódio são as que prevalecem.

Olhando para Bangkok, cheia de sol como hoje está e com um fim de semana à espreita, apetece dizer que bela cidade, cheia da calma e dos sorrisos, mundialmente reconhecidos, dos seus habitantes.

Porque é que é permitido a um punhado de arregimentados estragarem isso? Prendam-se aqueles que seguram as cordas destas marionetas.

Talvez não seja por acaso que nos dois principais jornais de língua inglesa vinha na primeira página e em grande destaque a mesma fotografia, inserida acima, mas tirada por fotógrafos diferentes. As pessoas estão cansadas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Avisos aos Turistas



Vários países tem feito avisos aos seus nacionais sobre a situação na Tailândia.

China, Singapura, Taiwan, Nova Zelândia, Suíça, Austrália, França, Dinamarca e Reino Unido todos emitiram notas informado os seus nacionais que pretendam visitar a Tailândia ou que aqui se encontram.

Um traço comum em todos.

Não há nenhum aviso para as pessoas deixarem de visitar a Tailândia, o que há é a indicação de que os estrangeiros, deverão afastar-se dos locais onde existem manifestações, localizadas na área dos Ministérios, e se devem abster de fazer comentários sobre as partes envolvidas. Especialmente no momento em que existe o Estado de Emergência as forças da ordem tem poderes de prender quem entendam estar a perturbar o normal funcionamento da cidade. Na realidade isto é teórico pois não existe até agora nenhuma imposição do Estado de Emergência pela força. Basta dizer que os manifestantes continuam nas suas posições e todos os dias existem novos grupos que dizem que se vão manifestar aqui e ali, facto que é ilegal pois ajuntamentos de mais de 5 pessoas violam o Estado de Emergência.

Contudo como sempre não se deve provocar que tem mais força do que nós.

Dito isto, a capital está 95% calma e a vida continua como se nada se passasse e numa cidade de cerca de 10 milhões de pessoas, um ajuntamento de uns 5 mil nada mais é do que uma pequeníssima gota de água.

Fica aqui a informação que penso útil tal o número de perguntas que tenho recebido.

Ultima Hora



Samak está a falar na Rádio e na TV, mas sem imagens , e começou por dizer da dificuldade que teve em chegar aos estúdios devido ao transito. Referiu inclusive que tinha querido apanhar uma moto-táxi mas que não o deixaram. Nem uma palavra sobre o facto de ter sido recebido pelo Rei, sendo que a imprensa, começa a duvidar se isso aconteceu ou não, e um agradecimento a Tej Bunnag dizendo contudo que ele não é um político e que não consegue aguentar a pressão como ele, Samak.

Fala, fala mas não diz nada mas mesmo assim disse. "Estão enganados se pensam que me demito. O pais necessita de um líder "


A tal imprevisibilidade

A impervisibilidade


Inquietantes momentos os de agora.

Ontem Bangkok era a calma, a esperança no encontrar de uma solução. Esta manhã a incerteza.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, um homem com fortes ligações ao Palácio, e o único não pertencente a nenhum Partido, demitiu-se ontem à tarde aparentemente depois de ter recebido uma chamada telefónica que a tal o "aconselhou".

O PM foi mandado comparecer perante o Rei e falará esta manhã pelas 7.30 ao país. Especula-se que será para anunciar a sua demissão.

A Universidade Católica Assumption, realizou uma sondagem sobre o Estado de Emergência e o resultado não poderia deixar mais dúvidas sobre a divisão no país: 50,2% a favor e 49,8% contra.
Entretanto o UDD/DAAD anunciou que irá atacar a sede do Partido Democrata, o único na Oposição e que nunca condenou o PAD e inclusive o seu líder já visitou os manifestantes da Government House por duas vezes.

Os lideres do PAD solicitaram aos seus apoiantes que se prepararem para o melhor ou para o pior e pediram às pessoas das províncias que venham para Bangkok.

Estudantes de várias Universidades anunciaram que se irão manifestar, lembre-se que tal é ilegal durante o Estado de Emergência, em favor do PAD em Siam Square, mesmo no coração da cidade.

O debate no Parlamento que ontem tinha sido solicitado pelo seu Presidente, parece que não irá para a frente e o debate sobre o orçamento, que estava agendado para ontem foi adiado.

A imprensa internacional fala de anarquia, dos perigos para a Democracia aqui e aqui, do isolamento de Samak, da sua falta de opções, da descreça da comunidade internacional sobre os métodos não democráticos.

Um dos lideres do PAD falam da possibilidade de se suspender a Constituição para dar lugar a um não Deputado poder ser Primeiro Ministro, em oposição ao que outro dos lideres disse ainda ontem mesmo.

Advinha-se um dia confuso na capital com desenvolvimentos importantes e a mais que provável demissão de Samak, mas a imprevisibilidade dos comportamentos dos tailandeses, já torna impossível prever o que quer que seja.

Assim o melhor é esperar e confiar, como acontece em 99% das vezes que tudo se desenvolva de forma pacífica.

A total devoção, obediência ao Rei é um dos trunfos que esta frágil Democracia tem para além do Budismo que obsta a que muitos comportamentos mais violentos aconteçam. A História também sempre mostrou que no Sião/Tailândia a diplomacia e a cultura são mais fortes do que as armas.

Só mais tarde poderei relatar de novo, devido a compromissos toda a manhã, mas como sempre estarei atentos e tentando ler nas milhares de entrelinhas, o que vai acontecendo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Obrigado


Obrigado a todos os que, pelo Mundo fora, seguem com atenção estes meus escritos e que me têm enviado comentários, e muitos, mesmos muitos email , quer encorajando quer solicitando informações.

Continuaremos como até aqui a relatar o que se passa nesta terra, sem deixar por vezes de olhar à volta.

Bem hajam

3 de Setembro

Fotos: The Nation



Depois dos acontecimentos sangrentos da noite anterior e da declaração do Estado de Emergência, Bangkok passou uma noite calma onde parece que todos estão conscientes da necessidade de encontrar uma solução negociada e pacífica para sair, pelo menos temporariamente, do presente impasse em que nos encontramos.

O General Anupong Poachinda, mostrou grande serenidade na aproximação, afirmando que os militares não tomam parte nesta contenda. "Os soldados estão sempre do lado do povo, mas quando o povo esta dividido em dois os soldados não têm lugar e só podem estar no meio a evitar o confronto. Reafirmou a necessidade de se encontrar uma via negociada e nesse sentido fez os seus apelos.

Do lado do PAD ouviu-se pela primeira vez a hipótese de terminar a ocupação da Government House mediante quatro condições: Demissão de Samak, a promessa de que o Governo não altera a Constituição, a observância da decisão do Tribunal Constitucional sobre o disputado templo de Prasat Kaho Prha Viharn (isso já foi feito), a supressão de todos o mega projectos ( grandes projectos de desenvolvimento que o PAD clama o Governo usa para se subsidiar através de esquemas de corrupção), e, acrescentou Sondhi, como um pedido pessoal não discutido com os sues pares na liderança do PAD, o compromisso em serem levadas a cabo reformas públicas e aumentar a participação popular no processo político.

De qualquer maneira os lideres do PAD recusam-se a negociar sem que a primeira condição esteja aceite ou seja a demissão de Samak.

De igual modo os sindicados da empresas Públicas, que representam 200.000 afiliados, mas onde só 300 se envolveram efectivamente com o PAD, afirmou que a anunciada Greve no sector dos serviços públicos vai para a frente hoje e enviaram uma carta ao Gen. Anupong solicitando a este para tomar o poder. Essa carta vinha acompanhada da ameaça de que a água e electricidade seriam cortadas ao Ministério da Defesa, caso o pedido não fosse aceite. Pode acrescentar-se a esta hora, 2 da tarde em Bangkok, que a anunciada greve está a ser um fiasco e nenhum serviço foi afectado. Só um avião, de Bangkok para Phitsanulok, não descolou porque a tripulação disse não se encontrar em condição para voar.

Chamo a vossa atenção para este link que traduz a calma que se vive na cidade.

O UDD/DAAD reagrupou-se às portas da cidade em Samut Prakan, deste modo não violam a lei do estado de emergência, mas não parecem suficientemente organizados e os militares estão atentos. Entretanto pequenos grupos do PAD vão bloqueando partes da cidade, sem que a Polícia possa intervir de tal modo está manietada.

Grupos de académicos e a Federação da Industria mostraram-se descontentes com a imposição do Estrado de Emergência e solicitaram ao Governo para a retirar ou para o PM resignar como um gesto de boa vontade para o país.

A questão parece agora ser a forma de encontrar uma situação em que todas as partes saiam vitoriosas e em que o PM saia de cena, o PAD também e haja um pequeno espaço de tempo que permita pensar e encontrar soluções mais duradouras.

Como sempre na Ásia é importante não perder a face e isso todos sabem.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mandados de Captura


O Tribunal Criminal acaba de rejeitar o recurso feito pelo advogado do PAD relativo aos mandados de captura emitidos contra os seus lideres.

Ainda não há reacções, mas Sondhi acabou de dizer que a ocupação da Government House pode terminar dentro de dois dias quando os militares os fizerem sair do lugar. Esta é a primeira declaração que de algum modo pode levar a um desanuviamento da situação.

Entretanto espera-se que os Sindicatos que continuam com ameaças de tudo paralisar, ouçam e entendam que é tempo de dar uma trégua para que o bom senso possa prevalecer.

O General Anupong pelo seu lado continua a avançar com determinação no sentido de impor o Estado de Emergência numa política de dois passos à frente um atrás que parece estar a ser positiva.

Anupong, um militar com uma mente de servir e dedicação, está a mostrar dotes de diplomacia e condução política não conhecidos.

E agora?


As perguntas que a maioria das pessoas fazem, são: Como está a situação e o que vai acontecer.

A situação está, aparentemente calma, para quem esteja fora da área Governamental, onde a tensão, cuidado não confundir com confrontação, está a acontecer.

Esta madrugada após os incidentes e do aparecimento da Primeira Companhia do Exército Tailandês a situação arrefeceu e os intervenientes regressaram às suas bases, tendo posteriormente o UDD/DAAD dispersado. Contudo o PAD continua a desafiar a declaração do Estado de Emergência chamando mais pessoas para se juntarem a eles e continuando a afirmar que não cedem e que irão para a frente com o projecto da Greve Geral para amanhâ. Entretanto os aeroportos de Krabi e Hat Yai foram, de novo, tomados por apoiantes do PAD.

A questão agora parece estar claramente dependente de até que ponto o PAD quer esticar a corda e enfrentar uma tropa de elite bem equipada e bem preparada. A disposição dos militares é de não avançarem mas, estando o PAD neste momento fora da lei ( o Estado de Emergência proíbe ajuntamentos de mais do que 5 pessoas ), qualquer pequena provocação pode ser o suficiente para que isso aconteça. Convém aqui lembrar que enquanto a Policia é sempre vista com alguma suspeita pelo facto de Thaksin ser Lt Gen da Policia, o Exército é apelidado de "os soldados do Rei" e por isso uma afrontação com eles tem contornos bem diferentes especialmente para o PAD que clama serem os guardiões da Monarquia.

Noutro acontecimento do dia a Comissão de Eleições decidiu enviar para o Tribunal Constitucional o processo de dissolução do PPP que deverá demorar entre 4/5 meses a concluir. A coincidência, é na realidade uma coincidência visto que o dia 2 de Setembro era há muitos dias o dia marcado para a CE apreciar este caso. Contudo criou enormes confusões pois a imprensa relatou que a CE "tinha dissolvido o PPP" o que na realidade não aconteceu.

Aconteça o que acontecer nas próximas horas continua-se a não entender muito bem como é que uma sociedade completamente partida ao meio em todos os seus extractos vai conseguir encontrar a força e as ideias para se reunir.

Estado de Emergencia


Fotos: The Nation

Como se temia as duas facções, PAD e UDD/DAAD, o movimento leal ao Governo, acabaram por se encontrar frente a frente nesta noite e houve confrontações violentas donde resultou para já um morto, um membro do UDD/DAAD e dezenas de feridos.

O Estado de Emergência foi declarado mas o PAD diz não o acatar e que vai acelerar os preparativos para a Greve Geral que estava em andamento. Ver também a AFP

Samak falou ao pais, do Supremo Comando das Forcas Armadas, dizendo que um comité de três membros, encabeçados pelo General Anupong, Chefe do Estado Maior do Exercito, está encarregue de controlar a situação. Perguntado sobre se será declarado o recolher obrigatório respondeu que não sabia responder a essa pergunta e isso dependeria do evoluir da situação. A maioria das escolas foram fechadas. Recomendou que a população se mantenha calma e que evite tomar partido deixando o Comité encontrar uma solução para a crise. Para finalizar disse assumir, como líder do Governo, toda a responsabilidade pela situação. Samak pareceu bem escudado pelos militares e o General Boonsang, Comandante Supremo, que foi entrevistado a seguir reafirmou as palavras do PM.


Como é normal nestes momentos ambas as partes se acusam uma á outra sobre quem começou primeiro.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Greve Geral


Está em preparação uma Greve Geral para o dia 3 de Setembro decretado pelos Sindicatos das Empresas Estatais com a particularidade de ser feita de forma a cortar o abastecimento quer de água quer de electricidade aos serviços do Governo tornando inoperantes os serviços que o ainda não estão.

Para além destes serviços os transportes serão fortemente afectados com as anunciadas Greves de Zelo quer nos aviões quer nos comboios e por ventura nos transportes terrestres.

Esta é uma acção que como se sabe depende dos trabalhadores e não somente da vontade dos dirigentes Sindicais mas pelo que conheço do país deverá ser bem sucedida e poderá desencadear reacções incertas.

A calma do dia de hoje fazia prever que algo estava em preparação.

A observar amanhã o desenvolvimento.

1 de Setembro


Novo mês mas a mesma situação.

Ontem o Parlamento esteve reunido durante mais de 12 horas num debate solicitado por Banharn Silpa-Archa, líder do segundo maior Partido da coligação no poder, e que foi bem acolhido por todos mas que acabou sem resultados. O Partido Democrata, o maior da oposição, que tem grandes responsabilidades por isso mesmo, acabou por ser o mau protagonista da sessão pois nada mais fez do que atacar o PM solicitando a sua demissão.

Samak repetidamente disse que o que estava em discussão não era uma moção de censura mas o futuro do país mas os Democratas, que até agora não condenaram os métodos do PAD para chegar ao poder, e portanto só podem ser vistos como seus apoiantes silenciosos, só quiseram falar do passado, de Thaksin e de Samak ser uma marioneta deste, e não conseguiram mostrar ideias capazes de ajudar o país a sair desta crise.

Ontem um Professor de Ciência Politica da Universidade de Chulalongkorn, um homem esclarecido, e opositor conhecido de Thaksin, escrevia que estamos perante a tirania de um minoria liderada pelo PAD, condenando de forma clara os métodos, antidemocráticos usados pelos seus lideres na condução da contestação ao Governo.

Aliás a imprensa internacional bem como a Reuters e a AFP, tem condenado a falta de respeito pela lei e Democracia deste agrupamento de "arruaceiros".



Voltando ao debate, aliados do PAD foram também os Senadores, não eleitos, que continuam somente a ter olhos para o ataque que a Polícia levou a cabo na Sexta-feira.

Este ataque acabou com a substituição do Comandante da Polícia Metropolitana de Bangkok, pois parece ser mais importante aos olhos dos tailandeses, da classe dominante, os ligeiríssimos ferimentos de 16 pessoas do que a total falta de cumprimento da lei por parte de milhares e da destruição que já fizeram quer da Government House quer de imensos equipamentos da Polícia como dezenas de carros. Isso para essas mentes avessas á Democracia é o que conta.

Samak continua a dizer que não se demite pois isso seria ceder aos "arruaceiros" mas ainda não apareceu ninguém com ideias inovadoras capazes de tirar o país deste circulo vicioso, desta luta entre uma aristocracia, rural, conservadora e reaccionária (à qual se aliaram a esquerda num remake nacional socialista) e a burguesia liberal que pretende viver democraticamente mas que também não consegue ter uma noção clara e esclarecida daquilo que, para nós, é a Democracia. Por detrás deste debate existe sempre outro, nunca debatido, por ser tabu, que é a luta entre os apoiantes e presumidos não apoiantes da Monarquia.

Fala-se muito de que este é a última oportunidade do PAD actuar e ser utilizado como o ponta de lança nesta luta. Ontem mesmo os sloganes que tinham nos palcos falavam da "Last War" e a minha leitura é de que estamos mesmo na última batalha mas como última chance dada pelos poderosos poderes por detrás do PAD para que consigam "limpar o país de Thaksin e dos seus apoiantes" ou seja de um dos pilares daquela luta e conseguir-se instalar um poder onde os órgãos não sejam eleitos pelo povo cujos votos aqueles compra. Isso mesmo afirmou Sondhi na Quinta-feira à CNN:

Parece confuso mas este é o cerne da questão na luta neste momento em Bangkok

World Paddle Champioship


Portugal classificou-se em 8º em Senhoras e em 11º em Homens no Campeonato do Mundo na sua primeira aparição o que se pode considerar bom.

O Paddle ainda "não levantou do chão" em Portugal e tudo o que acontece é devido a um grupo de entusiastas que tomou esta missão em mãos para bem do nosso Desporto.

No quadro de Homens havia 14 equipas e no das Senhoras 10 pelo que conseguimos, apesar da inexperiência ainda conquistar algumas posições e no quadro feminino acabamos diminuídos devida à lesão da Filipa que não lhe permitiu jogar os últimos dois jogos, e como não há dinheiro, porque há poucos apoios, não havia suplente.

Parabéns ao grupo e obrigado por fazer com que Portugal marcasse presença.

domingo, 31 de agosto de 2008

Domingo 31

O "velho" Samak, 73, mostrou hoje no seu Talk Show matinal que é muito mais duro do que muitos pensam, atirando à esquerda e á direita, com uma confiança, atacando os media por "estarem a servir a voz de um grupo desordeiro "e reafirmando que está no poder porque foi eleito e só de forma Constitucional e seguindo a lei sai". Nunca vergará aos protestos de rua.

"Se outros têm medo eu não tenho".

Hoje. a partir das 1.30 da tarde realiza-se uma sessão extraordinária do Parlamento, a pedido do líder do segundo maior Partido da coligação no Poder, tendo Samak agradecido essa convocatório, "pois se o Governo não consegue controlar a situação é no Parlamento que se deve discutir e não na rua", e Samak, mais uma vez desafiando, disse aos 30 Senadores e Deputados da oposição que foram dar apoio moral aos manifestantes Sexta e Sábado, se tinham a coragem de se despir no Parlamento e mostrar a sua verdadeira cor.

Entretanto um grupo de apoio ao Governo instalou-se a não mais de 2 kilometros do sítio onde o PAD está aquartelado, criando alguma tensão na capital mas o ambiente é calmo. O PAD entretanto montou completamente a sua organização não só nos jardins mas já dentro de Government House.

Os aeroportos de Phuket e Krabi continuam fechados causando danos fortes para o turismo neste país.
Entretanto Sondhi, um dos lideres do PAD, cuja cabeça está a prémio, afirmou ontem numa conferência com a imprensa estrangeira que o PAD não é um movimento terrorista como já lhe chamaram mas um movimento revolucionário, "uma revolução do povo". Na realidade o PAD é uma confusão entre a media e alta burguesia conservadora e urbana e a esquerda radical. Mescla não muitas vezes vista no Mundo mas que vive de balões e sloganes populistas. Sondhi disse que a ocupação dos aeroportos foi feita para mostrar aquilo de que são capazes e se necessário solicitarão aos seus, ricos apoiantes, que corram em massa a retirar o dinheiro dos bancos criando o caos no sistema financeiro.

A sessão a realizar no Parlamento esta tarde será mais um passo importante no processo da construção tão turbulenta da Democracia neste país.

O PAD continua a acusar Samak de ser uma segunda face de Thaksin e diz que os mandados de captura contra os seus lideres têm carácter político enquanto o contra Thaksin é por ele ser corrupto. Lembre-se que o anterior PM não foi ainda sentenciado por nada. O mandado de captura que foi emitido devido ao facto de não se ter apresentado ás autoridades para depor num processo contra si.