sábado, 3 de abril de 2010

Double Standards

Um momento de boa disposição faz bem nestas alturas. Com a permissão de um jornalista amigo meu aqui fica a imagem dos verdadeiros double standards

Actualização ás 22.30


São 10.30 da noite e até ao momento nada se passou no que respeita ao ultimatum do governo.

A polícia tentou convencer a UDD a abandonar o local que ocupam mas sem resultado.

A UDD anunciou entretanto, perto da hora limite dada pelo governo, que esperavam que os militares avançassem sobre eles pelas 2 da manhã mas ali se manteriam firmes e provocadores acrescento eu.

Ás 9.30 da noite anunciaram também que o prazo tinha sido ultrapassado e que a "bola estava nesse momento no campo da Junta (militar)" (sic).

Entretanto o governador de Bangkok, dizendo representar o povo da cidade e não os Democratas, Partido do qual é Secretário-geral adjunto, decidiu distribuir água aos manifestantes.

Pelas 21.30 um pequeno engenho explosivo deflagrou em Saphan Khao sem causar estragos ou vítimas.

Esperemos então pelos desenvolvimentos

Últimas

O Governo acaba de anunciar que os manifestantes têm até ás 9 horas da noite, actualmente são 7.02 da tarde, para abandonar o local.

O comunicado emitido pelo CAPO acrescenta que se a ordem não for acatada os manifestantes serão avisados de que estão a violar a Lei de Segurança Interna, actualmente em vigor, e sofrerão assim as consequências aí previstas.

A Situação

A UDD avançou com o prometido e agora ocupa, de alguma forma selvagem, a intersecção de Rajaprasong em Bangkok criando o caos no centro da capital.

Abhisit está em Hun Hin, onde participa na cimeira da Mekong River Commission (MRC) e reuniu-se de emergência com o comando da CAPO para avaliar a situação e a declaração do Estado de Emergência está em cima da mesa. As declarações á imprensa e os contactos do Ministro da Presidência, Sathi, com os manifestantes, multiplicam-se, mas não se vê como irá terminar este tug of war, absolutamente desnecessário.

Abhisit afirmou, com calma e ainda contendo-se, que a UDD ultrapassou o risco do admissível e a manifestação de hoje já não se pode considerar como o exercício de um direito visto estar a causar danos consideraveis aos habitantes de Bangkok. Abhisit acrescenta que a acção de hoje parece ser criada no sentido de fazer os militares avançar sobre os manifestantes e fazer aquilo que ninguém quer, ou seja criar vítimas.

O governo tenta encontrar uma forma de fazer sair os manifestantes de onde se encontram de forma pacífica utilizando mediadores qualificados, mas estes não cedem. Afirmam poder sair do local mas exigem que o PM dissolva primeiro o Paralamento, o "ponto de honra" da luta deles.

A corda estica-se e poderá estar prestes a partir.

Os Camisas Cor-de-Rosa

Ontem, como já relatei num pequeno excerto, cerca de, segundo números da polícia, 2.000 manifestantes, pela paz e contra a dissolução do Parlamento, juntaram-se no Parque Lumpini empunhando bandeiras da Tailândia.

O movimento cor-de-rosa, liderado por um antigo comandante da Polícia metropolitana de Bangkok, pretende ser uma voz de apoio ao Primeiro-Ministro Abhisit na sua "confrontação" com os vermelhos que insistem, sem daí se moverem, na dissoulução imediata do Parlamento. Durante o dia de Quinta-feira houve vários grupos que se mostraram inclinados para fazer ouvir a sua voz no sentido de intervir como uma terceira via na presente disputa. Académicos e algumas das associações patronais emitiram comunicados falando da necessidade de tréguas e de se encontrar uma via que possibilite o país avançar e evitar crises como a anterior provocada pelo encerramento dos aeroportos, crise da qual o sector hoteleiro ainda não recuperou.

Pretende ser um movimento neutral, enfim um movimento que seja a voz da maioria do povo tailandês como as permanentes sondagens mostram.

Já no ano passado houve duas tentativas de fazer sair a terreiro esta voz anónima, quer através de um movimento mais intelectual liderado pelo antigo Ministro das Finanças, no governo do General Surayuth, Mom Rajawong Priydiaton Thepankul e outro apoiado pelo presente Governador de Bangkok Mom Rajawong Shukunphan Paribatra, mas ambos acabaram por durar pouco e desaparecer. O primeiro era bastante interessante pois juntava ex ministros e ex altos funcionários que tinham servido os mais variados quadrantes, no fim de algum modo podiam ser vistos como fazendo parte das difeentes cores em disputa.

Uma das principais carências na sociedade hoje em dia é de vozes independentes que possam ser respeitadas e aceites por ambas as partes e que possam fazer com que se encontrem plataformas ao centro capazes de silenciar as radicalizações quer vermelhas quer amarelo/cor-de-rosas.

Se nas conversações que houve entre Abhisit e Veera houvesse uma terceira voz, e tivessem, depois do espectaculo televisivo, continuado à porta fechada, talvez hoje já houvesse alguma luz no fundo do tunel.

Vamos a ver se desta vez este movimento de independência emerge, mas a ver por alguns dos actos ontem praticados, não consigo escrutinar naqueles os representantes dessa voz de serenidade necessária. Oxalá me engane.
Por outro lado hoje voltam as caravanas vermelhas ás ruas de Bangkok num número segundo o anunciado há momentos pelo Coronel Samsern de 60.000 e divididos em dois grupos. Um que se diriguiu para o Regimento 11 de Infantaria, o quartel general do PM desde o dia 12 de Março, e outro bem para o coração da cidade de Bangkok, a intersecção de Rajaprasong onde fica o Central World, onde foi montado um palco, em plena rua, criando o caos total no tráfico naquele nó fundamental para o funcionamento da capital.

A UDD, à falta de resposta ao seu inamovivel e irracional pedido de dissolução do Parlameto em 15 dias, parece obstinada em criar o caos em Bangkok, mas penso ser tal uma estratégia errada.

Se no dia 20 quando passaram por toda a cidade criaram um clima de alguma simpatia contráriamente ao que alguns olhos cegos vêm, e digo isso baseado em muitas e variadas informações de meios oficiais e não oficiais, com a acção de hoje parece-me que irão destruir essa capital ganho.

Ser humilde nas vitórias é um grande ensinamento de que se esquecem. Nunca ninguém ganhou tudo e aqueles que pensam que isso conceguiram acabm por ter uma derrota no final e grande. É o velho ditado português que quanto mais alto se sobe maior é o trambolhão.


sexta-feira, 2 de abril de 2010

SAR a Princesa Maha Chakrit Sirindhorn

Faz hoje 55 anos a terceira filha dos reis da Tailândia, a Princesa Sirindhorn, mulher de cultura e muito dedicada quer a causas sociais quer a temas históricos área muito do seu agrado.

Sempre acompanhou quer o seu pai quer a sua avó materna no contacto com as populações e sempre foi uma ajudante preciosa daquela na condução dos muitos trabalhos em que a Princesa Mãe estava envolvida.

Depois da morte da Mãe de Rama IX foi a vez da sua irmã, a Princesa Galyani Vadhana, se ocupar com as causas de que a Princesa Mãe se encarregava.

Em Janeiro de 2008 a Princesa Galyani faleceu e logo a Princesa Sirindhorn a substituiu na condução dos muitos projectos sociais e de desenvolvimento a que aquela presidia.

Sempre muito perto do povo e das realidades do dia a dia a Princesa, que é uma mulher de extrema afabilidade e acessibilidade, não deixa de dedicar o pouco tempo disponível que tem aos temas da linguistica e da história as suas duas áreas culturais de excelância.

Parabéns pela passagem de mais um aniversário.

Coincidências?


A fotografia acima mostra uma imagem da manifestação, actualmente a decorrer no Lumpini Park, onde devido aos medos do governo serão mais as forças da ordem, entre polícias e militares, do que manifestantes vestidos, agora, de cor-de-rosa apelando à paz.

A fotografia traz memórias tristes de 1976 quando no dia 6 de Outubro estudantes da Universidade de Thammasat, acusados de serem comunistas, foram massacrados em pleno Sanan Luan e um deles foi exactamente pendurado de uma árvore e agredido até á morte como é documentado em muitos retratos da época.

Essas imagens são horrorosas e por respeito pelos leitores não as público mas são abundantes na net, e sem photoshop, conceito não usado na altura pelas agências de informação e contra informação.

As Notícias da Manhã

Enquanto um forte aparato militar e policial continua a imperar na capital onde, por exemplo, as ruas em redor da Universidade de Chulalongkorn, estão reduzidas a uma faixa de circulação, devido ao facto de a Policia estar a inspeccionar todos os carros que por lá circulam com medo de uma planeada manifestação vermelha na Universidade, no Sul continua a haver graves incidentes causando vítimas.

Em Narathiwat, uma das três províncias no Sul onde existem confrontos diários, seis pessoas foram mortas, presumivelmente por insurrectos, a palavra usada para qualificar aqueles que combatem no Sul pela causa muçulmana e mais dez soldados ficaram gravemente feridos num outro incidente separado.

A zona era um sultanato Malaio e maioritáriamente muçulmano até que em 1902 foi anexada pela Tailândia predominantemente budista. Os terroristas, embora sem face visível e reivindicações claras, aparentam lutar contra "a dominação imposta por Bangkok" e essa luta, que se intensificou em 2004, já causou desde então mais de 4,000 mortos apesar da fortíssima presença de verca de 120.000 homens pertencentes ás forças de segurança aí estacionadas.

Tudo isto se passou sem que a comunicação social desse grande relevo ao facto pois é mais importante, pensam eles, falar dos vermelhos e de onde é que Thaksin está encurralado, essas sim as mais visíveis manchetes. O The Nation, um dos dois jornais de língua inglesa da capital, prefere falar dos resultados da Liga Europa de ontem à noite, assunto por certo muito mais importante, para o pais!

A Fuga e a "Caça"


Desde que o presente governo tomou posse que uma das tarefas levadas a cabo pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros tem sido seguir os movimentos de Thaksin Shinawatra.

Há não muito tempo foi criado um novo posto, o de Secretario de Estados dos Negócios Estrangeiros e o detentor do cargo está encarregado daquela tarefa.

Seguir os passos dele, municiar a comunicação com esses elementos e anunciar que vai ser pedido a extradição do fugitivo são tarefas diárias no MNE tailandês.

Isso é parte da máquina de informação em que se viu transformado. Actualmente o ministério envia às missões diplomáticas noticias diárias sobre as acções do governo na presente crise, como se deve calcular, sem nenhuma isenção.

Vem isto tudo a propósito da estadia de Thaksin na Suécia.

No passado fim de semana o ex PM esteve em Estocolmo, onde é visita regular para se encontrar com o seu amigo e ex PM sueco, Goran Persson.

A sua estadia no pais logo levantou grandes discussões na comunicação social e muitas perguntas se o senhor poderia ou não viajar na Europa.

Acontece que contrariamente ao que se quer fazer acreditar, Thaksin pode viajar para a maioria dos países europeus visto não constar o nome dele em nenhuma lista negra da Interpol nem haver pendente nenhum pedido de extradição sobre o dito.

Explique-se: Thaksin só não pode entrar na Alemanha visto ter violado a lei alemã ao ter obtido residência no pais em 2009 através de documentos não válidos. Tal foi descoberto, o senhor expulso e declarado personna non grata, o que lhe não permite entrar, legalmente, no pais, a não ser que tal seja revogado.

Visto não constar de nenhuma “lista negra” nem haver nenhum pedido de extradição por parte da Tailândia, enquanto as autoridades de imigração de um pais o entenderem ele pode circular livremente.

E não existe nenhum pedido de extradição pelo simples facto de que tal é totalmente impossível ao contrario daquilo que o MNE tailandês quer dar a entender.

Thaksin está condenado por “conflito de interesses”, o que não é crime visto não estar descrito em nenhum código criminal (aqui na Tailândia chama-se criminal e não penal). Mesmo a condenação do passado dia 26 de Fevereiro não é de um caso criminal mas tão somente civil e ainda não transitou em julgado. Thaksin apelou da decisão e esse apelo virá, primeiro a ser admitido ou não, e se admitido o Tribunal elaborará sobre o mérito do apelo e decidirá. Só nessa altura, e se o tribunal confirmar a sentença de Fevereiro é que haverá condenação mas mesmo assim como disse ainda não se trata de uma condenação criminal e portanto não será possível avançar com nenhum pedido de extradição a não ser que as autoridades tailandesas entendam sujeitar-se á chacota internacional de verem liminarmente rejeitados os seus “pedidos”.

Voltando ao caso da recente passagem de Thaksin pela Suécia, mais uma vez o MNE acaba prestando um mau serviço á diplomacia ao anunciar que Thaksin deixou o pais porque as autoridades suecas isso solicitaram.

Veio agora o esclarecimento de Estocolmo, os suecos são melhores diplomatas e não quiseram chamar desmentido, onde as autoridades suecas afirmam que não contactaram Thaksin durante a sua estadia no pais e que ele é livre de entrar no pais.

Thaksin tem tanto com que ser acusado de praticas criminais, basta ler o que Michael Konnors ou a Human Rights Watch escrevem para isso entender, que não se compreende que após quase quatro anos de o “homem” ter sido apeado do poleiro ainda não tenha sido possível fazer mais nada do que criar factos quase que artificiais á volta dos seus crimes, que os.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dito por um Deputado


O Vice-Presidente do Parlamento, Coronel Apiwan Wiriyachai, acaba de dizer no hemiciclo aquilo que muita gente pensa, mas não ousa dizer por medo.

Deixo aqui esta ligação para a notícia do Bangkok Post, já que traduzi-la e depois escreve-la pode conduzir a interpretações erradas.

O Impasse

Polícias destacados na operação de segurança descansam
Embora ambas as partes falem em mais reuniões o facto é que o impasse está agora totalmente instalado.

Korbsak, um dos negociadores do lado do Governo, falou com os "vermelhos", segundo ele a pedido de Abhisit, para se analisar a possibilidade de retomar negociações, mas acrescentando logo que o governo não baixaria a sua proposta de eleições dentro de 9 meses.

Por outro lado a UDD diz estar aberta a negociar mas continua a bater na tecla dos impossíveis 15 dias e prepara activamente os seus planos para os próximos dias.

Vários movimentos começaram a mostrar a sua face e todos convergem no sentido de que as partes deverão negociar e que a presente situação não interessa ao país.

Quer o governo quer os vermelhos estão em perca, mais estes últimos do que os primeiros até porque não têm a trabalhar para eles a máquina da comunicação social, cada vez mais controlada pelos militares. Um exemplo disso foi a ordem emitida, públicamente denunciada e não contraditada, pelo comando do exército aos canais 3 e 9 da televisão àcerca do conteúdo da informação que deveriam incluir nos noticiários. Ao menos a cara fica visível.

Para o próximo fim de semana a UDD prepara uma nova manifestação em toda a Bangkok e anunciaram que a partir de Segunda-feira irão levar a cabo uma manifestção do mesmo tipo dia sim dia não.

O país está cansado e os custos quer directos ao erário público quer indirectos nos danos causados á economia são visíveis.

Em relação aos custos que o governo está a suportar dia a dia com as forças de segurança eles são gigantescos causando grande mal estar noutros sectores e igualmente lavantando perguntas em todos os cantos como é que é possível o governo ter dezenas de milhares de soldados e polícias envolvidos na segurança à capital e diáriamente haver granadas que são atiradas para edifícios com importância suficiente para estarem a ser vigiados. Para além disso as investigações a esses actos criminosos não conseguiram até ao momento identificar um único suspeito, pelo menos que seja conhecido do público.

Como na grande maioria dos casos nunca se consegue indiciar ninguém por um acto criminoso pois quando as investigações chegam a um ponto onde existe alguém suspeito com "padrinhos" a investigação desvia-se ou termina. Este um dos grandes problemas de todas as investigações no país como, por exemplo, o famigerado caso Santika, onde embora o próprio Ministério da Justiça tenha levantado graves suspeitas sobre um comandante da polícia, pretensamente o proprietário do clube. Como se sabe ainda nada aconteceu e por certo serão um dia condenados os empregados ou o arrumador de carros que é legalmente o gerente.

No entretanto o Camboja aproveita para entrar na campanha de desinformação e ontem um dos mais lidos jornais no país dizia que a Tailândia tinha reduzido os efectivos militares na fronteira em 50% para fazer frente aos problemas na capital. Isto vem na sequência do anúncio feito há duas semanas pelo comandante das forças cambojanas sitiadas na zona do templo de Phrae Viharn de que recentemente tinham morto 88 soldados tailandeses por invasão do território do país. Tal foi hoje, e só hoje, negado pelo exército tailandês.

Com as dificuldades que o país sente em todas as fronteiras, especialmente com a Birmânia e com o Camboja e com a situação no Sul onde estão estacionadas 120.000 elementos das várias forças de segurança, a questão da segurança nacional começa a ser posta em causa e comentada nos corredores militares como ontem mesmo pude constatar numa alargada reunião no Comando Supremo das Forças Armadas onde estive presente.

Um mediador, independente, respeitado e sem cor necessita-se urgentemente, só que não consigo lembrar-me de nenhum nome e também os tailandeses com quem contacto não.

terça-feira, 30 de março de 2010

A Última Ronda Negocial?


Ontem aconteceu a segunda ronda negocial e muito pouco se terá avançado.

A imprensa, quer tailandesa quer de língua inglesa de hoje, é disso um sinal. A maioria dos títulos fala em falhanço das negociações e os restantes que estas estão num impasse.

Abhist adicionou algo à sua proposta anterior de alterar as leis que regem o sistema político e eleitoral no país propondo um road map (utilizou a expressão inglesa) para a dissolução do parlamento em 9 meses e posterior convocação de eleições para o início do próximo ano.

A UDD mantém-se inalterada na sua posição de dissolução do paralamento em 15 dias.

Para ajudar á confusão alguma comunicação social (Post Today e Phuchadkharn) afirma que as conversações têm pouco valor visto não estarem presentes outras forças políticas pertinentes.

Também o Puea Thai veio declarar que se opoem à alteração da Constituição visto quererem que o texto de 1997 seja reposto em vigor. Penso já uma vez me ter referido a esta questão. A Constituição de 1997, a constituição do povo como é conhecida, tem, no meu entender muitos melhores predicados do que a actual, claramente feita contra os partidos políticos, mas o seu reavivar só pode ser feito de duas formas: a) alterando a presente Constituição de tal mode que permita que uma alteração constitucional seja feita através da substituição completa do texo; b) através da interupção da vigència do texto (golpe de estado tenha ele a forma que tiver).

Os partidos que apoiam a coligação no poder estão disponíveis para a dissolução do Parlamento em 2010 mas o Ministro das Finanças veio já hoje a aconselhar só 2011 tendo em vista o impacto na economia, segundo ele.
Acabei de falar pessoalmente com dois dos seis intervenientes na conversações e fiquei convebcido de que o governo pode ainda flexibilizar a sua posição mais ao encontro do que a UDD pretende e esta também mas não me parece que seja sufuciente as concessões que um e outro medisseram estarem prontos a dar para que se chegue a qualquer acordo.

Assim tenderei a alinhar com aqueles como o Matichon, o Khao Sod, o Daily News e o Khrungthep Turakij, que dizem ter as negociações falhado.

A distância parece na realidade ser difícil de encurtar até um ponto onde haja o equilibrio.

Se não for encontrada uma solução a incerteza é grande e perigosa.

Depois de já ter escrito o que acima ficou, Jatuporn Prompan, um dos líders da UDD e negociadores anunciou que não haverá mais negociações. "A UDD e o Governo são como a água e o óleo, nada os consegue misturar. Não vai haver mais conversas nas costas do povo. As conversações estão terminadas", ao mesmo tempo que dizia ir a UDD aumentar o nível da contestação.

Afirmou ainda que, se o governo anunciar decidir dissolver o Parlamento em três meses, a UDD analisará a proposta e consultará os manifestantes.

Pouco se pode comentar mais no momento.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quero ir para Casa

O cartoon hoje publicado no Bangkok Post não poderia ilustrar melhor a situação que se vive.

Os vermelhos querem terminar com a manifestação, Thaksin quer regressar ao país e Abhisit quer ir também para casa donde se encontra arredado faz hoje exactamente 15 dias.

Será que os primeiros e o último vão conseguir realizar os seus objectivos na ronda de negociações que está preste a começar?

Quanto ao segundo irá ter de esperar muitos anos para que tal seja possível. Como já por vezes referi Thaksin não é parte da solução para os problemas deste país.


O Primeiro-ministro deixou Bangkok esta manhã para visitar o Sultanato de Brunei, uma visita que já tinha adiado aquando do início da presente crise política. Nessa altura Abhisit teve de cancelar as visitas ao sultanato e à Austrália.

Deixou a capital pela manhã e é esperado regressar por volta das 4 da tarde para retomar as conversações com a liderança da UDD às 6 da tarde. O Dr. Weng já anunciou que se Abhisit não estiver presente a ronda não acontecerá.

Abhisit tem pouco tempo pois amanhã parte para uma viagem de dois dias ao Barém.

Analisando o que ontem aconteceu pode dizer-se que o clima foi de grande cordialidade e respeito mútuo mas pouco se avançou.

O mais positivo foi mesmo o facto de todo o país ter visto que é na mesa das negociações que o debate político se deve fazer e que é possível "vermelhos e amarelos" falarem de forma civilizada e respeitando-se. Isso ficou bem demonstrado na forma que quer Abhisit tratou Veera quer o contrário. Abhisit sempre se referiu a Veera como Pi Veera e este ao PM como Tan Nayok Ratha Montri.

Contudo a distância entre as partes é grande. Uns querem a dissolução imediata do Parlamento, a UDD, e o governo quer explicar que com o presente sistema legal e constitucional isso não é a solução, mas também não avança para um calendário para as mudanças necessárias.

Abhisit tentou ser lógico e explicar que se se avançasse para eleições poderíamos ter o mesmo cenário de 2008 com uma vitória do Puea Thai a ser contestada nas ruas pelo PAD. Abhisit lembrou que naquela altura quando o PAD pedia a dissolução do Parlamento ele foi a voz que se levantou contra a medida, tal como o faz agora.

O PM tem razão já que a presente lei constitucional está feita contra o sistema político partidário bem como muitas das cláusulas do legislado sobre eleições. Tem contudo de apresentar um calendário e uma proposta para que seja possível avançar com as reformas de tal forma que qualquer que seja o resultado das eleições o sistema político e os actores envolventes o aceitem e não haja intromissão no funcionamento por órgãos de origem não democrática, como hoje acontece.

A UDD se quer ser parte da solução para a crise da democracia no país tem de entender aquilo que Abhisit diz e criar o ambiente favorável para que o debate e as reformas do sistema político sejam céleres, eficazes e independentes e que só depois se pode e deve pensar em eleições. Há contudo um elemento importante a ter em conta que é o facto do maior partido político, o Puea Thai, não estar sentado à mesa das negociações. Embora Jatuporn seja Deputado pelo partido não é uma voz com poder decisório na sua estrutura. Pode acontecer que a UDD acorde uma plataforma com o governo e depois o Puea Thai não esteja disponível para a prosseguir nos fóruns necessários o que frustrará a sua efectivação. Espera-se que a UDD consulte hoje o Puea Thai e possa de alguma forma acordar com ele uma posição comum

É sabido que não existe grande confiança entre as partes. De um lado o governo está sempre timorato de que a UDD seja somente uma mascara de Thaksin – competindo a estes desfazer esse argumento com actos reais – e a UDD entende que se o presente governo continuar em funções alguns dos partidos na coligação continuem a usar os dinheiros e o aparelho do estado, como hoje acontece, em benefício próprio e com o objectivo de obter vantagens eleitorais. Compete a Abhisit mostrar que é capaz de solucionar essa questão.

As perspectivas não são muitas mas, como sempre tenho referido, é melhor estarem sentados á volta de uma mesa a falar, e repito de forma muito respeitosa, do que utilizarem outros palcos para fazer ouvir os seus pontos de vista.

Continua a haver lançamentos de granadas por mãos desconhecidas e as conversações são uma das melhores formas para derrotar esses agitadores.

domingo, 28 de março de 2010

Conversações


As conversações começaram como previsto.

Do lado do governo está Abhisit, Chammi e Korbsab e do lado da UDD Veera, Jatuporn e o Dr. Weng.

O tom é bastante positivo estando as partes a falar, com cobertura ao vivo em todos os canais de televisão, sem porem nenhuma emoção naquilo que vão alegando.

É esse o tom que se deseja do mesmo modo que se torna necessário encontrar a plataforma mínima na qual ambas as partes saiam deste encontro sem nenhuma derrota. Hoje é um dia em que todos têm que ganhar mesmo que seja uma vitória mínima pois o que está em jogo é iniciar-se um novo processo para o país um processo que permita as várias sensibilidades sentarem-se à mesma mesa e aceitarem as diferenças.

Se vai ou não haver dissolução do Parlamento, o que duvido, não é importante neste momento.

O que é importante é que ambas as partes saiam reforçadas na sua independência; que ambas as partes saibam que o que é importante é o povo tailandês e não aqueles que estão na sombra a tentar manipular quer uns quer outros.

Embora o tom das conversações continue a ser bastante amigável até nos tratamentos pessoais que são usados e de, por exemplo, Korbsab lembrar que já há quase 30 anos ele e Veera trabalham a favor da Democracia, está-se perante um impasse visto haver pouco espaço entre o pedido da UDD - dissolução do Parlamento - e a negação por parte do Governo de que essa seja a solução.

Está neste momento a correr um intervalo e espera-se que as partes possam falar entre elas e cada uma flexibilizar um pouco as posições.

De volta da pausa as partes acordaram em terminar por hoje as conversações e recomeçar amanhã despedindo-se com cortesia e amizade.

Negociações

Às quatro da tarde, hora de Bangkok, os líders da UDD vão encontrar-se com o Primeiro Ministro Abhisit no King Prajadiphok Institute na zona norte de Bangkok.

Do lado da UDD acabou de ser confirmado que os negociadores serão Veera, Nathawut e o Dr. Weng. Do lado do Governo ainda não se sabe, para além de Abhisit, mas será de prever, Korbsab e Sathit.

Depois de muitas negociações nos bastidores acabou por ser acordado que este encontro teria lugar ainda hoje.

Espera-se que o Rei Rama VII inspire as duas partes,

Domingo 28

Enquanto Domingo nasce cheio de sol e de luz o dia de ontem que viu a tensão subir entre os dois campos mas, como referi, acabou em concórdia.

Ambas as forças falaram, descobriram a forma de evitar qualquer confrontação, e acabaram por retirar para posições que não colocam em perigo a frágil estabilidade que se vive.

Já lá vão mais de duas semanas de frente a frente entre o governo e a UDD e felizmente os dois comandos têm sabido manter os limites da "boa convivência".

Do lado das forças de segurança nota-se uma enorme evolução desde os acontecimentos de 2008 em que nem foram capazes de manter os "amarelos" do PAD à distância nem de evitar que eles atacassem, por exemplo o Parlamento, onde as forças de segurança tiveram um comportamento completamente errado disparando gás lacrimogéneo de forma tão desastrosa que houve um morto e vários feridos.

Do lado dos manifestantes também a UDD tem sabido manter a sua promessa de não violência e, apesar da tensão de ontem, os manifestantes comportaram-se dentro dos limites e uma possivel invasão de Government House, como o tinham feito os manifestantes do PAD, não se verificou.

Continua contudo a haver uma terceira, ou quarta mão, como lhe chamou uma vez o porta-voz do Governo, interessada em contribuir para que a situação aqueça e que, agora quase que diáriamente, lança uma ou mais granadas para locais públicos.

Ontem mais uma vez aconteceram explosões sendo desta vez o alvo duas estações de televisão, o Canal 5 e a NBT. Esta última aliás parece ser um alvo apetecido de todos. O PAD no inicio da sua manifestação entrou pela estação adentro pôs todo o pessoal na rua e destruiu grande parte do equipamento que lá encontrou tendo a estação estado impedida de funcionar durante dois dias. Alegavam que naquela altura a estação estava ao serviço de Thaksin.

Ontem, ao contrário do que normalmente acontece, houve alguns feridos com estilhaços da explosão e, se embora sem gravidade, é uma nota que marca a subida de tom destes incidentes. Desses feridos, dois eram pessoas que passavam no local o que ainda mais incomoda.

Também esta madrugada foram lançadas masi duas granadas contra o próprio Regimento de Infantaria onde se encontra a PM e todos os outros comandos.

Continuam a ser explosões da granadas ligeiras e nãos causam grandes danos mas são contudo um elemento perturbador da situação.

Tornava-se urgente que a Polícia fosse capaz de identificar o (s) seu (s) autor (es). Talvez este o ponto mais fraco da presente situação.
A ineficiência dos serviços de investigação da Polícia.

Dentro de momentos a liderança da UDD dará inicio à sua marcha para o 11º Regimento de Infantaria onde Veera pretende avistar-se com Abhisit e, segundo aquele, pôr fim à presente situação.

Os primeiros manifestantes já aí chegaram. O Vice-Primeiro Ministro Suthep anunciou que será declarado o Estado de Emergência abrangendo o local onde está situado o quartel (não consigo confirmar se tal já aconteceu e Suthep não tem competência para tal, mas...) e Abhisit já disse que não haveria negociações se os manifestantes marchassem para o local, o que está a acontecer.

Não promete ser uma manhã onde, como dizia Veera, a manifestação vai acabar.