sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Golpe Seculo XXI
Ontem, e durante três horas todos os chefes militares deram uma entrevista em directo no canal 3 um canal detido pelo Estado, através da MCOT, agencia tailandesa de notícias, e por uma empresa privada a Bec Tero Entertainment plc.
Nessa entrevista o General Anupong Paochinda disse que se fosse Primeiro Ministro teria assumido a responsabilidade pelos incidentes e se demitiria em virtude do acontecido nos conflitos sangrentos do dia 7.
Esta frase dita na presença de todos os chefes militares incluindo o CEMGFA, General Songkiti Jakabatra, foi considerada como um golpe de estado via televisão.
O PM perdeu com esta afirmação a confiança daquele que é o homem mais poderoso do país e sendo ele igualmente Ministro da Defesa viu um "subordinado" discordar da sua actuação. Um porta voz do CEME veio esclarecer que este não dá ordens ao PM, unicamente exprimiu a sua opinião sobre o que teria feito no caso de ser ele próprio PM e mais uma vez reafirmou que os militares não tencionam realizar nenhum golpe de estado. Pode dizer-se que depois daquilo que foi dito não há necessidade de os militares em intervir. Basta esperar! Entretanto o porta voz do Governo anda a investigar quem organizou e coordenou a entrevista com os chefes militares
Desde esse momento não foi possível contactar Somchai Wongsawat apesar do esforço de todos os meios de comunicação social que de imediato se drigiram para a casa do PM. Entretanto Somchai cancelou a reunião do National Security Council prevista para as 2da tarde de hoje. que, face à situação na fronteira, embora bastante apaziguada, seria importante ser realizada.
A única reacção até ao momento foi a do líder de um dos Partidos da coligação que disse que o PM deveria falar e ouvir o CEME. Afirmou contudo que o Matchima Tipataya Party nao abandonará a coligação antes de falar com os outros Partidos. Outros parceiros como o Char Thay e o Puea Pandin também falaram de modo semelhante.
A pressão monta a todo o momento junto do PM mas ele continuava ontem, antes da entrevista que refiro, a dizer que não sai sem que seja preparada a revisão constitucional.
O silencio a que se remeteu só mostra que de momento Somchai está intranquilo quanto ao que poderá fazer ou espera um assentar do pó para tomar alguma iniciativa.
Na fronteira como referi, as forças continuam estacionadas mas os lideres militares que se reuniram ontem acordaram uma trégua e esperar pela reunião prevista para Terça-feira do Joint Border Commitee.
Entretanto foi anunciado que Somchai iria falar ao pais.
Depois de anunciada a conferencia de imprensa, Somchai cancelou-a, cancelou também a reunião do National Security Council prevista para as 2 da tarde e está reunido com os parceiros da coligação. Espera-se que fale ao país mais tarde e anuncie a sua demissão e/ou a dissolução do Parlamento
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Esta tarde
As palavras vão vencendo as disputas no terreno e de ambos os lados tem sido proferidas palavras chamando à mesa das negociações os "irmãos desavindos".
Quer do lado tailandês quer do lado cambojano entende-se que o conflito, de séculos (para melhor o enteder veja em Combustoes), deve ser resolvido através de encontros bilaterais.
O Secretário-Geral das Nações Unidas fez igualmente um apelo para que as partes encontrem uma solução negociada e ponham termo de imediato às hostilidades de alguma forma tentando desmobilizar tentativas, de ambas as partes, para levar a disputa ao Conselho de Segurança.
Se bem que as tropas estejam estacionadas, uma frente á outra, o clima é calmo e procedeu-se mesmo a um encontro entre oficiais de ambas as partes em território tailandês.
O MNE chamou o corpo diplomático e a principal informação foi a respeitante ao facto de terem sido encontradas em território tailandês, segundo o MNE, minas anti-pessoais recentes de fabrico russo numa clara violação do art. 8 da Convenção de Otava e querem levar o caso às instâncias internacionais.
Este conflito não é mais do que o reflexo das forças e das fraquezas internas de cada país e assume-se mais como um assunto de política doméstica trazido para o tabuleiro internacional do que um verdadeiro confronto onde se reclame parcelas territoriais.
Desde o século 13 que as disputas entre siamesas e khmers sobre este templo dos séculos 10 e 11 existem e a história tem mostrado sempre que o sentido dos ataques vem sempre contra o país que enfrenta uma crise de autoridade. Esse facto é aproveitado pelo outro para tentar fazer valer os seus pontos de vista.
Do lado militar não existem dúvidas de quem seria o vencedor num caso de confronto devido à enorme diferença entre, quer o numero de homens quer o equipamento existente de ambos os lados. A Tailândia mais do dobro da capacidade do Cambodja em ambos os sectores.
Tensão na Fronteira
A tensão na fronteira entre a Tailândia e o Cambodja aumentou desde ontem á tarde quando começaram as primeiras escaramuças com o envio de mais tropas para a região por ambos os lados.
Nos encontros de ontem morreram dois soldados Cambojanos e houve 7 feridos de cada lado. Existem informações contraditórias sobre 10 soldados tailandeses, ditos capturados pelos cambojanos e desmentido tal pelos comandos tailandeses.
Contudo os jornais esta manha informam do desaparecimento de 10 soldados.
O Cambodja reafirmou a intenção de resolver as disputas fronteiriças pela via negocial mas ao mesmo tempo tanques e comboios de tropas foram vistos a sair de Phnom Pehn para o norte do país, a zona em conflito. De igual modo afirmam que as situação política na Tailândia não propicia o dialogo visto não haver actualmente interlocutor no Joint Border Comitee e acusam assim o governo deste país da inactividade daquele organismo. Num comunicado emitido pelo MNE cambojano explica-se, ao pormenor, as ditas violações territoriais que os soldados tailandeses terão cometido.
A Tailândia pelo seu lado diz-se surpreendida com os ataques vindos do outro lado da fronteira num momento em que estavam a decorrer conversações ao nível de Ministros de Negócios Estrangeiros. Por outro lado a Tailândia reafirma que as suas tropas actuaram em território do país e só retaliaram ao fogo cambojano.
O problema da demarcação fronteiriça arrasta-se desde os tempos da colonização francesa do Cambodja e apesar de decisões como a Tribunal Internacional de Justiça de 1962 sobre o templo de Khao Prha Viharn, o facto é que continua a haver largas parcelas de território que são consideradas áreas em disputa e que o JBC ainda não conseguiu avançar para uma correcta demarcação. O mesmo problema existe nas fronteiras com Burma e a Malásia.
Vestígios dos tempos da colonização Inglesa e Francesa nesta região e de ambições territoriais que essa colonização teve sobre o território Siamês. O facto é que essas demarcações nunca foram resolvidas e nem o facto de os países pertencerem a uma mesma associação regional, ASEAN, cria melhores condições para que tal aconteça visto ser sempre entendido como um problema bilateral.
neste momento estamos numa altura em que a diplomacia esta´a actuar e as tropas estão paradas, mas num frente a frente que pode a qualquer momento voltar a causar vítimas.
Ambos os países querem chegar a formas de consenso mas de momento é difícil entender como vão ser retomadas as conversações sem que o problema escale para instâncias internacionais. O Cambodja já fez eco da sua posição junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Tailândia parece contar com algum apoio junto dos outros países da ASEAN, o que foi já alvo de criticas de Phnon Pehn.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Bangkok
As actividades políticas lá vão tomando o seu rumo ou rumo nenhum que é o que parece acontecer.
O PAD lá continua aquartelado na Government House, o PM no velho aeroporto e o tempo tem sido para homenagear aqueles que morreram nos acontecimentos de 7 de Outubro do lado do PAD. Sobre o sargento que foi trespassado pelos estiletes dos manifestantes nem palavra.
A Rainha, presidiu à cremação da uma jovem que faleceu nos confrontos e disse que Angkana, assim se chamava, "morreu lutando pela monarquia". Ontem foi a cremação do líder da Guarda do PAD, ele próprio um oficial da Polícia aposentado. As cerimónias foram desta vez presididas pelo antigo PM Anand, um independente que, coincidência ou não foi primeiro Ministro após os acontecimentos sangrentos de 1992, uma homem que nunca se tinha manifestado em favor de nenhum dos lados e que desta vez esteve ao lado do PAD e disse que só Thaksin poderia resolver a crise existente na Tailândia. Não o referiu como, mas dsse que o ex-Primeiro era um homem inteligente e saberia como actuar.
No funeral da jovem Angkana participou também o CEME Gen. Anupong Poachinda, aquilo que é considerado pelos "mentideros" da política como um golpe de estado silencioso.
Este alinhamento junto do PAD de tais figuras pouco augura quanto ao futuro do Governo, já de si ameaçado por tantas frentes judiciais.
Nos próximos dias serão ouvidas sentenças de vários casos contra este Governo e alguns deles poderão levar á queda de Somchai e resto do gabinete, como aconteceu a Samak, por uma causa de "lana caprina".
Entretanto devido a estas cerimónias fúnebres existe uma trégua, somente interrompida pelo reanimar dos confontros entre tropas na fronteira com o Cambodja.
PM Hun Sen veio declarar que se as tropas tailandesas não retirassem da zona territorial em disputa que tinham ocupada, segundo as suas palavras, que o Cambodja atacaria para defesa do seu território e deu um prazo, já extinto para que tal acontecesse.
Do lado tailandês a surpresa foi grande visto a declaração ter surgido ao mesmo tempo em que decorriam conversações entre os dois MNE levando o Secretário-Geral do MNE tailandês a afirmar que o Ministro se sentia apunhalado pelas costas.
O tailandeses afirmam que não ocuparam nenhuma área para além daquela que normalmente patrulham e acusam os cambojanos de colocarem minas anti-pessoais numa clara violação da Convenção de Otava.
Entretanto o PM tailandês reafirmou a intenção das tropas não saírem de onde estão e disse que se fossem atacadas retaliariam de imediato em defesa da soberania. Correm comentários de que tudo tinha sido orquestrado por Thaksin e o "seu grande amigo" Hun Sen, para dar uma ajuda ao governo do seu cunhado, desviando as atenções dos assuntos internos e dando uma oportunidade de mostrar, em relação a este conflito, uma das armas do PAD, uma postura nacionalista e destruidora das teorias de traição que são avançadas pelos opositores. É uma teoria um pouco complexa mas tudo é possível.
Entretanto hoje, mais uma vez, foram ouvidos tiros na zona e um General Cambojano afirmou à AFP que as tropas estão disparando umas sobre as outras. Entretanto o General Anupong afirmou ás tropas tailandesas para estarem prontas para responder se fossem atacadas. Neste momento confirmam-se alguns feridos nas tropas tailandesas e um morto do lado do Cambodja.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu uma nota onde se recomenda aos nacionais tailandeses que abandonem o Cambodja e meios estão a ser preparados para essa eventualidade.