sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pai

Pai é uma pequena vila num vale no Noroeste do país na província de Mae Hon Song a província que se situa mais Nordeste na Tailândia temdo uma longa fronteira com a Birmânia.

Embora seja bem afastada de Bangkok (quase 1.000 km) é uma importante província pelo facto daquela fronteira por onde passa um pouco de tudo.

Guerra ou escaramuças entre os movimentos étnicos que se opôem ao regime ditatorial de Napidaw (a plástica capital da Birmânia, qual "bunker" a proteger Than Shwei) e as forças militares desse mesmo regime, a mais significativa parte do tráfico de drogas provenientes daquele país um dos principais produtores mundiais de opiáceos, todo o tipo de contrabando desde verdadeiras fábricas no sector textil (na maioria dos casos pertencentes a tailandeses) a grandes quantidades de vinhos e bedidas espirituosas, sempre enchendo os bolsos da burocracia dos dois países, etc.

Pai, que dista cerca de 120 km da capital da província e portanto da fronteira. é um oásis de calmaria no seu vale de arrozais rodeados por altas montanhas.

Recentemente Pai foi descoberta pelo turismo, inicialmente o turista da mochila às costas, mas tem vindo pouco a pouco a modificar o tipo dos visitantes e a ganhar qualidade sem perder a principal razão que atrai as pessoas. Os arrozais, a calma e o "dolce far niente" que se pode gozar em Pai.

Repetem-se os locais para ficar (hoteis, resorts, etc) mas na sua esmagadora maíoria preservando o ambiente tanto quanto é possível. Aliás os tailandeses quando bem instruídos são extremamente generosos na preservação da sua terra e da sua cultura e sabem bem o que não fazer.

Dois dias de descanso esperam-me.


Tak

Ontem ao passar por Tak, uma das portas de entrada no Norte da Tailândia, falou-se do Rei Taksin e uma pessoa confundiu o nome com o do ex-PM Thaksin.

Na realidade para ouvidos ocidentais pouco atentos a mudanças de som tão subtis é fácil de confundir Taksin (สมเด็จพระเจ้าตากสินมหาราช) com Thaksin (ทักษิณ ชินวัตร), se bem que aquela escrita já é por si própria uma tentaiva de ocidentalizar os sons da fonética tailandesa e portanto só tem o valor de tentar ajudar quem não lê tailandês a pode sonorizar as palvras.

A diferença é grande.

Taksin, o Grande, também chamado o Rei de Thomburi foi um dos monarcas mais influentes na história do Sião. Oriundo da província de Ayuthia reinou no último terço do século XVIII e foi o Rei do Sião que depois da destruição da antiga capital e sua cidade natal pelo Birmaneses assumiu a tarefa de reagrupor apoios, com a ajuda de alguns portugueses, e, a partir de Thomburi local que escolheu para a nova capital, antes de esta se transferir para Bangkok do outro lado do rio Chao Praya, lançou o ataque que expulsaria os invasores birmaneses e reestabeleceria a unidade do Sião.

Taksin o Grande reunificou o país. Thaksin dividiu-0.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Curta

O Governo do PM Abhisit está a tentar competir com o do fugitivo ex-PM Thaksin no que respeita o controlo sobre todo o tipo de oposição.

Foi enviada para todas as Universidades uma nota do Governo para que estas "cortem cerce toda e qualquer manifestação estudantil de carácter político" em nome da reconciliação nacional e para obstar à criação de divisões na sociedade.

Elementar, como dizia o outro.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Abhisit e o PAD

Como anteriormente referi o PAD decidiu manifestar-se durante o fim de semana erguendo mais uma vez a bandeira do nacionalismo como o estandarte da sua campanha.

Recentemente o Ministro do governo tailandês presente na reunião da UNESCO assinou as conclusões finais onde se dizia que o comité apreciava o trabalho levado a cabo pelo Camboja na preparação do plano de gestão para o templo de Phrae Viharn local recentemente designado como Património da Humanidade, de acordo com a definição da agência das Nações Unidas. Tal facto foi aproveitado pelo PAD para vir de novo afirmar que estaria em causa a soberania do território tailandês e que o governo Abhisit estava a capitular e a ceder às pressões do vizinho.

Note-se que no final deste mês irão ocorrer eleições para Conselheiros Municipais em Bangkok e pela primeira vez o partido da Nova Politica (PNP - o braço político do movimento amarelo) irá estar presente. A campanha, que já está na rua através de cartazes, é sintomática de que o PNP tem que disputar o espaço e os votos ao partido Democrata. Afirma-se nos cartazes que os bangkokianos sabem que têm de mudar e para serem mais claros usam cores significando mudar do azul claro (a cor Democrata) para o verde (a cor do PNP).

Assim não é de espantar que tenham levantado agora esta bandeira para de novo entusiasmar os seus apoiantes a criar um conflito com o partido do poder ao acusarem o PM de capitulação perante o "inimigo".

Abhisit tentou reagir mas fê-lo de forma pouco esclarecida.

No Sábado passado acedeu a ir falar aos manifestantes amarelos, reunidos numa manifestação num estádio da capital, e tal facto não só foi criticado por muitos (as sondagens posteriores feitas pela Universidade Católica mostram isso), como outros perguntam-se porque é que o PM não foi também falar aos manifestantes vermelhos (especialmente no seu início). Pior de tudo foi o que acabou por dizer visto ter feito afirmações que não só lhe podem criar problemas com o próprio PAD, um aliado que não deve ser menosprezado, como estão a criar com o Camboja.

Abhisit afirmou que agora seria mais simples solucionar a questão (o PM sabe bem as tremendas dificuldades que terá em conseguir a resposta que o PAD quer),e, caso fosse necessário, não só seria anulado o Acordo celebrado pelo seu antecessor e actual assessor sénior do partido Democrata Chuen Lekpai em 2000, como a Tailândia recorreria a todos os meios necessários, militares incluídos, para impedir qualquer perca territorial.

O Camboja está numa situação muito cómoda pois tem a seu favor os instrumentos internacionais (acordos de 1904 e 1907, decisão do ICJ de 1962 e o acordo de 2000), e a própria história e portanto nada tem de fazer senão continuar numa posição dominante e de força e esperar as reacções vindas de Bangkok.

Terá de ser a Tailândia, como se diz na gíria, a "correr atrás do prejuízo" e tentar encontrar soluções para uma questão que o PAD tenta sempre tornar numa grande questão nacional sabendo que isso é favorável a criar emoções nacionalistas e inflamar os seus apoiantes.

Abhisit meteu-se entre fogos cruzados, como se não lhe bastasse todos aqueles que tem, e sairá mais chamuscado de todo o conflito do que vitorioso.

Do lado do Camboja, o PM Hun Sen apresentou o caso à Assembleia-geral das Nações Unidas, enviando uma carta ao seu Presidente, solicitando a difusão dessa mesma aos membros do Conselho de Segurança, onde, baseando-se nas palavras de Abhisit, alerta para a mencionada possível denúncia unilateral de acordos internacionais por parte da Tailândia (afectação da credibilidade de um país como parceiro contratante em direito internacional) e para a ameaça do uso da força contra o seu país. Contra tal ABhisit já veio dizer que as suas palavras foram mal interpretadas e incorrectamente transcritas o que mostra a dificuldade do PM e a necessidade de estar à defesa.

Do lado do PAD o movimento tem agora como adquirido o "compromisso" do PM de resolver a questão sendo que Abhisit é por certo um dos que melhor sabe a reduzida possibilidade que a Tailândia tem de sair vitoriosa nesta contenda e, como referi, e que o Camboja não tem nenhuma razão, vantagem ou necessidade para suavizar a sua posição.

Um passo em falso de Abhist que cada vez se vê mais entalado no seu próprio campo quer pelos seus parceiros de coligação quer pelo PAD/PNP. Do outro lado da bancada o Pheu Thai/UDD aguardam o momento para voltar á acção realizando pequenos eventos de agitação propagandística para manter as suas forças vivas mas evitando ao máximo os perigos que para o movimento tem representado o Estado de Emergência e a repressão sobre o movimento actualmente em acção.