sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ambiente e Ma Tha Phut


Ma Tha Phut é um parque industrial situado no Sudeste da Tailândia que é simultaneamente o 8º mais importante conjunto petroquímico mundial.

Tem sido pano para discussões há já muitos anos devido aos alegados casos de intoxicação que os gases emitidos pelas indústrias aia implantadas provocam. O número de casos de diversos tipos de doenças, mortais ou causadoras de lesões profundas, é naquele local superior aos outros pontos do país.

O que se passa em Ma Tha Phut não será muito diferente do que se passa em muitos outros pontos por esse Mundo fora em que a sociedade industrializada vem tratando tão mal o planeta a que chamamos nosso e com o qual deveríamos viver em harmonia.

Há um ano atrás uma organização não governamental conseguiu que o Tribunal decidisse, na sequência de um apelo que fizeram, colocar um travão em mais 76 projectos que estariam para arrancar na zona.

Após apelo das empresas envolvidas, 11 desses projectos receberam luz verde mas 65 foram declarados não compatíveis com as necessidades de protecção ambientais dentro dos limites da razoabilidade.

Nessa altura ouviram-se as vozes de alegria dos residentes, muitos com graves problemas de saúde possivelmente causados pelo ambiente onde se vêm forçados a viver, e vozes de desagrado dos empresários, donos dos projectos e de autoridades que clamavam que tal decisão iria colocar um obstáculo ao crescimento da economia do país e seria uma machadada no já tão mal tratado apelo ao investimento estrangeiro a primeira fonte de emprego qualificado na Tailândia.

Abhisit colocou-se na posição possível de tentar encontrar uma solução para o problema que a economia do país enfrentaria e a necessidade de atender à situação dos residentes da tão mal tratada área.

Foi nomeada uma Comissão (mais uma no oceano de comissões que tudo estudam e nada concluem), presidida pelo ex PM Anand (também ele um eterno "salvador" das causas difíceis). Passou-se um ano, pouco ou nada foi modificado a não ser uma nova decisão do Supremo Tribunal que "libertou" a maioria dos projectos congelados e Ma Tha Phut vai ver erguerem-se mais torres, mais chaminés, mais fumos e mais poluição quer de solos, quer de águas quer do ar.

Os residentes na zona choravam a sua derrota mas essas lágrimas não serão suficientes para limpar os poluídos solos nem para criar chuvas que possam despoluir os céus.

Como mostra o cartoon de hoje do Bangkok Post, haveria sempre que salvar alguns e Abhisit foi isso mesmo que fez.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Combate à Corrupção

O Primeiro-Ministro Abhisit iniciou uma campanha contra a corrupção facto que lhe valerá por certo muitos inimigos mas que trará frutos para o país tão mal tratado por esta praga mundial. Merece por tal o aplauso.

Ontem no Conselho de Ministros só admitiu aprovar a compra de 96 veículos de combate para o exército à Ucrânia depois de ter obtido a garantia de que o contracto poderia ser anulado caso se verificasse que os carros entregues não correspondiam ás características requeridas como muitas vezes acontece. É quase uma norma as entregas serem de qualidade inferior à das propostas de modo a que o diferencial possa ser transferido para alguns bolsos mais sequiosos.

De igual modo veio a lume que dos 373 projectos em curso no sector de Prevenção Civil, 274 (uma enorme percentagem) tinham visto os seus fundos desviados para proveito próprio de agentes públicos.

Abhisit numa declaração hoje emitida aposta na eliminação desta praga até ao final do ano.

É uma declaração impossível de cumprir mas é uma declaração de grande valor pela disposição mostrada pelo PM em enfrentar esta questão que tão presente está no dia a dia da sociedade tailandesa.
Recorde-se que num estudo levado a cabo pela The Asian Society no ano passado cerca de 90% dos inquiridos dizia ser a corrupção um facto do dia a dia o que é sintomático da magnitude do problema. O gráfico apresentado acima, produzido pelo Banco Mundial, é referente a 2006 e já de si ilustrativo, mas desde então a Tailândia desceu mais 4 posições na lista mundial dos países onde existe mais corrupção.

Com esta atitude Abhisit irá por certo aumentar o número dos seus inimigos mas pode estar certo de que está a dar os passos correctos como já demonstrou nalguns casos recentes quando afrontou poderosos lobbies da socideade tailandesa. Lembremo-nos dos casos dos detectores de explosivos GT 2000, onde o exército gastou milhões na compra de um artefacto totalmente inútil, e também o caso passado com os parceiros de coligação Bhum Jai Thai Party que patrocinou o leasing de 4.000 autocarros opção impossível de sustentar visto a tremenda disparidade entre os custos (mais do que 4 vezes) para a solução compra com manutenção.

O PM tem contudo ainda pela frente uma tarefa de enorme dimensão.

A corrupção não é um problema da Tailândia é não é correcto apontar o dedo ao país já que até os "mais puros" são afectados o que deve ser realçado é a coragem do PM Abhisit em tentar enfrentar abertamente o problema sabendo mesmo das tremendas dificuldades que tem pela frente e dos poderosos lobbies instalados em todos os extractos da sociedade.