quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Citações

É sabido que em política não há amigos. Existem companheiros ou camaradas, consoante a área política, mas essa qualificação é sempre ocasional e tem a ver com o momento em que qualquer táctica aproxima ou afasta as personagens.

Temos bastantes exemplos disso em Portugal, em todos os quadrantes políticos, quando se vê encontros ad-hoc sempre no “interesse da Nação”, em que os figurantes (alguns dirão figurões), mudam de casaco com grande facilidade tal qual como numa passagem de modelos.

Também aqui na Tailândia isso acontece e lembrei-me disso a propósito da calorosa recepção que o líder do país vizinho, Hun Sen, fez ao seu “eterno e fiel amigo” Thaksin Shinawatra.

Em 2003 a Embaixada da Tailândia em Phnom Penh foi incendiada pelos cambojanos depois de uma actriz tailandesa ter feito declarações consideras provocatórias acerca de territórios que no entender dela tinham sido roubados à Tailândia pelo Camboja. Nessa altura Thaksin, então Primeiro-Ministro, deste lado, ameaçou enviar forças especiais para a capital cambojana para matar os criminosos e houve uma troca de palavras, através dos meios de comunicação social, bastante quente entre ele e Hun Sen. Os grandes amores por vezes têm os seus momentos de raiva e nalguns dos casos acabam em divórcio. Mais tarde se verá até que ponto quer Hun Sem quer Thaksin podem confiar um no outro. Uma das citações que muitas vezes se ouve é a de que os nossos piores inimigos são os nossos amigos.

Que o diga Abhisit que anda a governar numa gaiola cheia de cobras escorregadias.

Mas recordemos outras interessantes citações ditas em tempos aqui na Tailândia:

Sondhi Limthongkul, co-líder do PAD e agora Presidente do Parido da Nova Política e inimigo mortal (?) de Thaksin “ Thaksin é o melhor Primeiro-Ministro que a Tailândia já teve”, em 2004.

General Chamlong Srimuang, co-líder do PAD: “Thaksin é a pessoa certa para liderar, a partir de agora, o Phlang Dharma party”, o partido que Chalong fundou nos anos 90 e de cuja liderança se afastou nesse momento. Foi o General que trouxe Thaksin para a política.

Nevin Chidchob, o líder de facto do Bhum Jai Thai party, ex braço direito de Thaksin e actualmente dedicado, segundo disse, a defender até à sua morte o Rei e a Monarquia, disse: “Choro pelo que fizeram a Thaksin”. Foi ele mesmo que após ter sido feito prisioneiro e posteriormente corrido de Bangkok (como ele disse com as calças na mão) no rescaldo do golpe de 2006, acusou o Presidente do Conselho Privado do Rei de interferências no processo.

Kasit Piromya, o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês chamou a Hun Sen, por duas vezes, "criminoso" quando era um dos animadores dos palcos do PAD, mas mais tarde disse que tudo o que tinha dito antes de 22 de Dezembro, dia da tomada de posse, não era relevante. Por certo para ele pois Hun Sen não o esquece.

O único que tem razão é o “grande filósofo” português, João Pinto, ex capitão do Futebol Clube do Porto, que disse que “prognósticos só no fim do jogo”. Enorme sabedoria muito aplicável no campo político.

Sem comentários: