quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Conferência de Imprensa de Hun Sen


O PM Cambojano deu ontem uma conferência de imprensa, ao lado de Thaksin Shinawatra, onde ultrapassa todas as barreiras do que é diplomacia.

Começa por dizer que o problema que existe entre os dois países é um problema pessoal entre ele e Abhisit e que este último sabe muito bem do que se trata, e que enquanto Abhisit ainda andava a brincar como uma criança, que o era na altura, ele (Hun Sen) já andava na política.

Continua afirmando: Se quer fechar a fronteira, que feche. Nós, cambojanos sabemos muito bem se queremos produtos tailandeses onde os ir buscar e não necessitamos das fronteiras para nada. Para além disso fechar as fronteiras afecta mais os negócios tailandeses do que os nossos visto no ano passado termos comprado 2 mil milhões de US$ e vendido somente 90 milhões.

Para mim, diz Hun Sen, quem está a fazer um grande drama é Abhisit pois foi ele que cancelou um MoU validamente assinado entre dois países (referência ao Memorando de Interesses sobre a exploração das plataformas petrolíferas no Golfo da Tailândia), perguntando como é que a comunidade internacional vai sentir-se ao assinar um qualquer contracto com a Tailândia se sabe que depois eles o podem rasgar. Nós sempre negociamos com a Tailândia em boa fé mas quando acabamos de assinar qualquer acordo eles apagam com os pés, afirma Hun Sen.

Diz ter tudo explicado durante a cimeira em Hun Sen, sobre a nomeação de Thaksin como conselheiro económico tal e qual o tinha antes feito com o actual PM Coreano, Lee, e com Australianos.

Escala o tom acusando Abhisit de ser uma marioneta nas mãos de Thaksin pois cada vez que se fala deste o PM reage sem direcção e simplesmente por razões pessoais e nunca pensando nos interesses do seu povo e do seu país. Podem os tailandeses suportar um líder como este? Pode a ASEAN ter um presidente como este? São duas perguntas das mais insultuosas que faz. Nós (refere a ASEAN) um dia seremos um só mercado, teremos uma só moeda (referência ao modelo europeu) mas quem em vez de querer construir quer destruir é o Presidente da ASEAN, a Tailândia.

Quando acusa o Camboja de ter roubado território à Tailândia o melhor é ler a história e verá quem são os agressores, volta á carga Hun Sen.

Pergunta depois se todo o problema é por o Rei do Camboja ter nomeado Thaksin conselheiro do Governo. Se é assim então voltemos tudo para trás inclusive o golpe de estado de 2006 em que aquele foi retirado de um lugar para o qual tinha sido democraticamente eleito. De que é que Abhisit tem medo? Eu sou PM neste país porque recebi 2/3 dos votos do meu povo. Quantos votos Abhisit recebeu (note-se que o partido Democrata tem só 1/3 dos Deputados no Parlamento)? A nomeação de Thaksin não tem nada a ver com a Tailândia. Ele é meu amigo e amigo não trai amigo.

Abhisit está envolvido em todo o tipo de problemas. Pode morrer devido ao stress que isso lhe causa. Tem problemas com todos os seus vizinhos (Abhisit ainda não visitou nenhum deles o que é tido como uma das grandes falhas da Diplomacia tailandesa em ano de presidência da ASEAN), e para além disso tem problemas com os amarelos, com os vermelhos, os azuis e os verdes.

Que tipo de respeito é que a Tailândia merece para o Camboja (se a tradução para inglês está correcta esta é muito forte pois Hun Sem não refere Abhisit mas Tailândia e portanto torna-se numa forte acusação contra o país). Não há nada no sistema judicial tailandês que deveremos respeitar. No passado davam guarida aos Khmer Rouges quando eles atacavam e destruíam o meu povo e o meu país.
A acrescentar ao que fica relatado, hoje o Governo do Camboja recusou o pedido de extradição apresentado pelo Encarregado de Negócios em Phnom Penh, e mais tarde declarou esse mesmo diplomata persona non grata dando-lhe 48 horas para abandonar o país.

Pergunta-se agora. Qual a resposta? Qual é o jogo de Hun Sen (e de Thaksin)? Apostarem na fragilidade de Abhisit e fazer cair o governo? Mas entretanto Abhisit subiu estrondosamente nas sondagens já que o povo tailandês não tolera tamanha arrogância (para ser simpático) vinda do outro lado da fronteira.

Há quem diga que tudo isto é uma estratégia para fazer Abhisit querer que está forte e pode dissolver o Parlamento e convocar eleições sabendo (ou crendo) que essas serão sempre ganhas pelo Puea Thai. Até pode ser verdade mas é tremendamente arriscada e custosa, mas Hun Sen, como ele diz já anda nisto há muitos anos e não vai ser agora que muda e se torna um líder com contornos democráticos.

Os próximos dias (horas) vão ser cruciais para entender o rumo deste destroyer sem comando.

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