terça-feira, 11 de maio de 2010

Retoques no campo Político

Já várias vezes falei da imprevisibilidade da política tailandesa e ainda ontem escrevi sobre a estranha coincidência de interesses que neste momento se formou entre Abhisit e a UDD.

Hoje, Thanong o editor chefe do jornal The Nation conhecido por ser ferozmente anti-thaksinista, escreve no seu blog, parte dos The Nation blogs, uma coisa que para muitos poderá parecer impensável.

Exactamente acerca dessa aliança de contrários a que fiz referencia ontem.

Thanong avança que existe uma clara aproximação entre Abhisit e o Phue Thai partido que de alguma forma encarna o ideário do antigo PM Thaksin Shinawatra.

Fala também do incómodo que está a sentir Nevin Chidchob, que sente que os "seus" 33 deputados são sempre essenciais em qualquer acordo político e que este terá dito que sem ele não há "road map", numa referência ao facto de Abhisit não o ter consultado para avançar com o plano de reconciliação, agora apelidado por muitos não de road map mas de Red Map.


Nevin e o seu pai Chai, o Presidente do Parlamento viraram rapidamente a sua atenção para se tornarem ainda mais devotos á defesa da monarquia, um facto que sempre consegue ter eco e ficar bem junto de certos sectores da sociedade. Nevin, o antigo braço direito e esquerdo de Thaksin, que tem como único propósito na carreira política o enriquecimento e o controlo do número suficiente de votos que lhe permita estar sempre em cena, com a ajuda quer do seu pai quer do Ministro do Interior Chaowarat, montaram uma máquina de controlo das próximas eleições de modo que aquele objectivo continue a ser uma realidade.

Por outro lado viraram o seu discurso somente para a "defesa da monarquia". Desde Outubro do ano passado que Nevin as únicas vezes que fala, e que são poucas, é só para louvar a monarquia ou para mostrar o seu desagrado contra algum facto que no entender dele(s) pode merecer a atenção da comunicação social como uma ofensa á monarquia. De política nunca fala, aquele que é um dos principais actores da cena política tailandesa.

Agora dedicam-se a não entenderem como existem "tantos sítios de internet contra a monarquia" e que irão devotar o seu tempo e energia a lutar contra esta causa.


Entretanto correm rumores também de que o Bhum Jai Thai Party, o seu partido pode acabar e dar lugar a um outro partido mais amplo que fosse liderado por Pravit, o actual Ministro da Defesa partido esse que teria por objectivo atingir o poder com Pravit PM e Anupong Ministro da Defesa. Deste modo Nevin continuaria na sombra, não só porque é o lugar que gosta mas também porque tem os direitos políticos cerceados até meados de 2012, trabalhando para a angariação de fundos para o partido e na sua posição de controleiro.

Também o PNP (o braço político do PAD) volta a atacar o governo por entender que o que se passa actualmente é uma telenovela onde o escritor do guião anda á procura de como escrever o final feliz pois tudo tem de acabar bem para todos. Condena violentamente o "namoro" entre os dois campos e volta a apelar à intervenção contra os vermelhos.

Hoje o Vice PM Suthep apresentou-se na polícia para ouvir a acusação, devido a uma queixa das famílias das vítimas do 10 de Abril, de que é responsável pela morte de inocentes. Antes a UDD tinha dito que se Suthep se rendesse e que se o mesmo tratamento fosse garantido aos seus líderes, acabavam com a manifestação, mas agora dizem que querem que Suthep se apresente na Divisão de Supressão de Actividades Criminais e não no Departamento de Investigação Especiais onde foi! O mesmo pedido foi feito pela UDD em relação a Abhisit mas este tem de requerer o levantamento da imunidade parlamentar. Suthep no ano passado demitiu-se de Deputado depois de uma investigação ter concluído que ele violara o regulamento sobre a detenção de acções em empresas estatais por membros do parlamento.

Noutras notas soltas, o MNE Kasit chamou ao Ministério o Embaixador dos Estados Unidos para apresentar queixa por "interferência nos assuntos internos" do país por um alto funcionário americano, Kust Campbell, como ontem referi, se ter reunido com a oposição ao governo. É a segunda vez em pouco mais de duas semanas que Kasit tem um "desacordo" com os diplomatas acreditados em Bangkok. Kasit está por certo esquecido que a 12 de Abril, na Universidade John Hopkins, em plenos EEUU, comparou Thaksin a Hitler e acusou três países de o acolher: a Rússia, a Suécia e os Emiratos Árabes Unidos. Dois entendimentos do que é ingerência.A Tailândia tem nos EEUU um dos sue mais antigos aliados (177 anos) e o gesto por certo terá consequências em Washington.

Os nomes dos negociadores por ambas as partes andam já nas bocas de muitos e, a serem verdade, mostram que as negociações estão a ser muito mais feitas entre Thaksin e Abhisit do que entre a UDD e os Democratas.

Sem comentários: