quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Outra Guerra


Enquanto vem sendo reforçado o bloqueio ao acampamento vermelho com o posicionamento de variados postos de controlo por militares e pela polícia em volta da zona de Rajaprasong-Saladaeng o Ministro Kasit avança com outra guerra.

O plano para o bloqueio já há dias que podia ser visto em preparação quando camiões do exército despejaram grande quantidade de sacos de areia para formar guaridas, nas zonas circundantes ao parque Lumpini.

Ontem para encher essas guaridas vieram os soldados.

Falta agora o corte de energia, telefones e água como prometido, mas já adiado segundo uma nota que o CRES acabou de emitir. O governo anuncia também que o "road map" para a reconciliação já não incluirá as eleições a 14 de Novembro, numa abrupta mudança de direcção.

Entetanto existe, como digo acima, uma outra guerra que está em curso e que poderá trazer consequências desagradáveis para a Tailândia. Refiro-me à guerra que o Ministro Kasit vem alimentando com o corpo diplomático.

Tudo começou, ou melhor agudizou-se, quando um largo número de diplomatas visitaram a sede do partido da oposição Phue Thai e depois alguns foram até ao acampamento vermelho onde tiveram discussões com os líderes vermelhos. O Ministro Kasit, irritadíssimo, chamou o decano do corpo diplomático e fez afirmações de grande gravidade como por exemplo afirmou que havia diplomatas que difamavam a monarquia, a sempe e eterna cobertura para qualquer acção. Mais tarde acabou por emitir uma nota a tentar suavizar o que entretanto já tinha saído para os jornais mas não se coibiu de, em Jakarta, quando aí foi para impedir uma iniciativa da vários países da ASEAN, com a Indonésia á cabeça, para convocarem uma cimeira de urgência para debater a "questão tailandesa", de voltar a atacar a comunidade internacional.

O episódio seguinte foi o incidente protagonizado com o Embaixador americano depois do encontro de Campbell com opositores do governo.

Numa nova conferência com os diplomatas, tal como a 11 de Abril no complexo do governo em Cheng Wattana, altura em que o porta-voz do governo Dr Panittan, acusou "alguns países na sala" de proteger Thaksin, o Ministro Kasit acabou o briefing de mau humor e recusou responder a uma pergunta de um Embaixador que lhe disse que os países tinham o direito de se informar, junto de todas as partes, e não ecoar só os comunicados do governo sob pena de prestarem um mau serviço às suas capitais.

Hoje mesmo o Governador de Bangkok, membro da família real e secretário adjunto do partido Democrata, M R Sukhumbhand Paribatra, afirmou num almoço que "o Ministro dos Negócios Estrangeiros deveria cessar a sua campanha contra os diplomatas acreditados na capital" (sic). Recorde-se que o Governador tem sido uma das figuras centrais nas negociações que tem havido entre o governo e os seus opositores.

O CRES entretanto entrou nesta guerra e enviou na noite passada um sms para as pessoas que estão registadas nas células dos operadores na áera de Rajaprasong dizendo que os diplomatas da capital apelavam a que os manifestantes terminassem o bloqueio na capital.

Tal mensagem é abusiva visto todos os países que emitiram comunicados sobre a situação apelavam, a ambas as partes, repito ambas, para entrarem em diálogo e não usarem a violência como forma de dirimir diferenças. Essa tem sido a linha constante da comunidade internacional e deturpá-la e abusar disso é uma grave violação dos direitos internacionais regidos pela Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.


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