sábado, 17 de abril de 2010

A Fuga e os Vexames

A história da fuga de Arissaman, o líder da UDD que a polícia queria apanhar na madrugada de ontem a par de outros, acabou por ser uma caricatura daquilo que são algumas das acções das forças de segurança como se pode ver no relato que fazem os jornais. O The Nation titula "um fiasco embaraçoso para o governo" e o Bangkok Post, a todo o largo da primeira página, escreve que "Suthep perdeu o comando da área de segurança".

Na realidade a actuação dos polícias foi totalmemnte amadora acabando Arissaman por fugir do hotel descendo por cordas de um dos quartos tudo isto na presença de jornalistas nacionais e estrangeiros e de grande número dos seus apoiantes.

Para ainda acabar pior o vexame para a polícia dois oficiais superiores, Coroneis, acabaram detidos pelos vermelhos e transportados, conjuntamente com os alvos que eles queriam capturar, para o palco de Rajaprasong onde foram mostrados á multidão como troféus de vitória.

Esta foi a gota que fez transbordar o copo de Abhisit no que respeita a confiança que depositiva em Suthep, o Vice Primeiro-ministro encarregado das questões de segurança e levou à nomeação do General Anupong como responsável pela coordenação de toda as acções ao abrigo do Estado de Emergência. Na realidade já no Domingo passado Abhisit, tinha chamando os comandos da polícia e militares para, na presença de Suthep, lhes ter dito que tinham prestado um mau serviço ao país.

Abhisit deu tudo o que lhe pediram no que respeita a material. As forças pareciam estar equipadas para controlar multidões e manifestações mas a prática tem demonstrado o contrário. Não é só a questão dos "melancias", ou seja os militares com "coração vermelho" que no fim aderem á causa contra a qual os obrigam a lutar, é muito mais do que isso é a impreparação estratégica e organizativa dos comandos.

Começou com a retirada desordenada em Pathun Thani na altura da ocupação da ThaiCom pelos vermelhos, depois no dia 10 quando, e há muitos vídeos que o mostram, bateram em retirada desordenadamente deixando para trás material e equipamento e acabou com a falhada tentativa das capturas no SC Park Hotel.

A lista do material que foi abandonado ou apreendido pelos vermelhos para além dos veículos que outro dia mencionei, 9 no total, é a seguinte: 9 M16, 25 Tavor, 6 canhões anti-aéreos (!), 116 escudos, 105 bastões e 80 fatos de combate. No que respeita a munições estão dadas como perdidas 580 balas de borracha, 600 carregadores para os anti-aéreos e 186 carregadores de M16.

Abhisit é acusado por muitos de mole e de vergar mas com apoios assim quem se pode queixar é ele.

Contudo quem pense que tudo é linear e que a história acaba aqui está muito enganado. A confusão reinante é tão significativa que uma ordem do Primeiro Ministro, que inclusive era o cabeçalho do Bangkok Post de hoje acaba por ser recriada por quem não a quer acatar..

Depois de, como acima refiro, Abhisit ter anunciado de viva voz na televisão que o General Anupong passava a comandar o CRES, hoje o porta-voz do exército, que recebe ordens do general, vem dizer que é ainda Suthep quem está à cabeça do CRES e que o General Anupong somente obteve da parte do PM a autoridade para intervir .... caso se mostrasse necessário.

Anupong conhece melhor os caminhos que pisa e como ontem referi não quer assumir nenhum papel de primeira linha até porque o seu grande objectivo é chegar a 30 de Setembro imaculado para passar à reforma sem problemas. Depois Prayuth, o seu número dois e mais do que provável sucessor, que resolva.

Abhisit dá uma ordem e menos de 24 horas depois o todo poderoso Anupong reinterpreta essa mesma ordem para que se adapte ao seu querer.

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