quinta-feira, 18 de março de 2010

O Sexto Dia


O sexto dia da manifestação da UDD em Bangkok acordou calmo e aparentemente sem novidades.

Após as movimentações de ontem os manifestantes regressaram a Rajadamnoen, onde está instalada como que uma feira com barracas da mais variada espécie e onde se pode comprar “souvenirs” ligados ao movimento vermelho, fazer uma massagen, comer, etc. Existem barracas onde se vende um pouco de tudo e algumas adornadas com bandeiras de países estrangeiros como se de uma “expo mundial” se tratasse. Só quem conhece bem este país pode entender que no meio desta situação se transforme uma manifestação política numa feira e num mercado.

As vozes a apelarem a negociações levantam-se, e apoioam a abertura já mostrada por Abhisit, e esse é o passo que a maioria espera.

Se por um lado estas feiras e mercados são “agradaveis” o facto é que o país se encontra de alguma forma paralisado, Abhisit impedido de exercer a sua função de PM, e torna-se difícil de entender como é que vai acabar a presente situação. Nenhuma das partes quer sair sem uma vitória, nenhum das partes quer usar a violência para desalojar a outra (o que se saúda), mas a verdade é que o país necessita de retomar o seu ritmo de vida normal. O líder do Parlamento já convocou esta semana duas sessões para discutir a situação e ambas acabaram por não se realizar por falta de quorum sendo que Abhisit cedo afirmou não comparecer já que é evidente a sua incapacidade para o fazer. O PM neste momento só se desloca de helicoptero.

O Professor Gotham Arya voltou a falar sobre a necessidade de um encontro das partes. O Vice-primeiro Ministro Suthep ontem foi infeliz quando veio dizer que o governo estaria disposto a falar quando Thaksin desse autorização à UDD. Desta forma falou contra o seu próprio PM e viu a UDD criticá-lo violentamente ridicularizando a sua aproximação. Afirmou ainda que a manifestação está para durar visto haver agora muitas empresas a financiar os “vermelhos”.

Neste momento o que são necessárias são palavras capazes de criar pontes e não de as cortar cerce quando elas começam a ser construídas.

Outro sinal positivo foi a clarificação no seio da UDD onde os líderes moderados, Veera, Jatuporn, Nathawut, Jaran e até Arisaman, que parece estar “controlado”, se distanciaram inequivocamante de Seh Daeng, o radical general sempre ameaçando tudo e todos. Este e outros “hard liners” criticaram a liderança da UDD por entenderem que da forma moderada e pacífica como conduzem a manifestação nunca atingirão nenhum objectivo. A expulsão daqueles do seio da UDD, pública e claramente expressa, é um facto que só favorece o caminho a alguma possível forma de entendimento das partes em disputa. Pode contudo isolar aqueles e levá-los a encetar acções violentas.

Entretanto, e enquanto se aguarda algum fumo para negociações, a UDD afirmou que no Sábado irão levar a manifestação a toda a cidade numa caravana com o objectivo de recolher apoio para a sua luta.
Já mais tarde, e por isso faço esta actualização, entre anúncios de acções interpostas uns contra os outros, o PM Abhisit, numa mensagem transmitida através da televisão, voltou a abrir as portas a falar com a liderança da UDD com a condição de a manifestação se manter dentro da lei. A interpetação daquilo que o PM quer dizer é algo complicada visto o país estar ao abrigo do Internal Security Act que proíbe ajuntamentos, e como se sabe não é isso que tem acontecido. Será que o PM se refere somente à necessidade de continuar tudo a desenrolar-se dentro da calma e clima de não violência como até aqui, ou pretende algo mais como o terminar da própria manifestação?
Seja como for a mensagem está passada e a bola passada para o campo vermelho.

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