sábado, 3 de abril de 2010

Os Camisas Cor-de-Rosa

Ontem, como já relatei num pequeno excerto, cerca de, segundo números da polícia, 2.000 manifestantes, pela paz e contra a dissolução do Parlamento, juntaram-se no Parque Lumpini empunhando bandeiras da Tailândia.

O movimento cor-de-rosa, liderado por um antigo comandante da Polícia metropolitana de Bangkok, pretende ser uma voz de apoio ao Primeiro-Ministro Abhisit na sua "confrontação" com os vermelhos que insistem, sem daí se moverem, na dissoulução imediata do Parlamento. Durante o dia de Quinta-feira houve vários grupos que se mostraram inclinados para fazer ouvir a sua voz no sentido de intervir como uma terceira via na presente disputa. Académicos e algumas das associações patronais emitiram comunicados falando da necessidade de tréguas e de se encontrar uma via que possibilite o país avançar e evitar crises como a anterior provocada pelo encerramento dos aeroportos, crise da qual o sector hoteleiro ainda não recuperou.

Pretende ser um movimento neutral, enfim um movimento que seja a voz da maioria do povo tailandês como as permanentes sondagens mostram.

Já no ano passado houve duas tentativas de fazer sair a terreiro esta voz anónima, quer através de um movimento mais intelectual liderado pelo antigo Ministro das Finanças, no governo do General Surayuth, Mom Rajawong Priydiaton Thepankul e outro apoiado pelo presente Governador de Bangkok Mom Rajawong Shukunphan Paribatra, mas ambos acabaram por durar pouco e desaparecer. O primeiro era bastante interessante pois juntava ex ministros e ex altos funcionários que tinham servido os mais variados quadrantes, no fim de algum modo podiam ser vistos como fazendo parte das difeentes cores em disputa.

Uma das principais carências na sociedade hoje em dia é de vozes independentes que possam ser respeitadas e aceites por ambas as partes e que possam fazer com que se encontrem plataformas ao centro capazes de silenciar as radicalizações quer vermelhas quer amarelo/cor-de-rosas.

Se nas conversações que houve entre Abhisit e Veera houvesse uma terceira voz, e tivessem, depois do espectaculo televisivo, continuado à porta fechada, talvez hoje já houvesse alguma luz no fundo do tunel.

Vamos a ver se desta vez este movimento de independência emerge, mas a ver por alguns dos actos ontem praticados, não consigo escrutinar naqueles os representantes dessa voz de serenidade necessária. Oxalá me engane.
Por outro lado hoje voltam as caravanas vermelhas ás ruas de Bangkok num número segundo o anunciado há momentos pelo Coronel Samsern de 60.000 e divididos em dois grupos. Um que se diriguiu para o Regimento 11 de Infantaria, o quartel general do PM desde o dia 12 de Março, e outro bem para o coração da cidade de Bangkok, a intersecção de Rajaprasong onde fica o Central World, onde foi montado um palco, em plena rua, criando o caos total no tráfico naquele nó fundamental para o funcionamento da capital.

A UDD, à falta de resposta ao seu inamovivel e irracional pedido de dissolução do Parlameto em 15 dias, parece obstinada em criar o caos em Bangkok, mas penso ser tal uma estratégia errada.

Se no dia 20 quando passaram por toda a cidade criaram um clima de alguma simpatia contráriamente ao que alguns olhos cegos vêm, e digo isso baseado em muitas e variadas informações de meios oficiais e não oficiais, com a acção de hoje parece-me que irão destruir essa capital ganho.

Ser humilde nas vitórias é um grande ensinamento de que se esquecem. Nunca ninguém ganhou tudo e aqueles que pensam que isso conceguiram acabm por ter uma derrota no final e grande. É o velho ditado português que quanto mais alto se sobe maior é o trambolhão.


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