segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Ultima Etapa

A etapa final da viagem pelo norte do país conduziu'nos já ao sul desde Phitsanulok até ao Parque natural de Khao Yai (literalmente montanha grande). Interessante esta palavra montanha pois no norte diz-se Doi, no Nordeste Phu e no resto do país Khao, palavra que nas suas "quinhentas" entoações significa igualmente arroz, notícia, branco, eles, etc (o Miguel Castelo Branco já mestre em tailandês poderá completar e/ou corrigir).

Este parque natural, a Tailândia está repleta de parques deste tipo cada qual mais bonito do que o anterior, estende-se por quatro províncias do país mas com a maior fatia a ficar em Nakhon Ratchasima (Nakhon é uma das palavras que significa cidade tal como Chiang em dialecto Lanna, mas outras como Muang, Buri, são também usadas). Nakhoin Ratcahsima, província cuja capital é a terceira maior cidade do país é igualmente chamada de Korat, ganhando esse apelido do planalto de Korat onde fica situada.

O caminho para sul foi feito pela estrada 11, como já referi a única a merecer nota negativa, pelo facto de ser só de duas faixas, uma raridade no país e do piso deixar muito a desejar todo ele mutilado pelo peso dos camiões.

Se não tivesse passado por esta estrada diria que as estradas na Tailândia têm uma qualidade acima da média daquilo que se encontra em Portugal, mas há sempre uma ovelha negra em todos os rebanhos.

Paragem em Lob Buri a cidade dos macacos visto se verem estas criaturas a passear indiferentes pela cidade. Lop Buri é uma cidade com séculos de história como uma importante praça do império Khmer e mais tarde como segunda capital no tempo do Rei Narai.

Pela sua posição geográfica é fácil de entender o porquê desta importância da cidade. Está numa encruzilhada entre o norte e o sul entre o oeste e o leste sendo por isso quase que obrigatório ponto de passagem. Talvez por isso mesmo Lop Buri é um dos principais centros militares no país. Aqui está estacionada a maior base de manutenção de aeronaves militares e uma das divisões de infantaria mais fortes e bem equipadas do país. Sempre que há rumores de golpes de estado é importante observar os movimentos em Lop Buri pois por certo de lá virão as principais forças para o executar.



Constantine Phaulkon, o grego que chegou a ser o mais importante conselheiro na corte do Sião, tinha em Lop Buri um importante palácio onde ficava sempre que acompanhava o Rei Narai durante as suas estadias na segunda capital do reino siamês. Phaulkon, ou Falcão era casado com uma luso descendente, Maria Guiomar de Pinha, Thao Thong Klibmaa, a responsável pela introdução no Sião dos doces de ovos de origem portuguesa, ainda hoje apreciados e bem conhecida a sua ligação á cozinha portuguesa. Foi Tong, ou fios de ouro, são os digníssimos herdeiros dos nossos fios de ovos. É este também o nome que dão normalmente à nossa selecção de futebol mostrando bem a relação existente. Consta que Maria Guiomar estava cansada da vida da corte e decidindo dedicar-se a algo novo lembrou-se das receitas de bolos de ovos que teria aprendido com o seu pai de origem portuguesa e assim decidiu começar a sua confecção. Parece a história da Princesa de Bragança, Rainha Catarina de Inglaterra quando introduziu o chá na corte inglesa.

Lop Buri para além dos restos dos palácios do Rei Narai e de Falcão, bastante destruídos pelas constantes lutas em que esta cidade de transito se viu envolvida pouco mais tem de interessante e a presença dos símios não é definitivamente do meu agrado. Bem sei que eles de tão habituados a pessoas nem lhes ligam mas não são o meu tipo de bicho de estimação.


Depois de Lop Buri mais uma centena de quilómetros em direcção a Khao Yai onde ficamos a noite. Pode ficar-se dentro do parque natural ou em cabanas ou acampado em zonas reservadas para o efeito ou então fica-se fora do parque e visita-se depois. Decidimos tentar ficar no parque mas não havia alojamento. Só barraca o que não seduziu e assim decidimos fazer um safari nocturno, regressar ao sopé dos montes e atravessar Khao Yai no dia seguinte no caminho para Bangkok.

Khao Yai fica a cerca de 150 km da capital e com tem duas entradas, uma por Nakhon Ratchasima e outra por Nakhon Nayok, pode entrar'se no ponto mais longe de Bangkok e sair no mais perto o que torna muito fácil a visita.


O safari nocturno é interessante embora não se vejam muitos animais mas mesmo assim , vimos uma boa quantidade de alces, veados e antílopes, vimos porcos espinho, hienas, outros semelhantes e um elefante ( as desculpas pela qualidade da fotografia mas á noite o flash tem pouco alcance). É feito nas traseiras de uma furgoneta com uma guia com uma forte lanterna tentando enxergar os olhos dos animais como dois faróis e depois ilumina-los. Estava bastante frio e é deveras aconselhável usar um agasalho. Não o fiz, tinha só duas T-shirts e tenho pena, pois enregelei.

No dia seguinte então ver o parque em todo o seu esplendor visitar duas quedas de águas qualquer delas mais impressionante chamando-se uma a boca do inferno como a nossa e a razão por certo está devido á dificuldade em lá chegar. É mesmo um inferno. Ainda que muito bem construído o acesso desce-se e consequentemente sobe-se, a não ser que se desista da vida "no inferno", uma boa centena de degraus a pique.

Terminado o passeio com um almoço ainda no parque regresso e Bangkok e uma olhada para o contador de quilómetros para certificar que tinham sido 2.489.6 exactamente. Muitos e bons como se deverá dizer




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