O dia está calmo, quente como sempre, o céu basicamente claro com poucas nuvens embora ainda à pouco tenha chovido. A água faz parte da vida dos tailandeses e não causa nunca grandes transtornos às pessoas que a ela se habituaram.
Contudo o Mundo está tão mudado. Ainda haverá quem não acredite nas mudanças climatéricas? A água está a tornar-se um dos nossos maiores pesadelos devido á necessidade que temos de água limpa para consumo, enfim para viver, e devido à sua cada vez maior escassez, devida à crescente industrialização, á crescente poluição dos rios e mares, á crescente desertificação em zonas previamente com vegetação, enfim devido á crescente falta de cuidados da nossa parte no desenvolvimento humano.
É interessante observar que o desenvolvimento é em simultâneo aquilo que nos trás maior prosperidade e bem estar, melhores condições para uma vida digna mas por outro lado é um dos principais factores a criar distorções no Mundo, pelo aumento da corrida aos recursos naturais e á sua consequente escassez, como é o caso da água.
Wat Prha Kaew - templo do Budha Esmeralda
A sustentabilidade deverá ser o ponto focal do desenvolvimento de novas teorias económicas que nos ajudem a encontrar o balanço entre as necessidades e a preservação dos recursos. Rama IX, o actual monarca na Tailândia, desenvolveu a teoria da "sufficiency economy", merecedora do Human Development Lifetime Achievement Award das Nações Unidas, que bem explorada e desenvolvida poderia ser tomada como um guia de conduta para a nossa sociedade.
Numa apresentação feita pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho na passada Sexta-feira num workshop do ARF em Bangkok onde estive presente, foi mostrado o desenvolvimento na ultima década dos desastres naturais divididos em três categorias. Os causados pela água, pela geologia ou por epidemias (tradução minha). Os desastres causados pela água, tufões, inundações, tsunami, degelo, ciclones, enfim chuvas de dimensões não habituais, duplicaram na ultima década enquanto que os outros se mantiveram bastante estáveis ou com pequenos aumentos. Agora todos os dias nos meios de comunicação social vemos imagens de inundações e da devastação que estas causam por todo o Mundo.
A nossa querida, amiga, ambicionada e desejada água mata hoje em dia mais do que qualquer outro elemento e ainda continuamos a ter duvidas sobre as alterações climatéricas e sobre o seu efeito em nós mesmos. E será bom não esquecemos que nós somos os agentes dessas alterações.
Como dizia no início a água é uma constante da vida dos tailandeses, desde o Songkran, ou festival da água, em Abril até ao Loi Kratong em Novembro, até às sempre presentes cheias que acontecem por todo o pais e que por certo irão chegar a Bangkok dentro de um mês, a altura em que se conjugam dois factores importantes. O final da estação das chuvas quando os rios estão saturados e cheios de água correndo para sul e a maré alta no Golfo da Tailândia, fazendo com que Bangkok que, embora não pareça, está a escassos kilometros do mar, receba o encontrar destas águas vindas do Norte com as águas vindas do Sul. Nessa altura as margens do Chao Phya geralmente sobem e inundam as zonas ribeirinhas e entram cidade adentro sem que isso acabe por pesar muito na vida quotidiana dos habitantes desta metropole. Um dia poderá ser pior.
Estudos recentes referem que com o degelo e o aumento da massa de água nos oceanos Bangkok, como Jacarta e outras cidades no Mundo corre um sério risco de ser "devorada" pelas águas no futuro.
Resta referir que Bangkok era outrora alcunhada da Veneza do Oriente pela quantidade de canais que serviam a cidade sendo que muitos ainda hoje são utilizados como vias para transporte para além do próprio rio Chao Phya. Presentemente o Governo de Bangkok está a preparar o dossier de candidatura do "rio dos Deuses" a Património da Humanidade.
Nada como uma boa bricadeira
Sem comentários:
Enviar um comentário