Vindas de forma violenta do Norte, após as absurdas e tardias descargas das águas das barragens nortenhas, e do céu, as águas acomodaram-se nas planícies centrais de Ayuthaya, Pathun Thani e províncias adjacentes face à dificuldade de encontrar uma saída para o mar através da capital tailandesa.
Aí cresceram, aí se acomodaram e tudo inundaram e desde esse momento começaram a procurar de forma lenta mas segura as saídas.
A Tailândia sabe viver com as inundações já que elas existem todos os anos e são uma constante na vida das populações. Acontece contudo que normalmente as águas crescem e desaparecem a um ritmo sustentável diferente do que está a acontecer este ano o que faz com que na realidade se possa afirmar que, apesar desta permanente convivência, há um enorme grau de inexperiência e incapacidade para lidar com este tipo de desastres.
Inicialmente quando as águas se começaram a depositar e acomodar nas planícies centrais todos pensaram que seriam capazes de suster o seu ímpeto e elas acabariam, como de costume, uma ou outra semana mais, a "largar" as populações, mas assim não aconteceu e a incapacidade (incompetência) veio ao de cima aliada aos primeiros sinais de disputas políticas entre as várias facções da sociedade sempre tão prontas a obter ganhos seja qual for a situação.
O governo mostrou a sua fraqueza e falta de liderança até porque mesmo que a jovem Primeira-Ministra fosse capaz de dar dois murros na mesa muito presumivelmente não teriam eco visto os interesses contraditórios quer entre elementos da coligação no poder quer entre esta e a oposição estarem a vir "à tona da água" nestas inundações.
Curiosamente o melhor aliado do governo nestes momentos difíceis têm sido os militares que de uma forma abnegada e sem fazer alarde do seu trabalho vão ajudando tanto quanto podem as populações.
O FROC (Flood Relief Operations Centre) cedo se viu envolvido em contradições e em disputas de liderança e a PM teve por várias vezes de mudar a direcção e alertar para que só o FROC podia falar e emitir comunicados sobre a situação. Mesmo assim vai-se ouvindo, aqui e ali, comentários contraditórios e dispersos vindos de diversos políticos sempre no sentido de atraírem a atenção dos "media" e de jogarem cartadas obscuras que só eles saberão o que querem mas que a todos confunde e em nada ajuda a situação.
Os falhanços até agora em conter as águas em movimento já causaram à economia do país mais danos do que o encerramento do aeroporto e a crise dos "camisas vermelhas" juntos e vai ter consequências a médio prazo para o país. Variados parques industriais totalmente alagados e inoperativos causaram perturbações em vários sectores da indústria aqui e em muitos cantos do planeta. Um exemplo é o facto de haver fábricas da Toyota, Honda e Sony (entre as que conheço), do Japão aos Estados Unidos, que tiveram de parar a produção por falta de peças. Outro exemplo é o preço dos discos para computador (a Tailândia é o segundo maior produtor mundial) que subiu em flecha dado se terem tornado bens raros e difíceis de obter tendo reduzido a produção mundial de computadores.
Neste momento luta-se para tentar salvar mais dois parques industriais no leste da capital onde as águas já entraram e continuam a subir.
Outro dos exemplos da perturbação causada á economia pelas cheias é o facto de haver inúmeros pequenos negócios fechados pois ou estão alagados ou os seus donos ou funcionários impossibilitados de estarem presentes visto viverem em zonas submersas. Conheço pessoalmente um número bastante grande de pessoas deslocadas ou retidas em casa pois ou conseguiram sair a tempo e encontraram albergue em casa alheia ou não o fizeram e agora não existem condições para saírem de casa e retomarem uma vida diária normal.
As permanentes "guerras" entre o Governo da cidade e o Governo do país no que respeita o que fazer (note-se que são encabeçados pelas duas principais forças políticas opostas) só tem adiado o encontrar de soluções para o escoamento das águas e feito com que sejam estas a desbravarem os seus caminhos em direcção ao mar.
Por enquanto o centro da cidade está seco e bem seco (quase todos os anos vejo muito mais água mas esta proveniente da chuva e portanto ocasional) mas o lençol de água, que pude constatar vendo do ar ser um verdadeiro "oceano", está bem próximo e a ganhar alguns metros diariamente e parece muito provável que essas zonas acabem por não escapar aquilo que os tailandeses chamam a "nong nam" expressão que se pode traduzir pela "marota da água".
Não quero criticar nem este nem aquele pois o mais importante neste momento será dar as mãos a todos e ajudar os que necessitam mas é um facto que uma vez por todas os políticos no país deveriam pensar no bem comum, nas necessidades dos que sofrem, no país e deixarem as disputas políticas para mais tarde.
O momento é de ajudar e não de disputar.
Aí cresceram, aí se acomodaram e tudo inundaram e desde esse momento começaram a procurar de forma lenta mas segura as saídas.
A Tailândia sabe viver com as inundações já que elas existem todos os anos e são uma constante na vida das populações. Acontece contudo que normalmente as águas crescem e desaparecem a um ritmo sustentável diferente do que está a acontecer este ano o que faz com que na realidade se possa afirmar que, apesar desta permanente convivência, há um enorme grau de inexperiência e incapacidade para lidar com este tipo de desastres.
Inicialmente quando as águas se começaram a depositar e acomodar nas planícies centrais todos pensaram que seriam capazes de suster o seu ímpeto e elas acabariam, como de costume, uma ou outra semana mais, a "largar" as populações, mas assim não aconteceu e a incapacidade (incompetência) veio ao de cima aliada aos primeiros sinais de disputas políticas entre as várias facções da sociedade sempre tão prontas a obter ganhos seja qual for a situação.
O governo mostrou a sua fraqueza e falta de liderança até porque mesmo que a jovem Primeira-Ministra fosse capaz de dar dois murros na mesa muito presumivelmente não teriam eco visto os interesses contraditórios quer entre elementos da coligação no poder quer entre esta e a oposição estarem a vir "à tona da água" nestas inundações.
Curiosamente o melhor aliado do governo nestes momentos difíceis têm sido os militares que de uma forma abnegada e sem fazer alarde do seu trabalho vão ajudando tanto quanto podem as populações.
O FROC (Flood Relief Operations Centre) cedo se viu envolvido em contradições e em disputas de liderança e a PM teve por várias vezes de mudar a direcção e alertar para que só o FROC podia falar e emitir comunicados sobre a situação. Mesmo assim vai-se ouvindo, aqui e ali, comentários contraditórios e dispersos vindos de diversos políticos sempre no sentido de atraírem a atenção dos "media" e de jogarem cartadas obscuras que só eles saberão o que querem mas que a todos confunde e em nada ajuda a situação.
Os falhanços até agora em conter as águas em movimento já causaram à economia do país mais danos do que o encerramento do aeroporto e a crise dos "camisas vermelhas" juntos e vai ter consequências a médio prazo para o país. Variados parques industriais totalmente alagados e inoperativos causaram perturbações em vários sectores da indústria aqui e em muitos cantos do planeta. Um exemplo é o facto de haver fábricas da Toyota, Honda e Sony (entre as que conheço), do Japão aos Estados Unidos, que tiveram de parar a produção por falta de peças. Outro exemplo é o preço dos discos para computador (a Tailândia é o segundo maior produtor mundial) que subiu em flecha dado se terem tornado bens raros e difíceis de obter tendo reduzido a produção mundial de computadores.
Neste momento luta-se para tentar salvar mais dois parques industriais no leste da capital onde as águas já entraram e continuam a subir.
Outro dos exemplos da perturbação causada á economia pelas cheias é o facto de haver inúmeros pequenos negócios fechados pois ou estão alagados ou os seus donos ou funcionários impossibilitados de estarem presentes visto viverem em zonas submersas. Conheço pessoalmente um número bastante grande de pessoas deslocadas ou retidas em casa pois ou conseguiram sair a tempo e encontraram albergue em casa alheia ou não o fizeram e agora não existem condições para saírem de casa e retomarem uma vida diária normal.
As permanentes "guerras" entre o Governo da cidade e o Governo do país no que respeita o que fazer (note-se que são encabeçados pelas duas principais forças políticas opostas) só tem adiado o encontrar de soluções para o escoamento das águas e feito com que sejam estas a desbravarem os seus caminhos em direcção ao mar.
Por enquanto o centro da cidade está seco e bem seco (quase todos os anos vejo muito mais água mas esta proveniente da chuva e portanto ocasional) mas o lençol de água, que pude constatar vendo do ar ser um verdadeiro "oceano", está bem próximo e a ganhar alguns metros diariamente e parece muito provável que essas zonas acabem por não escapar aquilo que os tailandeses chamam a "nong nam" expressão que se pode traduzir pela "marota da água".
Não quero criticar nem este nem aquele pois o mais importante neste momento será dar as mãos a todos e ajudar os que necessitam mas é um facto que uma vez por todas os políticos no país deveriam pensar no bem comum, nas necessidades dos que sofrem, no país e deixarem as disputas políticas para mais tarde.
O momento é de ajudar e não de disputar.
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