segunda-feira, 13 de abril de 2009

Jornalismo e a Crise


O Miguel Castelo Branco no seu estilo sem lobi, sem seita e sem religião escreve que nunca se fiou nos noticiários para partir para a sua crónica da noite passada no "acampamento vermelho" e pelo que se pode ver na foto abaixo da prestigiada AFP e por vezes os media dão-lhe razão.


Aconselho a ler o descrito pelo Miguel e acrescentaria que o caos parece ter invadido certas partes da cidade de Bangkok enquanto noutras se celebra o Songkran , o Ano Novo tailandês, o festival da água. Ainda há pouco um amigo meu me dizia que estava a desfrutar o feriado na sua piscina, bem no centro da Bangkok.

Os rumores são muitos, a contrainformação ataca e as notícias nas televisões tailandesas são censuradas.


Já há dias referi que quando Thaksin começou o ataque ao Conselho Privado do Rei passou uma porta fechando-a atrás e ficou sem possibilidade de retroceder.


Para ele neste momento o único caminho é seguir em frente e lançar os seus apoiantes numa luta que nem muitos entendem. O objectivo de destituir Abhisit não é de si um objectivo muito aglutinador visto inclusive o PM ter legitimidade proveniente da Assembleia para estar no lugar.


É sabido que foi lá colocado na sequência dos fortes disturbios causados pelo PAD e pela conjugação da força do dinheiro que fez mudar Deputados e das armas que Anupong "apontou" à cabeça de alguns dos lideres que antes estavam do lado de Thaksin, mas o certo é que alguns resistiram a esse dinheiro e a essas ameaças mostrando a "liberdade", palavra tão mal tratada neste reino, de escolher.


O facto é que Thaksin se lançou numa clara luta pelo poder, numa "revolução" como ele disse, com contornos de luta contra a monarquia tal como ela é entendida por Prem o primeiro alvo da ira de Thaksin.


Nos mentideros sempre tem sido esta a pedra de toque de todas as más previsões sobre o futuro do país e sempre se disserta acerca de quando é que essa luta se inicia. Thaksin quis que ele tivesse lugar antes do tempo e decidiu avançar de peito aberto, o dos seus "soldados" que não o seu, para ela.


A ameaça de que entraria no país para liderar os seus apoiantes ganha forma. Já no passado, em Dezembro, pensei que isso iria acontecer mas neste momento estou mais convicto dessa possibilidade.


Não se têm ouvido nenhuma voz capaz de iniciar algum processo de trégua, alguma forma de compromisso, tão asiático, e por isso a luta avança. É certo que as "milícias vermelhas" estão cansadas com menos recursos do que os militares mas é igualmente certo de que por vezes nestes momentos se "faz das tripas coração" e se luta sem tréguas.


À pouco diziam-me de Bangkok que se tinha amigos, turistas, por lá lhes deveria dizer para saírem. Não conjugo dessa opinião pois os incidentes não estão disseminados por toda a cidade nem existe um clima de guerra aberta. Existem confrontações é certo mas circunscritas aos locais onde as duas formas em campo se encontram. São aquilo que se pode chamar, para meu contragosto por detestar adjectivos, "arruaceiros" que andam de um lado par o outro da cidade provocando distúrbios que são por vezes enfrentados pela polícia ou militares. Por isso quem não quer ser herói que não vista a capa. Eu próprio amanhã demandarei a cidade pois as férias estão perto de terminar.


A situação é imprevisível e porventura incontrolável mas está em todos e cada um de nós a capacidade de actuar para a não tornar ainda pior.


Os tailandeses já tiveram crises destas no passado. Diziam-me à pouco que era pior do que a de 1992 mas até agora têm sabido manter a capacidade de não "atirar às cegas" razão pela qual não á mortos apenas feridos ligeiros. São assim os tailandeses mas aqueles que puxam os cordéis de um e de outro lado por vezes respeitam pouco a vida dos seus "soldados" e esse pode ser um problema.

Sem comentários: