O dia está mais calmo mas é tudo tão imprevisto tão irracional que daqui a um segundo pode estoirar.
Há neste momento variadas personalidades que pretendem mediar o conflito. O presidente do Senado, o líder de facto do Chart Thai Pattana, parceiro na coligação no poder, e a ASEAN.
O presidente da Indonésia, de visita a Singapura, comparou a ASEAN à União Europeia e ao facto desta ter saído em ajuda da Grécia a braços com uma profunda crise. Comparando as situações disse que a ASEAN deveria de igual modo fazer algo para mediar o conflito na Tailândia que, no seu entender, se vem tornando num conflito de segurança para a região. Vários outros países da associação pediram ao actual presidente, Vietname, a convocação de uma cimeira urgente para debater a crise.
Também Ban Ki-moon de novo apelou às partes que cessem a violência e entrem em diálogo. É a segunda vez no curto espaço de uma semana que o Secretário-geral das Nações Unidas apela ás partes mas já vi escrito num comentário que por detrás deste pedido está Thaksin. É necessário ser muito curto de vista para, apesar de Thaksin ter solicitado a intervenção da UN, pensar que o SG está a fazer um favor ao fugitivo ex PM. Ban Ki-moon, é eleito pela e representa a comunidade internacional e no dia em que vergasse a um pedido de um indivíduo teria perdido toda a sua legitimidade. Se por acaso o governo do país também pensa que ele falou pela boca de um terceiro, o que tem que fazer é solicitar a convocação de uma sessão extraordinária da AG das Nações Unidas para pedir esclarecimentos sobre a actuação do SG.
Abhisit não respondeu a nenhuma das mensagens que mediação que ecoam. Panittan disse há cerca de 3 horas que o PM responderia mais tarde. A UDD disse estar disposta a aceitar a mediação do presidente do Senado.
Como disse no início estas declarções são agora. Daqui a dez segundos poderão dizer o oposto quer uma quer outra parte.
Ontem uma mulher que está em Rajaprasong, quando uma reporter de uma televisão tailandesa lhe perguntava se ela conhecia os avisos que o governo ontem fez e se iria sair da zona, respondeu simplesmente: "dizem isso todos os dias".
É um facto que todos os dias há ameaças de que "é agora", "é daqui a umas horas" mas no fim nada acontece. Cria-se tensão, nasceu rumores, medos e depois nada.
Entretanto a zona de Bon Kai está pronta para ser o cenário de "Bangkok Dangerous" o filme que tornou Nicholas Cage famoso nesta cidade e o mesmo se passa em Rajaprarop onde ainda há muito fumo quer dos pneus que os vermelhos queimam quer de um prédio que foi posto a arder. Faz pena olhar para a zona de Rama IV entre Suan Lum e Klong Toey (Bon Kai). Nem um furação teria sido tão devastador.
Recebi relatos de amigos residentes na zona de haver alguns assaltos a lojas e ATMs em Langsuan. Já ontem um dos líderes da UDD advertiu que isso não deveria acontecer o que por si é um sinal que teria já acontecido.
É claro que há uma total quebra da linha de comunicação (até pelo corte do sinal telefónico) entre a liderança da UDD que está em Rajaprasong e aqueles que andam a combater nas zonas avançadas de Bon Kai-Rama IV e Rajaprarop-Din Daeng, e o governo ainda não entendeu isso. Há claramente neste momento uma movimento a lutar pela sua sobrevivência em Rajaprasong e um número indefinido de agitadores a actuarem de forma violenta e por conta própria ou por conta de outros interesses (organizações) nos lugares que referi. Continuar a não separar os dois e a tratá-los da mesma forma não serve de todo uma estratégia de limpeza de Bangkok.
Entretanto o Rei deu o seu alto patrocínio às cerimónias fúnebres do General Katthya Sawasdipol, que se estenderão por três dias, oferecendo a água benta para os rituais e uma urna especial com as marcas da casa real.
Ontem pelas 23.30, uma hora em que os tailandeses normalmente já dormem, recebi uma chamada de uma amiga minha, mulher de um General da Polícia tailandesa. Não lhe perguntei pelo marido porque não quis mencionar o seu nome. A chamada deixou-me ainda mais "cansado" sobre toda a situação. Pedia-me ela, em total pânico depois de ter sido ameaçada pelos soldados na zona da sua residência, se nós (referia-se à comunidade diplomática por certo) podíamos fazer alguma coisa acrescentando "eles vão matar-nos a todos".
Cansado e triste.
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