domingo, 7 de março de 2010

Tailândia no Feminino

Vai fazer dois anos que comecei a escrever este Blog com a ideia inicial de fazer o relato de um quotidiano em Bangkok.

Estes dois anos foram igualmente anos de grande turbolência na vida política no país, na continuação do que tinha começado a desenhar-se em Outubro de 2005, e aconteceu que a maíoria dos escritos, ditos posts, acabaram por ser reflexo dessa crise, da minha experiência diária dessa crise e da forma como a via.

A minha vida profissional está ligada a esse fenómeno e os escritos inclusíve ajudavam-me a por ordem em certa informação que ia coligindo e às ideias que daí iam nascendo e que fazia parte de relatórios a enviar, na maior parte das vezes cifrados pois iam para além daquilo que públicamente aqui escrevia.

Sinto-me feliz pois a minha visão e interpretação dos factos chegou a muita gente e ajudou alguns a melhor entender esta país que me acolhe tão carinhosamente como é a sua gente e a sua cultura.

Muitas foram as mensagens que recebi por diversos meios ora comentando, ora discordando, ora agradecendo, ora pedindo apoio ou esclarecimentos. É sempre motivador qualquer mensagem, seja em que sentido, essencialente se elas são simbolos de uma forma de diálogo correcta, formal e intelectualmente, e honesta como o que senpre tive com todos.

Acontece que sinto alguma dificuldade em escrever neste momento. Haverá porventura muito para dizer mas há demasiados olhos nas nossas costas nem sempre entendendo o que escrevemos.

A Tailândia em português é feminina. Em português qualificam-se os países. Uns são femininos outros masculinos e outros ainda assexuados.

A Tailândia é feminina mas últimamente deve ter frequentado demasiado os gimnásios e começou a ganhar uma musculatura pouco condizente com o seu caracter de duçura e simpatia sempre bem visiveis na cara e nos costumes do povo.

Infelizmente o desenvolvimento desses musculos está tão presente no dia a dia que ontem uma larga dezena de quilómeteros feitos pela cidade em variadas direcções levou-me a escrever o que agora digo. Eles, os sinais, aí estavam visíveis e a fazer ver-se.

Já na Sexta feira tinha ficado boquiaberto ao olhar para fotografias das quais, como dizia um amigo meu, nenhum país se pode orgulhar. A Sexta, reetiu-se ontem e hoje e porventura será amanhã e todos sabemos que quando a excepção se torna vulgaridade acaba por ser aceite. O pior é que ninguém nos vem contar disso. Os orgãos de "Comunicação Social" não cumprem o objectivo que o próprio nome determina: comunicar à sociedade o que acontece.

O país vive um momento conturbado e os dias que se aproximam serão disso exemplo. A incapacidade de dialogar e de discernir correctamente turva as mentes à direita e à esquerda ou como aqui é mais comum do arco-íris do expectro político.

A mudança para aquilo que os tailadeses querem, mostra que será uma mudança geracional e complexa.

Digo "aquilo que os tailadses querem" baseado não só nas permanentes sondagens que são feitas sobre os acontecimentos políticos e onde a consistência das respostas é grande mas também pelo conhecimento directo do pensar de muitos daqueles que estão silenciados, voluntáriamente, seja em Bangkok, seja em Chiang Mai, seja em Khon Kaen, seja em Nakhon Si Tammarat, ou seja ainda nos corredores do poder e da burocracia ou no simples homem ou mulher na rua.

A Tailândia tem de assumir a sua feminilidade. As mulheres sempre foram boas donas de casa e capazes de nos momentos mais difíceis de muitas famílias de serem elas as que sabem conduzir os destinos.

É momento de tornar os músculos mais suaves já que esses não ficam bem a uma cara bonita como a da Tailândia.

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