quarta-feira, 1 de abril de 2009

Kasit Piromya


O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Kasit Piromya, que ontem descrevi como um homem de coragem está a tornar-se um forte embaraço para o Primeiro Ministro.

Kasit é um diplomata de carreira, que não de estilo, com variados postos de grande relevo tendo começado a sua carreira no estrangeiro em Bruxelas junto das Instituições Europeias e terminado como Embaixador em Washington DC. Pelo meio, entre outros lugares, esteve colocado em Moscovo.

Nascido em 1944 em Thomburi, do outro lado do Chao Paraya, cidade que foi a capital do reino siamês antes de esta se mudar para a actual Krung Thep Maha Nakhorn.

Depois de se licenciar na Universidade de Chulalongkorn, continuou estudos em Georgetown, Washington DC e em Haia, Holanda antes de ingressar nos quadros do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Terminada a sua carreira de funcionário diplomático Kasit retirou-se mas sendo uma pessoa de acção decidiu, em 2008, aproximar-se do PAD, defendendo aquilo que recentemente disse serem os seus ideais de uma monarquia constitucional, da qual ele acredita ser o PAD o grande defensor. Muitos não pensarão da mesma maneira visto as acções do PAD por vezes constituirem um embaraço para a própria instituição devido á violência gratuita e aos actos de verdadeiro gangsterismo em que se envolvem.

Ficaram famosos os sesu comentários de que a ocupação dos aeroportos, que tanto mal fez ao país, era divertida e agradável visto aí se poder encontrar boa animação e boa comida.

Contráriamente à tradição de que os diplomatas são homens de poucas e sábias palavras, Kasit, nunca se escusa de dar a sua opinião e fá-lo de forma por vezes demasiadamente aberta. Ainda recentemente num almoço, em que eu estava sentado á sua direita, referiu, e a propósito dos constantes rumores de golpes militares neste país, que não tinha medo deles dizendo que já vivi tantos golpes de estado que mais um menos um nâo tem importância (sic), como se o assunto fosse uma questão menor.

Em Julho do ano passado desferiu violentos ataques contra o actual Primeiro Ministro do Cambodja na altura em que estava quente o conflito em torno das questões fronteiriças. Foi, rude, foi inconveniente, mas na altura tratava-se de um manifestante do PAD, com antigas responsabilidades é certo, mas sem funções como as actuais embora já fosse MNE sombra.

Quando tomou posse como Ministro, em Dezembro, e foi alvo dos ataques da oposição devido ás suas posições radicais salientou que o que tinha acontecido até ao dia 22 de Dezembro era diferente do que aconteceria agora que era Ministro e tinha responsabilidades no país.

Em relação a Hun Sen referiu que em tempos tinham andado nas mesmas reuniões e discussões sobre variados temas e que por certo o PM sabia distinguir as questões e nada se iria passar.

A UDD na sua agenda tem vindo sempre a pressionar Abhisit Vejjajiva para que demita Kasit atento as suas declarações e o facto de ele ter sido (ser?) um prominente membro do PAD cujas acções, como o encerramento dos aeroportos, tantos danos causaram ao país.

Abhisit, comprensivelmente, tem resistido mas os ultimos comentários de Kasit começam a ser um embaraço demasiado grande para o jovem PM que cada vez mais se vê entalado entre tudo e todos. Para sorte dele está agora em Londres na cimeira do G 20, repreesentando a ASEAN, pois se aqui estivesse nem local para trabalhar tinha visto a Government House estar cercada. Refira-se que Abhisit solicitou encontros bilaterais à margem da cimeira, na sua constante tentativa de elevar o perfil do país, trabalho de um PM, mas sei que não está a ter grande sucesso nessas démarches visto começar a haver na comunidade internacional algum mal estar sobre a situação, fundamentalmente dos direitos humanos e das liberdades indivuduais, na Tailãndia.

Kasit depois de desafiar Thaksin para um debate, em qualquer ponto do Mundo que ele quizesse apelidou o ex PM de demónio. No momento em que o Governo tenta desvalorizar os constantes ataques do fugitivo ex-PM, Kasit só ajuda este ateando o fogo que é exactamente aquilo que Thaksin mais quer no momento. Criar o caos e a confusão que permita elevar o moral das suas tropas.

Noutro incidente o PM do Cambodja lançou um violento ataque contra Kasit em virtude de palavras usadas durante um de um recente debate parlamentar onde segundo Hun Sen, Kasit o teria apelidado de gangster.

Hun Sen perguntou o que diria Kasit se ele insultasse o Rei ou o PM da Tailândia, continuando que se o país queria ser respeitado que se desse ao respeito primeiro. Acrescentou que o seu Governo é um Governo democráticamente eleito, uma alusão clara á forma como foi constituído o Governo de Abhisit. Kasit, através do porta voz do MNE, veio a tentar explicar que as palavras usadas eram um elogio para Hun Sen visto o Ministro ter querido dizer que o PM Cambodjano era um homem duro.

Os comentários de Hun Sen não podem vir em pior altura visto terem sido ditos depois de ter havido um incidente, com alguma gravidade, na fronteira quando alguns soldados tailandeses entraram em território do Cambodja e dez dias antes de se dar início às cimeiras ASEAN+3 e EAS em Pattaya.

O incidente na fronteira vem de novo acender a fogueira na zona fronteiriça e Hun Sen falou claro dizendo que se acontece outro incidente deste tipo as tropas do seu país respoderão de forma activa não admitindo invasões de tropas estrangeiras.

Kasit, que não consegue manter-se calado, qual negação de uma carreira brillante de diplomata, está a tornar-se um fardo cada dia mais complicado para Abhisit mas se este cede agora está a ceder à UDD e a abrir mais uma porta para o avanço das inteções destes.

Abhisit quando regresar de Londres, para além dos problemas prementes da economia do país, vai ter mais esta batata bem quente nas mãos isto se não tiver já acontecido que a situação em volta de Government House se deteriore com as ameaças que entretanto o Gen Anupong Paochinda fez e o facto de terem sido enviados militares para o local. Que diferença de tratamento em relação ao PAD. Quando o governo de Somchai Wongsawat, o ano passado, solicitou à tropa para intervir, nem um soldado saíu dos quarteis. Outros tempos ou será que ao contrário do que Anupong sempre diz os soldados afinal tomam partido?
Entretanto a UDD tem usado uma tática bastante inteligente ao permitir, sem obstáculos, que todos os funcionários entrem em Government House para trabalhar só bloqueando o acesso aos membros do Governo. Isso permitiu que o Tribunal, que anteriormente tinha emitido uma sentença ordenando que saissem do local, tenha voltado atrás dando permissão para que a manifestação continue no local. Entretanto a UDD já anunciou que no próximo dia 9 a manifestação será alargada a outros locais incluíndo a casa do General Prem.

A UDD tem sido paciente e pacífica, sabendo que o tempo lhes é favorável, mas se lhes "oferecem" um ou mais mártires tornam-se mais fortes e por ventura violentos.

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