sexta-feira, 3 de abril de 2009

G 20

Será que se riem de nós?

Terminou em Londres a cimeira apelidada G20 e as bolsas por todo o Mundo regozijaram de felicidade com a decisão tomada de injectar triliões (a palavra não é correcta em Português) no mercado mas o facto é que agora já nem em biliões ( outra incorrecção) se fala.

O facto das bolsas terem tido reacções tão positivas mostra bem como a economia está ainda longe de encontrar o equilíbrio necessário para que seja criado um sistema de controlos e regulações capazes de prevenir que crises como a que actualmente vivemos voltem a surgir.

Na realidade nada se alterou a não ser a expectativa de que o dinheiro que vai ser injectado no sistema financeiro permitirá retomar o ritmo de crescimento a que nos tornamos adictos nos últimos tempos.

É certo que a actual crise, especialmente a vivida no sector financeiro tem permitido fazer algumas correcções a um sistema que era (é) totalmente selvagem e desregulamentado, e esse é um facto positivo, mas os fundamentos em que todo o sistema assenta e em que no fundo a economia real tem vivido necessitariam de algo de novo, na realidade algo que todos nós temos a consciência de ser necessário mas acabamos por não implementar.

Seria necessário que cada um de nós, cada país, cada empresa vivesse não acima daquilo que é capaz de produzir mas exactamente um pouco abaixo de forma a ser capaz de poupar o suficiente para os momentos de necessidade. Mas todos sabemos que não é assim o Mundo, não somos assim nós.

O ser humano infelizmente tem mais defeitos do que qualidades e o mundo da competitividade que se criou, fundamentalmente a partir de meados do século passado, não para e somos nós que não queremos que ele pare.

Assim hoje damos vivas às decisões do G 20 e o Mundo está cor de rosa.

O Primeiro Ministro da Tailândia esteve presente na cimeira numa posição bastante ingrata mas soube tirar partido do facto para dar algumas entrevistas e ter tido a sorte de aparecer na fotografia de família, como é ironicamente chamada a foto de grupo, se bem que saibamos que na realidade em muitas famílias são mais as facas do que os beijos, ter aparecido, como dizia, mesmo sobre o ombro direito de Obama, a grande estrela da cimeira.

Falando de estrelas desta cimeira não se pode deixar de falar de Sarkozy que do alto dos seus 1.6o e qualquer coisa, por isso está sempre em bicos de pés, e por isso mesmo fez aquilo que nós designamos por "uma peixeirada" para tentar, e conseguir , regressar a Paris e ter alguma coisa para contar aos seus concidadãos e esses não lhe lançassem uns tomates à cara. Aliás nestas cimeiras normalmente o mais importante é que todos os lideras presentes consigam, quando chegarem ao seu país, falar para a comunicação social acerca das grandes vitórias que eles próprios conseguiram para o país e assim ajudar á sua permanência no poder.

Abhisit teve, como referi, uma posição ingrata visto não estar lá por direito próprio, mas por ser o país Presidente da ASEAN mas com a grande desvantagem de o país deste bloco que interessava para a cimeira, e era só um, estar lá por direito próprio, refiro-me á Indonésia.

Há cerca de três semanas o Embaixador Scott Marciel, embaixador americano junto do Secretariado da ASEAN, referia em Bangkok, numa conferência a que assisti, que a Indonésia começa a sentir que a sua voz é grande demais para ser transmitida através da ASEAN e que não necessita desta associação para se fazer ouvir. Relembrava ele a visita da Secretária de Estado Clinton a Jacarta durante a sua tournée asiática.
Abhisit, o mais jovem dos presentes, o que motivou o cartoon acima hoje publicado no The Nation, teve oito minutos para falar mas lembrou um aspecto importante que foi a capacidade que os estados do sudoeste asiático mostraram para trabalhar em conjunto quando foi a crise de 1997 e que levou à criação da Chiang Mai Initiative actualmente revitalizada na sequência da última cimeira da ASEAN.

A posição da Indonésia, e o peso que pouco a pouco vai ganhando no seio da comunidade internacional, é um forte desafio à solidificação da ASEAN mas felizmente que o Secretariado está sediado em Jacarta e que Surin Pitswan, o Secretário-Geral, é um diplomata de grandes qualidades.

2 comentários:

PubEd disse...

Quem se vai rir com isto tudo no fim é o quarto elemento da foto… o de óculos…

Unknown disse...

Não sei se vai rir muito pois o investimento toda da China está em dolares e muitos mas mesmo muitos dos bi ou tri liões foram em produtos de segurança duvidosa. Hoje no International Herald Tribune vem um artigo muito interessante exactmente sobre issso mesmo que começa assim: Os chineses enviam para a América brinquedos com tinta envenenada, comida com produtos quimicos proíbidos e os americanos enviam para a China estruturados envenenados por isso ficamm empatados.