quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Crise Económica em KSR



Em primeiro lugar há que explicar o que é KSR.

Khao San Road é uma rua na zona antiga de Bangkok, Kho Ratanakosin, conhecida como a Meca dos backpackers. Pouco mais do que 500 metros sem carros e cheia de comércio onde tudo se vende mesmo algumas coisas que o melhor eram nunca terem saído de onde estavam.

Mais de 70% da população flutuante de KSR, que atinge normalmente 10 milhões de visitantes por ano, é constituída por jovens estrangeiros de mochila ás costas e que por aqui gastam os poucos, dólares americanos, singaporeanos e australianos, euros, yenes, etc que trazem no bolso. Normalmente ficam por algum tempo e alguns mesmo esquecem-se de voltar para donde vieram. A estadia média é de 7 dias e o gasto por cabeça anda entre 10 a 15.000 bath. O montante que cada turista está a despender caiu neste momento para um valor entre 8 e 10.000 bath devido á necessidade que os comerciantes tiveram de ajustar preços, já de si muito baixos, tendo em vista a falta de clientes.

As noites, e muitas vezes os dias também, são passadas na rua a beber, a fumar, nem sempre o que deveriam e isto é já ser condescendente com o tabaco, e mantendo-se por ali em conversas filosóficas ou nem tanto.

Quando houve no ano passado a ocupação dos aeroportos e centenas de milhares de turistas ficaram em terra, KSR foi a zona turística menos afectada. Os seus "habitantes" na maioria dos casos chegam por via terrestre, quer do Cambodja, a maioria, quer ainda do Laos ou da Malásia e por isso o impacto foi aí menos sentido embora também houvesse vozes, e com razão, que fizeram notar que KSR também estava a ser afectada.

O pior acabou por vir a ser 2009. Desde o final do ano passado os viajantes começaram a demandar menos KSR e o presidente da Khao San Association, Surat Vongchansilp veio agora, com base nos dados recolhidos na zona, lançar o alerta para a quebra verificada em KSR.

Na rua existem cerca de 280 pequenos negócios e nos últimos 6 meses 115 empresas tiveram de fechar e o comércio caiu 40%. O valor de negócio geralmente rondava os 2-3 mil milhões de bath anual e este ano não se espera que ultrapasse o 1.5 mil milhões sendo mesmo esse valor uma expectativa optimista.

As pensões da zona estão com uma ocupação, segundo afirmam, 50% abaixo daquilo que seria de esperar nesta época. Thanchalerm Khiewsri, o dono de um cabeleireiro da rua afirmou que o ano passado fazia cerca de 2.000 bath por dia e que agora faz entre 500 a 800 bath diariamente uma significativa quebra. O único que se não queixava nesta apresentação de dados á imprensa era o dono de uma galeria de arte, Vichai Limsrikarjana, que dizia os seus clientes serem fieis e pessoas que compram indiferentemente da situação. Ou são pessoas que compram por gostar ou investidores.

Em Dezembro foram os hotéis de luxo a estarem às moscas e ainda estão longe de recuperarem com despedimentos previstos de 50.000 pessoas para o segundo trimestre do ano. Agora a crise económica mundial e todas as outras implicações internas que afastaram as pessoas da Tailândia também está a ter a sua quota parte no turismo "dos pobres".

Entretanto ontem em Londres numa entrevista à Bloomberg, Abhisit disse que o país está de regresso ao seu normal e a estabilidade, apesar de algumas manifestações normais em países democráticos, está instalada. Grande tirada!

Compreende-se que o PM de um país tem de "vender o seu peixe", como todos nós, mas será que os compradores acreditam? Será que ele próprio acredita? Se a resposta é sim então o assunto está complicado pois isso quer dizer que está, continua, nas nuvens.

4 comentários:

Anónimo disse...

Quanto à KSR, o melhor para Bkk seria mesmo eliminá-la, tanto mais que se incluí numa zona histórica como a ilha Ratanakosin, outrora uma zona real.
Para quem conhece a KSR há vários anos, e que frequenta assiduamente por obrigações que não são para aqui chamadas, considero que Bkk nada teria a perder em fechar o local, ou pelo menos controlá-lo de forma eficaz. Em vez de fechar o night bazar...
Quanto a não ter tráfego, tal acontece apenas à noite...
Relativamente às declarações do PM em Londres apenas denotam uma completa falta de conhecimento da realidade. Mas, infelizmente, a culpa não é dele mas sim de quem o empurrou para o cargo.
Há, fala-se na imprensa internacional que o Governo está empenhado em tentar bloquear as chamadas de Taskhin...

Unknown disse...

De acordo. KSR nao acrescenta muito para BKK. Quanto ao boquear o aceeso de Thaisn a Ministra do Comunicacao disse que estvam a tentar mas era dificil para no diz seguinte o Vice Primeiro Minsitro, Suthep, que se oferece para negociar com thaksin, vir negar.

Hugo disse...

Não percebo como se pode defender a eliminação de KSR. Goste-se ou não, é uma zona acessível a toda a gente e todas as bolsas, na mais democrática das convivências.
Quem fala assim não percebe nada do espírito de um backpacker

Unknown disse...

KSRcomo os raves party em Kho Panghan estao a tornar-se um pouco pesados. Da mesma maneira que as festividades do Songkran em BKK. Conheco muitos tailandeses que se ficam em BKK durante o Songkran nao saiem de casa. KSR e um simbolo de uma certa cultura mas quando se abusa dela torna-se um embaraco e nao esse simbolo que poderia e deveria ter o seu espaco