sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Plano de Abhisit

Ontem o PM Abhisit, com grande pompa, mas talvez sem o eco que esperava, reapresentou o seu plano de cinco pontos para a reconciliação nacional.

Pompa vinda do local, a Government House, no dia em que o próprio PM celebrou vários rituais para libertar o local do sangue derramado pela UDD, e todo o cenário que foi montado com pessoas à volta de Abhisit pretendendo mostrar o apoio de diferentes sectores da sociedade.

Acabou por se reduzir tudo a uma curta intervenção que não chegou aos 10 minutos e ficaram, do acto, mais perguntas do que respostas como hoje, quase que em uníssono, refere a imprensa de língua inglesa e tailandesa. Este é só um exemplo.

Abhisit nada adiantou àquilo que tinha afirmado no passado com a única diferença de agora não haver uma data para a realização de eleições.

Fortalecer o papel da monarquia, enfrentar (a palavra usada; não disse resolver) as desigualdades sociais, reformar a comunicação social, desenvolver a estrutura política e realizar um inquérito aos incidentes recentes. Eis os cinco pontos.

Quanto ao primeiro ponto não é por certo aquele que mais divide a sociedade! É sabida e conhecida a admiração e respeito pela instituição por parte da esmagadora maioria do povo.

O segundo necessita de explicação como é que vai ser levado a cabo já que nada foi dito e é um dos pontos fundamentais como se pode ver abaixo.

O terceiro é difícil de entender pois ao mesmo tempo que o governo continua a encerrar sítios de internet e rádios locais meios de comunicação extremamente radicais como os pertencentes ao líder amarelo Sondhi L. continuam livremente a incitar á violência contra os vermelhos. Exemplos disso é o "apoio" descarado que deram aos dois assassinatos recentes, um ontem e o outro há poucos dias, de dois líderes da segunda geração da UDD.

O quarto, que significa na linguagem de Abhisit rever a Constituição, continua a ser um dos grandes problemas da sua administração. Já em Abril de 2009 tentou avançar nesse sentido mas tem sido sistematicamente travado porque os seus parceiros de coligação querem uma reforma de artigos que vai contra os interesses dos próprios Democratas. Se por um lado satisfaz os seus parceiros de coligação por outro enfurece os próprios militantes e vice-versa. Tarefa complicada.

Por fim o último dificilmente terá credibilidade. A escolha de Abhisit recaiu sobre Kanit Na Nakhon que não é aceite como independente pela UDD. Kanit foi nomeado pelo General Surayuth, PM depois do golpe de 2006 e Conselheiro Privado do Rei, para investigar as acções de Thaksin, missão que não concluiu. Também o Ministro da Presidência Sathit quando anunciou essa escolha indicou os factos a averiguar. Acontecimentos de 10 de Abril (25 mortos e centenas de feridos), acontecimento de 22 de Abril (confrontações em Saladaeng das quais resultou 1 ou 3 mortos e uma dezena de feridos) e os acontecimentos do dia 19 de Maio (a limpeza final, os mortos do dia e os incêndios). E então o assassinato de Seh Daeng quando dava uma entrevista à comunicação social? E a lista de 51 pessoas desaparecidas apresentada pela Mirror? E os três corpos que foram enterrados sem serem identificados confirmado pela polícia? Etc.

Entretanto ontem igualmente, a Capital Markets Academy realizou em Bankok uma conferência que contou com os principais "cérebros" do sector económico e financeiro da capital e nela foram ditos coisas que talvez o Ministro das Finanças, presente, pudesse transmitir ao PM.

"Cerca de 80% da população tailandesa tirou muito reduzido benefício do desenvolvimento da economia durante a última década. A grande parte dos ganhos ficaram nas mãos daqueles que controlam os recursos financeiros como mostra os ganhos das grandes corporações, 300%, durante o período de 1998 e 2009. Durante este mesmo período o produto interno bruto (PIB) per capita subiu 47% mas os salários mais baixos registaram um declínio de 1.6%. "

O presidente de Phatra Securities acabou dizendo que a fatia mais significativa dos ganhos de capital foram parar ás mãos de 10% da população que apelidou, os políticos, os burocratas e a aristocracia. A acrescentar aos dados estáticos a Tisco Securities mostrou o declínio impressionante no que respeita o investimento directo estrangeiro (FDI), um dos factores críticos para o funcionamento da economia tailandesa uma economia fortemente dependente das exportações. O investimento feito por não nacionais na economia tailandesa, que antes de 2006 (golpe de Setembro) era de 34%, representa neste momento uns meros 16% do total dos investimentos. O decréscimo do FDI é uma ameaça a prazo para uma economia onde o factor exportação é o principal motor de desenvolvimento e de criação de emprego.

Até parecia um discurso da UDD mas não. Eram os dados de banqueiros e financeiros e, como se usa dizer, contra factos não há argumentos.

Sem comentários: