segunda-feira, 24 de maio de 2010

Thitinan sobre Abhisit

Num artigo de opinião o Professor Thitinan Pongsudhirak analisa a presente situação depois dos acontecimentos que qualifica como os mais sanngrentos da história moderna tailandesa.

Thitinan é um dos mais activos académicos da universidade tailandesa, e na sua qualidade de Director do Centro de Estudos Estratégicos de Chulalongkorn (ISIS) tem sido capaz de produzir aí um forum de debate dos grandes temas da sociedade tailandesa.

Feroz crítico de Thaksin viveu maus momentos na Universidade na altura do domínio thaksinista. Thitinan e Abhisit fazem parte de uma mesma geração de académicos tailandeses, de idades muito semelhante, formados em Londres e com uma visão do mundo muito próxima. Thitinan nunca aderiu a nenhum partido mas não teve problemas em apoiar Abhisit embora tivesse sido critico da forma como o actual PM chegou ao poder, preferindo, como muitos, ver os Democratas no poder através de um novo processo eleitoral.

Com o desenrolar do mandado do actual PM veio a perder a crença na sua capacidade para operar a mudança que entende ser necessária no país já que punha esperanças em ver Abhisit como o seu autor. O ISIS várias vezes recebeu debates abertos sobre a evolução do panorama políitico partidário no país e Thitinan começou a ser considerada uma pessoa incómoda para o regime do qual ele era uma peça fundamental. Actualmente está na Califórnia na Universidade de Stanford no centro de estudos humanísticos como professor convidado.

Do artigo, do qual aconselho a leitura, retiro algumas linhas em tradução minha.

"Depois dos acontecimentos sangrentos de Abril 2009, Abhisit propos um plano de reconciliação e de reformas, incluíndo a da Constituição. Nada aconteceu e a divisão na sociedade agravou-se contribuindo para os acontecimentos recentes".

"Para os vermelhos nada mudou. Causaram tumultos em 2009 voltaram a causá-los em 2010 mas as queixas mantêm-se e não foram atendidas".

Faz um apelo à investigação independente de tudo o que aconteceu e termina com um forte apelo para que Abhisit, resigne ("deve considerar fazer um sacrifício pessoal de modo a permitir a outros que ponham em prática...").

A questão da investigação independente aos actos de Abril 2010 vai ser um tema de debate para os próximos tempos mas vai produzir nada. De acordo com a legislação sob a qual os actos aconteceram, a Lei de Segurança Interna, os militares e as forças policiais têm total imunidade. O único que pode ser incriminado pode ser o próprio Abhisit, na sua qualidade de Chefe do Governo. Será demasiado ingénuo pensar que irá empossar uma comissão, ainda por nomear, que poderia vir a ser o seu próprio coveiro.

Uma série de entidades internacionais está neste momento a coligir dados sobre o que se passou recentemente e muito em breve virão á luz outros relatórios para além do recentemente produzido pela Human Rights Watch.

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