O General Anupong, rejeitou a declaração do Primeiro Ministro Abhisit, para "usar todas as medidas necessárias", dizendo que não se justifica que o exército use a força para fazer dispersar os manifestantes, posição semelhante à que teve aquando o PAD ocupou o aeroporto e o exército se recusou sequer a mobilizar-se para uma mostra de força apesar dos pedidos do PM de então, Somchai, e do governador de Samut Phrakan.
Estamos assim num claro empate; de um lado os manifestantes, de outro as forças militares e militarizadas, cria-se tensão mas ninguém acaba por arredar pé.
Entretanto surgiu uma nova iniciativa da Comissão Nacional de Eleições que quer juntar à mesma mesa, e para isso começou já os contactos, quatro antigos Primeiros Ministros, todos homens na casa dos 70 mas, e até por isso, todos pessoas a ser ouvidas pela sua experiência e por poderem exercer influência nas duas partes em confronto.
Anand Panyarachun, Banharn Silapa-acha, Chavalit Yongchaiyudh e Chuan Leekpai aceitaram sentar-se a uma mesa e discutir a situação. Anand e Chavalit são dois homens muito próximos do Palácio sendo que o primeiro foi sempre visto como um independente ou seja uma pessoa muito hábil políticamente e capaz de fazer pontes com os vários sectores da socieade. Chavalit é o actual presidente do Puea Thai, o partido que apoia Thaksin. Foi um homem que trabalhou muito tempo com o General Prem, presidente do Conselho Privado do Rei, tendo estado com ele quer na chefia das forças armadas quer em vários governos. Banham, é o "rei de Suphan Buri" e o líder de facto do Chart Thai Pattana que actualmente integra a coligação no poder mas que antes estava coligado com o predecessor do Puea Thai. Chuen, é actualmente o conselheiro político do partido Democrata e considerado o "pai político" de Abhisit.
Como se vê são homens comprometidos mas homens que têm consigo grande carga de respeito e consideração e capazes de ser ouvidos por todos, como disse. A estes serão juntos um líder espiritual e académicos que considerem importante ouvir.
Este é um passo que me parece bastante importante e positivo. Sempre acrediteir que seria necessário um, ou mais, mediador pois as partes por si não são suficientemente independentes nem empossadas de poder, para serem lúcidas e decidir.
É uma derrota para Abhisit mas este terá de a ver como uma derrota numa batalha que não na guerra. Pode ser uma batalha capaz de lhe abrir caminho para o futuro.
Já por mais de uma vez referi ser neste momento Abhisit o político mais capaz, de dentro do leque actualmente visível e no activo, de poder levar o país para uma via democrática e onde o respeito pela lei e pelas pessoas possa imperar.
Abhisit está a queimar-se demasiado nesta contenda, onde quem na realidade manda e no fim faz prevalecer as decisões são os militares e onde vontades ou decisões do PM são erradamente interpretadas ou ignoradas quando não contraditadas sempre sendo Abhisit a perder. Torna-se necessário que se resguarde para que possa regressar com capacidade de liderar de facto o país.
Só quem nada conhece da realidade que se passa nos bastidores e somente vê o que está à supefície pode afirmar que Abhisit venceu ou que está firme e seguro no comando. Nunca esteve e a cada dia isso é mais visível. O próprio Chuan há dias questionou as suas acções e a forma como o Coronel Samsern contradiz decisões do governo é um exemplo sintomático. A instituição militar é suficientemente inteligente para saber como colocar uma cara visível para o público mas só a deixar actuar até ao ponto em que pretende.
A luta que se trava é uma luta bem tailandesa, bem doméstica e com raízes profundas na história e na sociedade tailandesa e de nada serve esta luta estar a acenar com fantasmas vindos de interferências externas. São ridículas algumas sugestões nesse sentido e só mostram o profundo desconhecimento daquilo que é a sociedade tailandesa actual.
Os militares sabem muito bem que se avançassem sobre as pessoas o odioso da situação ficaria para eles e Anupong quer chegar ao dia 1 de Outubro em total graça.
Há dias discutia a situação com uma decana dos jornalistas tailandeses e ela dizia-me que o pior viria no próximo ano pois Prayuth é muito menos diplomata e mais rígido do que Anupong. Referia-se obviamente a uma mais marcante intervenção dos militares. Oxalá se engane.
Desejemos ao Conselho dos Anciãos sucesso. O único risco que vejo é de como muitas outras iniciativas anteriores nem sequer conseguir levantar do chão.
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