segunda-feira, 16 de março de 2009

O Homem que pode ser Primeiro-Ministro


Já muitas vezes falei de Nevin Chidchob, o homem que dizem ter nove vidas como um gato (aqui dizem 9 e não 7 como nós porque o número da sorte é o 9), merece hoje um título na primeira página da secção política do The Nation como o que titula este post.

Nevin tem sido sempre um segundo, sempre manobrando na sombra, sempre ao lado do líder, a maior parte do tempo, Thaksin Shinawatra.

Sem direitos políticos desde Maio de 2007 quando o Thai Rak Thai Party foi dissolvido e levou na enxurrada 111 executivos entre eles Thaksin, Nevin, como a maíoria dos sobreviventes que quer voltar à cena, retira, reagrupa e ataca.

Andou desaparecido, embora se relatasse algumas das suas viagens para conversações com o "chefe" após este ter fugido do país em Agosto de 2008, mas a pouco e pouco foi compreendendo o poder de manter fiel as suas tropas, os cerca de 30 deputados que continua a pagar, para, a partir do seu poder de voto, vir a assumir posição de relevo na cena política como está de novo a acontecer.

Aquando da formação dos governos quer de Samak quer de Somchai a sua mão era sempre visível mas nunca a sua cara. O seu trabalho foi manter-se junto à sua base de eleitores. assegurar que "os seus homens" fossem escolhidos e depois tivessem lugares condizentes e assegurar os necessários meios de financiamento necessários para a sua grande aventura de se tornar no novo Thaksin.

Mais do que ser o futuro Primeiro Ministro, Nevin quer ser o novo Thaksin, quer ser o homem que controla e beneficia dos poderes neste país.

Como é dito no artigo que hoje lhe é dedicado ele é um político que volta sempre ao topo dos acontecimentos. Nevin always bouces back, assim reza.

Quando Abhisit, empurrado pelos militares e por Suthep, fez o pacto, altamente fotografado, com Nevin, era como que um pacto entre Deus e o diabo, como que Judas beijando Cristo.

Nessa altura Nevin estava só a "emprestar os seus" Deputados para ajudar á paz no país e á solução dos problemas criados com a divisão existente, assim o dizia. Nessa altura falou para os jornais dizendo que tinha dito ao "boss", a forma como denominou Thaksin, que era tempo de separarem os caminhos.

Desde então tem-se dedicado, e vendo o sucesso da sua estratégia, a construir o seu futuro. Financeiramente, primeiro para assegurar que vai continuar a poder atingir os seus objectivos e organizacionalmente para que esses se possam materializar.

O financiamento para além das contribuições que consegue de alguns dos antigos apoiantes do "patrão" que vêem nele o futuro, as posições que conseguiu no governo permitem-lhe, através dos seus nominee, acesso a orçamentos importantes que acabam grande parte deles em empresas que posteriormente fazem generosas doações ao sue grupo. De igual forma as políticas de distribuição de dinheiro às populações rurais, que lhe são atribuídas visto ser um especialista neste tipo de políticas (muito aprendeu com Thaksin), fazem com que uma grande parte desse dinheiro possa cair em zonas que lha são favoráveis. Do ponto de vista organizativo Nevin é o pai do Bhum Jai Party que o próprio Sondhi disse ser o principal candidato a vencer as próximas eleições. Este partido tem vindo a crescer e é neste momento o mais importante, em número de Deputados, na coligação no governo para além dos Democratas. Por outro lado, como é sabido que Nevin sempre "olha bem" pelos seus homens o número de deputados do Puea Thai que tentam mudar é importante. Este fim de semana Thaksin, em três telefonemas feitos para outras tantas manifestações dos "vermelhos" solicitava aos seus aliados que se mantivessem fieis ao Puea Thai tentando conter a previsível hemorragia interna.

Newin tem assim a máquina a funcionar e financiada e começou este fim de semana com o lançamento de uma campanha de outdoors publicitários de grandes dimensões na região de Bangkok. Igualmente contratou 5 horas diárias de tempo de antena em 150 rádios locais no interior do país para durante um tempo ainda indeterminado.

Ataque em força e no momento como referi em que variadas forças atacam os Democratas.

Abhisit, que parece estar noutro Mundo e ser ele próprio um político que não pertence a este "circo", está assim a ser atacado e corroído por fora e por dentro. Por muito que os jornais falem do seu excelente desempenho em Oxford, onde não se coibiu em enfrentar o fugitivo Professor Ji Ungphakorn, que de camisa vermelha e com uma matraca em punho o contestou, o facto é que Abhisit é cada mais um homem isolado na política na Tailândia.

Abhisit mostra-se ao Mundo, representa o país nos fóruns internacionais, e bem, mas a velha política interna está como dantes o talvez pior visto que não há pior cego do que aquele que não quer ver.

Nevin tem um problema para resolver que é o facto de estar inibido de direitos políticos até Maio de 2012, mas como mais de uma vez já referi quase tudo é possível acontecer na cena política tailandesa.
Como dizia outro dia. Venham os meus inimigos que de amigos já estou farto dirá Abhisit, por isso talvez se tenha dado tão bem este fim de semana com Ji "Gilles" Ungpakhor em Oxford.

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